Os dias seguintes pareceram menos cinzentos.Isadora sentia como se algo em seu interior tivesse se realinhado. Havia, sim, medo. Mas, pela primeira vez em muito tempo, ela o deixava de lado para dar espaço a algo maior: a vontade de viver aquilo. Viver ele. Viver eles.Dominic manteve sua palavra. Passou a atuar em um projeto diferente, mantendo a distância profissional. Ainda a encontrava nos corredores, em reuniões gerais, ou no café da empresa. Mas o olhar que trocavam agora era diferente. Menos provocador, mais cúmplice. Um olhar de quem compartilha um segredo precioso.Ela gostava da sensação de ser desejada, mas, acima disso, gostava de como ele a enxergava inteira. Não como a mulher difícil, fria, ou inatingível — mas como alguém que merecia cuidado, atenção, verdade.Na sexta-feira, perto do fim do expediente, Isadora recebeu uma mensagem no celular.Dominic: “Hoje, 20h. Não é um convite. É um lembrete.”Ela sorriu sozinha. Era assim com ele. Um misto de desafio e ternura. Um
A manhã chegou devagar, invadindo o quarto com uma luz suave. Isadora abriu os olhos, sentindo o calor do corpo de Dominic ao lado do seu. Ele ainda dormia, a respiração tranquila, os traços serenos como ela nunca tinha visto. Por um momento, ela apenas observou. Aquela era a primeira vez que acordava com alguém e sentia paz.Ela passou os dedos de leve sobre o peito dele, traçando caminhos invisíveis em silêncio. Dominic abriu os olhos devagar, e quando os olhares se encontraram, não houve necessidade de palavras. Ele apenas sorriu.— Bom dia — murmurou, a voz ainda rouca de sono.— Bom dia.Ela virou-se de lado, apoiando o rosto sobre o travesseiro.— Dormiu bem?— Melhor do que em anos — ele respondeu, estendendo a mão para tocar o rosto dela. — E você?— Como se estivesse exatamente onde deveria estar.Dominic a puxou de leve para mais perto, deixando um beijo demorado em sua testa. O silêncio entre eles não era desconfortável. Era cheio de significado, como se os corpos falassem
Os dias seguintes foram um teste de paciência e controle para Isadora. O desejo de ver Dominic fora do ambiente profissional crescia a cada troca de olhares, a cada mensagem sutil trocada entre reuniões. Mesmo tentando se manter firme, ela sabia que estava em um caminho sem volta.Naquela sexta-feira, enquanto organizava os últimos documentos sobre sua mesa, seu celular vibrou discretamente.Dominic: “Jantar hoje? Só nós dois.”Isadora sorriu de leve, mas demorou alguns segundos antes de responder. Ela sabia o que aquilo significava. Não seria apenas um jantar. Seria um momento decisivo. Uma escolha.Isadora: “Sim. Me diga onde.”Minutos depois, a resposta chegou com o endereço de um restaurante discreto, longe do centro da cidade, onde poderiam conversar sem os olhares do mundo corporativo sobre eles.⸻Quando Isadora chegou ao restaurante, Dominic já a esperava. Ele vestia uma camisa azul escura que realçava ainda mais seus olhos intensos. Ao vê-la entrar, seu sorriso se abriu, ilum
O final de semana passou como um sonho. Isadora e Dominic se permitiram viver o que sentiam, longe das expectativas e das amarras sociais. Mas quando a segunda-feira chegou, a realidade os aguardava.Dominic acordou cedo naquela manhã. Ele sabia que não podia adiar mais. Seu compromisso com outra mulher precisava ser encerrado, de maneira digna e honesta. Por mais que o peso da culpa lhe apertasse o peito, a certeza do que sentia por Isadora lhe dava forças.Do outro lado da cidade, Isadora se arrumava para o trabalho. Cada peça de roupa que vestia parecia uma armadura. Sabia que os próximos dias não seriam fáceis. Suspeitava que, ao romper o noivado, Dominic enfrentaria críticas e julgamentos. E de alguma forma, parte dessas consequências recairiam sobre ela.Ao chegar à empresa, ela o viu de longe, atravessando o saguão principal com passos firmes. Ele parecia determinado, seguro — o Dominic que ela admirava.Durante toda a manhã, Isadora se dedicou a uma apresentação importante, te
