Quando chegamos da terceira reunião do dia eu estava me sentindo um pedaço de nada. Estava exausta, com dor de cabeça e com fome, muita fome. Tiro o vestido assim que entro no pequeno quarto, logo depois os saltos. Peço serviço de quarto como o senhor David disse.
Assim que terminei de tomar meu banho alguém bateu na porta com minha refeição. Comi como uma desesperada. Tomei um analgésico, ainda eram quatro horas da tarde, me deitei e dormi feito uma pedra.
Sergipe é um lugar quente, depois de acordar melhor resolvi aproveitar minha folga. Vesti um biquíni bonito que Íris me emprestou, tenho sorte de termos quase o mesmo corpo, por cima um vestido de crochê, uma saída de praia ou coisa do tipo. Era uma peça linda e delicada, que sem dúvidas foi muito caro.
Caminho devagar pelas ruas a beira da praia. O mercado famoso ainda estava aberto e eu resolvi me aventurar. Beirava às oito horas quando voltei para o hotel. O calor convidava para uma boa piscina.
Piscina porque eu não entraria no mar, depois um tubarão que gosta de ossos e carne seca me vê por lá. Sem chance!
A beleza do mar esconde muitos perigos que eu não estou disposta a conhecer.
Mergulho na piscina sem medo, pelo menos sei que aqui não tem tubarões, eu tenho um pavor de tubarão. Como se a chama a fobia por tubarão? Selachobia! Isso é o que eu tenho. É um nome estranho, o significado define bem o que sinto.
Dou algumas braçadas para um lado e depois para outro, mergulho, me distraio um pouco.
Já estava molhada e fresca, a fome e a sede começaram a me incomodar por isso resolvi voltar para quarto e procurar um biscoito ou qualquer outra coisa para tapar minha fome até a hora em que pudesse pedir a janta.
Antes de chegar a porta de entrada do hotel vejo meu chefe sentado em uma das espreguiçadeiras, seus olhos fixos em mim pareciam refletir algum tipo de maldade. Eu não saberia dizer o que é. Enquanto andava, também olhava para o corpo esguio de David.
O homem tinha músculos bem desenhados. Uma obra gregoriana não fosse a certeza que eu tinha de que o meu chefe nunca se quer esteve lá. Minha distração me levou a um imenso tombo. Trombei em algo e cai como uma jaca podre. Foi horrível! Uma vergonha sem tamanho.
_Tudo bem com você mocinha? - uma senhora pergunta sorrindo amigavelmente.
_Sim... Me desculpe! - Digo depois de me erguer da minha vergonha.
Dou uma olhada disfarçada para onde meu patrão estava antes. Ele havia sumido, gostaria muito que não tivesse me visto. Meu joelho estava arranhado, um pequeno filete de sangue escorria por ele fazendo arder.
_Você está sangrando criança! - a senhora diz parecendo preocupada. - venha vamos cuidar desse ferimento.
_Não, obrigada, não quero dar trabalho a senhora. Eu caí por ser distraída. - estou tão envergonhada.
_Ora... Não me faça essa desfeita! Venha comigo, sua mãe não lhe ensinou a ser obediente aos mais velhos? - aceno um sim, essa senhorinha acabou de encontrar meu ponto fraco. - então vamos logo querida!
A senhora me diz com um tom de repreensão. Ela parece ser uma daquelas vovozinhas por quem nos apaixonamos logo que conhecemos. Seu sorriso meigo é lindo, assim como os grandes olhos castanhos.
Eu a acompanho sem medo algum. Uma senhora tão simpática não pode ser uma pessoa ruim. No quarto a mulher faz um pequeno curativo, tenho vontade de chorar. Tem muito tempo que não sinto um carinho, um cuidado vindo de qualquer outra pessoa que não seja Iris.
_Eu fui enfermeira por muitos anos... - ela se explica. - antes de me casar - a senhora me olha e sorri. - até eu conhecer meu marido. - Donald Mac Ran.
_Quem!? - pergunto já me sentindo muito incomodada com a presença da senhora que a minutos atrás me fez sentir tão bem.
Ela sorri. Seu olhar parece cheio de carinho.
_Você deve ser a Elisa, certo?
Mordo meu lábio inferior pensando se respondia a verdade ou mentia e saia correndo. De certo essa senhora já ouviu falar sobre mim, só não sei se isso bom ou ruim.
_Sim... - respondo desviando meu olhar.
_Eu sou Rebeca. Iris me falou muito sobre você. - o sorriso nunca sai de seu rosto?
_Espero que só coisas boas. - Digo apenas por não saber o que dizer.
