JULIE
A chuva estava tão forte que fiquei com medo dos pneus derraparem na estrada, então decidi diminuir a velocidade, quando de repente um som irritante que apontava que eu havia ficado sem combustível.
— Não, não, não, nãooo — praguejei irritada e encostei o meu carro na beira da estrada.
Hana, minha, pastor alemão que até então estava jogada no banco de trás acordou com o barulho.
— Ta tudo bem, meu amor, vou tirar a gente daqui — acariciei o seu pelo.
O pior de tudo, era que eu estava no meio do nada. Reclamei internamente por ter esquecido de colocar gasolina. A estrada está deserta, ainda bem que existe o telefone nessa época, tenho que agradecer ao Martim Cooper por ter inventado o celular e mais ainda ao Steve Jobs por ter criado o meu amor lindo chamado iPhone. Beatrice vai ter que me tirar dessa, liguei para o seu celular e no segundo toque ouvi a sua voz sonolenta.
— Porra Julie, você me ligou às três da madrugada?! Sabe o quão é cansativo ter que trabalhar e cuidar de uma criança? — reclamou com uma voz rouca.
— Eu não ligaria se não estivesse em apuros, o meu carro meio que acabou a gasolina — falei cuidadosa, escutei Beatrice bufar do outro lado da linha.
— Manda a localização que eu já to indo — e desligou o telefone na minha cara. Vaca.
Observei a chuva cair como se estivesse com raiva, fazendo aquele barulhão, pelo menos apagou perto de Los Angeles, mas agora terei que ouvir Beatrice dando um discurso que eu deveria ter mais responsabilidade e tudo mais, até me assusta por Beatrice ter mudado desse jeito, quero dizer, ela ficou mais madura, sensata, culpa daquele panaca que roubou a minha amiga de farra.
Lembro que aos fins de semanas nos encontrávamos para ir às pubs, a gente se divertia à beça, agora não tenho ninguém para ir farrear, vida dura essa minha.
O carro de Beatrice parou na frente do meu carro. Era um Range Rover branco, ser mãe deve ser difícil, Beatrice preferia descapotável. Tranquei o meu carro levando apenas a minha bolsa como os documentos, os cartões de crédito, o celular e a Hana. Entrei no carro de Beatrice correndo tentando fugir da chuva.
— Como vai ficar o meu carro?
— Não se preocupe, Zack vai chamar o guincho — me tranquilizou — que tipo de pessoa responsável faz quarenta e três horas de carro e esquece de colocar a gasolina?! — e vai começar o monólogo — é sério Julie, é bem perigoso ficar na estrada assim, ainda mais de noite, e se eu não tivesse atendido? Não pode…
Enquanto ela falava um monólogo sem fim, observei as características do seu novo carro, por dentro era mesmo um sonho e cheirava até a novo, atrás havia uma cadeirinha de bebé, posso apostar que essa cadeira pertence ao meu afilhado, no vidro de trás tinha um adesivo colado escrito "Baby on Board" (Bebé a bordo). Tudo no carro da minha amiga tinha mudado drasticamente, me pergunto se um dia conseguiria ser múltipla função como a minha amiga.
— ... Além disso, dormir é essencial, viajou quarenta três horas seguidas? Seria muito melhor se tivesse vindo de avião.
— Eu tinha algumas coisas para trazer, além disso, prefiro viajar no conforto do meu carro, e eu fui parando em hotéis para dormir — me defendi.
— Então por que só me avisou ontem que vinha? — tentou soar uma pergunta, mas falhou parecendo ofendida.
Eu fiquei muda por um momento. Talvez não tenha avisado porque Beatrice constituiu uma família e eu era só a sua melhor amiga, nem estávamos nos falando direito visto que ela estava bem... ocupada no seu trabalho e com o Eliot, já eu estava ocupada fazendo minha transferência, visto que vou continuar trabalhando para as empresas Emvergarden's Interprise, só vai mudar de prédio e chefe, adiante, eu estava ocupada, depois da faculdade, todos nos separamos.
