ELA- Luna, você precisa se alimentar...- Gama Antero, eu já disse que não estou com fome!O Alfa foi embora há dias, logo após a gente transar, não disse nada e não voltou mais. Na primeira noite, a angústia era até mesmo física, eu chorei a noite inteira sem saber se queria abraçar ou matar ele. No dia seguinte, veio a melancolia, eu mal saí da cama, a ausência dele causando um rombo na minha sanidade mental.Ontem, consegui levantar, tomei vários banhos, meu desejo era tirar todo o cheiro desse filho da mãe de mim e nunca mais falar com ele.Hoje veio a apatia.Eu só não me importo mais, que se dane onde ele está, com quem está. Tomei um bonho quente, vesti a roupa mais bonita que encontrei, maquiei o meu rosto no estilo em voga na minha terra, salientando os olhos, vesti o meu Hijab, fiz a minha oração, que inclusive tive que escolher o lado aleatoriamente, pois não sei em qual direção fica Meca.Creio que Allah, o Misericordioso, prefira que eu ore com a coração, ainda que não s
Esse gama é um belo de um safado! Eu achei que poderia dar uma volta nele, mas foi ele quem deu uma volta em mim. Quando tentei convencê-lo a desviar o caminho, era tarde demais, pois, de acordo com ele, crianças-lobos sentem a energia de uma Luna de nascença e elas de fato correram na minha direção como um bando de trombadinhas descontrolados. Elas riam, felizes em ver uma completa estranha, e algumas, menores, abraçaram as minhas pernas antes que eu pudesse correr para as colinas.E o gama?Rindo a minha custa, a seguros metros de distância da horda de Visigodos.Elas pulavam, batiam palmas, falavam ao mesmo tempo, gritaria, e choro…“ Você é mesmo a nossa Luna?”“ Luna, Luna, olha a minha bola!”“Luna, você é muito bonita!”OK, dessa aqui eu gostei.“ Luna, ele me bateu!”— Não bate na sua irmã, Svir! — Disse o Gama em reprimenda a uma das crianças.Não conseguia sair do lugar com várias delas agarradas em mim e todas a minha volta.— Onde estão os pais dessas coisinhas? — Forcei u
ELAO Gama abriu a porta da cabana dele, mas fechou em seguida.— Luna, poderia esperar um pouquinho aqui fora?— Por quê? — Perguntei com um sorriso sonso no rosto. — Está com alguma garota aí?— Não! Não, Luna, é que… bem, eu não estava esperando ninguém em casa e…— Tá bom, Gama, não esquenta, eu espero aqui.Ele sorriu, agradeceu, e entrou rapidamente. Eu, é claro, entrei logo em seguida, a tempo de assisti-lo retirar pratos e copos espalhados pela sala apressadamente. Ao me ouvir entrar, ele quase derrubou a bagunça que segurava.— Luna! Eu pedi que esperasse um pouquinho…— Eu esperei um pouquinho, tipo, dois minutos.Ele suspirou, de ombros caídos, e saiu da sala murmurando algo que interpretei como “Fica a vontade, não repare a bagunça.”Eu reparei, é claro, mas sem julgamentos, até porque, esqueceria em breve. Certamente, se morasse sozinha, faria as tarefas domesticas quando me desse vontade. Ter a sua própria casa tem que ter a vantagem de decidir o que e quando fazer!A ca
— E o pessoal que ria de você, como reagiu?— Estão todos abaixo de mim na hierarquia, não tem como não inflar o ego com isso. Sou o líder do seu exército, nem o Alfa consegue me submeter, mesmo sendo mais forte do que eu na terceira forma.— Só eu, uma humana! — Completei rindo da ironia.— Sim, só a senhora, uma humana, e isso é incrível, a grande Deusa é muito sábia!Ele estava muito feliz e agradecido por algo que eu nem fiz, mas fez-me sentir querida, o que diminuiu o vazio deixado pelo descaso do Alfa. Cozinhamos juntos, trocando histórias do nosso passado e o nosso jantar consistiu em feijão cozido com carne, pois lobisomens colocam carne em tudo, e purê de batatas.Quando terminamos a nossa refeição, eu senti uma pontada na barriga e quando reclamei em voz alta, o gama praticamente saltou da cadeira com uma expressão de fúria no rosto.— Se o Alfa se atrever a tanto, eu-— Do que está falando, Gama?— Está com dor na barriga, Luna, não adianta tentar esconder de mim para prote