_Coisas muito boas. Ela tem muito carinho por você. - dona Rebeca diz me analisando com cuidado. - Mas em uma coisa ela mentiu, você é muito bonita.
_Ah! Obrigada - Agradeço muito constrangida.
_Você é muito educada e tímida também. - constata sorrindo. - Gostei de você! - completa fazendo um carinho no meu joelho machucado. - o que vai fazer agora?
Dou de ombros.
_ Ótimo! Preciso de alguém para me acompanhar. - ela pisca parecendo divertida.
_Hum... - olho para os lados tentando uma pensar em uma boa desculpa para não acompanhá-la onde quer que queira ir.
_Se me fizer uma desfeita dessas vou agora mesmo atrás de David! - ela ameaça, está sorrindo e seu tom é de brincadeira, mas talvez ela ela não esteja brincando... Não sei, prefiro não arriscar.
_E onde nós iríamos dona Rebeca? - pergunto enquanto penso em que roupa devo vestir.
_Coloque um vestido simples e fresco, isso será suficiente.
_Tudo bem... - respondo me levantando e caminhando até a porta de saída do quarto. A senhora me segue em silêncio.
_ Não vou me despedir porque em uma hora estará aqui para sairmos.
Aceno com a cabeça em uma resposta positiva. Ela abre a porta e David está com a mão erguida, parece que ele bateria na porta naquele momento. Ele me olha de um jeito estranho, medindo cada pedaço de pele que existe em mim.
Dona Rebeca me abraça apertado em uma espécie de despedida.
_Uma hora.
_Sim senhora - digo enquanto saio do quarto sentindo os olhos do meu chefe perfurarem minha pele.
David Mac RanEu não estava mais aguentando esperar por ela na área da piscina. Não com Elisa quase nua na porra de um biquíni minúsculo. A diaba da mulher tem um corpo perfeito, aposto que ficaria muito tempo entretido em cada uma daquelas curvas.Eu pilotaria de vagar, sem risco de sair da pista, curvas são sempre perigosas, e curvas acentuadas como aquelas são um risco para a vida de qualquer um que se atreva a seguir por elas.Elisa não estava me vendo, ou fingiu muito bem, sentado num canto do bar, eu a vi chegar e assisti ela nadar e se refrescar sozinha. Também assisti alguns homens admirarem a mesma cena assim como eu.Insatisfeito decido me aproximar e me deitar sobre uma espreguiçadeira, fiz questão mostrar a Elisa que estava olhando para ela. Eu sabia que esse era o momento que ela viria até mim e eu terminaria a minha noite perdido no corpo dela e satisfeito.
David Mac RanCom o passar da noite o meu nível de irritação e de álcool correndo no sangue era muito grande, em níveis astronômicos. Lisa era boa em fingir e cada história que contava sobre como minha irmã era boa pra ela e o que Íris já havia feito...Com certeza ela estava rindo por dentro enquanto fazia minha irmã e a todos de idiota, essa história triste de que alguém que perdeu a mãe e sustenta os irmãos sozinha...Mentirosa do caralho!Mas eu sei que ela vai ceder e eu vou partir para ataque.Elisa pediu licença e caminhou devagar até banheiro, me levanto e vou atrás dela caminhando de vagar. Quando chego a área vazia dos banheiros ela está saindo._Senhor David! - ela diz surpresa. - O banheiro masculino é ali. - Ela aponta para a porta logo atrás de mim.Eu se quer olho para trás, caminho até ela na intenção de be
David Mac RanTem um mês que voltamos da viagem. Não aconteceu outro beijo. Mesmo eu querendo muito, aliás eu não quero só beijar Elisa, quero transar com ela a noite toda. Não foi falta de tentativas. Elisa desviou do assunto e eu também não tentei falar com ela. Chamei ela para sair diversas vezes, ela recusou todas, para cada dia ela tinha uma desculpa diferente.Nesse meio tempo, coloquei um investigador para conseguir informações reais sobre a jovem que trabalha pra mim. Desde o seu estado civil, namorado, endereço, pai, mãe, irmãos, onde estuda, quantos ônibus pega, quem são seus amigos, o que come, onde compra suas roupas. Eu não sou de me enganar com as pessoas, meu senso de julgamento sempre foi apurado.Apesar de estar atraído por Elisa eu tinha a certeza de que ela não era quem eu imaginava. Fiquei surpreso quando as informações do investigador chegaram até mim, a triste história que eu ju
Iris Mac RanTrês anos antes de Elisa aceitar a proposta de David.Saio correndo pelo corredor da faculdade, meu pai passou muito mal e minha mãe me ligou avisando que eles estariam no hospital.Faz quase cinco anos que meu pai não está mais na direção da empresa, meu irmão assumiu o lugar do nosso pai. Ele era muito novo, alguns dos acionistas foram contra, mas meu irmão mostrou que é o melhor, depois que ele assumiu a empresa só tem crescido. Acho que a dedicação do meu irmão tem um pouco de relação ao quanto ele sofreu, foram tantas decepções. Uma delas, que deve ter sido pior, foi de Jorge seu melhor amigo e primo junto com a noiva Tati. Meu irmão pegou os dois na cama. Ele tinha ligado avisando que trabalharia até tarde, mas, acabou saindo mais cedo do que o previsto. Foi para casa sem avisar, querendo fazer uma surpresa para a noiva, ele até comprou rosas!
