No dia em que minha mãe finalmente morreu eu deveria ter chorado, deveria ter ficado triste...
Não me entenda mal, minha mãe sofreu por um ano, presa naquele hospital, ela lutou bravamente, se agarrou com forma a vida. Foram dezesseis infartos, cento e vinte e nove dias em coma, três cirurgias...Um ano de dor e sofrimento...
Quando me ligaram dizendo que ela tinha ido embora eu senti um alívio, finalmente ela tinha descansado, finalmente o sofrimento dela havia acabado. O meu estava só começando...
Foi difícil contar aos meus irmãos, pior ainda ter assistir o sofrimento deles.
Então depois de um mês de descanso as dividas chegaram. Nossa única renda era a pensão deixada pelo meu pai. O dinheiro do seguro da minha mãe ajudou até mais do imaginei, consegui pagar as despesas do hospital, do funeral e os meses da escola dos meus irmãos que estava em atraso. Fiz compras para nossa casa.
Com o dinheiro da pensão do meu pai eu só conseguiria pagar a escola e energia.
A faculdade que eu cursava estava atrasada e minha saída era parar de estudar e apenas trabalhar. Pelo menos nós não passaríamos fome.
Tive muita sorte porque o Sr Edmond permitiu que eu cursasse a faculdade mesmo sem dinheiro, ele conheceu meu pai durante a juventude quando ambos foram para o Iraque juntos. Segundo o reitor meu pai havia salvado a vida dele, um herói de guerra.
Eu tinha orgulho do meu pai, apesar de culpa-lo todos os dias por ter morrido em campo de batalha, ele salvou vidas em troca da sua própria. Quando a maldita guerra acabou enviaram uma bandeira e duas medalhas para que enterrassemos um caixão vazio.
Minha mãe assumiu o papel de ambos se desdobrando entre o emprego, cuidado da casa e três filhos. Mesmo depois de descobrir que estava com o maldito câncer ela continuou forte e quando não pode mais trabalhar ela ainda nos confortava todos os dias.
Ela prometeu a Erick nunca nos abandonar, mas eu sabia a verdade. Os médicos haviam dado a ela três meses de vida, ela ainda lutou por um ano.
Meus irmãos passaram por várias fases. Raiva, rebeldia, ódio e finalmente a aceitação. Estava grata porque apesar de tudo tínhamos união.
Erick estava na escola com treze anos, Jane acabado de entrar no ensino médio. Quando ela descobriu a realidade de nossa situação, ficou uma semana sem falar comigo depois de discutirmos. No fundo ela tinha razão eu deveria ter divido com eles e talvez isso ajudasse...
Ella começou a fazer alguns serviços como babá e por algumas vezes o pouco dinheiro que ganhava era tudo que tínhamos para comer.
Então chegou o dia em que meu irmão descobriu que nossas vidas estavam sobre uma granada prestes a explodir, ele não falou com nenhuma de nós, conseguiu um emprego entregando o jornal, quis sair da escola particular em que estudava.
Nessa época as coisas pareciam estar melhorando até a assistente social aparecer exatamente no dia em que nosso gás e energia haviam sido cortados. Eu tinha quinze dias para pagar 340 mil em dívidas.
Nada, nenhum dos nossos esforços tinha sido o suficiente.
Então aceitei a única proposta que nos salvaria, fiz algo que nunca, jamais pensei em fazer.
Eu aceitei a proposta que ele havia feito.
Quando sai pela porta da minha casa deixei para trás minha irmã chorando e meu irmão com muita raiva.
Eu nunca mais fui a mesma pessoa, vendi muito mais que o meu corpo, vendi minha dignidade e honra.
O dinheiro pagou todas as nossas dívidas, mas não foi capaz de apagar minha consciência, não foi capaz de me fazer esquecer.
Se eu fechasse os olhos era capaz de sentir sua boca, seus cabelos entra meus dedos, sua mãos em meu corpo e sua respiração batendo em minha pele. Eu estava marcada para sempre.
As dividas chegaram ao limite. Nossa situação estava tão ruim que minha irmã Ella foi quem pagou a conta de energia para que não cortassem porém o gás já era. Foi cortado.Também estamos sem o que comer direito... Já tem duas noites que deixo de comer para que eles possam comer.Erick tem financiado a comida toda noite com suas entregas de jornal.Como se não bastasse ainda me ligaram do banco dizendo que se atrasar mais um mês a hipoteca eu perderia a casa.Sentada na minha mesa eu só consegui chorar.Quando estaria livre de tudo isso!?Não existe limite para o sofrimento?Choro até que os soluços sacudam meu corpo.Algum tempo depois de chorar e chorar me sentia um pouco mais calma. Isso até meu chefe entrar pela porta. O diretor Mac Ran, David Mac Ran._Quais são minhas reuniões de hoje?
