Eu estava sentado no banco, sozinho e escutando música como de costume. Lá fico com meus pensamentos, tentando os silenciar. Nem consigo se quer prestar atenção na letra da música, mas conseguia observar o que todos ao meu redor faziam e como agiam. Às vezes isso me trazia um sentimento de não pertencimento, porque eu não conseguia me encaixar nessa realidade.
Escuto o sino do intervalo tocar, informando que o intervalo acabou. Assim, eu e os demais alunos subimos para a sala. As aulas foram a mesma coisa, entediantes, porém, úteis. Dependendo de qual matéria seja a aula, tenho muita facilidade em aprender. Faço as atividades antes e depois fico quieto, em silêncio. Estou sentado com o rosto deitado sobre meus braços, imaginando coisas que talvez sejam impossíveis de viver.
Sem ao menos perceber o tempo, a aula acabou e fomos para casa. Na saída do colégio, os meus amigos me acompanharam e como eu moro perto, na esquina da rua onde fica minha casa, eu me despedi deles e fui para casa.
Ao chegar, entro e fecho a porta ao entrar. Subi para o meu quarto, troquei a roupa e desci para almoçar. Ao entrar na cozinha, Rafaela e Henrique estavam lá, então eu me juntei a eles.
Rafaela, sempre quando chega da escola e vai almoçar, fica nos contando como seu dia no colégio. Já Henrique, almoça antes de nós, porque ele estuda a tarde e em outra escola, então ele precisa se locomover até lá por transporte. Um motorista vem todos os dias buscá-lo numa Van.
— Tiago, nem sabe o que aconteceu hoje! — diz Rafaela empolgada,
— O que aconteceu, Rafa? — pergunto.
— Então, eu tenho um crush e hoje ele se sentou comigo na aula! — disse muito animada.
— Que legal, isso é bom... — falei com certo desânimo.
— O que aconteceu na sua escola hoje? — perguntou ela.
— Nada de mais, o mesmo de sempre. — respondi.
— Sei. — disse ela.
— ...
— Por que você é tão desanimado? — ela voltou a questionar.
— Sinceramente, eu não sei. — respondi.
Na verdade, eu sabia. Mas não consigo conversar com minha família, não importa se são meus irmãos ou minha mãe, eu simplesmente não consigo. As palavras não saem.
Depois do almoço fui para o meu quarto, lá era o meu mundo. O meu refúgio para tudo, o meu escudo.
Ao entrar, jogo minha mochila no chão, tiro os tênis e me deito em minha cama novamente. Fico escutando música, mas, logo recebo uma mensagem que me deixa feliz. É a Patrícia me chamando para ir visitá-la.
Ela é minha melhor amiga, uma garota com cabelos cacheados, que vão até seu ombro. Seus olhos são amendoados, o que a torna fofa. Fora que é muito parecida comigo, sempre é bom vê-la, ter sua companhia.
Então, resolvo ir visitá-la. Sua casa é um pouco longe, a algumas quadras daqui, é possível ir de ônibus. Mas vou a pé, o que leva uns 8 minutos de caminhada. Chego em sua casa, que é laranja e muito parecida com a minha. Apesar de que no bairro de Santa Rita, as casas são muito idênticas.
Ao chegar, a chamo no portão:
— Patrícia! Patrícia!
Na janela da casa ela apareceu, segurando em seus braços o seu irmão mais novo, que tinha apenas dois anos de vida.
Então, da janela ela gritou para mim:
— Entre, está aberto!
Eu entrei e vi que ela estava precisando de ajuda, porque ela têm cinco irmãos e todos são crianças de seis a doze anos, fora o bebê, eles estavam fazendo uma bagunça grande na casa.
Ao me ver ela, me cumprimenta com um beijo na bochecha e um abraço bem apertado.
— Você está meio ocupada aqui. — falei.
— Nem me fala, minha mãe saiu hoje e nem sei aonde foi, mas, provavelmente foi atrás de algum homem. É só o que ela sabe fazer... Fazer filhos e eu quem cuido. — disse revirando os olhos.
— Sério? — perguntei.
— Sim. — respondeu.
— Não consigo mais aguentar essa bagunça, sabe? — desabafou.
— Eu imagino, mas se acalma, Paty. Tive uma ideia.
— Qual?
— Você tem tapete ou algo assim?
— Tenho, por quê?
— Onde está?
— No segundo quarto do andar de cima.
— Ok.
Peguei o tapete e os brinquedos das crianças, montei no tapete um tipo de cidade e os deixei brincando lá.
— Como fez isso?! — perguntou surpresa.
— Foi bem fácil, eu fazia bastante isso quando era criança. — falei.