***Alerta de Gatilho para abuso sexual ***Acordei com uma pontada na barriga. Droga, sempre que tomo a pílula do dia seguinte a cólica vem mais forte. Preciso de chocolate derretido com morango, mas não creio que possa encontrar minha iguaria favorita por essas bandas.Levantei da cama e fui verificar a minha mochila, só três pacotes de absorventes, que droga! Se eu soubesse que seria sequestrada e vendida para um lobisomem, eu teria feito estoque igual das pílulas…Bem, se eu soubesse de tudo, absorvente seria a última coisa que me preocuparia, eu teria comprado uma metralhadora.Ai… eu quero um analgésico, uma almofada quente, um pote de sorvete….Me recuso a dizer que quero aquele Alfa escroto!Será que o Gama conseguiria algo doce para mim? Ele é meu general, eu tenho direito a um ou dois desvios de função!Será que os lobisomens têm leis trabalhistas?Não importa, não assinei a carteira de ninguém!Levantei e fui tomar um banho, saí após meia hora debaixo da água morna com a con
Toda a pele estava coberta por cicatrizes de diferentes tamanhos e formatos, variando até na profundidade.Instintivamente, levantei a mão e toquei a maior delas com a ponta dos dedos e ele se sobressaltou, mas manteve-se firme no mesmo lugar.Eram tantas, como pode ter se machucado assim?— Eu pensava que lobisomens não ficavam marcados como humanos…— Não ficamos, exceto se for usado prata para nos ferir.— Como isso aconteceu? Quando? Quem fez isso contigo?— Meu pai, desde que eu consigo me lembrar…— Mas… O seu pai?Que tipo de pai faz isso com o filho? Não conseguia conter as lágrimas ao mentalizar os abusos que sofreu nas mãos daquele que deveria protegê-lo.— Hermes me odiava pela morte de sua companheira e me machucar ou mandar outros me ferirem para que ele pudesse assistir era uma diversão aos seus olhos.— Mas, você disse que ela morreu quando você nasceu? Que culpa poderia ter?Ele se virou de frente para mim, não havia frieza em seus olhos, mas vazio e cansaço.— Ela esc
Depois de tudo o que ouvi, abracei-o bem apertado, ao que ele continuou parado, feito uma estátua por alguns instantes, antes de segurar os meus braços e me afastar um pouco.— Você me toma por menos macho agora que te contei o que deixei acontecer comigo?— Eu só te abracei! — O encarei, confusa.— Eu sei…mas…— Se você não se sente bem com o abraço, eu paro! — Propus com sinceridade.A última coisa que eu desejava era ultrapassar os limites dele.— Não! Não pare!— A gente pode se abraçar sem que tenha a ver com sexo, Ares. Sempre que quiser dar ou receber carinho, pode abraçar!Hesitante e desajeitado, ele me abraçou de volta, até que me apertou muito contra o peito, mas eu não reclamei.— Eu gosto quando fala o meu nome.— Ele grunhiu baixo, ousaria dizer que até timidamente.— Você nunca disse o meu nome, Alfa Ares!— Claro que eu disse, fêmea!— Disse nada!Ficamos em silêncio por alguns instantes.— Desculpa, Esmeralda, Luna Esmeralda. Você não sentiu a minha falta! — Ele disse
ELE— Fêmea, abre a porta!— Não quero, sai daí!— Se não abrir, vou arrombar a porta!— Se você arrombar essa porta, Ares, por Allah, eu vou te tacar a escova na cabeça!— Está sagrando, fêmea, fala quem te feriu!Fêmea teimosa! Posso sentir o cheiro do seu ferimento, por que rejeita os meus cuidados? Sou o macho dela, e ela insiste em não me deixar protegê-la. Humana e frágil, não pode ser teimosa, eu cuidarei dela, não deixarei que ninguém a machuque!— Alfa, pega a minha mochila e traz aqui, por favor? Tem algo que eu preciso nela.Hm…Deve ter curativo humano nessa "mochil”, fiz o que ela pediu, bati à porta, ansioso para conferir se ela estava bem, mas, ela estendeu a não, pegou a mochila e bateu a porta de novo na minha cara.O lobo da minha natureza rosnou, desejoso de forçá-la a se submeter e ele. Ele tem muitos dos traços de lobos perdidos, o que me faz mantê-lo enclausurado em meu âmago por falta de confiança. A terceira forma, no entanto, parecia se divertir com o jeito in