FlorAvenida AtlânticaTermino o beijo com Diego e ao olhar pro lado me assusto com um homem alto, forte, com os braços músculosos cruzados e encostado na coluna que havia próxima ao balcão da cozinha aparentemente nos observando. Ele era um homem bonito, em torno de uma trinta e cinco anos no máximo. Cabelos escuros bem cortados estilo aviador, olhos cor de mel, muito bem vestido, e com um olhar intimidador. Eu não sabia quem ele era, mas seu olhar era de total reprovação a cena que ele presenciava. Ele não esboçava nenhuma reação, continuava sério olhando tanto para Diego quanto pra mim. Cheguei até a sentir arrepios e um certo medo por estar sendo observada por um sujeito como ele. E o pior de tudo foi pensar que ele entrou aqui e nem sequer percebemos. Como ele havia feito isso se esse condomínio é cheio de seguranças espalhados por todos os lados? Até então eu não tinha essa resposta, mas tudo mudou quando Diego o olhou dizendo: — Diogo? O que tá fazendo aqui irmão? — Di fala
NarradorEnquanto Flor permanecia paralisada olhando através da janela e buscando pensar numa estratégia para sair daquela situação, os irmãos Arantes continuavam no escritório conversando. Ou melhor, Diogo continuava tentando mostrar a realidade e gravidade da situação em vão para Diego. Pois, o mesmo já tinha fixo em sua mente qual seria seu objetivo final: ficar com a Flor até o fim e passar por cima de quem fosse para conseguir isso... Até mesmo da sua família!>>Ainda no escritório — Tá vendo aquele cara ali do lado se fora do portão do condomínio parado ao lado da moto vermelha? — Diogo fala levantando as persianas que tinha na janela com vidros a prova de balas, com as pontas dos dedos— Tô. O que tem demais um cara fumando parado numa moto? Você perdeu o juízo de vez Diogo. Esse lance de lidar com bandidos todos os dias te deixou neurótico e paranóico. — Diego fala irônico tentando se afastar, mas Diogo o segura pelo braço e continua falando— Não teria nada demais se ele não
[Flor Narrando]Rodopiamos tanto pela cozinha que até fiquei um pouco tonta. Depois nos sentamos na mesa e eu mostrei tudo o que preparei para o nosso café. Diego não acredita que fiz esse milagre em tão pouco tempo, mas o importante era ele estar feliz... ele é um ser humano único e merece toda a felicidade desse mundo. E se dependesse de mim assim seria.Logo começamos a comer e conversar um pouco sobre tudo o que aconteceu ontem à noite. Imaginei que ele pudesse comentar algo sobre o Kikito estar lá fora, mas não. Parecia que a conversa com o tal irmão mal humorado não havia existido, porque Di continuou sorridente e brincalhão como sempre. Bom... talvez seja melhor as coisas estarem assim e quem sabe ele não tenha acreditado em nada do que o irmão deva ter falado pra ele. Mas, uma coisa era certa. Eu preciso dizer quem realmente eu sou e principalmente de onde eu vim antes que o Di descubra por outra pessoa e perca a confiança em mim. Se isso acontecer será muito triste, pois com
"Não desista hoje, amanhã pode ser o dia pelo qual você tanto espera."××××××××××××××××××××××××××FlorCemitério do Caju/RJMe aproximo do Nando imaginando que ele pudesse demonstrar algum gesto de carinho, tivesse sentido a minha falta ou até mesmo que existisse dentro dele algum resquício de humanidade ou sentimento por mim. Mas, infelizmente não foi isso o que aconteceu e mesmo que me doa afirmar, mas definitivamente meu tio é um monstro e ser chamado de Animal ainda é um elogio diante de tudo o que meus olhos estão presenciando. Antes eu sentia medo dele, mas hoje só consigo sentir dó por perceber o quanto ele está sozinho, perdido e cada vez mais amargurado. Enfim... definitivamente o Nando é um caso perdido e somente um milagre para fazê-lo mudar. Porque pelo visto nem mesmo a morte de tantas pessoas, incluindo do próprio irmão, conseguiu fazer com que ele enxergasse o verdadeiro significado da vida.Continuo parada o observando pensando comigo mesma: "Será que desisto ou insi