— Mas obrigada de qualquer jeito. — falou aliviada.
— De nada. — respondi.
O seu irmão que estava em seus braços, dormiu logo em seguida, ela o levou para o quarto dele e depois voltou para a sala onde estava.
— Aceita um chá? — perguntou.
— Sabe que não recuso um chá! — respondi.
— Sei sim. — respondeu.
Fomos para a cozinha, eu me sentei na cadeira, enquanto ela preparava o chá.
— Ei, Tiago! — me chamou.
— Sim, Paty. — respondi.
— Sabe o que está faltando agora? — me perguntou.
— Um rock! — falei empolgado.
— Exatamente, você me entende muito bem! — disse confirmando com certa empolgação.
Ela colocou uma música de rock para tocar em seu celular, enquanto tomávamos chá de frutas vermelhas, que, aliás, estava uma delícia.
Fazíamos isso muitas vezes por semana e eu sempre gostei.— Como foi a escola Patrícia? — perguntei na intenção de puxar assunto.
— Foi boa, legal. — respondeu.
— Fez amigas? — perguntei.
— É... Claro. — falou e notei que estava mentindo.
— Paty! — falei em tom de repreensão.
— Está bem, ainda não fiz, mas amanhã eu vou. Você vai ver, tenho certeza. — falou tentando me convencer.
— Ok, quero só ver. — respondi.
— Mas me conte, como você está de verdade? — me perguntou com um leve sorriso.
Respirei fundo enquanto olhava para a xícara de chá em minhas mãos e respondi.
— Essa semana não tive nenhuma crise ou qualquer coisa assim, apesar de estar mergulhado em alguns pensamentos e lembranças. Mas, juro que estou bem.
— Hum... Pensamentos, isso é perigoso... Mas, pelo menos está bem e qualquer coisa estou aqui. — respondeu ela.
— Sim, eu sei. — falei.
Ficamos conversando sobre várias coisas. Até sobre um pastel, sim, conversamos sobre quase tudo. Assistimos a um filme na N*****x e comemos pipoca. O que eu gosto na nossa relação, é que minha amizade com ela é saudável e relaxante.
O tempo passou rápido com ela, é sempre assim quando fazemos algo que gostamos ou quando estamos em uma boa companhia. Já estava escurecendo, então tive que ir embora, porque é muito perigoso ir tarde para casa. Me despedi dela com um abraço e fui para casa.
Quando cheguei em casa, vi minha mãe sentada na sala com o meu irmão sentado ao seu lado. Meu irmão estava com os olhos vermelhos de tanto chorar, provavelmente apanhou da nossa mãe ou levou um sermão, escutar o sermão dela dói até na alma, faz você se sentir um merda.
— O que aconteceu? — perguntei curioso.
— Não aconteceu nada, seus irmãos apenas brigaram. — respondeu minha mãe.
— Hum!
— Vai subir? — perguntou ela.
— Vou. — respondi.
— Então não suba e fique aqui, porque daqui a pouco o jantar está pronto.
— Está bem.
Minha família têm o costume de jantar cedo, é algo que já está enraizado.
Após o jantar, tomei banho e fui para o meu refúgio. Onde assisti muitos vídeos no YouTube, eu me perco assistindo vídeos. Depois olhei meus cadernos para ver se não tinha algum dever de casa, mas, não tinha.
Fiquei sentado olhando para meu quarto e minhas coisas. Pensando no que fazer, talvez desenhar. Eu fazia muito isso, mas sei lá, não ando com vontade.
Estou como uma criança girando em minha cadeira e escutando minha irmã conversando sozinha. Como o meu quarto e o dela são próximos, consigo escutar o que ela fala. Poderia ir e conversar com ela, mas não, não vou incomodar.
Enfim, me deito na cama. Checo meu celular e não tem nenhuma mensagem da minha amiga. E como qualquer adolescente viciado em algo, eu sou viciado em jogar, adoro jogar um jogo de tiro online e foi o que fiz até pegar no sono.
