Miguel sente o peso dos lobos solitários em seu corpo, cada um deles se movendo como se fossem partes de uma máquina incansável. Ele balança o corpo violentamente, jogando dois dos lobos para longe, mas o terceiro se mantém firme, cravando suas mandíbulas profundamente em seu ombro. Um rugido de dor e fúria explode de Miguel enquanto ele gira o corpo e se joga contra a parede da caverna, esmagando o inimigo entre seu peso e a rocha. O som do impacto é gutural, seguido por um grito de agonia do lobo que cai, inerte, ao chão.Mas não há tempo para respirar. Dois novos inimigos avançam, suas garras reluzindo à luz das velas que cercam o altar. Miguel encara o desafio, seus olhos dourados brilhando com a intensidade de um trovão prestes a estourar. Ele investe contra os lobos, suas garras cortando o ar. Uma de suas investidas atinge o rosto de um dos lobos, que recua uivando de dor, mas o outro aproveita a brecha e crava os dentes profundamente na coxa de Miguel.Toda vez que recebe uma m
Mariana desvia os olhos marejados de Sasha para Melody, que permanece concentrada, recitando palavras incompreensíveis do livro de rituais proibidos. O coração de Mariana aperta, uma dor quase insuportável ao ver o que sua querida irmã está prestes a usar sua afilhada como sacrifício. As lágrimas ameaçam cair, mas ela as contém, substituindo o desespero pela determinação.Ela inspira profundamente, sentindo o calor familiar percorrer suas veias. As chamas dançam em suas mãos, crescendo com intensidade enquanto ela foca no alvo: o livro que uma lycan segura com firmeza, o objeto que alimenta aquele ritual terrível.⸺ Você não é assim, irmã, isso tem que parar! ⸺ Mariana grita, a voz carregada de emoção e fúria.Com um movimento rápido, ela lança uma bola de fogo direto em direção ao livro. A esfera ardente corta o ar, iluminando a caverna com um brilho intenso. Mariana não desvia o olhar, esperando ver o impacto destruir o livro e encerrar aquele ritual antes que seja tarde demais.Mas
— Aonde está indo, bruxa? — Lukan rosna, suas sobrancelhas franzidas enquanto observa Melody se afastar do altar, tomando o livro das mãos de Mara, dando as costas e caminhando para fora do escudo que ela criou para não deixar que nada atrapalhasse o ritual.Melody se vira lentamente, os olhos repletos de um desprezo frio, enquanto um sorriso cínico se abre em seus lábios finos, então ela se vira novamente, voltando a caminhar lentamente.— Ei! Volte aqui, maldita! Termine o ritual! Passe os poderes dela e do filhote para mim! — Lukan grita, se levantando do seu lugar no altar e avançando em direção a bruxa.Melody ergue uma sobrancelha e dá uma risada curta, sentindo-se divertida com a cara que Lukan está. — Eu jamais daria poder nenhum a qualquer lycan maldito. Vocês são criaturas insignificantes e merecem a extinção — sua voz é calma, mas carregada de veneno.Antes que Lukan possa reagir, Melody estende a mão e quebra a barreira que ela havia criado. A bolha de magia negra se diss
A atmosfera na caverna torna-se densa, quase sufocante.Os olhos de todos se voltam para o altar, onde Sasha começa a se contorcer violentamente. Seus gritos, antes carregados de dor, transformam-se em algo gutural, primitivo e perturbador. As notas de sua voz se misturam com um tom sombrio, como se algo antigo e inumano estivesse se manifestando junto dela.O calor emana de seu corpo, crescendo tão intensamente que Pedro é forçado a soltá-la. Ele se levanta, os olhos arregalados, encarando a forma estranha como Sasha se contorce no altar.— Filha? O que tá acontecendo? — Pedro murmura, sua voz quebrada pela angústia. Ele olha para Mariana, os olhos dela fixos em Sasha com puro terror. Ele agarra o pulso da bruxa com força. — O que a sua irmã fez na minha filha, Mariana!? O que ela fez?Mariana tenta responder, mas as palavras não saem. Seus lábios tremem enquanto mais lágrimas escorrem por seu rosto.Como Melody pode fazer isso?...— E-ela está sendo... — Mariana engole em seco, inca