A manhã chegou silenciosa, com a luz suave filtrando-se pelas cortinas do chalé. Isadora abriu os olhos devagar, sentindo o calor do corpo de Dominic junto ao seu. Ele a segurava como se tivesse medo de deixá-la escapar, mesmo dormindo.Por um momento, ela apenas ficou ali, observando-o. Era raro vê-lo tão vulnerável, tão livre das máscaras que o mundo exigia. Um sorriso suave tocou seus lábios. Tudo o que enfrentaram — o medo, os julgamentos, as dúvidas — parecia insignificante diante daquele instante de paz.Dominic abriu os olhos e sorriu ao vê-la.— Bom dia, minha mulher teimosa — murmurou com a voz rouca de sono.Isadora sorriu de volta, o coração transbordando.— Bom dia, meu homem insistente.Eles riram juntos, cúmplices naquela bolha que haviam criado longe do mundo. Dominic puxou-a para mais perto e depositou um beijo demorado em sua testa.— Eu sei que tudo ainda parece novo e assustador — ele disse, acariciando a pele dela com as pontas dos dedos. — Mas quero que saiba que
O retorno à cidade foi como uma rajada de vento frio no rosto. O trânsito, os telefonemas incessantes e as reuniões aguardavam Dominic e Isadora assim que seus pés cruzaram novamente as portas da empresa.O chalé agora parecia um sonho distante, uma lembrança gravada apenas nos sorrisos trocados em segredo nos corredores. No entanto, o mundo real estava pronto para testar a força do que haviam construído.Logo na primeira reunião, Dominic percebeu os olhares curiosos de alguns colegas. Era como se todos soubessem, ou pelo menos suspeitassem, que algo havia mudado entre ele e Isadora.E, pior, sua noiva, ou melhor, ex-noiva, não estava lidando bem com o término abrupto.No final do expediente, Dominic recebeu uma ligação dela.— Nós precisamos conversar, Dominic — a voz dela soou fria do outro lado da linha.Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo.— Não há mais o que conversar, Camila. Você sabe disso.— Então venha me dizer isso pessoalmente — ela insistiu, a voz carregada de mágoa.
O salão do hotel cinco estrelas estava tomado por uma atmosfera sofisticada. Lustres de cristal pendiam do teto, refletindo a luz dourada sobre taças de champanhe e risos abafados. O som suave do jazz preenchia o ambiente, enquanto os convidados transitavam entre conversas e olhares discretos.Isadora nunca foi do tipo que se deixava envolver por ambientes luxuosos, mas ali estava ela, sentada no bar do salão principal, observando as pessoas ao redor com um leve toque de desinteresse. Sua taça de vinho descansava entre seus dedos, e ela girava o líquido suavemente, perdida em pensamentos.Aquela noite não era diferente de tantas outras. Eventos de gala, reuniões sofisticadas, festas luxuosas… Tudo fazia parte do mundo empresarial, e ela já estava acostumada. Mas havia algo diferente naquela noite, uma tensão no ar que ela não conseguia ignorar.Foi então que o sentiu.O olhar intenso queimando sobre sua pele.Isadora ergueu os olhos e encontrou os dele.Do outro lado do salão, um home
O cheiro dele ainda estava nos lençóis.Isadora despertou lentamente, sentindo o corpo pesado, relaxado, como se tivesse sido consumida por horas a fio—e foi. Cada músculo pulsava com a lembrança da noite anterior. O calor da pele dele ainda parecia impregnado na dela, como se Dominic tivesse deixado marcas invisíveis que nem o banho mais demorado conseguiria apagar.Ela virou na cama, esticando a mão no lençol amassado ao lado. Frio. Vazio.Abriu os olhos de repente, piscando contra a luz suave que entrava pelas cortinas luxuosas do quarto do hotel. O relógio digital no criado-mudo piscava um número que a fez prender a respiração.8h47.O coração disparou. Merda!Ela sentou-se na cama de uma vez, o lençol deslizando por sua pele nua enquanto olhava ao redor. Onde ele está? Não havia sinal de Dominic. Nenhum barulho no banheiro. Nenhuma peça de roupa dele espalhada pelo chão. Nenhum bilhete deixado no travesseiro. Nada além das memórias febris da noite passada.Uma irritação inesperad