Por um momento, o tempo parece parar. O quarto fica em silêncio, a respiração de Kesha ainda rápida, mas algo começa a mudar. Os olhos dela, antes distantes, começam a focar, lágrimas começam a rolar dos olhos dela, seu peito subindo e descendo.— Papai... — Kesha murmura, a voz dela fraca, mas o suficiente para encher Miguel de um alívio profundo.Ele a puxa suavemente para um abraço, sentindo o corpo dela finalmente relaxar, como se estivesse deixando para trás os horrores que a mantinham cativa.Luciana solta um choro de alívio, as lágrimas escorrendo livremente pelo rosto enquanto agradece à deusa Selene por Kesha finalmente despertar. A emoção dela é palpável, um misto de gratidão e alegria que transborda enquanto observa a jovem finalmente retornar ao mundo dos vivos.Os minutos passam, e Miguel continua acariciando os cabelos de Kesha, seus dedos deslizando suavemente pelos fios, em um gesto reconfortante e protetor. Ele permanece ao lado dela, sentindo cada soluço, cada tremor
A visão de um pequeno lobo de pelos prateados chama a atenção de Sasha, ela observa o ser pular e brincar na neve.Um lobo comum? — Sasha indaga mentalmente, achando o animal muito pequeno comparado com os lycans que ela já viu transformado.Mas logos seus olhos são atraídos para outro lobo, um enorme e de pelos negros, uma figura imponente que corre pelo terreno do lado de fora da mansão. Involuntariamente, seus lábios tremem, e um tímido sorriso começa a se formar ao reconhecer o lycan em sua forma animal, Miguel, o mesmo que dominou seus pensamentos e corpo de forma tão avassaladora... Imediatamente, ela fecha os olhos e reprime o movimento.As palavras de Miguel ecoam em sua mente, cada sílaba carregada de dominância e provocação, ressoando na memória com uma voz rouca e profunda:“Cada macho que se aproximar vai sentir o cheiro da minha porra cravada em você, fêmea. Todos vão saber o que fiz com você aqui, e nenhum deles vai se atrever a chegar perto.”Sasha sente um arrepio invol
— Desculpa, cara — a voz de outro macho ecoa pelo corredor, mas Sasha não se atreve a olhar, tendo a certeza de que, se este está nu, os outros também estão. O embaraço dela cresce, e tudo o que ela deseja é que o chão se abra e a engula naquele momento. — Não quis empurra forte demais.O lycan empurrado ignora o pedido de desculpas, seus olhos agora focados em Sasha, a fêmea humana que seu irmão salvou e, por isso, foi castigado pelo Genuíno. Ele a observa com curiosidade, a tensão dela evidente em cada movimento.— Você está bem, humana? — Ele questiona, procurando os olhos dela, mas Sasha, ainda mortificada pela situação, apenas balança a cabeça em um sim frenético, evitando a todo custo fazer contato visual.— O-obrigada por não ter deixado eu cair — ela gagueja, as palavras saindo apressadas, mas conseguindo que sua voz ressoe alto o suficiente para ser ouvida.— Te devo desculpas, sinto muito, não quis machuca-la, eu...— Tudo bem — Sasha o corta rapidamente, tentando minimizar
— Por que está aqui, humana?A voz desconhecida corta o ar, fazendo Sasha se sobressaltar. Ela desvia a atenção do violão em seu colo, encarando o rosto da garota que ela sequer notou entrar no quarto. Agora, a jovem está bem na sua frente, os olhos fixos nela com uma expressão de curiosidade.Sasha engole em seco, sentindo uma onda de nervosismo tomar conta dela. Ela tira o violão do colo e se põe de pé, consciente de que não pode reclamar se alguém quiser invadir seu quarto, ainda mais se for uma lycan para dar ordens. Mas essa garota, ela nunca a viu antes. E não esperava receber ordens a essa hora, especialmente depois de já ter feito todas as tarefas do dia. Ela até assistiu novela com a senhora Luciana pela tarde, uma experiência surpreendentemente agradável depois de explicar o que aconteceu na janela."Ah se eu ainda fosse jovem — a senhora Luciana suspirou, observando o protagonista caminhando sem camisa com um chapéu de cowboy. — Se eu fosse jovem, com certeza viajaria para
