Sasha inspira fundo, tentando desesperadamente manter a calma, mas o peso da situação a sufoca. Seus olhos percorrem a caverna vasta e irregular, capturando cada detalhe. As paredes rochosas estão cobertas por desenhos perturbadores feitos com sangue fresco, que escorre lentamente em filetes viscosos para baixo. A visão é nauseante, mas ela força seus olhos a focarem, a analisarem.Entre os desenhos, ela reconhece alguns dos símbolos que já viu em um dos livros de romance que Mariana lhe deu quando mais jovem, sobre o romance de um caçador com uma bruxa branca. A cruz ansata, o heptagrama e o nó celta se destacam em meio ao caos. No entanto, os outros rabiscos são desconhecidos, linhas tortuosas e figuras distorcidas que parecem vibrar com uma energia opressiva.No chão e nas paredes, velas de diferentes tamanhos estão espalhadas por toda a parte. Suas chamas tremulam, lançando sombras inquietantes que dançam pelas rochas e reforçam o ar de horror do lugar. Sasha sente um arrepio perc
Sasha inspira fundo, tentando manter a calma apesar do caos que sente por dentro.— Por que está fazendo isso? — Ela pergunta, sua voz rouca, mas cheia de uma determinação que reflete em cada palavra. — O que fez com a minha loba, seu traidor maldito!?Lukan a observa por um momento, sua expressão enigmática, como se ponderasse o quanto deveria revelar. Ele não responde de imediato, deixando o silêncio pesar na caverna, as sombras das velas tremulando nas paredes como testemunhas silenciosas.— Responda! — Sasha grita, sua voz ecoando pela caverna, carregada de raiva e impaciência.Lukan ergue uma sobrancelha, um sorriso frio se formando em seus lábios.— Acha que está na posição de exigir alguma coisa, lobinha?— Não me chame assim, porra! — Sasha rosna, seu corpo tenso apesar das correntes que a prendem. — Você era a porra do Genuíno Beta, o braço direito de Miguel! Por que está o traindo?Lukan coça o queixo, seus olhos perdendo o foco por um instante, memórias antigas ecoando em s
Sasha estreita os olhos, sua raiva agora misturada com descrença. — Se vingar por ele ser filho dos pais dele? — Ela questiona, sua voz carregada de desprezo. — Que merda você tem na cabeça, seu doente? Ninguém escolhe os pais que tem! Seja lá o que os pais dele tenham feito a você, eles já foram assassinados! Essa vingança não faz sentido nenhum! Lukan para de andar, virando-se para ela com um sorriso que não alcança seus olhos. Há algo gelado e calculista em sua expressão, algo que faz o estômago de Sasha revirar. — Ah, Sasha... sempre tão boa com palavras. — Ele inclina a cabeça ligeiramente, como se estivesse avaliando-a. — Talvez seja por isso que conseguiu fazer com que a matilha começasse a te respeitar, mesmo quando todos pensavam que você era apenas uma escrava humana. Admirável, realmente. Ele dá mais alguns passos, aproximando-se dela. — Mas isso não se aplica a mim — sua voz agora é mais baixa, quase um sussurro. — Investi anos demais nisso para deixar uma qualquer com
Miguel abre as portas da entrada da mansão com tanta força que o som do impacto ecoa pela estrutura, seguido pelo estilhaçar dos vidros que adornam a madeira pesada e caem no chão como chuva cristalina.O impacto reverbera pelo hall da mansão, silenciando todos os murmúrios e interrompendo qualquer conversa que ainda restasse entre os membros da alcateia. Ansiosos pelo retorno de Miguel, ninguém havia saído do hall, recusando-se a descansar até que seu Genuíno Alfa trouxesse a Genuína Lunam de volta. Mas, ao invés de alívio ou vitória, o que os atinge primeiro é o cheiro dele — uma mistura avassaladora de raiva, dor e desespero.A agressividade que emana de Miguel é esmagadora, uma força invisível que pressiona cada lobo presente. Um a um, todos recuam instintivamente, suas cabeças baixando em sinal de submissão, os corpos se afastando para abrir caminho. Nenhum deles ousa erguer o olhar para encará-lo, e até os betas mais fortes hesitam em permanecer muito perto.O silêncio na mansão
