Beatriz sentiu o peso do silêncio dentro da cabana. Davi não se movia, apenas a observava, como se tentasse medir se poderia confiar nela. Seu coração martelava contra o peito. Aquele não era o homem que ela conhecia... ou era?— Por que veio? — A voz de Davi era um sussurro cortante, e Beatriz teve que se esforçar para não recuar.— Porque eu te amo. — Ela disse, sem hesitar. — E porque não vou deixar você se perder para essa escuridão.Os olhos dele brilharam por um segundo, uma fagulha quase imperceptível. Mas logo sumiu, como se Davi se forçasse a apagar qualquer vestígio do que sentia.— Amor não tem lugar aqui, Beatriz. — Ele murmurou, voltando-se para a mesa, analisando um dos mapas. — O que estou fazendo é maior do que nós dois.— Você realmente acredita nisso? — Ela avançou um passo. — Acha que, no fim, quando tudo acabar, vai conseguir olhar para mim e dizer que valeu a pena perder a si mesmo?Davi respirou fundo, os punhos cerrados sobre a mesa. Pela primeira vez, ele parec
Beatriz e Davi corriam pela escuridão da floresta, seus corpos empurrados ao limite. Cada passo era uma luta contra a exaustão, o medo e a dor que se espalhava pelo abdômen de Davi. O sangue escorria entre seus dedos, sua respiração irregular denunciando o esforço que fazia para se manter de pé.— Davi, você precisa parar! — Beatriz implorou, tentando segurá-lo, mas ele apenas balançou a cabeça, os olhos carregados de determinação.— Se pararmos, estaremos mortos. — Ele disse entre dentes, apertando ainda mais a mão dela.O som dos perseguidores ficava mais distante, mas eles sabiam que não tinham muito tempo. Precisavam encontrar abrigo antes que o amanhecer os traísse. A floresta se fechava ao redor deles, como se tentasse protegê-los ou devorá-los por completo. O silêncio se instalou entre as árvores, trazendo uma sensação de perigo iminente.Beatriz sentia o coração martelando contra o peito. Seu corpo tremia, não apenas pelo frio, mas pelo desespero de ver Davi naquela condição.
O som dos tiros parecia ecoar por toda a cabana. A madeira rangia a cada disparo, e o cheiro de pólvora tornava o ar sufocante. Davi continuava a atirar, derrubando um inimigo após o outro, mas o número deles parecia interminável. Seu corpo estava debilitado pelo ferimento, mas sua mente permanecia afiada.Beatriz sentia o coração acelerado, o desespero crescendo a cada segundo. Sua visão ficou turva por um momento, mas ela piscou rapidamente, forçando-se a manter o foco. Havia mais homens do lado de fora, esperando o momento certo para invadir.— Davi, não podemos continuar aqui! — Ela gritou, a voz embargada.Davi olhou ao redor rapidamente, calculando suas opções. Se ficassem, seriam mortos. Se corressem, teriam uma chance, mesmo que pequena. Ele puxou Beatriz para perto, segurando seu rosto com uma mão ensanguentada.— Escute bem, nós vamos sair juntos. Mas você precisa confiar em mim. — Sua voz era firme, mas seus olhos carregavam um peso que ela não gostava de ver.Beatriz assen
O tiro ecoou como um trovão na noite silenciosa. Beatriz sentiu o impacto do som em seu peito, mas não ousou recuar. Seus dedos tremiam ao redor do gatilho, e sua mente gritava para que fizesse algo. Mas antes que pudesse reagir, um corpo caiu contra a porta, escorregando lentamente até atingir o chão.A madeira rangeu sob o peso do homem morto. O sangue escorria lentamente pelo chão de terra batida, e o cheiro metálico invadiu o ambiente.Davi ofegou ao seu lado, segurando o ferimento com mais força. Sua visão estava turva, mas ele reconheceu a silhueta que surgiu do lado de fora da cabana.— Fernando? — A voz de Beatriz saiu em um sussurro.O homem avançou lentamente, com a arma ainda apontada para a escuridão atrás de si. Seu rosto estava sujo de poeira e suor, e seus olhos varriam o ambiente com urgência.— Vocês precisam sair daqui agora! — Ele disse, fechando a porta com força.Beatriz piscou, ainda tentando entender o que estava acontecendo. A adrenalina fazia seus pensamentos
