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7-ATITUDES SEM SENTIDO

****FELIPE SOSSMEIER****

Tive mais uma discussão com Britney, definitivamente, não dá mais para nós dois.

Mais uma vez ela extrapolou o limite, primeiro foi o remédio para Chloe, agora essa situação humilhante com Lia.

O problema não é a faxina em si, os trabalhos domésticos são muito dignos. A questão aqui é o fato de Liara não ter vindo para essa função e como Britney tratou a moça.

Contudo, antes de resolver meu relacionamento, tenho algo mais importante com o que me preocupar, minha filha precisa de mim no hospital.

Após um rápido banho, pego alguns objetos pessoais e estou pronto para ir ficar com a minha princesinha.

Atravesso o quarto, mas antes de alcançar a porta, Britney volta a puxar assunto.

— É por causa dela, não é?

Reviro os olhos impaciente, me viro e encontro seu rosto inchado de chorar. Sinceramente não sei onde sai tanta lágrima. 

— Britney, não sei do que está falando e nem tenho tempo para as suas loucuras. O médico da Chloe está esperando, gastei mais tempo do que desejava nessa passada por aqui.

Levo a mão na maçaneta da porta, um objeto de vidro passa zunindo pela lateral da minha cabeça e se estilhaça na parede.

— Você enlouqueceu de vez? — volto meu olhar para ela, furioso.

— É tudo culpa dela, dessa brasileira. — grita histérica — Confessa, vocês eram amantes no Brasil e como sua mãe nunca gostou de mim, mandou essa desclassificada para tomar o meu lugar.

A encaro perplexo, me pergunto como pude manter por tanto tempo uma relação tóxica e deprimente.

— Como eu disse, não tenho tempo pras suas sandices. MINHA FILHA precisa de mim. 

Saio e bato a porta. No mesmo instante ouço o barulho de mais alguma coisa quebrar contra a madeira, mas não ligo.

Escuto vozes e risadas vindas do quarto de Chloe, do corredor vejo Liara e Diana conversando como melhores amigas, o que me deixa contente, já que não consegui dar a devida atenção para a menina.

— O que estão fazendo? 

Lia parece tensa ao me ver, será que tem medo de mim?

— Ah, irmão. Sua amiga é um doce, adorei saber que alguém assim vai tomar conta do nosso pequeno raio de sol.

— Tenho certeza que sim. — respondo e observo que Liara ainda não tirou o uniforme ridículo. — Lia, por que ainda não tirou essa roupa? Você não tem que usar isso nem limpar nada.

— Eu sei. — ela relaxa e oferece um sorriso aberto — É que antes de vocês chegarem, eu tava limpando o quarto da pequena. Quero que ela volte e encontre tudo limpinho e cheiroso.

Belas covinhas se formam na sua bochecha quando contrai os músculos da face. Perco-me admirando a moça sorridente e linda.

De repente, percebo que cada vez que estamos perto, meus olhos são atraídos para ela como abelha para o mel. Respiro fundo, controlo esses pensamentos e volto a focar no que importa.

— Obrigada, por isso, Lia. Agora preciso ir, o médico da Chloe espera por mim.

— Encontramos você daqui a pouco, vou Levar Liara comigo. Do hospital vamos sair para jantar e comprar um telefone para ela.

— Não precisa, Diana. — a moça protesta tímida.

— O que houve com o seu aparelho? — questiono e me dou conta de que nem o número dela eu tenho.

Que idiota eu sou. A garota chegou há dois dias e sei menos sobre ela do que a minha irmã que a conhece faz poucos minutos.

Lia abaixa a cabeça, envergonhada. 

— Eu precisei vender quando minha mãe adoeceu, não consegui comprar outro antes de vir.

— Merda!

Subo o tom de voz e as duas se assuntam.

— Desculpe, Lia. Com toda essa confusão eu esqueci completamente que você tem uma questão financeira para resolver no Brasil. Minha mãe me disse ser algo urgente.

— Sim, mas não se preocupe. A gente resolve quando Chloe voltar pra casa.

— Nada, disso. — Diana se intromete — Eu resolvo para você maninho e a gente acerta depois.

— Ótimo! Veja tudo que precisa com Diana, Lia.— falo parado na porta — Até daqui a pouco.

Saio e encontro Britney parada no fim do corredor.

— Vou com você. Afinal, Chloe também é minha filha.

Surpreso, ergo uma sobrancelha, comentando sarcástico.

— Que bom que se lembra disso. Mas vá no seu carro, eu não volto hoje.

Rebolando, como se estivesse na passarela, minha ex, ou quase ex, nem sei como definir nossa situação atual, passa por mim em direção à saída.

Não sei se ela pensa que o charme dela ainda me atrai, mas se for isso, está perdendo tempo.

Britney é realmente uma mulher muito bonita, quando a conheci era apenas sexo, mas fui me envolvendo e me deixei levar pelo seu charme, ela era alegre, estava sempre disposta e pronta para qualquer ocasião.

Admito que foi cômodo tê-la ao meu lado nesses três anos, principalmente para os negócios. No entanto, não a admiro mais, nem por ser bonita. 