Eu me sinto tão frustada, triste. Tudo ao meu redor está desabando. Parece que o controle da minha vida está escapando pelos meus dedos. Estou completamente perdida e desolada.Eu sinto tanto falta do colo da minha mãe. Queria receber o abraço, o colo, um beijo de alguém. Gostaria que alguém me dissesse que vai ficar tudo bem. Que logo logo tudo isso vai passar.Não importa onde eu olhe só há um lamaçal de problemas. Eu tento sorrir tento mudar o foco e me concentrar em outra coisa, está cada dia mais difícil.Me sinto sufocando em meio a dor e ao desespero, uma vontade louca de chorar. Aflição, acho que essa palavra define bem meu estado.Eu queria voltar no tempo e concertar o que eu errei, tudo que eu errei, queria saber o que eu estou fazendo de errado agora, porque eu só posso estar errando!Parece que tudo, tudo que eu faço dá errado, eu sei que não é bem assim, mas essa sensação de impot
Na manhã do dia seguinte eu fui direto para o RH. Tinha esperanças de ainda ter o meu emprego, sabia também que depois de ontem a chance de ter um aviso para assinar era bem maior._Dani, bom dia. Tem algum documento aí pra mim? - pergunto a Daniela que está no atendimento agora, elas revezam no atendimento._Não... Que documento você procura? - acho que não posso dizer o que aconteceu, mesmo se pudesse, jamais contaria._Pensei que o senhor David tivesse deixado um documento aqui. Ele disse que deixaria... - minto._Espere um pouco. - Ela se retira do pequeno balcão de atendimento, quando volta está sorrindo. - Iris pediu para entrar na sala dela, acho que seu documento está com ela.Então era isso, perdi o emprego.Daniela abriu a porta e entrei, estava nervosa e tremendo um pouco. Assim que entrei Iris pediu para fechar a porta, ela tem um sorriso divertido em seus lábios, se
David Mac RanNão acredito que Elisa me deixou com pau duro, tive que me virar para conseguir me acomodar nas calças sem sentir dor. Cadela! Aquela mulher quer me deixar louco! Nunca quis tanto uma mulher e não me lembro qual foi a última vez que tive que me tocar por causa de uma mulher.Elisa está me fazendo viver o inferno!Aquela filha da puta, gostosa do caralho!Fui para casa tão puto naquela noite, eu quis estrangular a Iris por ter colocado aquela mulher na minha vida. O pior é que a diaba é competente. Depois de me fazer ficar aflito por quase uma hora de atraso eu dei dez minutos para que ela lesse o maldito contrato.Não acredito que ela tenha lido em tão pouco tempo. Vaca! Lá estava ela depois de dez exatos minutos. Com marca texto fluorecente ela marcou os partes mais vantajosas para empresa e me apresentou cada uma delas.
David Mac RanIris é a melhor amiga que Elisa tem. Na verdade é sua única amiga. Eu estava curioso quanto a Elisa ser ou não virgem, não faria diferença, só mudaria um pouco o rumo das coisas.Os dias que passei com ela no sul foram de muito trabalho e alguns momentos em que me fazia de amigo, nos momentos de distração dela eu a beijava e a trazia para os meus braços, Elisa sempre me aceitava com carinho. Seu perfume marcou minha mente a cada momento.Iris me contou que o último namorado da amiga foi quando ela ainda estava no ensino médio. Um relacionamento que durou os três anos, até que o rapaz se mudou para outro estado. Eles ainda se falaram por um tempo até que o rapaz sumiu.Segundo Iris, Elisa ainda sofreu com a dor do abandono por um tempo, na faculdade ela teve um cazinho com um colega de turma, um babaca qualquer que não soube segurar a mulher que Elisa é.T