- Por que não quer me contar o que aconteceu? – ele perguntou.- Você quer mesmo saber, Luciano? Por quê?- Curiosidade. – ele disse com um sorriso enigmático.- Bem, então vamos lá... Jonathan está de volta, mas não sabe por quanto tempo. E adivinhe? Ele veio acompanhado. Sim... Trouxe uma australiana junto... Amiga... Só amiga. – falei ironicamente.- E isso magoou você?- De certa forma sim... – falei sinceramente.- Vocês... Resolveram a situação?- Não... Não sei se resolveremos algum dia, entende?- Você explicou para ele o que aconteceu na noite que ele veio atrás de você?Olhei para ele, que não trazia nenhum sentimento aparente nas palavras nem nas expressões.- Havia uma explicação? – perguntei.Ele me olhou e rebateu:- Não sei... Diga-me você.- Eu... Bebi além da conta na festa. – desconversei. - Senti-me péssima no meio dos meus amigos. Eu não esperava por aquilo. Parece que sem Helena ao meu lado nada tem tanto significado.- Como assim bebeu?- Bebi até não responder a
Alguns dias se passaram e Luciano não veio à fazenda de meus pais. Eu não sabia ao certo a regularidade das visitas dele, mas achava que eram mais frequentes. Ainda assim não perguntei sobre ele e meus pais também não mencionaram nada. Na quarta-feira meu carro voltou da oficina. E estava em perfeito estado novamente. Meu pai me fez prometer que eu não colocaria ninguém em perigo ao dirigir e eu garanti que seria prudente. Estava louca para girar a chave novamente e sentir sua potência. Eu não sabia cozinhar, era péssima motorista... Eles deviam me achar uma inútil. Mas eu tentaria encontrar algo para fazer que mostrasse que eu tinha capacidade de fazer algo importante. Quando fui ligar a caminhonete meus pais ficaram alerta, esperando por mais uma trapalhada minha. Mas eu fui devagar, menos de vinte por hora, para certificá-los que tudo daria certo e que não se preocupassem.Saí devagar pelo portão principal, afinal, ali havia acontecido o acidente. Enquanto pegava a estrada, percebi
- O que achou? – ele perguntou enquanto eu devorava aquela comida saborosa como se não houvesse amanhã.- É... Perfeita.Ele riu:- Exato... Só sua mãe cozinha melhor.- Verdade... Mas a comida é muito temperada... Caseira... Sem palavras.- Se me pedisse para escolher um restaurante no mundo todo, eu escolheria este. – ele confessou.- Estou surpresa com esta revelação. – admiti. – Mas por quê?- A comida é a mesma de quando eu vinha aqui com meus pais.Eu o olhei. Imaginava o que ele sentia.- Gosto de infância... Lembranças... – eu disse.- Sim... Costumávamos vir sempre nos finais de semana almoçar aqui.- Algumas coisas ficam para sempre na memória... Bom que você vir aqui para sentir isso...- Vou lembrar no futuro que estive aqui com você também. – ele sorriu.- Você... Trouxe Anna aqui alguma vez?A pergunta o surpreendeu. Ele me olhou e demorou a responder. E eu já estava arrependida de ter perguntado. Por que parecia que eu queria saber tudo sobre aquela mulher? Eu realmente
Na noite seguinte meus pais convidaram Luciano para jantar. Obviamente ele aceitou. Fazia tempo que ele não comia conosco. Quando cheguei as visitas dele à minha família eram mais frequentes. Nos últimos tempos, devido à minha pressão em cima dele, talvez tenha ficado com medo. Nunca na minha vida fui uma mulher de tomar iniciativa com homens, bem pelo contrário, sempre fui um tanto quanto tímida comparando com minhas amigas e conhecidas. Era sempre a última a conseguir companhia nas baladas. Além disso, sempre fui muito exigente e por este motivo acabava muitas vezes sozinha. Mesmo estando interessada em um homem, tinha certo receito em dizer sim na primeira vez. E só fazia sexo quando existia amor. Por isso não era uma mulher experiente para minha idade. No entanto Luciano já havia feito eu tomar iniciativa por duas vezes, pois eu entendia que o beijo no dia do presente de Natal havia sido em comum acordo. Jamais me passou pela cabeça arrancar a camisa de um homem feito uma selvagem