Quando cheguei na empresa eu estava mais estressado do que talvez já estive em toda minha vida. Dana minha irmã mais nova, estava sentada a mesa, logo pela manhã, contando a minha mãe que estava grávida. Ela tem só tem vinte e dois anos, onde essa garota estava com a porra da cabeça? E como se fosse pouco minha mãe estava radiante de tão feliz! Não é um absurdo?O namorado dela ia se ver comigo, estava contando os minutos para ver aquele trapo, ele iria ouvir poucas e boas e teria que se casar com ela nem que fosse amarrado! Com certeza que eu o faria pagar.Elisa estava de cabeça baixa, triste como anda a bastante tempo. Passo por ela pergunto sobre o meu dia, como sempre ela é eficiente, não posso negar que em todos esses anos nunca tive alguém com tanta fibra e vontade de vencer.Eu sei sobre seus problemas financeiros, seus irmãos e cada uma das merdas da vida dela. Sei que fiz errado em usar minha irmã para conseguir as malditas informações. Como d
Um ano antes...Você já se sentiu inútil? Já se sentiu tão incapaz de mudar que permitiu a tristeza tomar seu coração?É assim que me sinto. Eu não tenho mais esperança de consertar as coisas. Não vejo uma saída ou qualquer outra chance.Enquanto as lágrimas descem molhando o meu rosto eu tento abafar a dor em meu peito. Tenho vivido meus dias como uma casca, a tristeza e o vazio fizeram morada no meu peito. Elas são minhas companheiras constantes.Não tenho nem a quem pedir socorro...Meus ossos doem e sinto que estou ficando doente. É possível que alguém adoeça de tanta tristeza? Eu penso em procurar ajuda profissional talvez eu esteja assim por estar deprimida, o problema é que não tenho dinheiro para isso também, médico só em caso de extrema necessidade!Olho para o relógio. Pisco algumas vezes para que as lágrimas que tampam minha visão caiam logo.
Quando Iris apareceu com um currículo de amiga eu tinha certeza que teria problemas. A jovem nunca havia trabalhado, estava nos primeiros períodos da faculdade. Pensei que seria outra que se jogaria aos meus pés e faria de tudo para me conquistar.Ao contrário de tudo que imaginei a jovem era muito profissional, em seus olhares não tinham nada além do respeito, um pouco de medo, talvez. Ela aprendeu o rápido e exercia seu trabalho com perfeição. Ironicamente era o que eu precisava.Era nossa primeira viagem juntos e ela seria testada, com toda certeza. Eu percebo sua dedicação, vejo o esforço. Quem trabalha comigo sabe que valorizo isso, antes porém, todos são testados a fogo, ninguém escapa, até mesmo minha irmã foi provada, eu peguei tanto no pé dela que cheguei a achar que ela desistiria.Quando saio porta a fora da minha sala a garota ainda está sentada em sua mesa digitando freneticamente qualquer coisa que seja, ela me encontra por cima do computa
Quando chegamos da terceira reunião do dia eu estava me sentindo um pedaço de nada. Estava exausta, com dor de cabeça e com fome, muita fome. Tiro o vestido assim que entro no pequeno quarto, logo depois os saltos. Peço serviço de quarto como o senhor David disse.Assim que terminei de tomar meu banho alguém bateu na porta com minha refeição. Comi como uma desesperada. Tomei um analgésico, ainda eram quatro horas da tarde, me deitei e dormi feito uma pedra.Sergipe é um lugar quente, depois de acordar melhor resolvi aproveitar minha folga. Vesti um biquíni bonito que Íris me emprestou, tenho sorte de termos quase o mesmo corpo, por cima um vestido de crochê, uma saída de praia ou coisa do tipo. Era uma peça linda e delicada, que sem dúvidas foi muito caro.Caminho devagar pelas ruas a beira da praia. O mercado famoso ainda estava abert
David Mac RanEu não estava mais aguentando esperar por ela na área da piscina. Não com Elisa quase nua na porra de um biquíni minúsculo. A diaba da mulher tem um corpo perfeito, aposto que ficaria muito tempo entretido em cada uma daquelas curvas.Eu pilotaria de vagar, sem risco de sair da pista, curvas são sempre perigosas, e curvas acentuadas como aquelas são um risco para a vida de qualquer um que se atreva a seguir por elas.Elisa não estava me vendo, ou fingiu muito bem, sentado num canto do bar, eu a vi chegar e assisti ela nadar e se refrescar sozinha. Também assisti alguns homens admirarem a mesma cena assim como eu.Insatisfeito decido me aproximar e me deitar sobre uma espreguiçadeira, fiz questão mostrar a Elisa que estava olhando para ela. Eu sabia que esse era o momento que ela viria até mim e eu terminaria a minha noite perdido no corpo dela e satisfeito.
David Mac RanCom o passar da noite o meu nível de irritação e de álcool correndo no sangue era muito grande, em níveis astronômicos. Lisa era boa em fingir e cada história que contava sobre como minha irmã era boa pra ela e o que Íris já havia feito...Com certeza ela estava rindo por dentro enquanto fazia minha irmã e a todos de idiota, essa história triste de que alguém que perdeu a mãe e sustenta os irmãos sozinha...Mentirosa do caralho!Mas eu sei que ela vai ceder e eu vou partir para ataque.Elisa pediu licença e caminhou devagar até banheiro, me levanto e vou atrás dela caminhando de vagar. Quando chego a área vazia dos banheiros ela está saindo._Senhor David! - ela diz surpresa. - O banheiro masculino é ali. - Ela aponta para a porta logo atrás de mim.Eu se quer olho para trás, caminho até ela na intenção de be
David Mac RanTem um mês que voltamos da viagem. Não aconteceu outro beijo. Mesmo eu querendo muito, aliás eu não quero só beijar Elisa, quero transar com ela a noite toda. Não foi falta de tentativas. Elisa desviou do assunto e eu também não tentei falar com ela. Chamei ela para sair diversas vezes, ela recusou todas, para cada dia ela tinha uma desculpa diferente.Nesse meio tempo, coloquei um investigador para conseguir informações reais sobre a jovem que trabalha pra mim. Desde o seu estado civil, namorado, endereço, pai, mãe, irmãos, onde estuda, quantos ônibus pega, quem são seus amigos, o que come, onde compra suas roupas. Eu não sou de me enganar com as pessoas, meu senso de julgamento sempre foi apurado.Apesar de estar atraído por Elisa eu tinha a certeza de que ela não era quem eu imaginava. Fiquei surpreso quando as informações do investigador chegaram até mim, a triste história que eu ju