Observo o lindo manto que a lua brilhante e majestosa na sua fase cheia banha com a sua luminosidade a imensidão celeste, assim como noto a sua luz passar por entre as árvores, banhando os restos do que foi uma batalha sangrenta. Deitado aqui, entre os mortos, a única coisa que penso é no meu arrependimento de ter vindo para essa maldita ilha no extremo asiático por causa deles, os famosos samurais.
Esses malditos mortais estão cada vez mais insuportáveis. Pensam serem deuses na Terra devido à sua tecnologia bélica. Sempre preferi lutas corpo a corpo, pois sem dúvida alguma, decapitar umas cabeças e decepar membros com a minha lâmina sempre foi formas muito saborosas de matar. Se eu não fosse exatamente quem sou, com certeza também estaria morto como esses corpos ao meu redor, com esse ferimento no meu peito feito com essas malditas armas que, apesar de não me destruírem, doem um bocado.
É estranho pensar que resolvi vir aqui só para poder matar com a minha espada, assim como esses samurais faziam. Agora que o homem e as suas engenhocas estão acabando com a beleza que as guerras proporcionam através de uma boa lâmina, o que vai ser de mim? Voltar a lutar contra os antigos inimigos?
De qualquer maneira, terei que voltar para um dos meus antigos lares e esperar que algo aconteça, pois, faz alguns séculos que não vejo mais nenhum dos antigos inimigos. O meu pai bem que podia recomeçar a influenciar a humanidade novamente para que algo interessante aconteça, apesar que soube, por um dos meus soldados, que a minha velha está na Terra se fazendo passar por uma rainha de um dos reinos da Europa.
A minha genitora, sem dúvida, deve estar com muita sede para deixar o nosso lar e vim viver entre os mortais. Talvez, seja uma boa época para visitar a família, afinal faz um bom tempo que não vejo a rainha dos condenados.
Mas… Espera… Onde estou dessa vez? De repente, sinto o meu corpo flutuar até as copas das árvores. Ao olhar para baixo, vejo o mesmo rosto de tantos outros sonhos. Quem é ele? Por que todas às vezes que o vejo está dentro de alguma batalha sangrenta?
Desta vez, está rodeado de corpos vestidos com armaduras dos antigos samurais, assim como ele próprio. O estranho guerreiro se levanta lentamente, tira a sua armadura, tendo o cuidado de não fazer nenhum ruído.
Em seguida, olha para todos os lados como se estivesse se certificando que não há ninguém olhando. Como poderia haver? Estão todos mortos! Percebo que os seus olhos ficam vermelhos como sangue, assim como o seu corpo que começa a brilhar num tom rubro.
O brilho se intensifica se transformando numa energia que passa a se concentrar nas suas costas e… Nossa! A energia se transforma num par de asas gigantes, negras, como as dos morcegos, então como se eu não existisse, ele levanta voo para a imensidão celeste passando através de mim, me assustando.
A imagem se desfaz numa nuvem por um breve momento. Em seguida, uma nova imagem surge diante dos meus olhos. É a Avenida Paulista em São Paulo, estou flutuando sobre um edifício, o vento sopra forte e relâmpagos anunciam a chegada de uma tempestade. Logo as gotas se precipitam fortemente sobre o meu corpo. Olho ao meu redor e percebo que estou novamente com as grandes asas negras. Nossa! A plumagem delas é realmente linda!
Misturados aos ruídos dos trovões, escuto barulhos estranhos vindos do outro lado do topo do prédio. Quando olho na direção do som, deparo-me com dois vultos lutando com espadas estranhas. Uma delas é prateada tão brilhante quanto o sol do meio-dia. A outra é tão negra como a mais escura das noites.
Não consigo ver quem está lutando devido aos mantos negros com capuz, além da chuva que cai torrencialmente, porém consigo distinguir um terceiro vulto um pouco mais distante dos outros e… Parece que conheço aquela figura. É… A minha mãe, parece que está gritando com aquelas formas escuras e indistintas.
