Ela era a caloura dele, tinham o mesmo nível acadêmico, eram ambos médicos e compartilhavam interesses em comum. Com certeza, seria mais adequado ficar com ela do que com Marília.Quanto mais Marília pensava nisso, mais se sentia desconfortável. Até o fato de estar naquele quarto parecia sufocante.Os três estavam conversando sobre o trabalho, e ela se sentia completamente deslocada.Não demorou muito até Marília falar:— Tenho algo a fazer, vou embora.Ela se levantou e saiu.Leandro, de repente, a chamou:— Eu também vou descer, vamos juntos.Marília parou, e uma sensação de alegria inesperada surgiu dentro dela. Ela assentiu rapidamente:— Tá bom!...Marília seguiu Leandro escada abaixo.Ela estava nervosa e apreensiva e, várias vezes, tentou iniciar uma conversa, mas, ao olhar para o perfil dele, frio e distante, as palavras de aproximação simplesmente não lhe vinham à mente.Quando saíram do prédio do hospital e chegaram perto do canteiro de flores, Leandro finalmente parou.Marí
Ao vê-la entrar, Anselmo levantou uma sobrancelha:— Não disse que morreria de fome antes de colocar os pés nesta casa de novo?Marília, furiosa, caminhou até ele:— Foi você quem fez isso, não foi?Anselmo a observou, percebendo que a maquiagem dela estava borrada, os olhos inchados e os cílios úmidos. Claramente, ela tinha chorado. Embora sentisse um peso no peito, seu rosto ainda exibia um sorriso debochado:— O que é que eu fiz?— Diógenes, foi você quem mandou bater nele!Marília estava tremendo de raiva.— Se ele levou uma surra, é porque não tem capacidade. O que isso tem a ver comigo? — Disse Anselmo, calmamente, enquanto colocava a xícara de café na mesa. Ele levantou os olhos para encará-la e sorriu de forma cínica e desdenhosa. — Eu achei que ele fosse alguém de importância. O Rômulo disse que você encontrou um namorado incrível, mas olha só no que deu, Mimi, seu gosto é péssimo!Marília, enfurecida, levantou a mão e lhe deu um tapa.O som foi estridente, um estalo seco e al
Anselmo semicerrou os olhos. — Repulsivo? Não era a primeira vez que Marília dizia que ele era repulsivo, mas dessa vez ele percebeu um desprezo claro nos olhos dela. — Sim, repulsivo! — Marília disse, cerrando os dentes. — Dizer que você é um homem desprezível chega a ser um elogio. Você é um verdadeiro lixo! Me arrependo profundamente de ter gostado de você no passado! Os olhos de Anselmo se contraíram violentamente, e a pressão no ar da sala pareceu diminuir abruptamente. Ele ficou olhando para ela por um momento, com uma expressão sombria, e, ao invés de ficar furioso, soltou uma risada. — Se você me acha repulsivo, vai ter que voltar para casa. O seu namorado não pode te proteger, e você também não pode protegê-lo. Eu o mato como se fosse uma formiga. E ele ainda é médico. Tenho muitas formas de destruir a vida dele... Marília o interrompeu: — Se o Diógenes sofrer mais alguma coisa, eu entrego minha vida por ele! A expressão de Anselmo congelou. Marília continu
Leandro passou pelo quarto durante a ronda e deu uma olhada. Diógenes queria comer um pouco de fruta, então Leandro descascou duas maçãs para ele e as deixou ao lado dele. Ele se preparava para sair quando Diógenes ergueu a cabeça e disse: — Leandro, amanhã você não precisa comprar comida para mim. A Mimi vai trazer! Ao ouvir o nome "Mimi", Leandro parou no meio do caminho, franzindo a testa. — Você estava conversando com ela agora há pouco? Diógenes assentiu e sorriu: — Ela me transferiu vinte mil reais e ainda me pediu desculpas. Fiquei sem entender nada. Disse que estava com medo de eu ficar sem dinheiro e que eu podia usar o dela. Nunca vi uma garota tão generosa assim! Ao ouvir a palavra "generosa", Leandro esboçou um sorriso sarcástico. Mas, em sua mente, veio a cena dela chorando ao sair ao meio-dia. Também se lembrou da última vez em que ela lhe transferiu aqueles vinte mil. Pelo que ele sabia, ela só tinha esse valor na conta e o transferiu todo para ele. Com
