Capítulo 32Debby (Cassandra)Fico observando através do vidro do quarto do hospital, Damon estava lá dentro com Carola, deixei apenas os dois, eles precisam muito desse tempo. Tento captar alguma palavra, algum gesto que me ajude a entender o que está acontecendo, mas o silêncio aqui fora é esmagador, quebrado apenas pelos balbucios de Cecília.Carola está falando algo, gesticulando de forma suave, como se estivesse escolhendo cada palavra com cuidado. O rosto dela transborda emoções, e Damon, que é tão rígido, parece menos inacessível dessa vez. É estranho vê-lo assim, tão humano, algo que não consegui sentir desde a ligação ou nosso encontro inicial...Então algo acontece, ele estende a mão e segura a dela. Por um momento, esqueço até de respirar. Meu peito se enche de algo que não consigo explicar, talvez alívio, talvez uma pontada de felicidade por eles. Algo que sonhei por muito tempo ter com meus pais, mas nunca aconteceu; Sei que esse é o momento deles, não o meu.Dou um pa
Capítulo 33 Debby (Cassandra) Assim que terminei de organizar o caixa e fechar a floricultura, Cecília ainda dormia no carrinho, completamente alheia à minha inquietação. Minutos depois, Damon voltou, dessa vez com roupas mais casuais, mas ainda com aquele ar sério que parecia ser sua marca registrada. Ele me lançou um olhar discreto, como se estivesse avaliando se eu havia mudado de ideia. Mas, em vez disso, peguei o carrinho com Cecília e segui com ele até a pequena caminhonete estacionada em frente à loja. Ele segurou a porta para mim, um gesto simples, mas que me fez sentir uma pontada de surpresa, a segurei no colo e ia destravar o carrinho quando ele rapidamente o fez colocando atrás da caminhonete. — Ela vai ficar bem? — ele perguntou, referindo-se a Cecília, que dormia profundamente. — Vai. Desde que tenha algo para recostar a cabeça, ela pode dormir em qualquer lugar — respondi, ajustando-a cuidadosamente no bebê conforto, e tomando o volante enquanto ele entrou do lado
Capítulo 34CristianO café esfriava na xícara enquanto eu encarava a tela do laptop, em branco há quase uma hora. O cursor piscava incessantemente, como se zombasse da minha falta de direção. Havia um vazio que nenhuma investigação ou relatório preenchia. O nome Ghostred ainda ecoava em minha mente, não apenas como um caso mal resolvido, mas como uma ferida aberta que eu não sabia como fechar.Ela era mais do que um nome codinome em um sistema. Cassandra era real, complexa, e agora, inatingível. Desde o dia em que descobri a verdade sobre ela, a obsessão por Ghostred se transformou em algo muito mais pessoal. Não era apenas sobre capturar ela, era sobre entender por que ela fugiu, por que escolheu esse caminho, algo que inevitavelmente, nos colocava em lados opostos.Fechei o laptop com um estalo frustrado. O escritório parecia um eco do que eu era agora, vazio, totalmente vazio. A vida no FBI, que antes me preenchia, agora era apenas uma rotina. Arquivos, relatórios, missões... tu
Capítulo 35CristianNos próximos dias que se seguiram, uma suspeita de assassinato em Nova York me fez viajar até lá. O caso tinha um toque peculiar que não podia ser ignorado, e, por mais que eu estivesse envolvido no mistério de Leonardo Guimarães e Schiavon, aquela nova pista exigia a minha atenção.O assassinato parecia simples à primeira vista, mas logo ficou claro que havia algo por trás. A vítima era um ex-executivo de uma grande corporação de produtos de beleza, e as circunstâncias de sua morte levantavam questões. Não era apenas uma briga pessoal ou algo relacionado a negócios — havia algo mais sombrio envolvido. No fundo, eu sabia que a conexão com o mundo corporativo poderia ter implicações além de qualquer coisa que eu já havia enfrentado antes.Cheguei em Nova York na manhã seguinte, com o coração pesado. O ambiente da cidade, sempre frenético e caótico, parecia acompanhar o estado de minha mente. Meus pensamentos vagavam entre o caso de Nova York e o desaparecimento de