Tento chamar por ela, mas a minha voz não sai. Os dois guerreiros encapuzados batalham, ferozmente, com as suas espadas, tentado acertar um ao outro, mas sempre conseguem se esquivar no último segundo. Tento gritar o nome da minha velha no mesmo instante que me aproximo deles, porém antes de chegar perto o suficiente, a sombra que está com a espada brilhante desarma o seu oponente, a lâmina negra sai voando acertando o peito da minha mãe. O meu desespero é tão grande que grito com toda a força, chamando por ela.
— Sara! Acorde! — Uma voz muito longe me chama no meio da escuridão que se formou na imagem — Sara! Acorde! — A voz parece mais perto, mas não é da minha velha, é… É a voz do Júlio.
— O que… Você… Está fazendo… Na minha casa? — resmungo baixo sem abrir os olhos. Estou com tanto sono! — Por que… A minha velha… Te deixou entrar?
— O quê? Você não está em casa. Esqueceu onde está?
As palavras dele me fazem abrir os olhos e sentar-me rapidamente. Droga! Tinha me esquecido desse pesadelo! No entanto, o pior é que ao me levantar rápido demais, o mundo começa a girar e a minha visão fica turva, me fazendo colocar as mãos no rosto. Droga! O que está acontecendo comigo?
— Vai com calma. — O Júlio coloca uma das mãos sobre a minha cabeça — Você dormiu por três dias e estava tendo um pesadelo agorinha mesmo.
— Três dias?! — exclamo ao encarar os seus olhos — Como assim três dias?
— Três dias de Kalinthum, garota boba. — declara Rylo na sua forma de pantera gigante ao meu lado.
Nossa! Só agora reparei! Estão todos próximos da minha cama improvisada, como se estivessem velando algum moribundo no seu leito de morte. Até mesmo a Monyck e o Noluckin estão aqui! Será que estou tão mal assim, porque os seus semblantes variam da preocupação para a alegria?
— Vocês têm muito que explicar! — digo ao passar as minhas mãos no rosto.
— Antes de qualquer coisa, gostaria de se alimentar? — diz Zarphiruus andando em direção à mesa.
— Não! Não vou beber aquela coisa de novo! — tento levantar-me, mas sinto as minhas pernas muito fracas.
— Ei! Calma aí, minha esquentadinha! — O Júlio e o Rylo amparam-me cada um de um lado.
— Apesar do seu corpo necessitar de sangue, também precisa de comida de verdade, por isso não é exatamente sangue que estou oferecendo. — O Zarphiruus se aproxima com um belo prato de comida.
O meu estômago ronca estrondosamente quando admiro uma bela coxa de ave assada, legumes cozidos, além de arroz com feijão. Nossa! Sinto uma saudade da comida da minha velha. Arroz com feijão é sua especialidade.
O Júlio me ajuda a sentar melhor, assim como ele próprio se posiciona ao meu lado na cama, em seguida o Zarphiruus me entrega o prato de metal. Antes mesmo deles me mandarem comer, começo a devorar o meu alimento.
— Agora que ela parece estar melhor, podemos começar a preparar a nossa partida, Zarphiruus? — O Worwyck encara o feiticeiro mentiroso.
— Sim! Vocês dois querem realmente ajudar? — O Zarphiruus questiona olhando para o demônio e a bruxa.
— Com certeza! Não perderemos isso por nada! — A Monyck responde abrindo um meio sorriso — Quero ver a cara da rainha se a Sara a desafiar, não é, Noluckin?
O demônio apenas assente com a cabeça que ainda continua coberta com o capuz. Por que ele não tira isso?
— Certo! Então, acompanhem o Worwyck e o ajude no que vocês puderem. — o feiticeiro mentiroso continua olhando para os dois com certa incredulidade.
— Nós vamos voltar para a Terra. Precisamos dar uma desculpa na escola para que não desconfiem da nossa saída tão repentina. — Dona Shirley encara o dono da casa.
— Isso sem falar que precisamos arrumar provisões para a viagem. — O Romeu declara olhando para a Shirley e a Jaqueline.
— Nós vamos juntos. — O Fernando encara o Gustavo, em seguida olha para a Alessandra e a Bianca — Também temos que arrumar uma desculpa, assim como devemos falar com os nossos pais. Não acredito que seja uma viagem fácil e nem que será rápida.
