BlairEu desembarquei no aeroporto Princesa Olga em Pskov na manhã do dia 14 de fevereiro. Eu me sentia contrariada em estar ali mais uma vez, quando na verdade meu desejo era aproveitar o fim de semana em Bora Bora.Mas ao invés de estar tomando sol em um paraíso paradisíaco, como havíamos combinado inicialmente, eu estava mais uma vez presa no paraíso de gelo, onde parece que nunca deixa de nevar!Eu arrastei minha mala pela área de desembarque esperando logo encontrar Dimitri. Tentei de toda maneira melhorar meu humor antes de encontrá-lo. Tudo bem, meu plano inicial para a comemoração do nosso primeiro dia dos namorados juntos era melhor, mas como meu cunhado e a noiva decidiram que a data seria romântica para o próprio casamento, então aqui estou eu, prestes a passar o dia dos namorados com a família e a ex namorada odiosa do Dimitri.Se isso não é prova de amor, não sei o que é!Dimitri me mandou uma mensagem avisando que já estava me esperando no saguão, eu apressei meus passo
Dimitri e Alexei logo chegaram com o bolo, e eu passei os minutos seguintes conhecendo o rapaz enquanto Dimitri se trocava. Ele era inteligente, engraçado, e acima de tudo, era completamente devotado pela minha cunhada, e ela merecia aquela devoção.Dimitri ainda não tinha voltado quando chegaram do cartório, prontos para iniciar a comemoração. Meu coração bateu com força em meu peito quando comecei a ouvir a voz de todos. Os primeiros que vi foram meus sogros, que logo vieram me cumprimentar.— Blair, que bom que você chegou a tempo — Joanne declarou com um sorriso no rosto, enquanto eu torcia para que Dimitri voltasse depressa.— Obrigada, Joanne. Parabéns pelo casamento — eu me aproximei dos noivos.Os dois me ofereceram um sorriso sem graça e logo se afastaram, me deixando ali deslocada.O que eu estou fazendo se sequer os noivos querem a minha presença!?— Blair, você veio — Olga me encarou desgostosa.Ótimo, pelo menos deixou de se fazer de amiga. — É claro que ela veio, eu não
DimitriEu notei Blair deixando a sala com minha visão periférica enquanto todos pareciam chocados com o que falei. Minha visão estava nublado pelo ódio que sentia naquele momento. Eu já estava farto daquela situação, passaram a tarde inteira me mandando indiretas, como sempre faziam e eu suportei calado, mas passar a ofender a pessoa que eu amo? Eu nunca permitiria!— O que você disse? — Boris estreitou os olhos, alternando o olhar entre minha ex namorada e eu.— Dimitri, por favor — Olga suplicou.— Conta a verdade — eu rosnei.Todos pareciam perdidos entre nosso embate, mas eu pouco me importava.— Dimitri!— Conta que eu te pedi em casamento e você recusou, porque nunca se casaria comigo, porque eu seria um péssimo pai e marido — eu devolvi de maneira enérgica, escolhendo não compartilhar tudo o que ela de fato me falou, já não bastava aquela humilhação!— Olga! — Irina encarou a filha de maneira questionadora enquanto lágrimas começavam a correr pelo rosto da minha ex.— Depois
BlairAs lágrimas desciam livremente pelo meu rosto enquanto eu me encolhia no sofá depois da péssima decisão que tomei mais cedo. Que droga, Blair. Já faz quase seis meses desde que vocês terminaram, você não devia ficar olhando o Instagram dele. Sem conseguir me controlar, eu voltei a olhar a foto de Dimitri com uma mulher em seu apartamento.Um novo soluço saiu de meus lábios quando olhei para a parede, vendo o quadro que Joe pintou para mim. A vista do apartamento de Dimitri em St Petersburg. Onde eu estava com a cabeça para aceitar uma lembrança eterna do meu ex namorado? Claro que na época ele não era meu ex, mas ainda assim!Isso é perfeito, ele segue em frente com a vida dele e eu fico aqui, presa em cada maldita lembrança.É isso que eu preciso, seguir em frente! Com uma nova determinação crescendo em meu interior, eu limpei as lágrimas. Eu precisava de alguma coisa para superar, e pra começar, vou me livrar dessas lembranças. Eu coloquei 'So what' para tocar, aquilo era tu
