A sala ainda estava em silêncio, e Mariana suspirou resignada.- As crianças se recusam a comer, já estão com fome há um dia. Você não vai mesmo dar uma olhada?Assim que ela terminou de falar, um estrondo ecoou pelo quarto, parecendo o som de algo caindo no chão. Após um momento, passos foram ouvidos e Leo apareceu, abrindo a porta.Ao abrir, um forte cheiro de fumaça se espalhou, fazendo com que tossissem incessantemente.O rosto esgotado de Leo apareceu diante deles. Mariana sentiu uma dor aguda no coração ao ver seu orgulhoso filho nesse estado pela última vez, quando Ana fingiu estar morta e fugiu para o exterior.De qualquer forma, a situação lamentável de Leo estava, de alguma forma, sempre relacionada àquela mulher.- Eles ainda não querem comer?Leo passou à noite no quarto, refletindo muito. Às vezes, por puro cansaço, adormecia por um momento.No entanto, em seus sonhos, a imagem de Ana aparecia constantemente, trazendo à tona muitas lembranças entre eles, detalhe por detalh
- Se realmente tivermos que ser levados à força e não pudermos mais ver nossa mãe e avó, preferimos morrer a nos render. - Pedro falou na frente, um pouco fraco, mas com uma voz excepcionalmente firme.Ele não sabia se isso teria algum efeito, mas como ainda eram crianças, pequenas e fracas, era a única maneira de mostrar sua determinação.Tomás, atrás de Pedro, segurou sua mão, mostrando que compartilhava do mesmo pensamento.- Eu também, se tentarem nos levar à força, não nos renderemos facilmente.Olhando para os rostos dos dois meninos, tão parecidos com o seu, Leo não viu a admiração e proximidade de antes, apenas uma forte guarda.Leo de repente sentiu que, como pai, havia falhado.De fato, ele quase não havia feito nada por eles. A vida deles foi dada por Ana, lutando com todas as suas forças, e ele mal participou do crescimento deles.Se não fosse por Paolo, talvez Leo optasse por deixá-los ir com Ana, mesmo que doesse.Mas...Só de pensar que seus filhos poderiam chamar outro
Após dizer essas palavras, Leo se virou e partiu. Esses dois meninos, dotados de extrema inteligência e perspicácia, certamente compreenderiam seu recado. A greve de fome não passava de um jogo de apostas, uma aposta na compaixão alheia. Contudo, no fim, era uma estratégia dos fracos. Se eles não queriam ser subjugados por toda a vida, deviam seguir o conselho de Leo: fortalecer-se incessantemente até que ninguém mais pudesse limitá-los. Leo, que já passou por situações semelhantes, deixou o quarto balançando a cabeça em autodeboche. Apesar de ter alcançado o que muitos não conseguiam em toda uma vida e controlar o destino de muitos, havia algo que ele nunca podia dominar: o coração humano. Se pudesse, ele desejaria que no coração de Ana houvesse espaço apenas para ele. Ou então, controlar seu próprio coração, erradicando Ana de seus pensamentos, evitando a dor que agora sentia. Infelizmente, tais desejos eram impossíveis de serem realizados....Após a saída de Leo, Pedro olhou para T
Hoje, ao decidir comer bem, e depois de levá-la de volta e orientá-la cuidadosamente por um tempo, ela provavelmente não sentirá mais tanta falta de Ana, a mãe. Vendo o bom humor de Mariana, Dantes, ao lado dela, também respirou aliviado, já fazia muito tempo que não via um sorriso tão feliz no rosto dela. Pensando nisso, ele não quis perturbar seu bom humor e foi procurar Leo. Leo estava no restaurante, embora houvesse comida à sua frente, ele realmente não tinha apetite. Ele ouviu claramente o que o servo acabava de dizer: os dois pequeninos estavam dispostos a comer, mas não porque aceitaram o fato de voltar para a família Santos, mas sim impulsionados por uma relutância interior. Leo sabia que suas ações haviam destruído a inocência da infância das crianças, então ele não se sentia feliz. Dantes, vendo-o assim, pensou que ele ainda estava preocupado com Ana e suspirou.- Leo, algumas pessoas estão destinadas a se cruzar, mas não a ficar juntas. Não vale a pena investir tanto esf