Serafina ficou um pouco desapontada ao ouvir a resposta de Diógenes. "Bondoso? Ela claramente tinha outras intenções!" Ela virou a cabeça para olhar para o homem ao seu lado e pensou nele com aquela Marília... — Veterano, o que acha das habilidades culinárias da Srta. Marília? Leandro olhou para as duas garrafas térmicas com uma expressão de desagrado: — Nada demais. — Veterano, você gosta de mulheres que sabem cozinhar? Serafina não gostava de cozinhar, mas, se Leandro gostasse, ela aprenderia. Não perderia para aquela Marília! Leandro lançou um olhar para Serafina e disse: — Não há necessidade de desperdiçar tempo com isso. Serafina suspirou aliviada e sorriu, concordando: — Pois é. Com esse tempo, eu prefiro publicar mais alguns artigos acadêmicos, é muito mais produtivo. Leandro assentiu levemente. ... Quando Marília voltou do trabalho, apenas esquentou as sobras da comida no micro-ondas para o jantar. Enquanto comia, ouviu batidas na porta. Ela se l
No dia seguinte, Marília voltou para casa depois do trabalho, comeu algo rápido para forrar o estômago e começou a se arrumar. Deu uma olhada em todas as roupas do guarda-roupa antes de escolher um vestido branco sem mangas. Alisou o cabelo com a chapinha, fez uma maquiagem leve e pegou os brincos de franjas que Zélia lhe dera dessa vez, combinando-os com um par de pequenos brincos dourados em formato de pétalas. Ela estava realmente deslumbrante! Enquanto se olhava no espelho, ouviu batidas na porta e foi abrir imediatamente. Fernanda estava parada na entrada com Renato. Quando ele a viu abrir a porta, um brilho de surpresa passou por seus olhos: — Mimi, você está linda hoje! Aos vinte e dois anos, uma garota está no auge da juventude, com lábios avermelhados, pele clara e viçosa, sem precisar de maquiagem para realçar sua beleza natural. O vestido branco destacava ainda mais sua pureza e doçura. — Obrigada pelo elogio, estou pronta! Marília se virou, pegou sua bolsa
Ela provavelmente era a mentora de Renato. Assim que Marília entrou, percebeu que havia outra mesa ao lado. Nessa mesa, o assento principal era ocupado por um senhor de sessenta ou setenta anos, de cabelos grisalhos, que era o marido da mentora de Renato.Logo que se sentaram, alguém comentou em tom provocativo: — Renato, quem diria! Você ficou solteiro por tantos anos e ainda conseguiu encontrar uma namorada tão bonita. Achávamos que você ia ficar sozinho para sempre! No fim das contas, não era que você não conseguia achar alguém, apenas tinha um gosto exigente demais. Desde pequena, Marília sempre fora bonita e, ao longo dos anos, se acostumou aos olhares ao seu redor. Sabia exatamente que tipo de roupa usar para cada ocasião. Hoje, o vestido branco que usava realçava sua delicadeza, fazendo com que ela parecesse uma florzinha pura e encantadora. Sentada quieta ao lado de Renato, exalava um ar dócil e dependente, o que despertava a inveja das mukheres ao redor. Renato man
Renato percebeu que ela estava visivelmente abatida e não fez mais perguntas. — Maria, parece que hoje a conta vai ficar por sua conta! — Brincou o homem à mesa com um sorriso irônico. Maria respondeu friamente: — Eu e meu namorado só tivemos um pequeno desentendimento. Você nunca briga com sua namorada? — Esses dias, encontrei o Antônio. Ele estava escolhendo alianças com a nova namorada. Você ainda acha que pode reatar com ele? O rosto de Maria mudou sutilmente. O homem continuou: — Ele me disse que vocês terminaram por causa do apartamento. Que ele não conseguiu satisfazer sua vaidade, não pôde comprar um imóvel no centro da cidade, e por isso você quis terminar. Como vocês, mulheres, podem ser tão interesseiras? Anos de relacionamento jogados fora assim, sem mais nem menos! — Isso é um problema meu, não tem nada a ver com você! — Respondeu Maria, furiosa. — O Antônio veio do interior. Desde o começo, você sabia da situação da família dele. Assim que ele conseguiu