— Sem dúvida! — O feiticeiro mentiroso olha para os meus amigos com semblante preocupado — Todos já sabemos dos perigos que nos aguardam.
— Eu vou ficar. — O Júlio finalmente se pronuncia olhando para mim, depois volta o seu olhar para os amigos — Avisem a minha mãe, por favor.
— Com certeza vai ficar, Romeuzinho! — A Bianca brinca abrindo um grande sorriso — Quem irá se atrever a separar você dela? Agora que finalmente estão juntinhos, nem reza brava separa vocês!
As palavras dela fazem as minhas bochechas queimarem feito brasa viva. Droga, Bianca! Tem sempre que ser tão sincera? Nem posso retrucar devido à minha boca cheia. Ela e a Alessandra dão uma risadinha ao reparar o meu semblante envergonhado.
— Muito bem! Todos ao trabalho! — O Zarphiruus ordena com a sua voz autoritária — Vocês também sabem o que devem fazer. — encara o trio de aprendizes de feiticeiros e eles acenam afirmativamente com a cabeça.
Maldito feiticeiro mentiroso! Fica dando ordens para todo mundo! O que está pensando? Você, mais do que qualquer um, tem muito que me explicar! Além disso, aonde eles vão? Que viajem é essa que irão fazer? Será que é para resgatar a minha mãe? Se entendi bem, ela foi levada por aquela mulher, ou melhor, por aquela vampira. Vampira… Isso tudo é surreal demais para mim!
Todos eles saem da casa, sobrando apenas eu, o Júlio, o Rylo e esse feiticeiro mentiroso, só de me lembrar da sua mentira, sinto a raiva surgir e ferver o meu sangue.
— Pode começar a falar, feiticeiro mentiroso! — exclamo encarando ele, após engolir um pedaço de ave.
— Também estou esperando algumas explicações dele. — O Júlio olha para o Zarphiruus, franzindo a testa — Até agora, só me enrolou.
— Você também me deve algumas explicações, senhor Júlio. — dou um leve tapa no braço dele.
— Ah… Vou pegar mais toras para o fogo e deixá-los conversar. — murmura o feiticeiro e antes que eu pudesse retrucar, ele some para o exterior, seguido pelo Rylo.
— Maldito feiticeiro mentiroso! — rosno colocando o prato ao meu lado — Mas você não vai fugir das minhas perguntas! — encaro os olhos do moreno.
— Se bem me lembro, quem gosta de fugir é você, minha esquentadinha. — O Júlio acaricia o meu rosto — Senti muito a sua falta lá na Terra e olha que só tinha passado um dia.
— Espera… Mas… Quantos dias estou aqui?
— Um total de oito dias de Kalinthum, por quê?
— Não pode ser! — digo franzindo a testa — Eu dormi tanto assim?
— Acho que é porque o seu organismo ainda não se acostumou com a mudança, mas logo isso vai deixar de ser um problema, aconteceu o mesmo comigo e com os outros.
— Mas isso quer dizer que, já completei os meus dezesseis anos! Estou ficando velha mais rápido! — choramingo.
— Não exatamente. — mostra um sorriso travesso — Os nossos organismos seguem o tempo da Terra, por isso no começo dormimos mais que qualquer um aqui. Os nossos corpos podem se acostumar aos outros planetas, mas seguem as regras da Terra. É claro que, por nós sermos diferentes dos humanos comuns, o nosso tempo já é um pouco diferente do deles, pois, depois que completamos a transformação, não envelhecemos tão rápido quanto eles. Você consegue entender?
— Ah… mais ou menos. O que você quis dizer com “completar a transformação”? O que é você?
— Sou um nefilim.
— Explicou tudo! — reviro os olhos para ele, fazendo-o rir.
— Filhos de anjos com humanos são chamados de nefilins. Na história antiga dos mortais, aparecemos como gigantes poderosos e muito malvados, mas a verdade é um pouco diferente. Temos muitos poderes adquiridos dos nossos pais poderosos, mas não somos imortais como eles. Bom, pelo menos, não se vivermos fora da guerra, em algum momento das nossas vidas envelhecemos e morremos, diferentemente dos nossos pais que só podem ser destruídos por uma Unucky.