— Desculpa, só esqueci — foram minhas únicas palavras e Beatrice se calou mesmo eu podendo ver nos seus olhos que a resposta não a convenceu.
Contar a ela sobre o quanto eu estou triste de "estar" sozinha estava totalmente fora de cogitação, não que eu estivesse com inveja, não, nem sei se quero procurar um amor, eu só queria curtir a vida, mas minha parceira se converteu em mulher compromissada, e mesmo muitos dizendo que isso não mudava nada, eu dscordei veemente porque eu sei que Beatrice tinha responsabilidades, uma família e eu sou realista, eu não participava dessa família mesmo que quisesse, então fiz o que achei mais sensato, eu me afastei. Queria que ela aproveitasse o seu felizes para sempre.
E eu... ficaria bem sozinha com Hana, já estava até de certa forma acostumada, durante toda a minha vida sobrevivi assim, não era agora que haveria mudanças. Há coisas que gosto de guardar para mim, ela não tinha a ver com os meus problemas. De certa forma, eu sentia falta dos tempos de escola, quando éramos adolescentes idiotas e não tínhamos previsão para o futuro, era apenas diversão e eu nunca estava sozinha, agora sou eu e Hana. É realidade.
Beatrice dirigia calmamente, não pude deixar de rir ao vê-la usando uma calça de moletom e uma t-shirt branca, antigamente ela diria que isso era um afronto contra a moda, que temos que estar bonitas mesmo quando dormimos. Quando Beatrice se olhou, ela logo entendeu o motivo de eu estar rindo e acabou rindo junto comigo.
— Estou feliz por estar de volta — declarou e eu sorri amarelo.
Mais à frente na estrada, avistei uma placa dizendo "Welcome to Los Angeles" (Bem vindos a Lós Angeles).
Realmente voltar não foi fácil. Viver em Cambridge foi como fugir da realidade, é claro que eu tinha responsabilidades, alguns colegas da faculdade e do trabalho. Foi bom, mas por algum motivo, voltar, foi a decisão mais acertada. Além disso, tenho um afilhado para mimar, quero fazer jus do meu trabalho de madrinha.
— Bom... Chegamos — Beatrice parou o carro em frente à sua grande casa.
Vim a essa casa poucas vezes, na maioria das vezes, ficava em casa dos meus pais ou num hotel. Beatrice girou a chave e assim entramos, as luzes estavam todas apagadas mostrando que todos dormiam, Beatrice ligou um abajur da sala apenas para dar um pouco de luz, havia brinquedos espalhados por toda a parte, mamadeiras nas bancadas, rabiscos em folhas na geladeira, uma cadeira de bebé para comer, uma casa colorida, na verdade, um típico lar de família.
— Bom, eu vou dormir, você pode ficar no quarto de hóspedes, só toma cuidado com os tapetes por causa da Hana — avisou e eu assenti.
Beatrice subiu as escadas parecendo um zumbi e eu decidi sentar no sofá, Hana subiu também e deitou a sua cabeça no meu colo, aproveitei para mexer os meus dedos entre o seu pelo, não estava muito cansada, acho que estava mais aérea do que qualquer coisa. Talvez voltar para Los Angeles me fez pensar nos bons e maus momentos em que tive nesse lugar. Mais nos maus do que nos bons.
Talvez ter voltado, não tenha sido uma boa ideia...
