Eu não sabia quanto tempo havia passado. Parecia uma eternidade que estávamos ali, sem notícias ainda. Eu já havia ligado para meus pais avisando que não tinha hora para retornar e explicando o que estava acontecendo, pois eles também estavam preocupados. Alguns já haviam ido embora, mas Gisa, Carlos, Samantha, Jonathan, Sadie, Luciano e eu continuávamos ali. Jordany chegou no início noite, juntando-se a nós. Eu estava sentada sentindo o peso do meu corpo. Havia nadado muito durante a manhã e meus braços doíam.- Vou buscar algo para você comer. – disse Luciano. – Não vou convidá-la para ir comer na cantina porque certamente você não aceitará arredar o pé daqui.- Eu não estou com fome. Não se preocupe, Luciano.- Vou pegar comida e alguns analgésicos. Eu sei que você deve estar cansada também.- Adianta eu dizer que não? – perguntei olhando nos olhos dele.- Não. – ele disse saindo.Ele convenceu Carlos e Jordany a irem com ele comer. Jonathan, por sua vez, recusou-se. Gostei de ver
Eu e Luciano pegamos um táxi até o Dreamworld. Quando chegamos, tivemos um breve encontro com alguns amigos no pátio e depois foi cada uma para seu apartamento. Sadie, para minha surpresa, foi com Jonathan. Eu não sabia ao certo se ela iria ou não para o meu antigo apartamento. E nem ao certo como seria passar a noite com ela. Subi com Luciano, que logo se sentou no sofá e recostou a cabeça para trás, fechando os olhos. Ele também devia estar esgotado física e emocionalmente, assim como eu. Eu não estava com fome, mas disse:- Vou preparar algo para comermos.- Eu não quero nada. – ele disse. – Está tudo bem, não precisa se preocupar comigo.Ele não parecia mais tão gentil quanto na sala de recepção do hospital. Parecia que uma nuvem negra encobriu os olhos dele de repente.- Ok. – falei. – Posso lhe oferecer um chá, pelo menos?- Água. – ele disse.Fui até a geladeira e lhe trouxe um copo de água gelada. Sentei-me ao lado dele e perguntei:- Você acha que vai ficar tudo bem? Acha que
Era 5 horas quando o telefone de Luciano tocou. Acordei preocupada e percebi que estávamos deitados nus e abraçados. Ele atendeu rapidamente. Eu só ouvia ele dizer “ok” e fiquei curiosa. Logo ele desligou e disse:- Sua amiga acordou.Senti meu coração aquecido e levantei rapidamente.- Precisamos ir até lá.Procurei minhas roupas pelo chão e vesti o que eu tinha usado para dormir. Não havia tempo para procurar uma roupa e eu não queria acordar Sadie. Em pouco tempo ele estava vestido perfeitamente, como sempre. Quando saímos no portão do Dreamworld, eu reconheci o motorista dele nos esperando com outro automóvel. Eu poderia perguntar o que ele estava fazendo ali na frente naquela hora, mas eu preferi não. Entramos no carro e em alguns minutos, enquanto entrávamos na porta principal do Hospital Madre T, o sol nascia ao longe, entre os edifícios.Eu pude entrar no local onde Helena estava. A recomendação era que fosse uma visita breve. Quando fui chegando perto da cama dela, vendo todo
Eu estava deitada nos braços de Luciano quando ele me perguntou:- Como vai ser agora?- Eu... Não sei. – falei.- Acho que não consigo mais me afastar de você.Eu ri:- Acho que esta viagem para praia tinha sido de caso pensado.- Mas é claro que sim... Por acaso você achou que não?- Eu... Achei que era uma viagem entre amigos. – falei sinceramente.- Eu não faria isso... Como já te disse: eu não sou um anjo.- Eu só não quero te perder... De jeito nenhum. – confessei.- Acho que agora que nos encontramos, não nos perderemos novamente.Eu o abracei e disse:- Estou feliz de estar com você.- Eu também. No passado sofri muito com a traição... E nunca mais confiei em outras mulheres. Tinha me convencido de que ficaria sozinho.- Mas você havia dito que não gostava dela...- E eu não era apaixonado por ela.- Anna é... Imponente.- Anna é uma boa mulher de negócios. Tirando isso não há motivos para admirá-la.- Mas você parecia bem íntimo dela...- Nos conhecemos há muitos anos. Por is
