Depois de nos alimentarmos, me aproximo do anjo rabugento e do Nyrun.
— Pronta para voar comigo, fedelha? — questiona ao levantar uma sobrancelha, mas não parece estar com raiva.
— Será que nunca vai me chamar pelo meu nome, anjo rabugento? — reviro os olhos para ele.
— Para mim, sempre será uma fedelha de boca suja. — diz abrindo um meio sorriso.
— Então, você sempre será o anjo rabugento pra mim. — digo sem conter o meu sorriso, fazendo-o suspirar profundamente e desfazer o seu sorriso.
— Acho que posso conviver com isso. — responde, me ajudando a subir no Nyrun.
Voamos a tarde toda sob o calor dos dois sois que parece ter aumentado consideravelmente. Também, pudera, a vegetação ao nosso redor é típica da Caatinga, o que nos mostra que chove muito pouco por aqui. Para beber água na hora do almoço, os feiticeiros tiveram que conjurá-la para matarmos a nossa sede.
Durante a tarde toda, o Gabriel só me dirigiu a palavra uma única vez para me dizer que vamos voar por um tempo maior hoje, para compensar um pouco o tempo perdido de ontem e para que possamos descansar somente durante o dia, daqui para frente, devido ao calor.
Ainda bem! Pois, os dois sóis já estão começando a queimar a minha pele, mesmo com o capuz do meu manto cobrindo o meu rosto, além de segurá-lo para esconder um pouco os meus braços. Infelizmente, devido ao vento, nem sempre dá muito certo esconder-me embaixo do tecido. Creio que está acontecendo o mesmo com o Gabriel, pois desde que paramos para almoçar, ele também começou a usar um manto branco para cobrir a sua cabeça.
É assim que os próximos dias seguem. Viajando à noite, descansando de dia nos braços do meu maridinho lindo. O problema é a sede que está aumentando, além dos calafrios e das tonturas que estão ficando cada vez mais frequentes. Já está ficando difícil esconder dos anjos ou do Júlio o que está acontecendo. Bom, pelo menos, não tive mais pesadelos, na verdade, creio que não estou nem sonhando quando durmo.
Antes do amanhecer do primeiro sol, no décimo dia desde que partimos do porto, a Laila pousa no tal Oásis Samyrallis, como o Rafael havia dito quando levantamos voo depois de nos alimentar durante a madrugada.
É um lugar muito bonito, um imenso lago, creio que é maior que a lagoa em que eu quase me afoguei devido ao micro sequestro do Criador. Várias árvores diferentes, plantas e flores de vários tipos estão ao redor da lagoa, formando uma pequena floresta. Também percebi aves e animais de todos os tipos em volta do lago.
Como nos outros dias, quase todos começam a armar as barracas, pois desde que entramos no deserto, os guerreiros-folha não fizeram mais as casas-ninho.
A Jackye explicou-me que é muito difícil fazer uma árvore crescer num lugar como esse, o que faz as suas energias se enfraquecerem consideravelmente. Então, só usariam esse recurso como última alternativa e somente para se defender ou contra-atacar.
Quem não está armando as barracas, está dando água para os cavalos ou começando os preparativos para a comida. As feras gigantes foram direto para a lagoa, inclusive o meu irmãozão, para se banharem e, provavelmente, para caçar alguns dos animais que eu vi.
Noto que a Monyck está mais receptiva com relação ao Lucas. Acredito que eles se entenderam. Não sei se perdoaria uma traição do Júlio, apesar de que ele é tão romântico. Os nossos dias de amor são um mais perfeito que o outro. Não! Não acredito que ele me trairia!
Como não quero outra surpresa de Eloah, tomo banho com as outras mulheres na lagoa. Nossa! É impressão minha ou a água está gelada? Estou com tanto frio! Banho-me rapidamente para sair logo dessa geladeira. Ao terminar de vestir-me, coloco o meu manto para me aquecer.
Depois, seguimos para o acampamento para jantarmos ou será que devo chamar de café da manhã, já que está bem claro agora, com o primeiro sol um pouco acima da linha do horizonte.
Começo a degustar um delicioso ensopado, porém, quando já estou na metade dele, sinto uma dor forte no estômago. Não! De novo não! Corro para longe da roda que está perto da fogueira, derrubando o meu prato no chão.
— Sara! — ouço o meu moreno me chamar quando paro perto de uma árvore e começo a colocar tudo que comi para fora.
Droga! De novo não! Por que, meu pai do céu?! Por que não posso ser normal como todo mundo?! Sinto tontura e as minhas forças começam a falhar, mas antes que pudesse despencar no chão, percebo os braços do meu moreno me envolvendo.
— Precisa se alimentar de sangue, meu amor. Pensa que não percebi que as suas tonturas estão piorando e hoje, no começo da noite, senti o seu corpo quente como se estivesse com febre, quase igual ao dia que te reencontrei na casa do Zarphiruus.
— Não vou tomar droga nenhuma. — murmuro ao colocar uma mão na minha cabeça na tentativa de fazer o mundo parar de rodar e fecho os meus olhos.
— Não seja teimosa, minha vida. — coloca uma mão na minha testa — Olha, está com febre ainda, mesmo tendo acabado de se banhar.
— Eu só preciso descansar. Não vou beber nada.
Sinto o meu moreno suspirar profundamente, então ele me pega no seu colo me fazendo abrir os olhos, me carrega para a nossa barraca, me coloca sobre o saco de dormir. Acaricia o meu rosto, depois me dá um beijo na minha testa, volta a acariciar a minha face e o meu cabelo até que a escuridão me abraça, levando-me para o submundo do sono.
