RomanEles eram um casal feliz durante a minha infância até um dia não serem mais, e encontrar o meu pai chorando contra a porta da casa encolhido sem a menor vergonha em estar soluçando com o choro incessante. Perguntar por ela era como esfaqueá-lo, aos poucos fui acostumando em esquecer para evitar causar dor naquele que permaneceu, que não me abandonou mesmo que nos seus piores momentos esquecesse da minha existência ao encher a cara e chorar contra a velha porta ao chão pedindo para que voltasse.Passei tanto tempo relembrando suas palavras imerso nas suas dores e quando resolvi ignorar, pensei ser forte o suficiente, acreditando ser capaz de ter uma família no final perdi a lucidez ao perdê-los, sendo expulso do paraíso que era o amor de Eva. O passado sempre se repete, não estou disposto a terminar como ele, por causa dessa loucura a qual Luna causa.– É o seu silêncio responde. Sua voz se infiltra dentro do mar de lembranças, fazendo a minha mente retornar aos poucos, sinto a
LunaQuantas vezes somos capazes de recompor cada um dos pedaços perdidos ao longo do caminho? Depois do jantar desastroso, vendo a forma em que os olhos permaneceram tão vazios quanto a minha alma depois daquela confusão, resolvi ficar pelo hospital. Não existe necessidade em voltar para casa quando não se tem uma casa, mesmo com todas as tentativas de Kalifa ignorei cada uma dela apenas pela possibilidade em encontrar ele. Ficando presa no ritmo constante da frustração que enlaçou a porra do meu coração, apertando com tanta força que em alguns momentos imaginei estar prestes a infartar, é esse o resultado da decpeção consigo mesmo. Sou a única causadora da minha tormenta, aquela incapaz de sair em busca do ar ou impor um limite saudável por não saber o que seria saudável de uma forma que tentar falar só causa mais danos devastando todos ao redor os fazendo pagar pelos meus erros, alimentando o egoísmo para alimentar a culpa. Num ciclo infinito de culpa, não sou perfeita , não sou
Luna–Sequestrada? – Bufou outra vez. Não fiz questão de responder ou de me virar para olhar, apenas continuei admirando a noite agitada desse país que até agora não aproveitei e nem conhecia nada, na última vez fui direto para o interior animada para trabalhar. Mais um problema que já deveria ter tentado resolver, mas continuo mantendo, uma workaholic. Pensando agora em como isso deve ter facilitado a vida desse bastardo nos últimos dias sinto uma vontade enorme em sair por aí, conhecer mais da cidade de prédios enormes. –Luna . Alguém falou comigo, acho que é um fantasma?Quase solto uma risada por ser incapaz de conter o próprio deboche, não sei em qual momento ignorar Roman se tornou tão prazeroso, só sei que deveria ter feito antes apenas para ter essa sensação. A mão enorme encontrou a minha nuca se enfiando pelos meus cabelos, mordi a língua sentindo o sangue enchendo a boca, mas reprimi de forma veemente o gemido. Encontrando os olhos azuis enlouquecidos, fazendo o próprio
Luna O escárnio na sua voz é o suficiente para que vire meu corpo em outra direção, a vontade em deixar sua cara vermelha com um tapa sendo mais um combustível para a raiva. Antes de chegarmos à mesa quadrada e enorme decorada com uma toalha branca, não controlo o impulso mais forte da minha língua.–Cuidado Roman, falando assim, parece até que se importa. – Abro um sorriso para uma das mulheres que acena na minha direção. –E essa sua língua ainda vai te colocar em problemas. – Responde colocando a taça vazia na bandeja de um garçom.Sua mão se fechou com mais força fazendo uma dor irradiar na carne, mas permaneci firme ao seu lado, mesmo irritada por ter ficado presa em pé. Ainda mais sentindo que sou a atração principal do circo sendo apresentada no meio da arena de espetáculos. – Se soubesse que tomar uma taça de champanhe era o suficiente para fazer você abrir a boca, teria pensado melhor antes. – Antes,ficar muda do que cega, pelo menos agora po