A manhã está silenciosa, Sasha trabalha em silêncio, o pano deslizando suavemente molhado com um ilustra móveis sobre as superfícies do escritório de Miguel. O ambiente é imponente, repleto de moveis robustos que gritam: somos caros.Sasha termina de limpar a mesa, seu olhar vagando pela sala até encontrar a estante na parede lateral. Ela se aproxima, um sorriso suave surgindo em seus lábios ao ver as fotos de Kesha ainda pequena, seu rosto iluminado por sorrisos inocentes. A visão aquece seu coração, trazendo à tona lembranças da noite anterior.Sasha havia tocado e cantado para Kesha até que a menina adormeceu, seu corpo relaxou na cama da humana. Enquanto Sasha a ajeitava entre os lençóis, a porta do quarto se abriu suavemente. Seu coração acelerou quando viu Miguel entrar, sua presença dominando imediatamente o espaço.No mesmo instante, os pelos de Sasha se arrepiaram, a tensão preenchendo o ar. Ela engoliu em seco, mordendo o lábio enquanto Miguel se aproximava. Seus olhos escur
— Então, o que é isso quebrado no chão? — Lovetta pergunta, sua voz carregada de uma doçura fingida que só aumenta o desconforto de Sasha.Lovetta solta o porta-retrato, a expressão dela implacável enquanto observa a queda do objeto. Sasha, vendo a cena em câmera lenta, solta o pano imediatamente, estendendo a mão para tentar pegar o porta-retrato antes que ele atinja o chão. Mas ela não é rápida o suficiente.O porta-retrato se choca contra o chão, o vidro estilhaçando em várias direções, atingindo a mão de Sasha, e tudo o que sente é a dor aguda com o corte dos cacos contra a palma da mão.O sangue escorre da ferida, gotejando sobre a foto que agora desprotegida. A imagem de Miguel e seus pais é manchada com o vermelho vivo, uma representação cruel da cena que acaba de acontecer.Sasha ofega, segurando a mão ferida contra o peito, os olhos arregalados em choque e dor. Ela olha para Lovetta, que a observa com um sorriso cruel, claramente satisfeita com o que causou.— Miguel não vai
Miguel entra no escritório, a tensão no ambiente aumentando instantaneamente com sua presença. Seus olhos se fixam em Sasha, que imediatamente sente como se o ar ao seu redor tivesse se tornado mais pesado, quase sufocante. Ela tenta se manter firme, mas é impossível ignorar a intensidade do olhar dele, que parece penetrar diretamente em sua alma.— Pra onde pretende fugir? — Ele pergunta, seu tom baixo, carregado de perigo.Sasha recua instintivamente, sentindo a tensão no ar aumentar com cada passo que ele dá. O olhar dele é como um peso sobre seus ombros, e ela sente como se estivesse presa, sem escapatória.O som do coração de Sasha martelando em seu peito chega aos ouvidos de Miguel, cada batida rápida alimentando o fogo dentro dele.Sasha sente um arrepio percorrer sua espinha. Ela vê os olhos de Miguel desviando para sua mão, onde uma fina listra de sangue ainda escorre por todo seu antebraço, o corte recente ainda fresco e pingando por seu cotovelo. A expressão de Miguel se to
O choque atravessa o rosto de Lovetta, seus olhos se voltam para o Genuíno Alfa, incrédula. Por um instante, ela fica paralisada, a ideia de que Miguel estaria protegendo a humana é tão absurda que a faz franzir as sobrancelhas, duvidando da própria audição. Ainda mais nessa situação, onde a humana foi insolente, ofendendo-a na frente dele.— Como? — Lovetta sussurra, a voz mal se fazendo ouvir, carregada de descrença e humilhação.Ela procura nos olhos de Miguel alguma explicação, alguma pista de que aquilo não é real, mas tudo que encontra é o olhar frio e implacável do Genuíno Alfa.— Genuíno, vai mesmo permitir que ela fale assim comigo? — Lovetta insiste, a incredulidade transformando-se em um veneno sutil. Ela inclina a cabeça ligeiramente, como se estivesse tentando compreender o que parece ser uma traição de seu Alfa. — Que trate sua futura companheira com toda essa ousadia e saia impune?Sasha observa a cena, o coração batendo descontrolado em seu peito, a adrenalina correndo