O frio da madrugada parecia perfurar a pele de Beatriz enquanto ela e Fernando avançavam pela floresta. O silêncio era quebrado apenas pelo farfalhar das folhas e pelo som ritmado de suas respirações aceleradas. Cada passo era um lembrete cruel de que estavam correndo contra o tempo. Davi estava morrendo, e ela se recusava a aceitar essa possibilidade.— Quanto falta? — Beatriz sussurrou, sua voz carregada de urgência.— Pouco mais de um quilômetro. — Fernando respondeu, os olhos atentos a qualquer movimento ao redor. — Mas precisamos ser rápidos. Se nos virem chegando, será o fim.Beatriz sentia seu coração batendo tão forte que parecia ecoar em sua cabeça. O medo e a esperança travavam uma batalha dentro dela. Ela não podia falhar. Não agora.Quando finalmente avistaram a vila, Beatriz sentiu uma mistura de alívio e pavor. Pequenas casas de madeira se alinhavam ao longo da estrada de terra, luzes fracas brilhando através das janelas. Era um lugar pacato, mas qualquer um ali poderia
O som dos tiros ecoava como trovões na noite escura. Beatriz apertou ainda mais a mão de Davi, sentindo o suor frio escorrer por sua nuca. O tempo parecia escorrer por seus dedos, e a respiração de Davi ficava mais fraca a cada segundo.— Segure firme, Davi. Não me deixe. — Ela sussurrou, seus olhos cheios de lágrimas que se recusavam a cair.A enfermeira trabalhava rapidamente, costurando a ferida aberta com precisão, mas o franzir de sua testa denunciava a gravidade da situação.— Ele está muito fraco. Se não conseguirmos sangue para ele logo, vai ser tarde demais. — Ela murmurou, limpando o excesso de sangue com as mãos trêmulas.Beatriz sentiu o desespero apertar seu peito. Ela não podia perder Davi. Não agora, não depois de tudo.Lá fora, o barulho dos tiros diminuiu. O silêncio que se seguiu foi ainda mais assustador. Fernando estava bem? Ou os inimigos haviam vencido?De repente, passos pesados ecoaram do lado de fora da cabana. Beatriz segurou a arma com as mãos trêmulas e se
A floresta os envolvia em sombras espessas, a única iluminação vinda das brasas distantes do que restara da cabana. O cheiro de fumaça ainda impregnava o ar, misturado ao odor metálico de sangue. Beatriz arfava, cada músculo de seu corpo gritando em protesto, mas ela se recusava a parar. O braço de Davi pesava em seus ombros, e ela sentia o esforço dele para se manter de pé.Fernando corria à frente, verificando o caminho, os olhos atentos para qualquer sinal de perigo. Eles tinham conseguido fugir da explosão, mas não estavam a salvo. Não ainda.— Quanto tempo até chegarmos a um lugar seguro? — Beatriz perguntou, sentindo sua garganta seca.— Não muito. Conheço uma caverna ao norte, podemos nos esconder lá até que possamos pensar em um plano. — Fernando respondeu, sem diminuir o ritmo.O som distante de passos e vozes interrompeu qualquer alívio momentâneo. Beatriz sentiu o estômago se revirar. Eles ainda estavam sendo seguidos.— Eles não vão desistir. — Davi murmurou com dificuldad
Beatriz e Fernando moviam-se rapidamente pela mata densa, carregando Davi entre eles. O corpo dele pesava como chumbo, cada passo um desafio. O som dos perseguidores não diminuía, e ela sabia que não tinham muito tempo antes de serem alcançados.A respiração ofegante de Fernando misturava-se com o chiado do vento entre as árvores. Ele olhou para Beatriz, o suor escorrendo por sua testa.— Temos que encontrar um esconderijo ou uma rota alternativa. Não vamos conseguir fugir assim por muito tempo. — Ele sussurrou.Beatriz olhou ao redor freneticamente. A lua alta no céu revelava um caminho estreito à frente, margeando um penhasco rochoso. Era arriscado, mas poderia ser sua única chance.— Por aqui! — Ela puxou Fernando pelo braço, guiando-os para a trilha apertada entre as pedras.O grupo avançou, tentando se mover sem chamar atenção. Davi soltou um gemido fraco quando seus pés arrastaram contra a terra dura, e Beatriz segurou sua mão com mais força, como se isso pudesse impedi-lo de se