Saí para correr na manhã seguinte. Eu havia feito isso nos primeiros dias na casa de Rebeka, mas depois todo meu tempo livre fora direcionado para escrever.
Durante o caminho, decidi que eu tinha material para um livro. Era minha história, mas eu podia mudar os nomes dos personagens e apenas os culpados se reconheceriam.
O final seria complicado, pois era exatamente as cenas que eu tinha protagonizado com Rê e todos os meus pensamentos naquele dia - culminando com a ideia de colocar tudo no papel. Era bastante exposição.
Voltei ao apartamento em cima da hora, então voei para o trabalho. Murilo me cumprimentou com preocupação, e me encurralou assim que conseguiu.
 
Liam não conseguiu impedir meu avanço para dentro do hotel, mas me seguiu da melhor forma que podia – claramente desaprovando aquele comportamento. Eu sabia dos riscos, sabia que podia esbarrar com Rê e sua amiga há qualquer momento, mas isso não foi capaz de me impedir. Eu precisava descobrir o que Rê tinha contado para o pai sobre nós e por que ele estava tão arrasado depois de me ver. Evitei a área dos quartos e fui diretamente para a sala de Renan. Felizmente, tudo estava em paz, então talvez o problema estivesse sob controle. Eu deveria ter batido na porta para entrar, mas estava tão absorta na resolução que não fiz isso. Renan deu um pu
Não consegui conversar durante todo o trajeto para casa, nem quando Liam subiu comigo até o apartamento – mesmo que eu não quisesse sua presença. Tudo em que eu conseguia pensar era em Rê e nossa vida perdida. Todo nosso passado feliz, harmonioso, e o futuro que esteve ao alcance de meus dedos e eu tinha deixado escapar. Doía terrivelmente pensar que eu nunca mais teria momentos ao lado dele. - Você está me enlouquecendo. – Liam me disse. Estávamos sentados na sala – ironicamente eu estava no sofá onde tudo havia começado -, e havia tanta preocupação em seus olhos que eu me senti mal. &nbs
Acordei com o som do celular tocando. Tateei em busca do aparelho, completamente grogue de sono. - Alô? - esfreguei os olhos. - Beatriz! - Murilo exclamou do outro lado - Sua história é ótima! Me sentei no mesmo instante. - O que? - Garota, eu não consegui parar de ler até chegar ao fim. E que final, hein? - senti meu rosto esquentar - É um sucesso! Precisa publicar isso! - Está sendo sincero? - eu não conseguia acreditar que ele achava tão bom assim. &nbs
Parte 4 - Rê - Acorda, panaca… - uma almofada acertou meu rosto. Me sentei, completamente confuso, na cama de colchão macio e roupas de cama impecavelmente brancas. - O que você quer? - reclamei, sentindo as primeiras pontadas de uma dor de cabeça irritante. - Ir para a praia, fazer alguma coisa. - Leo deu de ombros - As garotas saíram há horas. - Está bem, está bem. - concordei logo, jogando as pernas para o lado de fora. Aquela havia sido a primeira noite de nossa viagem - que eu não estava tão co
Leo conseguiu encher a casa de praia outra vez naquela noite. O som alto parecia vibrar dentro do meu peito, e o copo que eu tinha nas mãos parecia inebriar meus pensamentos. Assim era mais fácil de suportar. Lilly estava entretida numa dança com um grupo de garotas, então eu podia ficar no meu canto. Eu ainda estava impressionado com Leo grudado em Ally. A cena estava começando a ficar imprópria no meio da casa. Quando eles desaparecessem, talvez eu precisasse fugir para Lilly não me encontrar - não havia nada que me faria dormir ao seu lado de novo. A verdade é que, depois de todos aqueles meses nesse estilo de vida, eu não estava mais obtendo o mesmo efeito. Os espa&cced
O apartamento estava horrível, mas não me importei muito. Eu gastaria algumas horas colocando tudo em ordem e ficaria grato pelo tempo ocupado. Coloquei o carregador no celular pela primeira vez em muito tempo. Segundos depois recebi centenas de mensagens alertando por chamadas perdidas. Estranhei. Claro que Renan e Teo tentavam falar comigo com regularidade, mas aquilo estava muito além do volume normal. Afinal, até meus pais tinham reduzido as tentativas de conversa - eu era muito determinado quando queria ficar sozinho. Será que alguma coisa tinha acontecido? A primeira coisa que pensei foi algum acidente ou doença, mas depois varri a i
Fiquei aliviado por não ter trancado a porta do apartamento. Meu corpo parecia tão pesado no sofá que seria impossível levá-lo até lá. Teo entrou primeiro, ansiosa. Quando me viu, correu na minha direção e me envolveu com os braços. - Senti tanto sua falta. - sua voz estava embargada. - Oi, mãe. - passei os braços ao seu redor. Ela se afastou para pegar meu rosto com as duas mãos. Parecia que eu era uma criança de novo. - Acabou a loucura? - agora ela estava séria, como se desejasse me dar uma bronca.
Me tranquei no apartamento o quanto pude. Com a liberação para que eu trabalhasse de casa - por um tempo -, acabei me adaptando a fazer tudo por sistema de entrega. Isso me liberava de sair por vários dias seguidos, então eu não correria o risco de esbarrar com nada que falasse sobre Bea. Foram muitos dias sozinhos. Tantos que, aos poucos, fui me sentindo ainda mais vazio. Era um buraco no peito, inflamado e mal resolvido. Nunca ia passar? A saudade, a falta? A vida que eu gostava tanto parecia ser a de outra pessoa. Quase como se nunca tivesse existido - eu até acreditaria nisso se a falta de Bea não fosse tão real. Minha ro