- Eu estava com saudade de vocês e disso tudo. – confessei.- Você saiu, Jonathan, Daniel, Helena... Foi difícil. – disse Gisa. – Therry, Fábio.- No fim sobramos Gisa, eu e Carlos. E Mari, mas nem sei se ela conta. Então Jonathan voltou com Sadie. Jordany já estava aqui também... – explicou Samantha.- E tem um novo morador no apartamento de Therry. – disse Gisa. – Mas ele não tem nenhuma ligação conosco. Tem uma namorada, mas é reservadíssimo.- Não pensei que fosse possível morar no Dreamworld e não se apegar a ninguém. – eu disse.- Ele conseguiu. – disse Gisa.- E... Sadie. Como ela foi parar no seu apartamento, Samantha?- Bem, Jonathan pediu. Eu estava sozinha e dividir as despesas com alguém seria bom. Isso logo depois do casamento de Helena, quando ele também estava sozinho no apartamento dele. O que realmente aconteceu entre os dois eu não sei. Mas morar com Carlos ainda está fora de cogitação, embora eu passe a maior parte do tempo na casa dele.- Eu estou tendo problemas
Naquele dia, Helena ganharia alta e eu estava ansiosa. Os últimos dias haviam sido um ir e vir ao hospital que eu quase sabia o caminho de olhos fechados. Minha amiga não tinha hematomas no corpo e levaria apenas algumas cicatrizes da cirurgia a qual havia submetida. Daniel em breve voltaria para casa também. Helena não queria ficar no Dreamworld, havia decidido ficar em seu novo lar e lá eu ficaria com ela até seu amado marido estar de volta.Incrivelmente consegui me aproximar de Sadie. Não éramos melhores amigas, mas conseguíamos trocar algumas ideias. Os dias de convivência foram inevitáveis para que isso acontecesse. Jonathan ia vez ou outra ao apartamento, mas por sorte Sadie ou outra pessoa sempre estava por lá. Samantha não dormia ali, mas passava o tempo que conseguia conosco. Embora feliz, eu tinha saudade de Itaúba de principalmente de Luciano. Percebi que ficar longe dele era algo muito difícil. E eu estava decidida a dizer a ele tudo que se passava no meu coração... E dec
Eu nem sei exatamente como consegui chegar na casa de Helena. Eu tentei disfarçar tudo que aconteceu, pois não queria chatear ela com meus problemas. A casa de Helena era muito ampla e ao mesmo tempo acolhedora. Eu não conhecia, pois não havia retornado à cidade. E eu me desculpava o tempo todo por ter sido uma péssima amiga, embora ela dissesse o tempo todo que eu não era assim.- Não posso oferecer meus dotes culinários. – disse rindo.- E nem eu seria louca de querer. – ela falou seriamente. – Agora me conte o que houve.- Como assim?- Ari, eu conheço você há quantos anos mesmo? Puxa, são tanto que eu nem lembro mais. Além disso, dá para ver que você chorou... E não parece que foi pouco, pois chega a estar com a face inchada.- Está tudo bem. – menti.- Não está. Eu exijo saber.Eu poderia ficar horas mentindo para ela. Ainda assim ela não acreditaria em mim. Helena me conhecia melhor que eu mesma. Mesmo contra vontade eu expliquei a ela tudo que havia acontecido. No fim, ela me o
Depois do almoço eu fui conhecer o Lar das Meninas. Fui muito bem recebida pela diretora do orfanato. O fato de eu um dia ter morado num lugar assim me trazia recordações, embora poucas. Depois de visitar o local e ter conhecido as meninas, com idades entre 0 a 15 anos, eu tive a certeza do que eu gostaria de fazer. Eu ajudaria aquele lugar, de alguma forma. Como eu não tinha dinheiro, voluntariamente ofereci meus serviços como psicóloga. Felizmente, embora surpresa, a diretora aceitou. Expliquei a ela que eu havia sido adotada e o quanto era grata pela minha vida. Por isso minha decisão de ajudar aquelas meninas, como um dia eu pude ser ajudada. Combinei de retornar no dia seguinte.Quando voltei para casa já era fim de tarde. Eu estava absorta em meus próprios pensamentos enquanto dirigia. Ansiosa e feliz por ter enfim encontrado alguma forma de ocupar meu tempo: ajudando de alguma forma meninas que tinham tudo a ver com meu passado. Itaúba seria enfim meu lar.Iniciei o trabalho no