Deslizei Bea suavemente até o chão. O suor escorria pelo meu corpo e minhas pernas estavam moles. Eu adoraria me sentar, mas ainda estava com os braços ao seu redor e não poderia me afastar.
Tinha acontecido outra vez. O que eu deveria sentir agora?
- Por que está aqui? - ela evitou o assunto principal, o que havia acontecido outra vez.
Suas costas ainda estavam contra o tronco da árvore, minhas mãos apoiadas em seu quadril com firmeza. Minha testa estava apoiada na sua, e, considerando o quanto nossos corpos estavam encostados um no outro, eu me sentia capaz de recomeçar o que tinha acabado de acontecer em apenas alguns minutos.
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Quando abri os olhos outra vez, estava sozinho. Meu corpo estava todo dolorido, a cabeça latejando e o nariz entupido. Respirei fundo e me sentei. Não fazia ideia de que horas eram. Eu precisaria sair do quarto em algum momento, e em todos seria constrangedor, então por que não logo? Abri a porta e desci a escadaria silenciosamente. Havia um som de vozes sussurradas chegando até mim, e eu suspeitava ser o assunto. - Eu não ligo. - meu pai estava usando o tom de quando estava totalmente preocupado - Para mim, não dá. - Você precisa compreender, Renan. - era L
A semana seguinte foi mais fácil de levar. Agora que eu sabia em que ponto as coisas estavam, não havia mais ansiedade. Claro que eu continuava vazio, mesmo sabendo que precisava tocar minha vida do melhor jeito que pudesse. Os novos planos ainda não haviam surgido e eu não sabia o que fazer com o apartamento. Bea e eu não podíamos continuar morando juntos, mas eu não sabia quem continuaria no apartamento ou se deveríamos nos desfazer dele. Ligar para ela e perguntar não era uma opção. Talvez em algum momento eu conseguisse trocar algumas palavras gentis, mas ainda era cedo demais. Por fim, cansado de pensar sempre primeiro nela e depois em mim, resolvi que eu deveri
Parte 3 - Beatriz - Não vai tirar o nariz desses papéis? - Rebeka me provocou. Ergui a cabeça e a encarei. Estava parada com os braços cruzados e um sorriso irônico. Me levantei da grama, onde estivera sentada nas últimas três ou quatro horas, e bati a terra da roupa. - Eu me distraio fácil. - justifiquei. - Sei. - ela começou a andar em direção a casa - Vamos comer. A segui, mantendo minha pilha de papéis apertada contra o peito, e logo foi possível sentir o cheiro do almoço qu
Passei boa parte do dia limpando o apartamento. Haviam até mesmo algumas coisas estragadas na geladeira, o que me fez pensar que a saída de Rê não havia sido exatamente planejada. Encontrei meu celular e coloquei para carregar. Será que eu me atreveria a ligar para ele? Por quê, Rê? Me perguntei parada diante de seu quarto vazio. Por que você não quis mais esse lugar? Depois que acabei a faxina e tomei um banho, me sentei no sofá e encarei a parede. O celular estava nas minhas mãos, era só ligar e falar com ele. Simples, como sempre havia sido. Mas por que agora não parecia a mesma coisa? Por qu
Murilo me recebeu com alegria quando passei pela porta da frente. Depois do meu pai, ele parecia a pessoa mais feliz com a minha volta. - Como está? - me perguntou com um sorriso - As coisas melhoraram? - Melhoraram. - tentei retribuir o sorriso. Eu não havia contado sobre Rê, apenas havia dito que tinha discutido com meu pai e que ficar no apartamento com ele era impossível naquele dia. Depois implorei pelas férias. Mas Murilo era perceptivo, e eu apostava que ele imaginou que havia alguma espécie de briga entre mim e Rê também. Provavelmente ele nunca ia chegar perto dos fatos, mas estava certo. &n
Saí para correr na manhã seguinte. Eu havia feito isso nos primeiros dias na casa de Rebeka, mas depois todo meu tempo livre fora direcionado para escrever. Durante o caminho, decidi que eu tinha material para um livro. Era minha história, mas eu podia mudar os nomes dos personagens e apenas os culpados se reconheceriam. O final seria complicado, pois era exatamente as cenas que eu tinha protagonizado com Rê e todos os meus pensamentos naquele dia - culminando com a ideia de colocar tudo no papel. Era bastante exposição. Voltei ao apartamento em cima da hora, então voei para o trabalho. Murilo me cumprimentou com preocupação, e me encurralou assim que conseguiu.  
Liam não conseguiu impedir meu avanço para dentro do hotel, mas me seguiu da melhor forma que podia – claramente desaprovando aquele comportamento. Eu sabia dos riscos, sabia que podia esbarrar com Rê e sua amiga há qualquer momento, mas isso não foi capaz de me impedir. Eu precisava descobrir o que Rê tinha contado para o pai sobre nós e por que ele estava tão arrasado depois de me ver. Evitei a área dos quartos e fui diretamente para a sala de Renan. Felizmente, tudo estava em paz, então talvez o problema estivesse sob controle. Eu deveria ter batido na porta para entrar, mas estava tão absorta na resolução que não fiz isso. Renan deu um pu
Não consegui conversar durante todo o trajeto para casa, nem quando Liam subiu comigo até o apartamento – mesmo que eu não quisesse sua presença. Tudo em que eu conseguia pensar era em Rê e nossa vida perdida. Todo nosso passado feliz, harmonioso, e o futuro que esteve ao alcance de meus dedos e eu tinha deixado escapar. Doía terrivelmente pensar que eu nunca mais teria momentos ao lado dele. - Você está me enlouquecendo. – Liam me disse. Estávamos sentados na sala – ironicamente eu estava no sofá onde tudo havia começado -, e havia tanta preocupação em seus olhos que eu me senti mal. &nbs