No outro dia, uma terça- feira fria, acordei com frio, vesti uma roupa rápida, desci, tomei café, escovei os dentes e me sentei no sofá, fiquei escutando música e esperando o tempo passar ,para eu ir ao colégio. No sofá, esperando o tempo passar, já me alegrei, pois no meu celular havia uma mensagem carinhosa de " bom dia " de minha amiga, o que me alegrou. Respondi à ela com o mesmo carinho que me envio. A hora de ir para a escola chega , peguei a mochila e fui. Chegando lá, me sento no mesmo banco, cumprimento os meus amigos. O Guilherme estava estranho . - O que foi? - Como assim Tiago? - Sei lá tu está com uma cara de triste. - Não é nada não. - Tem certeza? - Tenho. Já o Vinicius, estava alegre como sempre, foi até incomodar um amigo dele que estava na escola, acompanhando uma irmã. Aos p
Uma quarta-feira começava, eu acordei com o despertador do meu celular tocando.- Droga, já é seis e meia.Me levantei, me arrumei, desci para a cozinha, preparei o meu café, enquanto a água esquenta no fogo. Fui para a sala e da janela observei o céu escuro, escuro até demais.Eu estranhei isso, mas como não sei olhar e entender a hora em um relógio analógico, de ponteiro, segui conforme dizia o meu celular.Mas quando a água esquentou e pude prepara o meu café, minha irmã Rafaela,apareceu na cozinha.- O que está fazendo acordado a essa hora aí?
Uma quinta-feira se inicia, depois da aula, na esquina da minha casa de despeço da Júlia, ela pergunta usando o seu celular, se posso ir a sua casa mais tarde.- Desculpe Júlia, não vou pode ir, tenho que visitar alguém. Não está triste está?Ela balança sua cabeça para um lado e para outro, mostrando que não.- Mas prometo que vou ir domingo.Ela sorri e vai para sua casa. Chego em casa, subo, troco de roupa, largo minha mochila no chão do quarto, desço para a cozinha e já vejo Henrique e a Rafa almoçando.- Quem esquentou a c
Sexta feira se inicia chata, a tarde depois da aula, já estava na enfrente a casa da Pati, nem preciso a chamar, pois ao chegar no portão dela , a mesma aparece , me abraça.-Me chamou para irmos aonde?- Para irmos na biblioteca pública, porque a professora de literatura, quer que façamos uma resenha de um livro.-Mas por que vai a biblioteca pública?-Porque já pegaram os livros da biblioteca da escola.- Ah entendi.Ela usava uma calça jeans preta com uma camiseta que era quase um vestido na mesma, o que é engraçado pois ela não gosta de vestido.- O que foi que esta me olhando tanto Tiago?- Nada não.Ela saiu correndo para a parada de ônibus.- Ei Pati !Ela se vira para mim.- O que foi ?- Temos companhia e vamos ir na casa dela a chamar.-Quem ?- Tu vai ver.Fomos na casa da
Era sábado, um sábado quente, Júlia acorda as cedo mesmo tentando dormir até tarde , pois os grito de choro de uma criança a acorda.Ela se levanta, vai ao banheiro, lava o seu rosto e desce para a cozinha se depara com sua irmã dando de comer para sua filha.- Júlia, a água está na térmica, é só colocar na caneca.Júlia pega uma caneca, coloca café e a água quente, e vai tomar seu café, enquanto assisti sua irmã de 15 anos, cuidando do filho de 1 ano.- Come Pedro, e só uma colher.O garoto fazendo birra, ela só assistindo e pensava "
Finalmente o sábado chega o que significa que o dia de sair com meus amigos também.Acordei muito ansioso, como de costume a ansiedade tomou conta de mim.Tomei café, junto a minha mãe e ao Henrique, a Rafa estava dormindo, ela sempre dormi muito e perde o café nos fins de semana.Depois do café ajudei minha mãe a lavar a louça, secar e guardar.Após fique no meu quarto, como sempre, escutei música, desenhei, e assisti umas séries pelo no celular.As horas passam então vou me arrumar, antes de eu entrar no banheiro, com a toalha em meu ombro, minha mãe fala:
Eu odeio os domingos, sempre fico em casa, meus amigos nunca me chamam, na verdade são raras as vezes que isso ocorre.Acordei cedo em pleno domingo, nem dormir até tarde eu consigo.Levanto-me, vou ao banheiro, lavo o rosto, na pia, enfrente a pia está o espelho, evito me olhar, pois odeio minha aparência, na real odeio tudo em mim.Desço para a cozinha, novamente não havia ninguém em casa.Minha mãe foi para a casa do namorado, ela sempre vai aos fins de semana para lá. ( é, ela namora um cara 7 anos mais velho que ela.)A Rafa, minha irmã, está desde ontem na casa de umas amigas, p
Acordo mais cedo que o despertador do meu celular, mas antes de me arrumar fico sentado em minha cama,pensando no sonho que tive e o porque disso?porque sonhar com essa pessoa e justo desse jeito.Vou para à escola .Chego no colégio , o mesmo horário de sempre, me sento no mesmo banco e fico lá aguardando meus amigos aparecerem.Porém algo diferente acontece, alguém surge em minhas costas e coloca suas mãos sobre meus olhos.- Adivinha quem é? - Diz essa pessoa.Pela voz já sei que é a Pati.- Pati!
Último capítulo