Maysa
Acordo assustada e me sento na cama rapidamente. Allah! 10:00 hrs. É tarde. Eu perdi a hora.Bem, agora não adianta correr. Espreguiço-me devagar e me levanto sem pressa nenhuma. Vou até o meu guarda-roupa e pego o caftan que eu comprei. O de seda floral puxado para o amarelo.Quando me visto, dou um sorriso no espelho. Ele marcava bem a minha cintura e é um palmo acima dos meus joelhos. Deixo meus cabelos soltos.Graças a Allah, eu não preciso mais prendê-los, não estou mais fazendo nenhum serviço doméstico. Minha condição mudou agora e eu não preciso provar mais nada para ninguém.Calço sandálias brancas para combinar. Fito minha figura no espelho e, satisfeita com minha aparência, saio do quarto.Antes de chegar à sala, avisto Said conversando com alguém. Então me aproximo mais. Rashid, o aSaidAllah! Eu não sei o que fazer.As roupas de Maysa me causam medo do desconhecido. Nunca andei com uma mulher ou quis uma mulher que se vestisse desse jeito.Será que ela não enxerga o quanto o fato dela chamar atenção me aflige? Sinto como se meio mundo olhasse para ela. Maysa é minha, só minha!Quando ela abre os olhos eu vejo as emoções modificando o rosto da mulher que eu amo. Seus olhos cheios de lágrimas e dor, somam-se a minha dor.Eu não consigo deixar de me emocionar e impedir que uma lágrima desça do meu rosto.Allah! É a primeira vez na vida que choro diante de uma mulher.Eu não consigo dizer mais nada. Tenho tanto medo de piorar as coisas. Eu a abraço. Eu só sei abraça-la. É mais fácil. É tão bom sentir seu corpo trêmulo junto ao meu, mas suas lágrimas molhando
Sua língua se choca com a minha e seus dentes mordiscaram meu lábio inferior. Eu respiro erraticamente abrindo em sua boca enquanto suas mãos puxam meu vestido mais acima das minhas coxas. Sinto o ar frio na minha pele exposta e, em seguida, suas mãos quentes na parte de trás das minhas coxas. Engulo em seco quando meu corpo explode com um choque elétrico de prazer. Eu nunca fui beijada dessa maneira antes por ele. Estou sendo literalmente devorada por seus lábios. Sua língua invadindo minha boca, me empurrando para trás até que eu ficar contra a parede. Suas mãos agarram em ambos os lados do meu rosto. Uma mão se move para o meu cabelo e agarra um pedaço dele de modo que meu rosto fique inclinado para o seu.As mãos se movem pelo meu corpo, seios e, em seguida, duramente em torno dos meus quadris, espremendo-os antes de viajar abaixo, nas minhas coxas. Todo o tempo, ele me b
No dia seguinte, depois de uma noite mal dormida, perturbada por sonhos confusos, acordo cedo. Coloco a roupa que ganhei dele. Penteio os cabelos e coloco o lenço da mesma cor, cinza. Olho meu reflexo no espelho me sentindo horrorosa. Saio do banheiro e dou com Said no meu quarto. Ele está de costas para mim, fitando a janela. Terno preto que molda perfeitamente suas costas largas. Quando ele se vira eu retenho o ar. A camisa branca, um pouco aberta no peito, contrasta com sua tez morena. Os cabelos negros estão molhados. Ele me dá um sorriso lindo. Seus olhos me olham apreciativos. Essa será a última imagem que terei dele. É a última vez que o verei e última vez que falarei com ele.Allah! Dai-me forças para não dar bandeira, preciso passar tranquilidade. — Bom dia! — Eu digo sorrindo. E aperto minhas mãos no corpo. Elas tremem tanto... tenho medo que ele per
