— Por que está aqui, humana?A voz desconhecida corta o ar, fazendo Sasha se sobressaltar. Ela desvia a atenção do violão em seu colo, encarando o rosto da garota que ela sequer notou entrar no quarto. Agora, a jovem está bem na sua frente, os olhos fixos nela com uma expressão de curiosidade.Sasha engole em seco, sentindo uma onda de nervosismo tomar conta dela. Ela tira o violão do colo e se põe de pé, consciente de que não pode reclamar se alguém quiser invadir seu quarto, ainda mais se for uma lycan para dar ordens. Mas essa garota, ela nunca a viu antes. E não esperava receber ordens a essa hora, especialmente depois de já ter feito todas as tarefas do dia. Ela até assistiu novela com a senhora Luciana pela tarde, uma experiência surpreendentemente agradável depois de explicar o que aconteceu na janela."Ah se eu ainda fosse jovem — a senhora Luciana suspirou, observando o protagonista caminhando sem camisa com um chapéu de cowboy. — Se eu fosse jovem, com certeza viajaria para
A manhã está silenciosa, Sasha trabalha em silêncio, o pano deslizando suavemente molhado com um ilustra móveis sobre as superfícies do escritório de Miguel. O ambiente é imponente, repleto de moveis robustos que gritam: somos caros.Sasha termina de limpar a mesa, seu olhar vagando pela sala até encontrar a estante na parede lateral. Ela se aproxima, um sorriso suave surgindo em seus lábios ao ver as fotos de Kesha ainda pequena, seu rosto iluminado por sorrisos inocentes. A visão aquece seu coração, trazendo à tona lembranças da noite anterior.Sasha havia tocado e cantado para Kesha até que a menina adormeceu, seu corpo relaxou na cama da humana. Enquanto Sasha a ajeitava entre os lençóis, a porta do quarto se abriu suavemente. Seu coração acelerou quando viu Miguel entrar, sua presença dominando imediatamente o espaço.No mesmo instante, os pelos de Sasha se arrepiaram, a tensão preenchendo o ar. Ela engoliu em seco, mordendo o lábio enquanto Miguel se aproximava. Seus olhos escur
— Então, o que é isso quebrado no chão? — Lovetta pergunta, sua voz carregada de uma doçura fingida que só aumenta o desconforto de Sasha.Lovetta solta o porta-retrato, a expressão dela implacável enquanto observa a queda do objeto. Sasha, vendo a cena em câmera lenta, solta o pano imediatamente, estendendo a mão para tentar pegar o porta-retrato antes que ele atinja o chão. Mas ela não é rápida o suficiente.O porta-retrato se choca contra o chão, o vidro estilhaçando em várias direções, atingindo a mão de Sasha, e tudo o que sente é a dor aguda com o corte dos cacos contra a palma da mão.O sangue escorre da ferida, gotejando sobre a foto que agora desprotegida. A imagem de Miguel e seus pais é manchada com o vermelho vivo, uma representação cruel da cena que acaba de acontecer.Sasha ofega, segurando a mão ferida contra o peito, os olhos arregalados em choque e dor. Ela olha para Lovetta, que a observa com um sorriso cruel, claramente satisfeita com o que causou.— Miguel não vai
Miguel entra no escritório, a tensão no ambiente aumentando instantaneamente com sua presença. Seus olhos se fixam em Sasha, que imediatamente sente como se o ar ao seu redor tivesse se tornado mais pesado, quase sufocante. Ela tenta se manter firme, mas é impossível ignorar a intensidade do olhar dele, que parece penetrar diretamente em sua alma.— Pra onde pretende fugir? — Ele pergunta, seu tom baixo, carregado de perigo.Sasha recua instintivamente, sentindo a tensão no ar aumentar com cada passo que ele dá. O olhar dele é como um peso sobre seus ombros, e ela sente como se estivesse presa, sem escapatória.O som do coração de Sasha martelando em seu peito chega aos ouvidos de Miguel, cada batida rápida alimentando o fogo dentro dele.Sasha sente um arrepio percorrer sua espinha. Ela vê os olhos de Miguel desviando para sua mão, onde uma fina listra de sangue ainda escorre por todo seu antebraço, o corte recente ainda fresco e pingando por seu cotovelo. A expressão de Miguel se to
