Samira segue com o andar altivo para fora da sala de jantar. Eu solto o ar dos pulmões em alívio. E volto minha atenção para Said. Ele parece furioso, seus olhos fulminam as costas de Samira. Eu me levanto. Ele volta sua atenção para mim.
—Vamos para o quarto. Você precisa descansar. —Digo, segurando seu braço.Ele não diz nada. Eu o enlaço pela cintura e caminhamos juntos, abraçados. Quando ele se senta na cama, eu tiro seu tênis e ajeito os travesseiros para ele se apoiar neles. Ele se deita. Quando me afasto, ele segura meu pulso com força.—Diga que minha mãe não está certa. Que você se moldará aos nossos costumes. Se adaptará.Eu baixo minha cabeça, fugindo dos olhos negros dele. Eu ainda não tenho uma resposta. O encaro e digo com sinceridade:—É cedo para conversarmos sobre esSaidA dor física passou, mas eu estou inquieto. A ausência de Maysa no quarto agora me causa outro tipo de dor. Allah! Insanamente eu a amo. Aperta o meu coração com o medo de perdê-la. Quando ela começou a andar na sala sem o lenço, expondo sua figura, perdi a cabeça. Explodiu dentro de mim o desejo de escondê-la dos olhares curiosos. Allah! Ela já morou aqui! Será que ela não sabe que aqui não era encarado com naturalidade os cabelos das mulheres descobertos? Ela não é neófita, ela conhece a nossa cultura.Deito na cama, perturbado, tentando tirar Maysa dos pensamentos. Faço de tudo para conseguir dormir, mas todos os acontecimentos giram sem cessar em minha cabeça. Quando fecho os olhos, a imagem de Maysa sendo admirada por todos aqueles homens, me surge sem controle. Como tudo estivesse gravado em minha mente. E nem
Me afasto de Said e pegando minhas sacolas e vou para o meu quarto. Depois de arrumar minhas novas roupas nos cabides, lavo as mãos e tiro o lenço. Solto meus cabelos e os penteio, depois os prendo em um rabo de cavalo. Sigo para a sala.Quando entro, vejo Said conversando com Adara, rindo de algo que ela falou. Com ela, ele é leve, calmo, seguro...Ela ainda mantém o lenço cobrindo os cabelos.Santa Adara!Ele sente a minha presença. Seus olhos imediatamente voam para os meus cabelos à mostra. —Vamos almoçar? —Said diz observando nós duas.Eu dou um sorriso.— Claro! Estou morrendo de fome.Adara abre um sorriso para mim.— Estávamos rindo do carneiro que fez.Eu meneio a cabeça.— Sou uma negação na cozinha.Adara sorrindo, fita Said.— Vou te passar uma listinha dos ingredientes que p
Zafira não sabe, mas é exatamente o que eu quero. Provocar um confronto. Eu jamais serei como minha irmã e se ele quiser uma Adara para sua vida, ele que fique com ela! Claro que eu tenho medo de sair perdendo nessa história e assistir Said começar a se interessar pela minha irmã. Eu encaro Zafira séria.—Se isso acontecer. Said não era para ser meu. Ele que fique com Adara. Vou levar essa bandeja para ela. Ah! Já ia me esquecendo, peça para Muhafa ir até o quarto de Said. Saio de lá triste. Com as mãos trêmulas, bato na porta dela. Dou um longo suspiro. Quando ela abre, forço um sorriso. Adara tinha tirado o lenço e soltado os cabelos.— Que bom! Meu jantar. Estou morrendo de fome.Eu vou até uma mesinha em frente à janela e coloco a bandeja.— Por que você só trouxe para mim? Não irá
MaysaAcordo assustada e me sento na cama rapidamente. Allah! 10:00 hrs. É tarde. Eu perdi a hora.Bem, agora não adianta correr. Espreguiço-me devagar e me levanto sem pressa nenhuma. Vou até o meu guarda-roupa e pego o caftan que eu comprei. O de seda floral puxado para o amarelo. Quando me visto, dou um sorriso no espelho. Ele marcava bem a minha cintura e é um palmo acima dos meus joelhos. Deixo meus cabelos soltos. Graças a Allah, eu não preciso mais prendê-los, não estou mais fazendo nenhum serviço doméstico. Minha condição mudou agora e eu não preciso provar mais nada para ninguém. Calço sandálias brancas para combinar. Fito minha figura no espelho e, satisfeita com minha aparência, saio do quarto. Antes de chegar à sala, avisto Said conversando com alguém. Então me aproximo mais. Rashid, o a