SaidDepois de visitar meus hotéis, estou cansado, perdi um pouco o pique do trabalho com esses dias que fiquei em casa. Entro na mansão louco por um banho. Senti falta de Maysa, meu cacto do deserto. Embora a flor nasça de uma planta cheia de espinhos, ela é uma das mais belas. Sensível e delicada. Caminho devagar para o meu quarto, entro no banheiro, depois de fazer uso dele, sigo até o closet. Pego meu Kandoora branco e o jogo na cama. Um papel voa e cai no chão. Intrigado o pego nas mãos. Na hora me sinto inquieto quando vejo que é uma carta. Antes de começar a leitura meus olhos correm por ela e vejo abaixo assinado com o nome "Maysa". Um grande mal-estar me acomete. Aflito, trêmulo, eu me sento na cama e começo a leitura.Quando acabo a leitura, estou suando frio. Embora me sinto quente por dentro. Um vulcão pronto a explodir. Meu coração está t&
SaidUma semana depois de Maysa ter ido embora, eu ainda estou envolto na minha dor. Perturbado, desligado de tudo e todos. Sem paz, eu revivo todos os acontecimentos. Cada vez que eu faço isso, meu coração se aperta mais e mais.Estou tentando seguir minha vida, mas está sendo difícil. Sinto um buraco negro no meu peito, formando um vácuo que suga tudo. Nada preenche esse vazio.Cada vez que eu vejo a imagem de Adara na minha frente, mais eu me sinto doente. Por isso comecei a evitá-la e passei a fazer todas as refeições no meu hotel. A certeza dentro de mim que amo Maysa é cada vez mais forte. Sinto uma vontade louca de ir atrás dela, e pedir uma chance de recomeçar. Lutar com todas as minhas forças para trazê-la de volta para mim. Por outro lado, sinto-me de mãos atadas. Ela não fugiu de mim, ela fugiu da minha cultura, dos costumes do meu paí
SaidEstou deitado em minha cama com a imagem de Maysa na minha mente. Ela ainda não ligou. Todos os dias eu pergunto para Adara. E nada! Isso já me angustia. Não vejo a hora de que tudo se resolva.Minha parte eu já fiz. As passagens já estão compradas. Comprei as dela também. Isso chama-se fé. Eu ire amanhã, três dias antes da festa que ela dará para esse cara. Respiro fundo para me acalmar.Já reservei o hotel. Agora só estou aguardando o endereço e o horário. Combinei com Adara, caso ela não ligue antes de minha partida, que irei assim mesmo. E de lá eu ligaria para cá para pegar o endereço. Tenho hotéis espalhados por quase todo oriente médio. Iraque, Irã, e no meu país, a Arábia Saudita. O engraçado de tudo isso é que escolhi esses países por causa da co
Quarta-feira, LondresSaidProcuro me distrair com a paisagem, olhando pela janela do automóvel. Londres é sempre um cenário muito bonito ao cair da tarde. As vidraças dos edifícios altos, modernos, refletem as cores azul do céu e as nuvens brancas, compondo um espetáculo belíssimo.Não me sinto em casa nessa cidade. Aliás, nenhuma parte do mundo me proporciona uma sensação de aconchego, de identificação como no oriente médio. O clima desse país nos prega uma peça. O dia começa com um sol claro e brilhante, e depois pode terminar chuvoso.Mulheres caminham apressadas pelas ruas, com roupas nada comportadas e que para mim revelavam muita coisa. Uma grande maioria anda seminua. E a outra parte com roupa apertada.Ajeito-me melhor no banco incomodado. Eu me sinto inquieto. Viajei sem o en
MaysaConfusa, me viro para Said, sem acreditar que ele esteja tão comportado. Ele agora caminha em minha direção. Em seu rosto não há irritação, raiva, nada...Isso me faz olhar para ele, intrigada.— Precisamos conversar. Seria muito, te pedir para irmos a algum lugar calmo?Said pedindo? Não exigindo?Tenho medo de acreditar que ele esteja aqui disposto a mudar. Não sei, seria muito bom para ser verdade.— Vamos até o meu apartamento. — Eu digo, nervosa.Mal eu falei as palavras, Said pega a minha mão e me puxa para a saída. Eu sinto um arrepio de prazer quando sinto o calor de sua mão. Caminhamos juntos para fora do salão, consciente dos olhares de todos, direcionados para nós. Passamos pelo hall e seguimos juntos até o elevador. Eu aperto o botão e lanço um olhar para Said.Ele está pensati