Diante da situação atual, naturalmente o interrogatório se voltaria para Paolo.Ali, qualquer pessoa capturada estaria presa, sem chances de escapar, e não havia preocupação com a criação de tumulto.- Hum, eu já estou voltando. - Leo disse, cansado, e depois, com um toque de culpa indescritível. - Sorte a minha que você ainda não tinha ido, senão...Leo, lembrando-se de como agiu irracionalmente antes, despreocupado com tudo, quase matando Paolo na frente de tantos jornalistas, sentiu um calafrio.Se Ivan não tivesse intervido a tempo, as consequências seriam inimagináveis.- Ajudar o Sr. Leo é, afinal, minha missão. - Ivan falou calmamente, sem qualquer intenção de lisonja. Independentemente de sua posição, ele não queria que Leo se metesse em problemas.Em seguida, Ivan hesitou por um momento.- Sr. Leo, como pretende lidar com a Srta. Ana?A expressão de Leo escureceu um pouco, olhando pelo espelho retrovisor para Ana, que ainda estava inconsciente.- Primeiro um interrogatório, ai
- Qual é a relação? Não foi suficiente o que aconteceu hoje para você entender, Sr. Leo? Ou você está se enganando, com medo de acreditar?Paolo sorriu friamente, cada palavra provocando os nervos de Leo.Se não fosse pela última ponta de razão, ele provavelmente teria sacado uma arma e terminado a vida desse homem com um tiro.- Fale, como vocês se conheceram, como chegaram a este ponto?Leo encarava Paolo intensamente, se olhares matassem, ele já teria morrido mil vezes.- Isso tudo, por que não chama a Ana para confrontar comigo? O que adianta eu falar sozinho?Paolo, aparentemente alheio ao olhar ameaçador de Leo, calmamente sugeriu que esperassem por Ana para o confronto.- Claro, você também pode recusar, mas até ver Ana segura e ilesa, não direi nada, mesmo que você queira me matar.As palavras de Paolo realmente pareciam de alguém preocupado com a segurança de sua mulher.Leo soltou uma risada sarcástica.- Mesmo que eu não te mate, tenho maneiras de fazer sua vida um inferno.
Desde a infância, Paolo nunca viu seu pai. As outras crianças zombavam dele, chamando-o de filho ilegítimo, e diziam que sua mãe era amante de um homem casado. Eles eram considerados uma dupla sem vergonha, mãe e filho.Ao atingir os dezoito anos, sua mãe revelou que seu pai se chamava Bruno, herdeiro do Grupo Santos. Na juventude, ela não sabia que ele já tinha uma família, pensando que estava em um relacionamento amoroso com ele, até descobrir que estava grávida.Seis meses de gravidez, com a barriga já saliente, Rafaela a confrontou, espalhando a notícia de que ela seduziu um homem casado e planejava ter um filho ilegítimo. Sem escolha, a mãe de Paolo abandonou os estudos e deixou tudo para trás com o filho. Ela considerou um aborto, mas, já em estágio avançado, temia a infertilidade. Além disso, era seu filho, e ela decidiu mantê-lo.A presença de Paolo, um filho de origem incerta, afastou qualquer homem de querer um relacionamento sério com ela. Assim, ela lutou para criar Paolo s
Paolo, naturalmente, não queria, mas ao ver o vídeo enviado por Rafaela, onde sua mãe estava amarrada e cercada por homens, Rafaela o ameaçou, se ele não fizesse como ela mandava, ela permitiria que aqueles homens, infectados com HIV, violentassem sua mãe, vingando-se assim da interferência dela em seu casamento de anos atrás. Como Paolo poderia ficar parado vendo isso acontecer? Vendo aqueles homens se aproximando de sua mãe, ele se viu quase desmoronando ao aceitar todas as exigências de Rafaela. Ele fez o que Rafaela pediu, aproximando-se de Ana, ganhando sua confiança passo a passo, até finalmente atraindo-a para esta armadilha mortal. Paolo sabia que estava errado com Ana, praticamente arrastando uma pessoa completamente inocente para um turbilhão do qual ela não poderia escapar. Além disso, com o convívio dos últimos dias, ele percebeu que Ana definitivamente não era uma má pessoa, mas uma garota gentil e bondosa. Se pudesse, ele não gostaria de machucá-la, mas não tinha esc
