CAPÍTULO 101 Maicon Prass Fernandes Maria Eduarda estava ali, bem na minha frente, completamente nua como quando se deitou comigo... só que agora, estava sentada, praticamente deitada no chão parcialmente molhado, encostada no balcão da pia do banheiro. Seus olhos fechados, uma mão no seio, outra na boceta em movimentos circulares, pensei que enfartaria novamente. Meu sangue ferveu, meu corpo esquentou, passei a mão esquerda nos cabelos, precisei contar até três, encostar na parede do corredor e desacelerar. — Ah, nossa... — ouvi gemer. “Porra! Ela está se tocando sozinha?“ A peste nem se deu ao trabalho de encostar a porta, não cuidou com o barulho dos gemidos... “Essa italiana quer testar meu coração, queria que eu visse!“ — Sem suportar o tormento, voltei a aparecer na porta. — Porra, Maria Eduarda! Poderia ter me dito o que queria, pensei que não quisesse que eu encostasse em você. — Me observou parando por um momento com o movimento da mão.
CAPÍTULO 102 Maicon Prass Fernandes — Italiana... não vou te deixar ir lá fora, porra! — minha voz saiu firme, enquanto eu tentava me desvencilhar do aperto dela ao fechar o acesso do avião. Ela me olhou com aqueles olhos que só ficavam assim quando o medo tomava conta. Não era medo por ela, era por mim. A italiana podia ser teimosa, mas sabia o que estava em jogo. — E eu não vou te deixar sair, Maicon! Você não está nem pronto ainda! — ela olhou pro meu peito como se pudesse ver o coração novo batendo por baixo da camisa. Meus médicos tinham proibido qualquer esforço extremo, mas ela sabia que eu não cederia. — Não sou do tipo que escuta ordens, Italiana... você sabe! Segurei seu rosto entre minhas mãos, tentando acalmá-la, apesar do caos do lado de fora. O som dos tiros ainda ecoava, e eu sabia que o tempo estava contra nós. Daniel, meu homem, estava no chão, e os outros poderiam não durar muito mais. — Eles precisam de mim lá fora — sussurrei, quase im
CAPÍTULO 103 Maria Eduarda Duarte Eu mal conseguia respirar com tudo o que estava acontecendo lá fora. Os tiros, os gritos, o som dos carros blindados do Don chegando. O coração martelava no peito, mais pela preocupação com Maicon do que pelo medo. É teimoso como uma mula, mas isso não muda o fato de que eu o ame também por isso. Francesco saiu apressado do banheiro assim que os tiros começaram, como se já estivesse preparado, provavelmente ouviu. Corri até onde ele foi, mas me ignorou e fechou o compartimento antes que eu saísse, certamente ordens do poderoso Consigliere. — Droga! Me deixa sair daqui! — gritei irritada, sem resposta, batendo nas coisas. Vi o caos que se tornou, mas também vi como os homens do Don e o Maicon se sobressaíram. Vi o cardiologista trazendo o Daniel e pensei que pudesse sair, mas ele apontou uma arma pra mim. — Se afasta, é ordem do Don — estranhei, porque o Don deixaria que ele apontasse uma arma, assim? — Eu só quero ir até o meu marid
CAPÍTULO 104 Maria Eduarda Duarte Após me deixar trancada, agora Francesco aperta meu pescoço me sufocando, estava quase sem ar quando o Don entrou, e mandou que me soltasse com a arma apontada para ele. — Don, ele enlouqueceu ou é traidor! Estava mirando vocês com essa sniper! — entreguei o traidor. — Mentira! — Francesco negou na minha cara, me enchendo de ódio. Ajeitei a arma entre os dedos devagar, o imbecil nem se tocou que eu ainda estava com ela. Eu não conseguia ver, então preferi fechar os olhos e calcular onde estaria a minha perna e a dele, não tinha como virar a arma sem que ele notasse pra acertar outro lugar, então puxei o meu pé o máximo que deu e arrisquei tudo, mas que o maledetto gritou e me soltou... ah sim! — Infeliz! — Ouvi o Don gritar e um tiro foi disparado, mas lá de fora. Olhei pela entrada, e lá vinha Maicon, andando devagar, quase parado, mas mirou e acertou o médico traidor no ombro. — Dois tiros... — Ivete comentou e reparei