— Unucky?
— Espadas negras que, na verdade, eram as brilhantes Acrux até serem banhadas com o sangue negro dos demônios e, assim, serem transformadas na única arma capaz de matar um anjo. Infelizmente essa arma também pode nos destruir, assim como as nossas meias almas. Por sermos parte anjo, parte humano, nós temos metade do que seria uma alma, enquanto os anjos não possuem alma alguma. Então, quando um anjo é destruído ele desaparece para sempre. Esse é um dos motivos dessa maldita guerra.
— Acho que é muita informação para um único dia, mas… Então, é por isso que você percebia que eu me perdia nos meus pensamentos e também os seus olhos mudam de cor, isso sem contar na sua voz parecer um trovão naquele dia.
— Exatamente! Porém, sou filho de um dos mais poderosos anjos, me fazendo ter certas vantagens sobre os outros.
— Quem é o seu pai?
— O Arcanjo Rafael.
— Ah… Já li algumas coisas sobre anjos, a título de curiosidade é claro, mas… Esse não é o que traz a cura.
— Isso mesmo. Ele é um dos quatro mais poderosos anjos do Criador e sou o seu único filho. Pelo menos, foi o que me contaram, pois, ele nunca veio a mim. Acho que foi uma regra imposta por Eloah, quando permitiu que os anjos fizessem isso para aumentar o seu exército contra Samael.
— Existe outro como você, quer dizer, existem outros filhos dos poderosos?
— Não que eu saiba. — diz se aproximando de mim com um olhar intenso — Mas… Vamos deixar maiores explicações para depois. — O seu rosto está tão perto do meu que sinto o calor da sua respiração na minha pele, causando uma revoada de borboletas dentro do meu estômago.
— Mas… — sussurro, antes que pudesse dizer algo mais, ele me beija.
O seu beijo é doce, ao mesmo tempo, intenso, me fazendo derreter como uma gelatina nos seus braços. Ele me abraça forte e tudo que mais desejo é que esse momento não termine nunca. É, Sara! Definitivamente, estou amando esse moreno lindo!
Ele me faz deitar novamente, derrubando o prato que ainda continha um pouco de comida e fica sobre o meu corpo. Espera só um minuto aí! Posso estar adorando o seu beijo, o seu abraço, os seus carinhos no meu cabelo, mas ainda não estou preparada para tanto. Não está na hora disso! Eu mal o conheço! Bom, na verdade, conheço mais do que há alguns dias. No entanto, nem por isso algo tão importante deve acontecer agora.
— Ei! Sai de cima dela, cara! — A voz do Rylo é incrivelmente autoritária, nos fazendo levantar na mesma hora.
Ele está encarando o Júlio com uma fúria nos seus olhos que me deixa perplexa. Qual é a desse gato vira-lata? Ah… Tinha esquecido que, na verdade, ele é um garoto.
— Qual é o seu problema, gato vira-lata? — questiono — Só porque me contou que, na verdade, é um garoto, acha que pode falar assim com o meu namorado.
— O quê? — questiona Júlio, olhando para mim depois para o felino — Como assim? Ele é um garoto?
— Você não sabia? — pergunto cruzando os braços — Uma bruxa transformou ele nesse… Nesse gato quando era criança, depois fugiu pra cá e ficou com o Zarphiruus até aparecer na minha vida, se metendo onde não é chamado. Isso sem contar que me viu tomando banho, esse gato tarado!
— O quê? — O Júlio se levanta lentamente encarando o felino — Você viu a minha namorada tomando banho, moleque?!
— Eu já pedi desculpa por isso e, na verdade, o moleque aqui é você, fedelho! Sou bem mais velho do que vocês dois juntos!
— Pior ainda! Isso não vai ficar assim, seu Khalytiuun fajuto! — O Júlio se aproxima do Rylo, eis que o felino rosna alto para ele mostrando todos os seus dentes.
— Caí dentro, fedelho! — O Rylo expõem as garras. Qual é o problema desse gato? Ele está errado!