CAPÍTULO 58Quando desci com minha mala, papai e mamãe já me esperavam na sala. Eu percebi que eles estavam um pouco receosos, mas não falaram nada. Acho que no fundo eles tinham medo que eu ou Luciano nos machucássemos. Afinal, eles tinham muito amor por nós dois. Eu não tinha como explicar a eles que tudo daria certo, pois eu também não tinha esta certeza. Então, o que tínhamos por certo, era uma viagem entre dois bons amigos.- Cuide com o sol em excesso. – avisou meu pai. – E não beba a ponto de não saber o que faz.- Pai, está tudo bem. Vou me comportar, prometo. Não sou mais uma criança.- Ora, querida, ela estará com Luciano. Não há problemas. – tranquilizou minha mãe.- Pois este é meu medo. – disse ele seriamente.Eu fiquei confusa com o que ele disse, mas não tinha tempo para perguntar. Segui até a porta e eles me acompanharam. O carro de luxo de Luciano esperava por mim. Não sei o que mais me surpreendeu: aquele carro ou o motorista ter aberto a porta para mim. Luciano já e
Ele me deu o braço e eu aceitei. Enquanto estávamos no elevador, não pude deixar de perguntar:- Você não vai usar bermuda nunca?Mais uma vez ele estava de calça. Embora desta vez não fosse algo social, e sim uma calça de linho estilo esportivo de uma marca de grife muito conhecida e almejada e uma camiseta branca também com logotipo caro e um tênis esporte.- Bem, eu acho que um dia vou usar. Mas por enquanto ainda me sinto um pouco inseguro de ficar assim com você. – ele confessou.- Inseguro? Eu estou de biquíni. – contestei.Ele riu:- Vai que você me agarre.Eu dei um tapa no braço dele. Não tinha certeza se ele estava falando isso sobre a prótese ou realmente achava que eu oferecia risco. Enquanto nos encaminhávamos pela praia, eu fiquei maravilhada com a vista. Céu limpo, sem nuvens, mar limpo e calmo e temperatura perfeita e agradável. O que eu poderia querer mais? Encaminhamo-nos para os quiosques particulares com espreguiçadeiras.- Bem, como eu sei que você não vai nadar..
Eu não sabia quanto tempo havia passado. Parecia uma eternidade que estávamos ali, sem notícias ainda. Eu já havia ligado para meus pais avisando que não tinha hora para retornar e explicando o que estava acontecendo, pois eles também estavam preocupados. Alguns já haviam ido embora, mas Gisa, Carlos, Samantha, Jonathan, Sadie, Luciano e eu continuávamos ali. Jordany chegou no início noite, juntando-se a nós. Eu estava sentada sentindo o peso do meu corpo. Havia nadado muito durante a manhã e meus braços doíam.- Vou buscar algo para você comer. – disse Luciano. – Não vou convidá-la para ir comer na cantina porque certamente você não aceitará arredar o pé daqui.- Eu não estou com fome. Não se preocupe, Luciano.- Vou pegar comida e alguns analgésicos. Eu sei que você deve estar cansada também.- Adianta eu dizer que não? – perguntei olhando nos olhos dele.- Não. – ele disse saindo.Ele convenceu Carlos e Jordany a irem com ele comer. Jonathan, por sua vez, recusou-se. Gostei de ver
Eu e Luciano pegamos um táxi até o Dreamworld. Quando chegamos, tivemos um breve encontro com alguns amigos no pátio e depois foi cada uma para seu apartamento. Sadie, para minha surpresa, foi com Jonathan. Eu não sabia ao certo se ela iria ou não para o meu antigo apartamento. E nem ao certo como seria passar a noite com ela. Subi com Luciano, que logo se sentou no sofá e recostou a cabeça para trás, fechando os olhos. Ele também devia estar esgotado física e emocionalmente, assim como eu. Eu não estava com fome, mas disse:- Vou preparar algo para comermos.- Eu não quero nada. – ele disse. – Está tudo bem, não precisa se preocupar comigo.Ele não parecia mais tão gentil quanto na sala de recepção do hospital. Parecia que uma nuvem negra encobriu os olhos dele de repente.- Ok. – falei. – Posso lhe oferecer um chá, pelo menos?- Água. – ele disse.Fui até a geladeira e lhe trouxe um copo de água gelada. Sentei-me ao lado dele e perguntei:- Você acha que vai ficar tudo bem? Acha que