O choque atravessa o rosto de Lovetta, seus olhos se voltam para o Genuíno Alfa, incrédula. Por um instante, ela fica paralisada, a ideia de que Miguel estaria protegendo a humana é tão absurda que a faz franzir as sobrancelhas, duvidando da própria audição. Ainda mais nessa situação, onde a humana foi insolente, ofendendo-a na frente dele.— Como? — Lovetta sussurra, a voz mal se fazendo ouvir, carregada de descrença e humilhação.Ela procura nos olhos de Miguel alguma explicação, alguma pista de que aquilo não é real, mas tudo que encontra é o olhar frio e implacável do Genuíno Alfa.— Genuíno, vai mesmo permitir que ela fale assim comigo? — Lovetta insiste, a incredulidade transformando-se em um veneno sutil. Ela inclina a cabeça ligeiramente, como se estivesse tentando compreender o que parece ser uma traição de seu Alfa. — Que trate sua futura companheira com toda essa ousadia e saia impune?Sasha observa a cena, o coração batendo descontrolado em seu peito, a adrenalina correndo
— Não… — a palavra mal chega a se formar em seus lábios, um sussurro quase inaudível, mas ela não tem forças para dizer mais nada.Miguel para a poucos centímetros dela, sua presença é esmagadora, preenchendo todo o espaço ao redor dela. O medo é palpável, uma energia quase tangível que paira no ar entre eles. Miguel a encara com um olhar frio, sem demonstrar qualquer emoção, o rosto rígido como pedra.Sasha instintivamente encolhe os ombros, sentindo-se cada vez mais pequena sob o olhar implacável dele. A saliva em sua boca parece espessa demais para engolir, como se cada movimento fosse um esforço monumental. Miguel ergue a mão em sua direção, e ela fecha os olhos, mordendo as bochechas por dentro, esperando o impacto que acredita ser inevitável.Seu coração bate descontroladamente em seu peito, o som ecoando em seus ouvidos como um tambor de guerra. A ansiedade a consome, uma força invisível que ameaça engolir todo o seu ser. Então, ao invés da dor que ela esperava, sente algo quen
A mão de Miguel desliza pelo maxilar de Sasha, os dedos firmes, mas surpreendentemente gentis, como se estivesse moldando-a ao seu toque.Sem aviso, Miguel a puxa bruscamente e captura os lábios de Sasha em um beijo que não é nada suave. E sim em um beijo possessivo, dominante, que reivindica cada pedaço dela. A boca dele é dura contra a dela, exigente, como se estivesse marcando território, e Sasha sente o impacto desse gesto como uma corrente elétrica que percorre seu corpo inteiro. Ela se surpreende ao sentir uma resposta brotar dentro de si, seus lábios cedendo e seus olhos fechando, seu corpo traindo sua mente. De novo. Exatamente como ele disse.Para ela, o gosto dele é intoxicante, uma mistura de desejo cru e autoridade inquestionável e Sasha sente o calor se espalhando por suas veias, enquanto suas mãos instintivamente se agarram à camisa dele, como se precisasse de algo para se manter ancorada.Ele a beija com uma fome que a faz esquecer de tudo por um momento. Miguel aprofun
Sasha apoia as duas mãos no peitoril da janela, tentando recuperar o fôlego e acalmar os batimentos cardíacos que ainda martelam em seu peito. À medida que a adrenalina começa a se dissipar, uma onda de constrangimento a invade, fazendo seu rosto queimar de vergonha. Como pôde ter dito aquilo? Como pôde insinuar, mesmo que indiretamente, que queria ser caçada? As palavras ecoam em sua mente, cada sílaba carregada de um desejo que ela sabe que deveria não sentir.Ela aperta os olhos, balançando a cabeça de um lado para o outro tentando freneticamente apagar a lembrança da conversa com Miguel.“Eu não sou o tipo de presa fácil” — As palavras ainda soam em seus ouvidos, ela não acreditando que tal frase saiu mesmo de seus lábios. Que tipo de pessoa desafia um lycan, e ainda mais, o rei deles?E pior ainda, que tipo de pessoa sente uma excitação proibida ao ser confrontada com uma promessa tão sombria e primitiva de ser caçada e tomada no meio floresta onde qualquer um que passe pode vê-l