Capítulo 36CristianCom o pensamento totalmente focado na investigação e nas pistas que surgiam, peguei meu celular e rapidamente digitei o número de Damon Schiavon, anotado nos papéis à minha frente. A situação em Nova York estava cada vez mais tensa, e eu precisava de mais informações sobre Joshua Roberts, o ex-executivo da Schiavon Empreendimentos. A conexão dele com a concorrência indicava um possível motivo para sua morte.O telefone tocou uma vez, depois duas, até que uma voz atendeu do outro lado.— Agente Cristian? — A voz de Damon era séria, mas havia um tom de urgência.Eu podia ouvir o som de passos ecoando, como se ele estivesse se afastando de algo ou alguém. Esperei, paciente, até que ele encontrasse um lugar mais tranquilo.— Pode falar. Agora estou no corredor do hospital. Minha mãe não está bem, mas o que aconteceu? Está investigando o assassinato de Joshua Roberts, certo? — A voz soava cansada, mas com uma preocupação evidente.— Sim, exatamente. A morte de Joshua n
Capítulo 37Debby (Cassandra)Os dias na floricultura eram simples, mas nunca fáceis. Embora cuidar das flores fosse terapêutico, havia momentos em que a saudade e a dor vinham como ondas, impossíveis de conter. A vida que deixei para trás ainda me assombrava em cada detalhe. Às vezes, bastava o cheiro das flores para me lembrar de quem eu fui. Ou, melhor, de quem eu gostaria de ser...Cecília já não ficava mais comigo o dia inteiro. Consegui uma babá confiável para cuidar dela enquanto eu trabalhava. Apesar da saudade que sentia, a mudança foi um alívio. Agora, eu podia focar na floricultura e manter minha mente ocupada sem me preocupar com sua segurança.Era por volta das 13h quando Damon entrou na loja, falando ao celular. Ele parecia ansioso, e o tom de sua voz denunciava que algo o preocupava. Apenas acenou com a cabeça para mim antes de seguir diretamente para os fundos, onde ficava a casa. Era algo que ele fazia com frequência ultimamente.Damon vinha cuidando de Carola com ded
Capítulo 38Debby (Cassandra)Hoje irei quebrar uma promessa que fiz a mim mesma há algum tempo, o teclado sob meus dedos parecia um velho amigo, familiar e reconfortante. Mesmo depois de tanto tempo longe da vida de Ghostred, a habilidade de navegar pelo mundo virtual com precisão cirúrgica permanecia intacta. Eu sabia que estava me arriscando ao entrar nesse território novamente, mas não tinha outra escolha. As coisas estavam ficando perigosas demais, e eu precisava descobrir até onde o caso de Joshua Roberts tinha chegado.O plano era simples: reunir informações sem deixar rastros. Um erro poderia colocar tudo a perder, e não apenas a nova vida que eu estava construindo com minha filha, mas também Damon e Carola estariam no meio disso.Minha pequena sala de trabalho, era o lugar perfeito para esse tipo de operação. As cortinas estavam fechadas, garantindo que ninguém pudesse ver o brilho da tela do meu notebook. Era madrugada, e a quietude da noite me envolvia como um cobertor, exc
Capítulo 39O sol começava a nascer quando eu finalmente desliguei o notebook. A luz suave que invadia a sala parecia zombar do caos que havia se instalado dentro de mim. A descoberta de que Cristian estava envolvido no caso de Joshua e Damon, era um golpe que eu não esperava. Sabia que ele era competente, mas não imaginava que o destino o colocaria em um caminho tão perigoso, um caminho que poderia levar até mim, que novamente nossos destino estão prontos pra se cruzar...Passei a mão pelo rosto, exausta, mas sem conseguir desligar minha mente. A noite tinha sido longa e carregada de tensão. Minhas tentativas de desvendar a profundidade da investigação tinham gerado mais perguntas do que respostas. Cristian não era apenas parte do caso; ele era um dos líderes, e isso mudava tudo.Minha cabeça latejava. O cansaço acumulado, a falta de sono e o estresse estavam cobrando seu preço, mas eu não podia parar. Com Cecília ainda dormindo no quarto ao lado, me permiti mais alguns minutos de si