Ana segurava o braço do médico, desanimada.Ela sabia muito bem que, uma vez que o médico disse aquilo, as chances de sua mãe acordar eram incrivelmente baixas.O médico, ao vê-la assim, só pôde oferecer consolo rotineiro:- Mas não perca toda a esperança. Cuide bem dela, pelo menos ela ainda está ao seu lado. Quem sabe com um avanço na medicina, ela possa se recuperar?Ana, ouvindo isso, embora triste, assentiu, olhando para o médico com gratidão, agradecendo e despedindo-se dele.Quando apenas Ana e sua mãe permaneceram no quarto, Ana não conseguiu mais segurar as lágrimas.Ela havia rezado incessantemente, esperando que sua mãe ficasse bem, desejando acordar em troca de sua própria vida.No entanto, o destino foi cruel e não ouviu seus pedidos.Ana segurava a mão de Claudia, chorando silenciosamente, não sabendo por quanto tempo, até que seus olhos incharam como duas nozes, ela finalmente parou.O médico estava certo, ela não podia se deixar abater. Depois de chorar, precisava pensa
Depois de postar na internet, imediatamente, o detetive usou big data para fazer com que o vídeo fosse enviado para Ana. Ana estava no hospital cuidando de Claudia, e, após um raro momento de descanso, sentou-se para verificar seu celular, procurando por mensagens. Foi quando ela descobriu que um vídeo havia sido enviado para ela."Chocante, uma mulher é brutalmente empurrada ao chão no meio da cidade, batendo a parte de trás da cabeça, com sangue por toda parte!"Normalmente, Ana não assistiria a um vídeo com esse tipo de título, mas, por alguma razão, ela clicou no link. Ao ver o conteúdo, Ana, que estava sentada, de repente se levantou. As pessoas no vídeo eram muito familiares para ela; uma era sua mãe, e a outra, Mariana. Por causa da distância da câmera, não era possível ouvir o que elas estavam dizendo, mas depois, Claudia, visivelmente agitada, correu em direção a Mariana. Mariana, então, a empurrou com força, fazendo-a rolar escada abaixo.Ana assistia ao vídeo, suas mãos trem
Enquanto Ana se perdia em pensamentos, seu celular subitamente tocou. Era uma ligação de Juliana. Atualmente vivendo em países diferentes e com o fuso horário variando entre eles, raramente se falavam por telefone, principalmente devido ao custo elevado das chamadas internacionais.Surpresa, Ana atendeu. Do outro lado, Juliana expressou sua preocupação:- Ana, aconteceu alguma coisa com você? Eu acabei de sonhar contigo, por favor, não faça nenhuma bobagem...Depois de falar, Juliana percebeu algo estranho. Eram três da madrugada, um horário silencioso e misterioso em seu país, e ela havia acabado de ter um pesadelo terrível, daqueles que deixavam o coração agitado e a respiração ofegante. No sonho, Ana estava coberta de um sangue escarlate e brilhante, se despedindo com uma voz trêmula e pedindo, com olhos marejados, que cuidasse de Claudia, uma súplica carregada de emoção.Antes que Juliana pudesse se aprofundar mais em seus pensamentos tumultuados, acordou assustada, com o coração b
Depois de prometer fingir ser esposa de João, eles obtiveram uma certidão de casamento e ficaram por um tempo na família Miguel. Após enganarem a família Miguel, mudaram-se para cá. Vivendo fora, não precisavam mais compartilhar o mesmo quarto para manter as aparências, o que lhes deu muito mais liberdade.- Então, vou pedir para o motorista te levar ao aeroporto.Ao saber que Ana precisava dela, João não fez perguntas desnecessárias, apenas mandou alguém ajudar Juliana com as malas e a levou até lá.- Sobre a situação em casa, eu vou explicar. Pode ir sem pressa para voltar. - João disse compreensivamente, mas Juliana sentiu um desconforto interno.Esse homem, embora fosse seu marido em nome, deveria ser a pessoa mais próxima dela. No entanto, ele sempre manteve uma distância emocional. Mesmo em uma noite tão tarde como essa, quando ela precisava sair, ele nunca perguntava mais do que o necessário, porque na verdade, ele não se importava com o que ela fazia.Apesar disso, ele ainda er