— Para, papai — Kesha tenta falar, seu corpo tremendo ainda muito cansada.Luciana respira fundo, então sem dizer nada se aproxima por trás de Miguel e, em um movimento rápido, ela desfere uma rasteira no lycan, pegando-o de surpresa. Miguel cai com um estrondo, de costas, soltando Mariana, que desaba no chão e começa a tossir, tentando para recuperar o fôlego, puxando o máximo de ar para seus pulmões.Pedro corre até Mariana, pegando-a em seus braços, levando-a para sua cama. Seus olhos caem para as marcas vermelhas no pescoço da sua amiga de longa data, contudo, com o olhar que Mariana lhe dá, ele não diz nada, fica na sua.Miguel, ainda no chão, rosna para Luciana, mas ela não recua. Ele se levanta, seus olhos cravado na senhora que esteve com ele desde de que nasceu.— Pare de agir como um ser burro! — Luciana o repreende, arrancando outro rosnado de Miguel. — Se quer respostas, como pode consegui-las enforcando a coitada? — Ele defende Mariana, sua voz firme, mas seu olhar demons
2160 luas atrás:— Cadê a porra do dinheiro, sua maga m*****a!? — Lukan ouviu a voz rouca de seu pai preencher todos os cantos.Logo em seguida, o som de vidro quebrando ecoou pela pequena casa, cortante e perturbador, acompanhado pelos gritos raivosos do pai de Lukan. As paredes pareciam tremer com a intensidade da voz, abafando os gritos de dor de sua frágil mãe. A tensão no ar era sufocante, como uma tempestade que se recusava a passar. No quartinho escuro, o pequeno Lukan, um híbrido com apenas dois anos de idade contados de forma humana, mas com a mentalidade de uma criança de quatro anos no mundo lycan, estava encolhido no canto entre sua cama e o criado-mudo. Ele cobriu os ouvidos com as pequenas mãos, pressionando-as contra a cabeça com força, tentando desesperadamente bloquear o som das agressões que vinham da sala enquanto fechava os olhos. — Para, papai, para... — ele murmurou baixinho, sua voz quase engasgada pelas lágrimas que escorriam sem controle por seu rosto. — Por
O pai de Lukan bufou alto, um som carregado de desprezo, achando completamente ridícula a tentativa de resistência de seu filhote. Ignorando o pequeno e a fêmea, caminhou até o pequeno armário suspenso na cozinha, movendo com facilidade o fundo falso que sua esposa tinha feito, na esperança vã de que ele não o descobrisse.Suas mãos ásperas pegaram uma bolsa de couro gasta que continha o pouco dinheiro que ela havia conseguido guardar. ele começou a contar as poucas notas, um sorriso cruel se formando em seus lábios.— Só isso? — O alfa rosnou, sua voz carregada de desprezo. — Isso não paga nem meia hora com aquelas putas das fêmeas humanas!Na sala, a mãe de Lukan continuava caída no chão, suas vistas turvas, e seu corpo chegou num torpor de dor tão grande e ela não consegue mais sentia-la. As palavras do marido eram como golpes adicionais, cada uma delas pesando mais que a anterior.Ele não está em casa seria um alívio, o problema era que para ele sair e se entreter com as outras fê
12 luas depois:O território do vilarejo humano estava silencioso, envolto em uma fina névoa da madrugada que se misturava com os primeiros raios de sol.Lukan, agora com três anos de nascido contados de forma humana, corria pelas árvores em sua forma de lobo. Suas patas criavam leves estalos sobre a neve enquanto ele ganhava mais velocidade, retornando de sua corrida matinal diária, seguindo o conselho de sua mãe para fortalecer sua ligação com seu lado lycan. O ar era frio, preenchendo os pulmões lupinos de Lukan, mas a tranquilidade era enganosa.O som de gritos ecoou da última casa, muito afastada das demais, para que os humanos não escutassem o que acontecia na pequena cabana e nem descobrissem que tipos de seres estavam morando entre eles.As palavras da mãe de Lukan, carregadas de dor e desespero, misturavam-se ao estilhaçar de objetos e ao rugido furioso de seu pai.— Seu maldito, covarde! — A voz dela soou, cortada por soluços e respirações curtas. — Eu estou grávida! Como po