Estou num campo com pequenas elevações de terra totalmente cobertos com uma vegetação rasteira e flores, muitas flores de todos os tamanhos e cores. Além disso, há várias árvores por todo o lugar, mas não como uma floresta densa, elas são mais espaçadas. Uma brisa suave e temperada beija o meu rosto e faz balançar suavemente o meu cabelo solto.Olho para os meus pés e… Estão descalços, pisando a grama verde e levemente úmida. Estou usando um vestido branco na altura dos joelhos, de um tecido fino e esvoaçante, com mangas até a altura dos cotovelos.Olho para cima e vejo um sol amarelado num céu azul lindo e sem qualquer vestígio de nuvens. Começo a caminhar lentamente, subindo o morro mais próximo de mim, quando chego ao final, vejo um vasto jardim com um r
Volto o meu olhar para o possuidor da Acrux, ele está petrificado no lugar, parece que está observando a cena a sua frente, encaro a sua espada que está levantada no ar, porém, imóvel. Eu já vi essa Acrux! Onde foi que eu a vi?Tento me aproximar dele, porém ele vira de costas para mim por um instante, depois volta a observar a cena da minha velha agonizando, tirando o capuz e… Não! Você não! O Gabriel tentou matar a minha mãe? Mãe! Grito a plenos pulmões voltando a minha atenção para ela, mas o susto me desperta, fazendo-me sentar no saco de dormir.Ofego, puxando o ar com força para os meus pulmões, a dor no meu peito é forte demais. O Gabriel tentou matar a minha mãe! É isso que ele tem escondido de mim por todo esse
Os guerreiros-folha atacam e se protegem dos demônios usando as suas armas, além de fazer crescer plantas, perfurando alguns dos malvados bruxos que se aproximam deles.Alguns demônios se aproximam de mim e do Júlio que está com a sua lâmina em riste, porém ainda sem atacar ninguém, acredito que está com medo de deixar-me sozinha.— Rylo! Tire a Sara daqui! Agora! — O Gabriel grita, olhando para o meu irmãozão após fazer dois demônios virarem cinzas.O Rylo, que está atacando um bruxo com os seus raios verde-esmeralda, olha para nós, então corre na nossa direção com um escudo na mesma cor dos seus raios ao redor do seu corpo.
Olho para as minhas mãos, percebo que a minha áurea vermelha não desapareceu. Droga! O que está acontecendo? Sinto as mãos do meu moreno me tocando pelas costas, ele me abraça.— O que foi, meu amor? — O Júlio me ajuda a sentar-me melhor.— Dor… E sede… — isso está ficando insuportável.— Minha filha, por que não está se alimentando? — O estranho guerreiro murmura, acariciando o meu rosto.— Filha? — levanto as sobrancelhas.— Tecnicamente ele é seu pai. — declara apontando para o Gabriel atrás dele — Mas você tem o meu sang
Seguimos atrás da Lilith, eu na frente, o Gabriel e o Isalryon até tentam me deixar atrás deles, mas não deixo. Percebo que ninguém guardou as lâminas. Devem estar preocupados. Eu poderia liberar a minha Acrux, mas acho melhor não para tentar acalmar eles. Vai dar tudo certo, gente! Queria dizer, mas, na verdade, nem mesmo eu tenho toda essa confiança. Noto que o Samael não está mais na frente do portão. Aonde será que ele foi? Será que é para trazer a minha mãe? Conforme nos aproximamos vou tendo a certeza de que o lugar é imenso. Muitas criaturas devem morar aqui! Por isso que o Lucas disse que não viu onde a minha mãe está. São quatro torres muito altas e várias outras um pouco menores, coladas a três prédios de uns dez andares. Será que vamos ter que subir muitas escadas? Percebo que quando já estamos bem perto, quatro anjos negros pousam e entram na construção, logo em seguida os três, que estavam voando sobre nós, pousam e ficam nos obser
O Samael usa a sua lâmina negra contra o Gabriel e outra contra o Isalryon. Os meus pais lutam muito bem, mas parece que o anjo negro tem vantagem sobre os dois, pois ele não lutou lá fora, ficou apenas observando se não me falha a memória.Percebo que o Noluckin faz sinal de querer ir até os três guerreiros, provavelmente para ajudar os meus pais, porém, ao tentar pegar a sua Unucky ela queima a sua mão e ele desiste.Enquanto os três lutam, a Morgana joga os seus raios na direção do Zarphiruus, da Shirley, do Lucas e do meu irmão. Rapidamente eles se defendem e contra-atacam, mas eles já estão bastante cansados devido à luta no exterior do castelo.Lembro que a Morgana e a Lilith não lutaram na batalha anterior, apenas observaram e deram ordens, por isso a bruxa dos infernos tem vantagem sobre os meus amigos, apesar dela estar lu
DEDICATÓRIAEm memória de minha adorável Mah que jamais será esquecida.Também dedico essa obra a minha irmã do coração “Laine” que, mesmo longe, está sempre pressente na minha vida.&n
Quando os nossos corpos e a nossa respiração ficam mais controlados, o Júlio me faz deitar novamente. Ainda com o seu corpo sobre o meu, começa a acariciar o meu rosto sem tirar os seus olhos azuis dos meus.— Você é tão linda. — sussurra — Tão doce. Vou te amar até o fim dos meus dias, meu amor.— E eu vou te amar até depois da minha morte. — acaricio o seu rosto também — Meu lindo moreno!Ele sorri e me dá um beijo casto.— Venha! Vamos nos banhar!O Júlio se levanta e ajuda-me a levantar, prendo o meu cabelo com um dos l