Siena Robins colocou a mão em baixo da barriga. Tinha uma certa dificuldade começando a aparecer toda vez que ela tentava fazer algo sozinha. Seus olhos ainda eram sempre desconfiados, e desde que se manteve naquela casa, não houve um único motivo para sorrir. Seu bebê era sempre quieto demais, e quase nunca se movia dentro da mãe. Siena Robins sempre acreditava que aquela criança sentia o ambiente hostil em que morava. Sentada em um sofá próximo a janela, Siena olhou para baixo daquele prédio no décimo segundo andar e uma angústia apareceu para ela. As lembranças começaram a surgir outra vez, em forma de sonhos ou pensamentos, e a pobre moça já não conseguia identificar se havia criado ou se realmente aconteceram. Mas seu corpo suado sempre estava em sua memória, e o olhar apaixonado daquele homem em cima dela, acariciando o rosto macio. Siena Robins quase podia sentir a sensação de ser tocada por ele. Os olhos dela se fecharam, e um sorriso enviesado apareceu nos lábios. Havia uma
“ Caro amor da minha vida. Escrevo essa carta com tanta dor que mal consigo enxergar minha própria letra. Eu nunca quis que fosse assim, e jamais pensei em magoar você, mas aqui estamos, nós dois, sofrendo. Pretendo ir embora para sempre, mas preciso que saiba, por que eu já não posso mais suportar isso. Eu tenho câncer. Sim, eu sei que você já sabia disso, mas o que não sabe é: Eu tenho dívidas. Irina me prometeu dinheiro por uma noite, e eu sinto tanto pensar que aceitei. Eu lamento ter enganado você, mas Sebastian, eu não me arrependo. Eu nunca pensei que viveria o que vivi aqui, e nunca pensei que fosse conhecer o que é o amor. Por muito tempo eu estive noiva, mas ele me enganou. É uma longa história, e eu receio que nunca poderei contar a você em frente a uma bela lareira no nosso quarto. Oh, eu sei que vou sentir saudades disso. Eu sentirei saudades sobre tudo! E eu sei que é uma grande audácia minha, mas realmente pensei que pudesse fazer você feliz, finalmente. Por que você,
Siena Robins desceu do carro e o cabelo bagunçou com o vento. O rosto angelical observava tudo, por seus lindos olhos claros e tão delicados. As pessoas estavam paralisadas, olhando para ela. Talvez fosse a beleza do longo cabelo vermelho, talvez sua aparência tão linda quanto uma pedra preciosa, ou talvez a barriga grande que Siena Robins exibia com orgulho. Parada ali, na frente daquele veiculo antigo, a mulher se assemelhava mais com uma pintura que a realidade. Uma mulher sorriu, e parecia ser de alivio, mas Siena jamais conseguiria compreender o motivo. Ao menos naquele momento. No entanto, as memórias começavam a surgir em sua mente, levadas por uma onda de dores de cabeça que quase a fez se curvar. A água... Siena se lembrava da água. Siena se lembrava dos rostos furiosos, das mãos que a tocavam. Era a mesma sensação dos pesadelos que Siena sempre acabava por esquecer no momento em que abria os olhos. Por que faziam aquilo com ela? O peito sentiu um longo e terrível calafrio
Siena Robins correu em direção a porta. Estava sem chaves, mas também não estava trancada. Uma falha de alguém que talvez pagasse caro por isso. Siena Robins abriu e sentiu a brisa forte e que vinha junto ao odor do Rio que se aproximava cada vez mais que Siena se mantinha correndo. A pobre mulher grávida mal aguentava andar sem parecer desengonçada, mas agora corria como uma louca, por ruas que desconhecia completamente. Olhando para trás, Siena se certificou de que Bruce Jacobs não a alcançaria, mas lá estava ele, tão próximo. O rosto transtornado, o punho ainda serrado, os olhos arregalados por algum motivo. Siena não parava de olhar para trás. Seu corpo encontrou algo forte e rígido, como um muro a sua frente. Um corpo? Siena se chocou com alguém, mas aquele homem era tão forte que sequer estremeceu com o impacto dos corpos em alta velocidade. Siena Robins olhou lentamente para cima e seu coração parou de bater. Ao olhos dela mal conseguiam ficar parados, encarando aquelas linhas