JULIESenti um dedo frio tocar minha bochecha e levantei num pulo, assustada.— Ela acodou, mamãe — Eliot gritou à Beatrice — Madina Juu.— Oi, meu lindo — ignorei a vontade de voltar a dormir e peguei meu neném e o abracei — que saudade.— Eliot, para de incomodar sua madrinha e vem colocar os sapatos, você tem escola — gritou lá de cima e ele saiu correndo.Olhei ao redor e vi que estava na sala, acho que peguei no sono e esqueci de ir para o quarto.— Bea, onde estão as chaves do carro? — Zack gritou descendo as escadas — oi, Julie — acenei co
JULIE— Mentira, eu não acredito em você —riu da minha cara dando mais um gole da sua taça de vinho.— É verdade — gargalhei sem conseguir parar, acho que já não controlo minhas ações — eu não tive namorado nenhum durante esses seis anos, foi só aquelas noites, você sabe — tombei minha cabeça na parede tentando pensar.— Deve ter sido legal ficar longe, você parecia estar bem mais feliz lá do que aqui — dessa vez um tom mais magoado.— Ah para com isso, você nem deve ter sentido a minha falta, aposto que estava ocupada demais para sentir — coloquei o resto do vinho na minha taça.Eu olhei para a garrafa que a gente esvaziou ao longo da noite enquanto conversávamos sobre tudo. Foi como se não houvesse problemas, estava apenas eu, ela
JULIEAí meu deus, não surta, não pode, não agora. Pressionei minhas mãos contra as minhas bochechas na tentativa de tentar esconder a vermelhidão. Aposto que estão se perguntando o que aconteceu depois naquela sala. Eu fiquei em total choque, sério!— O que raio você faz aqui? — não chegou a ser um grito, mas eu também não falei no meu tom normal.— Perdão, madame, acho que não me apresentei da maneira correta — ele fez um leve reverência — Simon Evergarden a seu dispor.Simon... Evergarden... Não pode ser...
JULIEA melhor hora para correr é de noite, não importa se está escuro, eu prefiro à noite, onde o parque esta mais vazio, onde a brisa passava pelo meu rosto e era agradável senti-la.Umas das coisas pela qual eu escolhi esse apartamento, foi pelo fato de estar bem próximo de parque, e não era um parque qualquer, era um parque grande rodeado por árvores e grama verde, era perfeito para as minhas corridas noturnas.— Preparada? — olhei para minha cadela e ela posicionou as patas — vai.Começamos a correr, Hana sempre ao meu lado, ainda que ele fosse mais rápida, ela n&atild
JULIE— Aí que ódio, que ódio — resmunguei pela décima vez.— Insulta-la não vai ajudar em muito — Gisele comia calmamente enquanto eu assassinava meu pobre copo o enforcando, mas eu não tenho culpa se eu estava imaginando a cara azeda da Betany no meu copo — já chega! Larga esse copo e come — Gisele tirou o copo da minha mão.— Porque ela me odeia? Não que eu me importe, mas eu realmente não sei — enchi a boca de comida.— Mas você é lerda mesmo!! O Simon é considerado um dos melhores CEO'S, e você é t&at
JULIESai da empresa e decidi passar no mercado e comprar umas coisas já que minha geladeira tinha zero de comida. Voltando para casa só fiquei pensando no quão o dia hoje foi estressante, faltou pouco para eu perder a minha paciência e ter arrancado o aplique dela, acho que a sorte dela, foi termos uma hora de almoço, e para fechar esse dia maravilhoso, teve a briga com o Simon que também não foi agradável.— Eu preciso de férias — resmunguei em voz alta o que era para ter só ficado nos meus pensamentos.— Mal começou a trabalhar e já precisa de férias? — questionou um garoto encostado na
JULIE— Parabéns, senhorita Gordon, seu projeto é um espanto — confirmou e eu agradeci.— Bom... Amanhã você me passa tudo, até lá, tenha uma boa noite — Kitt saiu e eu sorri feliz.Guardei tudo na minha sala assim saindo logo em seguida. Avistei Simon olhando para as grandes paredes que eram do teto ao chão, feitas de vidro esfumado.— Obrigada.— Pelo que? — perguntou com um sorriso provocante, ele estava tentando me fazer arrepender de agradecer?!— N&ati
JULIE— Acenei para Beatrice que me olhava sem entender o motivo de eu estar à uma da manhã na porta da sua casa.— Ta tudo bem? — perguntou preocupada.— Está sim, eu só... — olhei para baixo envergonhada.— Tudo bem, eu vou fazer um chá e você me conta — entrei na sua casa.Depois de receber um chá quentinho, contei tudo a Beatrice, desde do Simon ser um Evergarden, vulgo meu chefe, até o que aconteceu essa noite e como sempre Beatrice se mostrou uma boa amiga me ouvindo atentamente sem esboçar nenhuma reação.— E foi isso