SaidAllah! Eu não sei o que fazer.As roupas de Maysa me causam medo do desconhecido. Nunca andei com uma mulher ou quis uma mulher que se vestisse desse jeito.Será que ela não enxerga o quanto o fato dela chamar atenção me aflige? Sinto como se meio mundo olhasse para ela. Maysa é minha, só minha!Quando ela abre os olhos eu vejo as emoções modificando o rosto da mulher que eu amo. Seus olhos cheios de lágrimas e dor, somam-se a minha dor.Eu não consigo deixar de me emocionar e impedir que uma lágrima desça do meu rosto.Allah! É a primeira vez na vida que choro diante de uma mulher.Eu não consigo dizer mais nada. Tenho tanto medo de piorar as coisas. Eu a abraço. Eu só sei abraça-la. É mais fácil. É tão bom sentir seu corpo trêmulo junto ao meu, mas suas lágrimas molhando
Sua língua se choca com a minha e seus dentes mordiscaram meu lábio inferior. Eu respiro erraticamente abrindo em sua boca enquanto suas mãos puxam meu vestido mais acima das minhas coxas. Sinto o ar frio na minha pele exposta e, em seguida, suas mãos quentes na parte de trás das minhas coxas. Engulo em seco quando meu corpo explode com um choque elétrico de prazer. Eu nunca fui beijada dessa maneira antes por ele. Estou sendo literalmente devorada por seus lábios. Sua língua invadindo minha boca, me empurrando para trás até que eu ficar contra a parede. Suas mãos agarram em ambos os lados do meu rosto. Uma mão se move para o meu cabelo e agarra um pedaço dele de modo que meu rosto fique inclinado para o seu.As mãos se movem pelo meu corpo, seios e, em seguida, duramente em torno dos meus quadris, espremendo-os antes de viajar abaixo, nas minhas coxas. Todo o tempo, ele me b
No dia seguinte, depois de uma noite mal dormida, perturbada por sonhos confusos, acordo cedo. Coloco a roupa que ganhei dele. Penteio os cabelos e coloco o lenço da mesma cor, cinza. Olho meu reflexo no espelho me sentindo horrorosa. Saio do banheiro e dou com Said no meu quarto. Ele está de costas para mim, fitando a janela. Terno preto que molda perfeitamente suas costas largas. Quando ele se vira eu retenho o ar. A camisa branca, um pouco aberta no peito, contrasta com sua tez morena. Os cabelos negros estão molhados. Ele me dá um sorriso lindo. Seus olhos me olham apreciativos. Essa será a última imagem que terei dele. É a última vez que o verei e última vez que falarei com ele.Allah! Dai-me forças para não dar bandeira, preciso passar tranquilidade. — Bom dia! — Eu digo sorrindo. E aperto minhas mãos no corpo. Elas tremem tanto... tenho medo que ele per
SaidDepois de visitar meus hotéis, estou cansado, perdi um pouco o pique do trabalho com esses dias que fiquei em casa. Entro na mansão louco por um banho. Senti falta de Maysa, meu cacto do deserto. Embora a flor nasça de uma planta cheia de espinhos, ela é uma das mais belas. Sensível e delicada. Caminho devagar para o meu quarto, entro no banheiro, depois de fazer uso dele, sigo até o closet. Pego meu Kandoora branco e o jogo na cama. Um papel voa e cai no chão. Intrigado o pego nas mãos. Na hora me sinto inquieto quando vejo que é uma carta. Antes de começar a leitura meus olhos correm por ela e vejo abaixo assinado com o nome "Maysa". Um grande mal-estar me acomete. Aflito, trêmulo, eu me sento na cama e começo a leitura.Quando acabo a leitura, estou suando frio. Embora me sinto quente por dentro. Um vulcão pronto a explodir. Meu coração está t&