Luna— Pensei que estivesse preocupada em acabar engravidando. – Rosna abaixando a cabeça e deixando uma mordida forte em meu ombro na qual me contorço ficando mole pelo desejo. — Foda-se Roman. – Grunho com ódio por ele resolver usar esse momento para ser a minha consciência. Tento me soltar para sair do seu aperto e voltar para a tortura no salão, mas ele não deixa. Enfia a coxa grossa entre as minhas pernas, seus dedos calejados traçando a pele dos meus braços, subindo até o meu pescoço. Suspiro desejando mais, sempre mais dele.Apoio a testa contra a parede, buscando qualquer pedaço daquela muralha de volta, qualquer coisa que possa colocar um impedimento entre nós, alguma palavra para driblar esses sentimentos. Estou tão presa que só sinto quando o tecido desliza, tento levar as mãos rápido para frente sendo segurada por ele que envolve meus punhos em um aperto forte elevando os meus braços para cima da cabeça. Fico em choque com o tecido vermelho emaranhado n
Luna Ele se afasta e apoio às minhas mãos na parede, tentando buscar alguma dignidade para vestir-me, mas fico surpresa ao sentir o toque em meus tornozelos e encontro Roman agachado atrás de mim, erguendo o tecido enquanto resvala os dedos contra a pele das minhas pernas. Reviro os olhos com a carícia. Nem percebo quando fica de pé, apenas sinto sua respiração forte contra o meu pescoço junto do beijo delicado, sinto a mão enorme cobrindo a minha, ergo o olhar e encontro nossas mãos entrelaçadas contra a parede e o brilho das joias se completando causando um aperto dentro do meu peito. Respiro fundo para volta a órbita sentindo a sujeira que fizemos me deixando toda grudenta, dou um passo querendo sair do lugar escuro e ir para o banheiro limpar isso e sou impedida pelo aperto forte contra a cintura, quer ergue o meu corpo como se fosse nada e nos deixa a alguns passos do salão com o banheiro as nossas costas. —Preciso ir no banheiro. — Digo o obvio, fico revoltada c
LunaUm caso perdido a ser estudado pela psicologia, sim, essa sou eu, amando ser destruída pelo mafioso impiedoso que ergue um sorriso de canto exibindo alguns dentes perfeitamente brancos. — Uma moeda pelos seus pensamentos Cheshire. – A confiança exala em ondas dele. E é tão perfeitamente irritante e tão intrigante como destrói cada uma das minhas esperanças e me leva ao inferno com ele. Talvez isso seja apenas a minha alma se aproximando demais do sol. — Estou perdendo a luta. — Assumo sem desviar nossos olhares, nem mesmo quando ele me solta para segurar apenas nas pontas dos meus dedos em um rodopio.Volto para os seus braços analisando a confusão que ilumina apenas seu olhar que em tão pouco tempo já aprendi como desvendar algumas das suas nuances. — Não posso deixar a futura rainha da Rússia lutar sozinha, então lutamos pelo que? Solto uma risadinha baixa desviando o olhar para o salão imenso, com homens e mulheres admirando a forma como nos encaixamos e rodopiamos na val
RomanContinuo vivo quando por dentro estou mais perto da morte do que qualquer enfermo na face da terra, destruído na própria mente causando uma loucura irritante de tão abusadora pode ser. Por dentro sou apenas um amontoado de pensamentos e sentimentos que se consomem em meio a loucura. Há tanto tempo lidando com a dor de apenas ser quem sou, com a dor de não existir uma cura para minha doença e agora quando toco em algo tão belo e precioso que aceita cada um desses traços doentios acabo destruindo tudo.Ela merece muito mais do que alguém quebrado mais do que uma vida de perigos em meio a traições constantes e jantares falsos com pessoas irritantes e fúteis. Mas como posso oferecer algo assim?Não sou melhor do que nenhum deles…