Sebastian Black entrou no carro. Havia um nó que se instalou dentro da garganta, mas que parecia nunca mais abandona-lo. Era irritante, era uma droga! Sebastian mordeu o dedo cheio de anéis. A aliança ainda estava ali, no dedo dele. Quando Sebastian Black segurou na própria perna, viu o símbolo daquela mulher que amava, e aquilo o deixou mais irritado. Um grito rasgou sua garganta. O bebê rasgou seu coração. Aquela barriga grande, aquela pele perfeita manchada de roxo. Sebastian estava plenamente descontrolado agora. Um soco no banco do carro, outro soco na lataria do carro. Ípsilon até tentou não se envolver com a situação, mas já estava difícil demais suportar aquela dor. – Onde ela está? Pensei que a traria de volta. – Grávida! – Sebastian Black rosnou. – Siena está grávida! Ípsilon sorriu. Aquele sorriso puro e sincero tão raro quanto o do Sebastian Black. – Isso é muito bom. Isso é maravilhoso! – Ípsilon sorriu. Aquele sorriso morreu tão lentamente e de forma dolorosa. – Is
Uma, duas, três, quatro socos na porta... as mãos do Sebastian Black estavam feridas, mas não parecia importar. Sebastian sequer parecia sentir qualquer tipo de dor. A insistência dele parecia irritante, mas Sebastian podia ouvir os sons do outro lado da porta. Pessoas que pareciam em crise conversavam lá dentro, como se escondessem algo importante. Siena Robins? Eles a tirariam dali? Sumiram com ela mais uma vez? Sebastian Black não esperou que a porta fosse aberta. Todas as pessoas olhavam atentamente para ele, cercando ao entorno do rio. A porta havia sido chutada e agora estava escancarada. O que estava acontecendo? Ninguém jamais o viu tão transtornado desde o dia em que a Siena Robins havia sido jogada no rio. Era claro que ele estava assim por ela, e agora que a mulher tinha outro homem, ele se encarregaria de livrar-se dela também, do jeito certo. Se livraria de todos eles! Mas Sebastian Black não se importou com os olhares, ou com a barriga avantajada que Siena Robins ten
Sebastian Black levava a mulher segurando pelas mãos. Ípsilon sorriu quando Sebastian abriu a porta do carro. Havia um medo estampado no rosto da mulher, e ele viu pelo retrovisor, mas seu sorriso não morreu. – O que há com ela? – Ípsilon perguntou. – Tenho saudades de quando você era mais calado! – Sebastian Black brincou. – E quem mais te diria verdades? – O homem retrucou, ainda com seu sorriso nos lábios. Aquele homem raramente sorria, mas encontrava motivos com cada vez mais facilidade. Sebastian Black tocou no rosto da Siena Robins. Os olhos dela estavam tão amedrontados. – Nós vamos ficar bem agora! – E o meu filho... Eu não sei o que eu fiz. Eu... – Não se preocupe com isso. Eu sei quem é você, esposa. Eu sei o que você fez! O carro chegou rápido ao seu destino. Na casa, Dáda esperava do lado de fora. Assim que tudo parou, o mundo da Siena Robins começou a girar. O rosto feliz da menina parada no lado de fora da casa, o rosto da mulher chorando. O que estava acon
O corpo dela esfriou completamente. A sensação de medo não deixou que Siena Robins abrisse os olhos no mesmo instante em que sentiu as mãos em sua barriga protuberante, mas quando fez, sentiu o rosto próximo do homem. Os lábios dele estavam prestes a beija-la, e quando se encostaram, Siena Robins arregalou os olhos. Sua primeira reação foi se distrair. Seu corpo se encolheu e sua cabeça se afastou completamente do homem sem camisa parado ao lado dela. – O que foi? – Sebastian Black não conseguia entender. Eles já haviam se beijado antes, então por que ela o recusava agora? Foram longos meses sem ela, e Sebastian Black não estava disposto a esperar mais nenhum segundo. – Você... Você está... Eu queria ficar sozinha. – Vamos ficar só nós dois aqui, o dia todo nesse quarto. Siena Robins quase riu da situação, mas se lembrou de que nem mesmo sabia quem ele era. Como poderia ficar sozinha com alguém que foi acusado de mata-la. – Você vai dormir aqui? Sebastian Black sorriu. – No