— O-o que está acontecendo? — Mara gagueja, seus olhos arregalados enquanto tampa o nariz, tentando se proteger do cheiro sufocante de enxofre que exala de Sasha, causando-lhe náusea.O fedor é sufocante, queimando suas narinas como se algo pútrido estivesse apodrecendo no ar. Ela tenta dar um passo para trás, mas suas pernas tremem, aterrorizada por nunca ter visto uma criatura como aquela, que literalmente fede a morte.O rosto de Mara está pálido, assim como os dos demais, seus olhos arregalados e fixos no que deveria ser apenas um cadáver nesse momento.— Ela não deveria está morta? O poder dela e do filhote ser transferi... — Mara consegue terminar, sua voz morre em sua garganta ao ver que agora a atenção da criatura está em si.— Lanchinho — a criatura murmura, e então, num piscar de olhos, pula do altar sobre a lycan, que sequer tem tempo de reagir antes que sua enorme mandíbula se abra e abocanhe por completo a sua cabeça.Com o movimento rápido, Mara tem sua cabeça arranca e
Antes que Miguel possa contra-atacar, a criatura avança novamente, mais rápido desta vez, sua velocidade é uma sombra indistinta, quase impossível de acompanhar.Miguel mal consegue se esquivar do golpe seguinte, mas antes que possa se estabilizar, Sasha gira no ar, um movimento que nenhum lycan transformado seria capaz de realizar. Com uma precisão devastadora, ela acerta um chute poderoso nas costelas de Miguel, a força do impacto o arremessa contra a parede da caverna, o impacto reverberando em seus ossos.O som do impacto ecoa, a pedra ao seu redor se fragmenta, e um grunhido de dor escapa de Miguel. Ele cai no chão, os músculos tremendo pelo impacto, mas sua determinação é inabalável. Ele se ergue rapidamente, ignorando a dor que pulsa em seu corpo lupino.A criatura ri, um som distorcido e macabro que reverbera pelas paredes da caverna. Seus olhos vermelhos brilham com um brilho demoníaco, e ela observa Miguel com desdém.— Ainda insiste em se levantar, filho de Selene? — A voz
— Sasha, pare! — Mariana grita desesperada, lançando bolas de fogo em direção à criatura.As chamas colidem contra Sasha, mas não causam danos visível, nem um arranhão sequer, ao contrário, parece apenas alimentar a aura sombria que a envolve.Sasha se vira, seus olhos vermelhos brilhando como brasa viva. Ela encara Mariana por um momento, sua boca grotesca abrindo em um sorriso distorcido, como se zombasse da tentativa da bruxa, Mariana sente um calafrio percorrer sua espinha, mas não recua.Alice, ao lado de Mariana, ergue sua espada. A lâmina brilha à luz das velas, refletindo a intensidade do momento. A bruxa dá um passo à frente, sua expressão resoluta enquanto ajusta o peso da arma.— Não há outra escolha! — Alice murmura para si mesma, a voz carregada de resignação e coragem, seus olhos fixos na criatura que momentos antes era a mestiça Sasha.Ela se prepara para avançar, com a intenção clara de decapitar o ser monstruoso e pôr fim ao caos. Mas antes que ela possa dar o primei
O brilho esverdeado nos dedos de Melody pulsa com intensidade. Seus olhos, cheios de ódio e ressentimento, encaram suas irmãs com uma fúria reprimida há décadas.Sua postura está ereta, seus passos são firmes e lentos, mas há uma tensão em seus ombros que trai a dor interna.Ela estica os braços para frente, e galhos grossos e retorcidos crescem rapidamente ao seu redor das plantas que ela espalhou para o ritual, pulsando com a magia da floresta. Em um movimento abrupto, ela lança um dos galhos na direção de Mariana, que está concentrada em curar Miguel.Alice, no entanto, salta para frente, erguendo as mãos, usando sua ligação com a água. Um fluxo gelado percorre o ar enquanto sua magia congela a raiz no último segundo. O galho para no meio do caminho, coberto por uma camada de gelo cintilante, que veio de dentro para fora.— Chega disso, Melody! — Alice grita, sua voz cheia de dor e urgência. ⸺ Vai mesmo atacar as suas irmãs? Na covardia?Melody dá uma risada amarga e cruel.⸺ Melod