Os próximos dias foram horríveis. Eu me sentia como um robô, seguindo em frente e fazendo o que tinha que fazer, mas numa constante onda de infelicidade. O arrependimento já tinha me corroído ao extremo, tanto que eu sentia que era capaz de me jogar de joelhos aos pés de Bea e implorar seu perdão se ela aparecesse.
Eu via como Renan me olhava, e até mesmo Liam quando eu esbarrava com ele no trabalho, mas não conseguia mais disfarçar. Era uma questão de tempo até qualquer um dos dois me encurralar. Desejei que fosse meu pai, afinal como eu ia dizer a Liam o que havia feito com a filha dele?
- Rê? - escutei meu pai me chamar numa tarde.
Eu estava andando pe
No final de semana seguinte eu estava deitado no sofá, pensando possibilidades. As férias de Bea não durariam para sempre, então o que ela faria quando precisasse voltar para a rotina? Será que ela abandonaria o apartamento e iria correndo até o chefe permanentemente? Ou tentaria voltar para a casa de Liam? Bea voltaria para mim? Eu não acreditava mais, estava trabalhando com outras alternativas inconscientemente. Onde eles estariam? Uma praia? Um chalé romântico no meio do nada? Me coloquei de pé, afastando as imagens perturbadoras de Bea nos braços daquele babaca.  
Minhas mãos estavam tremendo no volante. Provavelmente era uma ideia ruim. Eu ia quebrar a cara, ia me despedaçar quando Bea olhasse para mim e eu visse o arrependimento sobre nós dois. Eu não devia ter deixado acontecer. Pensei nas palavras que eu não podia dizer. Será que eu realmente sentia aquilo? Era a primeira vez que eu me permitia sequer pensar no assunto. Não doeria tanto se eu não sentisse, não é? Às vezes eu queria que o caminho se estendesse infinitamente, as vezes eu queria que fosse mais rápido. De todo modo, eu chegaria e
Deslizei Bea suavemente até o chão. O suor escorria pelo meu corpo e minhas pernas estavam moles. Eu adoraria me sentar, mas ainda estava com os braços ao seu redor e não poderia me afastar. Tinha acontecido outra vez. O que eu deveria sentir agora? - Por que está aqui? - ela evitou o assunto principal, o que havia acontecido outra vez. Suas costas ainda estavam contra o tronco da árvore, minhas mãos apoiadas em seu quadril com firmeza. Minha testa estava apoiada na sua, e, considerando o quanto nossos corpos estavam encostados um no outro, eu me sentia capaz de recomeçar o que tinha acabado de acontecer em apenas alguns minutos. &n
Quando abri os olhos outra vez, estava sozinho. Meu corpo estava todo dolorido, a cabeça latejando e o nariz entupido. Respirei fundo e me sentei. Não fazia ideia de que horas eram. Eu precisaria sair do quarto em algum momento, e em todos seria constrangedor, então por que não logo? Abri a porta e desci a escadaria silenciosamente. Havia um som de vozes sussurradas chegando até mim, e eu suspeitava ser o assunto. - Eu não ligo. - meu pai estava usando o tom de quando estava totalmente preocupado - Para mim, não dá. - Você precisa compreender, Renan. - era L
A semana seguinte foi mais fácil de levar. Agora que eu sabia em que ponto as coisas estavam, não havia mais ansiedade. Claro que eu continuava vazio, mesmo sabendo que precisava tocar minha vida do melhor jeito que pudesse. Os novos planos ainda não haviam surgido e eu não sabia o que fazer com o apartamento. Bea e eu não podíamos continuar morando juntos, mas eu não sabia quem continuaria no apartamento ou se deveríamos nos desfazer dele. Ligar para ela e perguntar não era uma opção. Talvez em algum momento eu conseguisse trocar algumas palavras gentis, mas ainda era cedo demais. Por fim, cansado de pensar sempre primeiro nela e depois em mim, resolvi que eu deveri
Parte 3 - Beatriz - Não vai tirar o nariz desses papéis? - Rebeka me provocou. Ergui a cabeça e a encarei. Estava parada com os braços cruzados e um sorriso irônico. Me levantei da grama, onde estivera sentada nas últimas três ou quatro horas, e bati a terra da roupa. - Eu me distraio fácil. - justifiquei. - Sei. - ela começou a andar em direção a casa - Vamos comer. A segui, mantendo minha pilha de papéis apertada contra o peito, e logo foi possível sentir o cheiro do almoço qu
Passei boa parte do dia limpando o apartamento. Haviam até mesmo algumas coisas estragadas na geladeira, o que me fez pensar que a saída de Rê não havia sido exatamente planejada. Encontrei meu celular e coloquei para carregar. Será que eu me atreveria a ligar para ele? Por quê, Rê? Me perguntei parada diante de seu quarto vazio. Por que você não quis mais esse lugar? Depois que acabei a faxina e tomei um banho, me sentei no sofá e encarei a parede. O celular estava nas minhas mãos, era só ligar e falar com ele. Simples, como sempre havia sido. Mas por que agora não parecia a mesma coisa? Por qu
Murilo me recebeu com alegria quando passei pela porta da frente. Depois do meu pai, ele parecia a pessoa mais feliz com a minha volta. - Como está? - me perguntou com um sorriso - As coisas melhoraram? - Melhoraram. - tentei retribuir o sorriso. Eu não havia contado sobre Rê, apenas havia dito que tinha discutido com meu pai e que ficar no apartamento com ele era impossível naquele dia. Depois implorei pelas férias. Mas Murilo era perceptivo, e eu apostava que ele imaginou que havia alguma espécie de briga entre mim e Rê também. Provavelmente ele nunca ia chegar perto dos fatos, mas estava certo. &n