Fomos unânimes em dizer que não, até Kamis. Disse que talvez se lembrasse, conforme a tia fosse contando:
- Em mil novecentos e vinte e pouco, na época em que os casamentos eram arranjados pelos pais. Havia uma família bem humilde; um casal e seus seis filhos. Eram fazendeiros, trabalhavam na lavoura, e os filhos os ajudavam desde muito pequenos. Cada um tinha sua responsabilidade, antes ou após a escola.
“ Com idade entre dois anos a quatorze, os mais velhos, ajudavam os pais, seja no cuidado dos menores ou a trabalharem na lavoura. Era uma vida difícil e de luta. Lavínia era a filha mais velha. Acabara de completar quatorze anos. Ajudava a mãe nos afazeres domésticos e cuidar dos irmão mais novos. Dois irmãos iam com ela para a escola bem cedo. Acordava, bem antes do sol
“ Lavínia se deprimiu e chorava dia e noite. Ansiava por dividir isso com seu amado e mal podia esperar para revê-lo.”“O casamento se daria na data em que ele disse que viria e o grande dia chegou. Alguns amigos e parentes estavam já na capela da igreja esperando pela noiva. O noivo parecia um jovem e que seria seu primeiro casamento. Lavínia não dormia há semanas, e no dia de seu casamento chorou a noite toda. Em soluços, deixava sua mãe a lhe trançar os cabelos e lhe vestir o vestido branco. Era começo da noite quando o padre estava já no púlpito, preparado para a cerimônia, todos alheios ao desespero da garota ou ao seu coração que sangrava. Na ante sala da igreja, ela esperava pela marcha nupcial, com o véu a lhe cobrir o rosto, ela quase não viu quando Benício
- A madrinha de Rick, o garotinho, estou dando nome por conta própria à maioria dos personagens, porque não sei os nomes. Pois bem, a madrinha e mãe dele um certo dia, conversavam baixinho sobre ele, a madrinha perguntava se ele estava melhor?- Como ele está?- Muito melhor. Há meses não menciona o nome de Bárbara.“ Elas falavam da melhor amiga de Rick que havia desaparecido há quase um ano atrás. Havia cartazes dela por todos os lados, pregados em postes, em caixas de leite, ela nunca foi encontrada. Isso abalara demais o garoto, que ficou por meses sem dormir e quando dormia, era assolado por pesadelos terríveis. Sua mãe tinha muita paciência com o filho e dizia que as crianças são mais for
“ Correu como nunca antes em sua vida. Passou por lugares mais claros, as sombras o assustavam, passou por lugares escuros e soluçava de medo, mas não olhava para trás, apesar de ouvir o tropel atrás de si.”“ Parecia que estava no final daquele circo macabro. Viu ao longe,luzes de postes, pareceu-lhe uma rua, correu para lá. Antes de atravessar a rua, olhou para trás por um segundo. Viu que as crianças atrapalhavam o palhaço a persegui-lo. Elas faziam como que uma barreira o atrasando e isso fez com que ele corresse ainda mais rápido.”“ E, uma esquina, ele parou para recuperar o ar. Seu coração batia muito rápido. Não ouvia mais os passos de ninguém. Ele se agachou escondido e fechou os olhos. Com medo de abri-los, mas se não
- Ah, tia, me deixe contar uma rapidinho? Quando você contava essa história, me lembrei de uma que ouvi na escola, uma vez - Pediu Kamis.- Claro, é bom que descanso um pouco a garganta - Respondeu a tia, tomando um gole de seu vinho.- Então, essa é a de um garoto, também, vou fazer como a tia e dar o nome do garoto de Patrick; Ele morava em um bairro com bastante crianças - Começou Kamis. “ - “ Viviam brincando por ali, juntavam-se e era só algazarra, típico daquelas ruas,onde muitos amiguinhos se juntam para brincarem”“ Havia uma casa abandonada no meio de uma grande propriedade de terras, que passava de geração em geração, nunca nenhum morador morarara ali. a casa es
A noite e madrugada no churrasco na casa de Kamis, foi maravilhoso. Pedimos desculpas para tia Itassira por tê-la exaurido, ávidos por histórias. Ela sorriu e disse que foi tão bom para ela contar, como para nós em ouvirmos, disse ainda, que tínhamos que marcar outra rodada daquelas, pois ela não havia contado nem a metade do que já ouvira. Passamos dias relembrando e esmiuçando cada conto que ela havia nos contado.Voltamos para nossa rotina no elevador. Nos encontrávamos no almoço muitas vezes durante a semana, e os papos nunca tinham fim.Quem contou mais uma história no elevador, foi Kamis, pois na sucessão que contávamos no elevador, era a vez dela:O CONTO DE KAMIS pancadaria.”" Ela contava que quando ela e a irmã, tinham, por volta de quatro anos em uma noite que seu pai chegou cambaleando de bêbado. Já anoitecia, mas ela não sabia calcular horas, e sua mãe sempre lhes dizia que quando seu pai chegasse em estado diferente, que era alcoolizado, que ambas fossem para seu quarto e fingissem estarem dormindo, para que ele não as espancasse também. Muitas vezes isso ocorria e elas ficavam deitadas juntas chorando e pensando em intervir, porém o medo do pai era maior, e a obediência à mãe falava mais alto, pois pensava elas, que se nem a mãe que era grande conseguia controlá-lo, quem seriam elas duas, tão pequenas?”" Nessa noite em específico, a mãe delas as chamou para saírem, darem uma volta at&eCAPÍTULO DEZESSEIS PARTE DOIS
"A mulher que segurara as meninas, as soltou e elas correram a abraçar as pernas de sua mãe. Sua mãe fez, o que parecia um ritual de falar as palavras que o pastor lhe indicava, dizendo que se entregava de corpo e alma a Jesus e também entregava sua família, ela, inclusive se inscreveu para o próximo batismo, que seria no próximo mês, em um rio em uma cidade próxima, onde mais pessoas também se batizariam e se tornariam um membro ativo da igreja."" Ao saírem dali, sua mãe estava animada. Ela tranquilizou as filhas dizendo que o mal fora afastado e que agora suas vidas seriam mais felizes e em paz. Sua mãe não teve pressa em voltar para casa, sentou-se em uma praça com as meninas, comprou pipocas de um carrinho que estava parado na praça, e parecia estar em êxtase, o que contaminou as menina
Conhecemos Sávio, um rapaz muito alegre e animado, que quase sempre pegava o mesmo elevador que a gente. Ele gostava de ouvir nossas histórias, isso quando Kamis permitia que ele subisse conosco. Achava nosso grupo animado e sempre sorria ao nos ver. Há tempos ele nos pedia para contar um caso que acontecera à ele mesmo, e um dia o chamamos para que ele nos contasse sua experiência.Sávio iniciou a narrativa, porém não deu tempo sequer dele começar a contar e logo tivemos que descer e ir trabalhar. Ele combinou com a gente de tomarmos um sorvete na sorveteria próximo ao prédio que trabalhávamos, na hora do nosso almoço, ou ao final do expediente, já que estaríamos todos tranquilos. Conseguimos conciliar de estarmos todos em uma praça, há dois quarteirões do prédi