Até engravidar, cada um morava em seu próprio apartamento, ela viajava com frequência e nossos reencontros eram sempre tomados pela luxúria.

Durante a gestação, Bri mudou-se de vez para a cobertura e só então tive a real percepção de quem ela é. Uma pessoa superficial e fútil, que só sabe manipular os outros para conseguir o que quer. Seu comportamento destemperado com todas as babás contratadas e agora com Liara, só demonstram o quando estive cego sobre ela esse tempo todo.

Além disso, o que fez com Chloe foi o estopim. Por um momento, até cogitei a possibilidade de continuarmos juntos e tentar ser uma família, pelo bem da nossa filha, mas hoje entendo que isso não será possível.

No estacionamento do hospital, Britney para o carro ao lado do meu. Entramos juntos e vamos ao encontro do médico.

— Sua filha está fora de perigo, mas ainda vamos repetir alguns exames antes de liberá-la para casa.

— Posso ficar com ela? — pergunto ansioso por vê-la.

— Claro, sua menina está vindo para o quarto, esperem aqui.

— Obrigado, doutor Reuters.

— Não por isso. Tem meu contato, se precisar, ligue.

Logo que o médico sai, uma enfermeira entra trazendo o meu bem mais precioso.

O soro continua conectado ao seu pequeno bracinho, mas ver a minha menina sem todos aqueles tubos e aparelhos já é um grande alívio. 

Assim que a enfermeira a coloca em meus braços, deixo a emoção transbordar.

— Olá, princesinha. Seu papai está morrendo de saudade. 

— Ela dormiu há poucos minutos. — a enfermeira informa — Tomou banho e ingeriu toda a porção da mamadeira.

— Obrigado.

Cuidadosamente a ponho na cama. Por mais que queira ficar grudado nela, sei que ainda requer cuidado e o repouso é importante.

Britney para ao lado da cama e percebo sua indecisão, ela realmente não sabe como agir perto da filha.

— Se quiser, pode beijá-la ou fazer um carinho. — incentivo 

— Tudo bem, não quero acordá-la.

Sinceramente, não entendo o que ela veio fazer aqui, mas também não vou iniciar outra briga.

Enquanto meu anjinho dorme, acaricio seus cachinhos castanhos. Nesse quesito ela se parece com a mãe. 

Na verdade, fisicamente Chloe é muito mais parecida com Britney.

— Ela se parece com você. — falo para ver se ela expressa alguma reação carinhosa com a menina.

Recebo um sorriso fraco em resposta e ela para ao meu lado.

— Não sei, mas acho que ela tem os seus olhos.

— Isso com certeza, mas no resto, é toda você. 

— Espero que seja só no aspecto físico. — Diana aparece na porta acompanhada de Liara.

Britney fecha a cara, as outras duas entram, higienizam as mãos e ficam do outro lado da cama.

— Como ela está? — Liara questiona sussurrando para não acordar a bebê.

— Bem melhor e fora de perigo. Mas ainda precisa do soro e vai repetir alguns exames amanhã.

— Logo, logo nosso raio de sol vai estar conosco em casa. Tudo vai ficar bem! — Diana se mostra otimista.

— Não creio que um quarto cheio de gente seja bom para a recuperação da minha filha.

Britney levanta o tom de voz e Chloe choraminga.

— É mesmo? — Diana a encara com as mãos na cintura — Conte-me mais sobre esse seu súbito interesse no bem-estar da minha sobrinha.

— Vocês duas, parem agora. — ralho — Chloe precisa de uma ambiente tranquilo para se recuperar.

— Desculpe, irmão. Mas não consigo ficar quieta diante de tanta falsidade.

Minha filha chora e prontamente Liara a pega no colo, tomando o cuidado com o soro. Vejo todo carinho e cuidado que tem com a minha menina.

— Oi lindinha da tia Lia. É um prazer conhecer você mocinha. 

Chloe olha atenta para Lia, penso que ela vai chorar por não encontrar um rosto conhecido, mas a pequenina nos agracia com seu sorrisinho banguela.

— Oh, que linda da tia Didi! — minha irmã fica ao lado de Liara.

As duas mimam nosso anjinho por alguns minutos enquanto a mãe da minha filha permanece estática. 

Sabe aquela criança que não quer um brinquedo, mas fica com uma tromba quando outra chega e brinca? Essa é a perfeita definição para a postura de Britney agora.

Depois de muito babar sobre a minha filha, Liara e Diana se despedem de Chloe, que agora está acordada, mas sonolenta.

Britney não demora muito a ir embora, ela sequer beija ou faz carinho na filha antes de partir. Por um momento cheguei a reacender a esperança de que ela pudesse mudar e houvesse uma aproximação entre elas. No entanto, o comportamento distante com a menina, só aumentou a certeza de que seremos eu e minha pequena contra o mundo, e devo confessar que tenho um puta medo de fazer tudo errado.

— Tudo bem, princesa, você tem o seu papai que lhe ama muito. — deposito um beijo em sua testa e a pequena esboça um sorriso preguiçoso com sua boquinha sem dentes.

— Você é meu raio de sol e eu serei o seu porto seguro sempre e para sempre.

Nãna Nascimento

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