Antes que os dois comecem com a briga, o Zarphiruus entra na casa.
— Posso saber o que está acontecendo aqui?
— Esse moleque estava se aproveitando da Sara! — O Rylo é o primeiro a se pronunciar, ainda sem tirar os olhos-esmeralda de cima do moreno.
— Ela é minha namorada e estávamos apenas nos beijando, enquanto você realmente se aproveitou da inocência dela pra ficar olhando a intimidade da Sara.
— Eu já pedi perdão por isso, mas não estava com segundas intenções, só queria protegê-la, fedelho idiota!
— Protegê-la do que se estava sozinha, se banhando? Não acredito que alguém invadiria a casa dela, principalmente o banheiro.
— Pivete idiota! Esqueceu que foi lá que levaram a mãe dela!
— Já chega! — O Zarphiruus finalmente se pronuncia, calando os dois imediatamente — Rylo, era para você proteger a Sara, mas nem tanto, e qual é o problema do Júlio e ela se beijarem? Já está claro para todos que eles se gostam!
— Esse moleque que não se atreva a tomar liberdades com a Sara, senão, pode ter certeza que eu o mato!
Sem dizer mais nenhuma palavra, o felino sai da casa bufando. Qual é o problema dele? Será que está gostando de mim? Era só o que faltava! Por falta de um, agora tenho dois pretendentes!
Foi dado um período de cinco dias de Kalinthum para que todos se reúnam novamente, pelo menos foi o que o Júlio disse. Eles haviam combinado antes de eu acordar, pois, decidiram que irão resgatar a minha velha. Mãe… Como será que ela está? Será que estão cuidando bem dela? Sinto tanto a sua falta, mãe! Jamais imaginei que um dia a gente iria ficar tanto tempo longe uma da outra, ainda mais por uma guerra.Ainda não sei qual o papel dela nisso tudo, mas acredito que tem tudo a ver com o meu pai. Também não sei o que exatamente sou, pois, o feiticeiro mentiroso não responde as minhas perguntas. Ele, a todo o momento, se esquiva, sempre desviando do assunto com atividades de preparação da viagem ou nas aulas de magia com o Jorge, a Camila e o Cristiano.É tão frustrante essa situação! De qualquer maneira, o moreno me disse que
O Júlio me acompanha num breve “tour” pela embarcação. Vamos até o porão, onde estão guardadas algumas caixas que o moreno diz serem mantimentos e outras coisas para a viagem em terra. Algo que me deixa preocupada é saber que vamos ter que andar a cavalo quando desembarcarmos, pois, aqui também estão os animais que usaremos.Droga! Nunca andei a cavalo! Será que não vou cair? Bom, andei no lombo do Rylo naquele dia, mas aquilo não conta, afinal ele é um feiticeiro e a sua magia pode ter ajudado na tarefa de manter-me em cima dele.O moreno me leva por outros lugares, dizendo alguns nomes náuticos que esqueci na velocidade de um relâmpado. Mostra onde fica a cozinha, o que me interessa bastante, talvez, mais tarde, vou pegar alguma fruta para fazer uma boquinha antes do jantar.Em seguida, me deixa só para fazer algumas tarefas num lugar que
— E aí, Zarphiruus, não tem comida nessa banheira velha? — O Rafael questiona, abrindo um grande sorriso ao cumprimentar o feiticeiro — A viagem foi longa e estou com fome.— Anjos comem? — indago olhando para o Júlio, depois para o Rafael.— É claro que comemos, querida Sara. — O anjo olha para mim, sorrindo — Ou você pensava que vivemos de luz?— Na verdade, nem sabia que vocês existiam até alguns dias atrás, ainda tem um monte de coisas que quero e tenho que saber, mas esse feiticeiro mentiroso não quer dizer nada.— Você nunca vai perdoar-me pela mentira do suco, não é? — O Zarphiruus me encara com um olhar entristecido.— Talvez! Se me disser o que está acontecendo e quem eu sou, posso pensar no seu caso.— Eu já te disse que não tenho essa obrigaç&atil