DimitriDurante os meses que seguiram nosso fatídico término, eu me sentia como um robô, eu ia trabalhar, caminhava por cada cidade que eu visitava de maneira mecânica, indo em cada ponto turístico famoso do lugar, mas para mim, tirar fotos não tinha mais sentido. O que eu faria com elas? Para quem enviaria? Todos os prazeres que eu descobri ao lado da Blair perderam o sentido, na verdade, eu buscava evitar qualquer coisa que pudesse fazer com que eu me lembrasse dela, mas aquilo era em vão. Ela estava em minha mente o tempo todo.Retornei para meu apartamento depois de mais um voo bem sucedido vindo de Viena, e naquela cidade eu me recusei a sair do hotel. Dizem que o tempo cura tudo, mas para mim, os cinco meses e meio que haviam se passado apenas serviram para evidenciar o grande vazio que havia em minha vida. Um vazio que eu nunca tinha notado até a chegada de Blair.Eu destranquei a porta e caminhei pelo apartamento deserto. Odiava aquele silêncio sepulcral que parecia me pers
Blair Eu entrei mais uma vez naquele hospital já me sentindo exausta, fazia dois dias que cheguei em Istambul após ser avisada sobre o acidente dos meus pais. Receber aquela ligação praticamente de madrugada já não tinha sido agradável, tudo piorou ao chegar no hospital depois de conseguir uma carona de emergência em um vôo na manhã seguinte e descobrir que o acidente ocorreu porque meu pai infartou ao volante e precisaria de uma cirurgia de revascularização do miocárdio. Minha mãe, que estava com ele no carro, tinha quebrado o pé e sofrido uma concussão, ficando internada em observação para exames complementares, já que constantemente ela se queixava de dores em diversos lugares, mas eu já estava começando a desconfiar que ela fazia aquilo para não receber alta e sair de perto do meu pai. Eu me aproximei do posto de enfermagem, decidindo conversar com as enfermeiras responsáveis antes de ir ao quarto dela. — Bom dia — eu as cumprimentei com um sorriso. — Bom dia, srtª Ozkan —
BlairOs dias seguintes foram difíceis, meu pai faria a cirurgia na próxima semana, e minha mãe ficava cada vez mais deprimida conforme o dia se aproximava. Além disso, eu descobri que ser dona de um apartamento grande não era nada fácil, eu sujava as coisas mais depressa do que conseguia limpar, me atrapalhava com o horário de medicar e alimentar minha mãe, que por sinal, não facilitava em nada a minha vida, e ainda precisava arrumar tempo para visitar meu pai e não deixá-lo completamente sozinho.No começo eu levava minha mãe comigo nas visitas, mas com o passar dos dias, ela começou a se alimentar cada vez menos, aumentando sua fraqueza, então algumas vezes eu pedia para que uma vizinha que era sua amiga a fizesse companhia enquanto eu ia até o hospital.O que me preocupava, era a cirurgia que aconteceria no dia seguinte, como eu poderia ir ao hospital e acompanhar de perto se já estávamos no meio da tarde e eu não tinha conseguido fazer minha mãe beber sequer um copo de suco? Eu n
BlairBusquei a receita da salada e comecei a separar os ingredientes enquanto Dimitri colocava a louça suja na máquina de lavar.Dimitri e eu trabalhamos juntos em silêncio, dividindo nossa antiga cumplicidade. — Dimitri, nós temos um problema — Eu murmurei quando encontrei o pacote de quinoa, que em nada se parecia com o que ia na salada da minha mãe.— O que foi?— Isso aqui não parece com a quinoa que minha mãe coloca na salada — eu ergui um pacote de pequenos grãos.— Como assim? — ele se aproximou, examinando o conteúdo do pacote.— A salada da minha mãe não fica com esses grãos crocantes — Eu apontei.Ele pegou o pacote da minha mão, o observando sem entender muito.— O que a receita diz? — ele me lembrou.Eu me lembrei de consultar a receita em meu celular, franzindo o cenho diante da informação incompleta.— Aqui diz para utilizar uma xícara de Quinoa cozida.— Vamos cozinhar uma xícara de Quinoa então — ele abriu o pacote.— Você sabe como cozinhar isso?— Blair, não tem se