"Seja a pessoa que ninguém acreditou que você seria."×××××××××××××××××2 meses depoisZaya "Ninja"O tempo passou feito foguete e continuo na mesma... parada, desmotivada, sem força pra nada e pior do que nunca. Depois daquele dia que estive no quartel, nunca mais tive contato com o Daniel. Ele já havia deixado bastante claro e evidente que não me ajudaria em absolutamente nada. Então, porque eu procuraria por alguém que encolheu as mãos quando eu mais precisei? Continuei tentando descobrir o paradeiro daqueles malditos assassinos, mas estava muito difícil descobrir alguma coisa. Eu precisava de um hacker para invadir o banco de dados da Polícia Federal e assim conseguir algum tipo de pista que me levassem a esses malditos. Mas, nem para isso eu tinha forças. Não sei o que estava acontecendo comigo, eu sabia o que precisava fazer, mas não tinha forças para lutar. Algo estava me prendendo e até então eu não sabia o motivo. [...]Fred até que tem tentado me animar um pouco e mostrar q
ZAYA "Ninja"Continuo parada observando atentamente todas as trocas de olhares entre Diogo, Daniel e o Frederico. E a cada passo e gesto que cada um deles faz tenho mais certeza de que não devo confiar em ninguém, além de eu mesma.Ninguém é confiável nesse momento, nem mesmo a minha própria sombra. Porque até ela quando eu estive no escuro durante esses meses me abandonou. Definitivamente estou sozinha e só tenho a minha vontade de fazer justiça para me fortalecer, além de me ajudar a não fraquejar justamente agora. Já chega de chorar, de me lamentar... lágrimas e muito menos murmurações vão fazer o tempo voltar. O que está feito, está feito e nada vai mudar... nada será como antes... muito menos eu voltarei a ser a mulher bondosa, generosa e que tinha um brilho no ar cheio de esperança de dias melhores. Hoje tudo isso acabou, e só o que me resta é a dor da saudade... saudade de algo que nunca mais voltará a acontecer.Eu continuarei com meu luto eterno, mas também será através dele
ZayaEles continuam falando, porém eu não ouvia absolutamente nada. Eu continuava pensando numa maneira de conseguir chegar nos dados do inquérito do caso do Henry e nas fichas da delegacia o mais rápido possível. Eu precisava encontrar o nome daquele desgraçado, um rastro, seus pontos fracos e quando descobrisse seria ali que eu iniciaria a minha luta. Mas, nada que eu pensasse seria possível fazer sozinha, a não ser uma coisa e era isso mesmo que eu faria. Eu comecei isso sozinha, e assim iria até o fim. Olho para o relógio na parede, já passavam das oito da noite e eu precisava me preparar para logo mais. Mas, com esses três aqui dentro dessa casa isso não seria possível. Então, dei logo um jeito de expulsa-los daqui o mais rápido possível. Saio da sala em silêncio e vou até a cozinha fingindo procurar algo para comer na geladeira. Pego um papel e começo a escrever uma lista imensa de itens que possivelmente estariam faltando na dispensa. Afinal, já faz mais de dois meses que não
ZAYAAlgum tempo depoisAo sair daquela delegacia o nome do tal sujeito que estava no inquérito não saia da minha cabeça: "Fernando Lopez". Isso só poderia ser uma coincidência ou uma brincadeira do destino. Minha cabeça estava a ponto de explodir e acabei parando na orla da praia do Leblon para espairecer um pouco ou essa adrenalina ia acabar me matando. Estacionei a moto próximo ao calçadão, tirei o capacete colocando no cotovelo esquerdo e segui para a areia. Eu sempre fazia isso quando precisava pensar, tomar uma decisão difícil ou me afastar de todos. E esse era um desses momentos. Sentei na areia e tirei a pasta com o caso do meu menino de dentro da minha camisa. Começo a folhear e confirmo que era mesmo o tal nome "Fernando López" que estava como principal suspeito, mas ao lado entre parênteses tinha algo escrito. Aperto um pouco os olhos e consigo ler... estava escrito: (Animal)."Então é isso! O tal pingente de diamante com a letra "A" significa Animal." — penso"Realmente c