Leo, alto e de pernas longas, andava com passos largos. Se ele não se contivesse, até mesmo uma Ana saudável teria dificuldade em acompanhá-lo, quanto mais agora, que ela estava se sentindo mal. Basicamente, era arrastada por Leo.Do ponto de vista de Ana, tudo o que ela podia ver era o perfil angular e distinto do homem, com uma curva fria e rígida, que parecia repelir as pessoas a milhas de distância.No coração de Ana, era difícil descrever o sentimento. Ela de repente sentiu que, talvez, algo realmente tivesse mudado entre eles e que, mesmo que os mal-entendidos fossem esclarecidos, não poderiam voltar ao que eram antes.Assim, um deles caminhava rapidamente, sem se importar, e o outro, não querendo mostrar fraqueza, seguia em silêncio. Chegaram ao porão onde Paolo estava trancado.Ao entrar, um cheiro forte de sangue misturado com a umidade típica do porão atingiu Ana, fazendo-a sentir náuseas. Ela cobriu a boca e tossiu duas vezes.Ouvindo o barulho, Paolo, deitado no chão, lenta
- O que você está dizendo, que tipo de substituto, eu nunca faria tal coisa, é uma ofensa a mim mesma e também ao Paulo...Ana arregalou os olhos em incredulidade, sentindo que o mundo tinha enlouquecido.Completamente enlouquecido.- Ana, você vai negar completamente nosso passado? Ainda tenho as mensagens de voz que você me enviou no celular...Leo olhou furiosamente para ela, imediatamente mandou alguém pegar o celular confiscado de Paolo e jogou no rosto do homem.- Ache isso.Paolo foi atingido, ficando tonto e sangrando pelo nariz, mas parecia insensível, mexendo no celular, rapidamente encontrou uma mensagem de voz e a reproduziu.- Eu nunca esqueci do Paulo...A voz de Ana, cristalina e envolta em sinceridade, reverberou suavemente do aparelho. Com um suspiro trêmulo, Ana sentiu as pernas vacilarem, uma fragilidade sutil, pois era inegavelmente a sua própria voz que ressoava, mas as palavras não eram aquelas que ela desejava expressar.Em um dia distante, essas mesmas palavras
- A prova. - Leo mordeu os dentes, esforçando-se ao máximo, e conseguiu espremer essas palavras.Paolo jogou o celular para ele.- Tudo está aqui, basta você olhar.Leo, com os dedos trêmulos de uma emoção indefinida, pegou o celular e, com um suspiro quase imperceptível, abriu a caixa de conversa entre Paolo e Ana. Ele começou a ler com uma atenção voraz, absorvendo cada palavra como se fosse um segredo revelado. Ao descobrir que os dois mantinham uma amizade mais antiga do que ele imaginava, a mão de Leo se fechou em um punho tenso por um breve instante, mas logo ele relaxou, decidido a enfrentar aquele turbilhão de sentimentos.Ele leu as queixas de Ana sobre ele e Noemia se aproximarem, a saudade crescente por Paolo, e as conversas cada vez mais íntimas entre eles, inclusive muitas fotos da vida de Ana, algumas das quais ela também havia compartilhado com ele.Reconhecendo-as, Leo achou ridículo e hilário; ele pensou que Ana queria compartilhar sua vida só com ele, mas ela não a en
Paolo, com os olhos vermelhos, observava a expressão dolorosa de Ana. Ele tossiu algumas vezes e, silenciosamente, murmurou um pedido de desculpas, antes de finalmente dizer:- Ana, se conseguirmos sair vivos daqui, vou compensar você adequadamente.Essas palavras, ambíguas, não levantavam suspeitas.Era o único conforto que Paolo podia oferecer a Ana.Mas para ela, soavam como uma ironia cruel.Desesperada, Ana tentava abrir a gaiola, desejando ardentemente acabar com a vida desse homem descarado junto com a dela.Felizmente, a gaiola estava trancada, e por mais furiosa que estivesse, não havia como entrar....Depois de sair do porão, Leo tinha um rosto pálido e sem vida.Vendo-o assim, Ivan também se sentia mal. Leo era sempre confiante e enérgico, exceto pelo período de luto após o falso falecimento de Ana, Ivan nunca o tinha visto tão abatido.Provavelmente, o resultado do interrogatório confirmava que Ana realmente havia traído Leo...Refletindo sobre isso, parecia que os momento