TIA PEG, HAVANA E ZOE ESTIVERAM fora o dia todo.
Segundo eu sabia, ambas estavam em audiência com o Punho, discutindo o fato de termos Híbridos Das Trevas querendo morder nossos tornozelos. Apesar de tudo, implorei para que nenhuma delas revelasse que Itham era um deles. Nem Hanna sabia ainda, e por mais que a culpa corroesse meus ossos, a coragem de lhe contar a verdade falhava em todo momento que eu ousava abrir a boca no intento de expelir as palavras.
Eu não estragaria as coisas, pelo menos, não naquele dia. O dia em que meu quarto meio que se tornou um ateliê, onde haviam garotas por toda parte fazendo a toalete.
Por garotas, entenda-se: Yohanna Winc
P A R T E III _ O P R A Z E R COM A D O RO Prazer Com A Dor"Se meoferecerem novamente o ano passado,E a escolha entre o bem e o mal me fosse apresentada,Será que eu aceitaria o prazer com a dor?Ou ousaria desejar jamais termos nos Conhecido?"._Cruz e Souza.• • •&nb
OMUNDO HAVIA SE CONVERTIDO num aglomerado de cinzas.Ou parte de Miriad, pelo menos.Cada centímetro ao quadrado da grande floresta que cercava o cemitérioTyet, nas limitações da Catedral Elementar, ou o que restara do incêndio, havia se convertido em cinzas. Espessas e negras. O ar cheirava grandiosamente à vegetação chamuscada. Uma pequena parte do Vale da Brigada Ligeira também tinha seu chão enegrecido, como se toneladas de carvão em pó tivessem sido despejadas esparsamente. A grama destruída se esfarelava abaixo dos pés, e o negrume grosso da fumaça ainda se condensava visivelmente pelos céus, sumindo aos poucos.
O PAVOR AINDA ME CORROÍA NUMA marcha lenta.O peso das descobertas acelerava uma agonia descomunal por minhas terminações neurais mais profundas. Desespero camuflado pelo acúmulo de mais desespero mudo e denso.Sendo consumido. Eron. Como seu pai. O legado demoníaco que não fora vencido e agora voltara assombrar sua vida e a de todos à sua volta. Mais uma vez. Mesmo na sepultura, seu pai ainda o castigava como se Eron fosse seu pior inimigo. E terminaria nele. O fim do fogo sobre a raça Falange. O último puro-sangue que não viveria o suficiente para contar uma boa história.Meu Eron. O mesmo que esmagara e quebrara meu coraç
― Fato chocante número um: ― Hanna apontou o lápis para cima, se pondo a rabiscar algo em sua agenda logo em seguida ― Tríade é a atual prisão das Almas Sombrias de todos os mundos Sombrios mais sombrios existentes. Puxa, só o primeiro item me faz ter uma vontade enfadonha de arrastar minha bunda até lá no próximo segundo. Só que não. Precisamos,realmente, de umsegundo"fato chocante"?Arbo olhava para ela como se três novas cabeças houvessem surgido de seus ombros, direcionando seu olhar azul e tempestuoso para mim logo em seguida.― Quantos problemas mentais acha que ela tem?
VOCÊ SABE QUANDO ESTÁ MARCHANDO PARA O ABISMO.A sensação é horrível.Você caminha, e o chão treme. Instável e sem segurança. Você quer gritar. O medo vem como um soco no estômago. Mas não pode parar, ou a terra pode te engolir como areia movediça.Um passo após o outro.Medo. Passo. Tremor leve. Passo. Dor. Medo.Não existe como fugir.Eu calculava a base de autocontrole que iria precisar desenvolver mentalmente, enquanto o ritual de passagem para o mundo de Tríade era cria
O MUNDO ERA UM REDEMOINHO CONFUSO. Um ciclo vicioso cheio de ondulações errantes.Num momento, eu estava em pé, sobre o chão, sentindo o mundo tremer como se o planeta estivesse se deslocando de seu eixo natural. No outro, o mundo havia se aberto e eu caía na toca do coelho e rolava como um tatuzinho de quintal desgovernado.A sensação de ser puxada para baixo com tanta brutalidade era quase tão ruim quanto a de ser virada ao avesso depois de cruzar uma Passagem.A descida íngreme era apenas uma de minhas preocupações enquanto tentava entender onde eu começava, e consecutivamente, onde terminava. Minha cabeça parecia ter trocado de lugar com as pernas, e depois, meus ombros estavam a frente de tudo e mais adiante, meu quadril rodopiava. Cada pensamento sensato pulou para fora de minha mente. Não havia onde se segurar, n
HAVIAM MUITAS BIFURCAÇÕES, E AS PAREDES SE comportavam como se estivessem vivas. Vez ou outra, uma ondulação estranha nos cercava, ecoando pela terra, a fazendo com que raízes finas se desprendessem da mesma e agissem como braços pútridos e ressecados. Na última vez, uma raiz se prendeu teimosamente nos cabelos de Hanna, e ela gritou tanto, que o teto tremeu, ameaçando despencar sobre nossas cabeças.O lado bom, foi que saímos antes que ele despencasse.E a nova bifurcação possuía um ar interessante.Cheiro de azevinho e folhas secas nos recebeu em forma de brisa, e um brilho intenso e estranho se refletia no teto alto e cheio de depressões estranhas.Uma longa e íngreme ponte de pedras retorcidas se estendia a nossa frente, cujo outro lado, se agigantava dentro da cena na forma de um imenso portal escuro feito de vin
A VISTA POR DE TRÁS DO PORTAL RECOBERTO DE LIQUENS coloridos foi apenas mais uma surpresa.Depois de um longo túnel muito semelhante ao qual havíamos percorrido, a vegetação passou a mudar, de morta e aparentemente bipolar, para aceitavelmente mais viva, mas ainda não verde. Ao invés de verde, as folhagens apresentavam uma coloração semelhante ao vinho envelhecido. Algumas raízes chegavam a serem vermelhas, tão vivas quanto a pimenta. Quando a luz começou a verter em abundancia pela abertura a frente, um céu acinzentado, cujas cores escuras carregadas pintavam nuances como a tela de um pintor enlouquecido, nos saudou com sua dose de realismo.Quando apontamos abaixo da entrada, meu queixo voltou a cair. A paisagem parecia, de fato, um quadro não muito elaborado nos detalhes, cujas técnicas em pastel eram apreciáveis e