Mal fechamos a porta do cômodo e ouvimos uma gargalhada zombeteira.— Merda! É o meu irmão mais velho! — declara a sereia com uma expressão preocupada.— O seu irmão? — encosto-me à porta para segurar-me, pois, a embarcação balança violentamente de novo.— Sim! E pelo jeito trouxe os seus bichinhos de estimação! — Ela também se segura na porta para não cair. Bichinhos de estimação? O que será que ela quis dizer com isso?— Poderia me explicar melhor esse negócio de bichinhos de estimação.— Melhor do que falar, vou mostrar.A sereia caminha até perto de uma das várias janelas do cômodo, abre a portinhola, então faz alguns movimentos suaves com as mãos, uma luz forte e azulada sai das suas palmas. Uma
O calor é escaldante mesmo sendo fim de tarde, todos os poros do meu corpo transpiram sem cessar depois de um dia inteiro de lutas que parecem sem fim. Agora, após ter conquistado a Suméria como os humanos a chamam, estou outra vez numa batalha das muitas que ainda irei lutar, somente para subjugar as áreas férteis do deserto para alimentar esses mortais inúteis.A verdade dos fatos é que a cada corpo mutilado pela minha espada, mais desejo isso para toda a minha existência. Não me interessa realmente alimentar o povo do meu atual reino, que me fizeram rei sem qualquer motivo.No entanto, não posso pensar nisso agora, tenho que me concentrar na batalha, pois a última leva de guerreiros havidos por sentirem a minha lâmina negra acaba de ser liberada pelo outro líder.Apesar do calor insuportável, do suor agonizante que escorre embaixo do meu elmo e do can
Dou uma boa olhada na cabine do Worwyck, pois quando entrei, estava muito grogue para reparar em algo. É um pouco menor que a do Zarphiruus, também não tão luxuosa, assim como a quantidade de janelas é inferior, porém é bem aconchegante.Se ouvi bem, enquanto estava despertando, dormi por dois dias. Será que já chegamos? Creio que não porque continuo sentido o movimento do navio navegando. Estranho! Lembro-me que falaram que levaríamos três dias para chegar ao continente que até agora não sei o nome. Será que ele não tem ou será que é complicado demais para dizer?Também gostaria de saber o que fizeram com o cabeça de bagre. Será que continua preso no porão? Sem dúvida alguma, ele sabe muito ao meu respeito. Talvez… Com ele eu consiga algumas respostas, já que o feiticeiro mentiroso não quer
— Olhe pra mim, minha vida. — pega o meu queixo me forçando a encará-lo — Não importa todas as indicações de que pode ser uma vampira. Não me interessa o que todos esses indícios podem significar. — acaricia o meu rosto tentando enxugar as minhas lágrimas com os seus longos e finos dedos, em seguida coloca a minha franja atrás da minha orelha — A única coisa que importa, é que estarei sempre do seu lado. Não importa o que aconteça! Você é minha vida, o meu amor e nada vai mudar isso.— Mas… — Antes que eu pudesse dizer algo, o meu moreno me beija profundamente, abraçando-me como se temesse perder-me. Eu também morro de medo de te perder, meu moreno! O abraço com força, retribuindo o seu amor que acredito ser igual ao meu. Tudo o que mais desejo é que fiquemos juntos até o fim da nossa
Saio para a rua, andando na direção de onde está ancorado o nosso navio, porém, num cruzamento, uma sombra escura e gigante se coloca no meu caminho. Pronto! Agora, com certeza morro!— Aonde pensa que está indo? — ouço a voz do Worwyck, no mesmo instante que o seu rosto é iluminado pela luz celeste.— Quer me matar do coração, Worwyck? — murmuro colocando uma das mãos no peito, fazendo-o gargalhar.— Quero lhe mostrar algo! — diz após conter o seu riso — Me acompanhe, por favor.— É que, agora, estou procurando o Júlio. Você viu ele?— Falei com ele agora a pouco. Foi para o navio levar o jantar para o Varstylon, com o Zarphiruus e o Rylo, por isso não se preocupe que logo voltará. Agora, venha, acredito que vai gostar. — O homem-urso dá uma piscadinha para mim.O q