CAPÍTULO 105 Atenção! Este capítulo tem conteúdo de tortura. Maicon Prass Fernandes O sangue fervia dentro de mim, e eu não conseguia me manter parado. Cada palavra de Francesco, cada maldita revelação me fazia querer arrancar aquele sorriso nojento da cara dele com as minhas próprias mãos. Eu tinha confiado naquele desgraçado! O Don também, todos nós... E ele passou anos tramando a minha morte pelas costas. Eu senti o peito apertar de novo, uma dor familiar, que eu sabia que vinha do coração. Só que dessa vez o problema não era o meu órgão velho, defeituoso, era a raiva. O Don estava decidido, a furadeira girava e ele transmitia sua raiva através de cada movimento, e todos os presentes sabiam o que estava por vir. Eu queria ser o primeiro a botar as mãos no Francesco, mas o Don com um olhar frio, tinha o controle da situação, e eu respeitava isso. Ele também havia sido traído e, no nosso mundo, traição não tem perdão. Quando o Francesco começou a gr
CAPÍTULO 106 Maicon Prass Fernandes — Pra onde será que ela foi, Ivete? — me virei para a cozinheira que acabou voltando do meu lado pra casa. — Não sei dizer, senhor. Mas se fosse eu, não voltava tão cedo... — fechei a cara pra Ivete e não perguntei mais nada. Ao chegar em casa, fui logo ver o Colt, e sorri ao perceber que já estava praticamente curado, andando pelo jardim. Tomei um banho, coloquei uma roupa confortável e respirei fundo ao lembrar que seria mais algumas semanas de repouso, não tinha o que fazer. Ao olhar pela casa, percebi como ela faz falta... a minha italiana iria me deixar maluco se não ficasse comigo, mas então, lembrei de tudo o que ela passou nos últimos meses, e cheguei a conclusão de que ela estava certa, precisava de espaço, e eu dei. . Horas depois . Conversei com a Ivete, pedi pra ela preparar um jantar especial. Liguei para um dos meus homens e encomendei algumas coisas, eles correram improvisar. Não
CAPÍTULO 107 Maicon Prass Fernandes (1 mês e meio depois) Acordei de manhã com o sol entrando pelas frestas da cortina. Os primeiros segundos foram tranquilos, até que percebi algo estranho. Estiquei o braço na cama, e o lado dela estava vazio. Maria Eduarda não estava ali. Claro que o silêncio na casa era incomum. Olhei para o relógio. Era cedo, talvez cedo demais para que ela tivesse saído sem me avisar. Colt estava no quarto, o que já era por si só uma anomalia. Ele normalmente ficava na sala ou no jardim, mas ali estava ele, andando de um lado para o outro, todo agitado. Suas patas batiam no chão, o rabo balançava como se ele estivesse esperando alguma coisa. Ele nunca agia assim sem motivo. — Colt, o que foi? — murmurei, ainda sonolento. Ele me olhou com aqueles olhos atentos e soltou um pequeno latido, como se estivesse tentando me dizer algo. Levantei da cama sentindo meu corpo responder mais forte, faz três meses que fiz a cirurgia. Estava
CAPÍTULO 108 Maria Eduarda Duarte Quando a médica falou, senti como se o chão desaparecesse sob meus pés. Grávida... três meses. As palavras ecoavam na minha mente, e por um instante, tudo parou. Olhei para Maicon, que estava ali, confuso, tentando processar a mesma informação, certamente ficaria furioso. Eu tinha medo. Havia acabado de passar por uma cirurgia cardíaca, sua recuperação ainda era recente, e agora... um bebê que ele disse que não queria. Minha mente voltou para as últimas semanas. Maicon estava impaciente com o repouso, agoniado por não poder retomar sua rotina como antes, e eu me perguntava: ele queria isso? Será que ele estava preparado para ser pai agora? Naquela situação? Era algo que planejei antes de toda essa confusão, mas a vida havia dado uma reviravolta tão grande, ele foi claro quando disse que não. E se ele achasse que eu não tinha prestado atenção suficiente nos sinais? Que, de alguma forma, eu falhei por não ter percebido? Um nó se fo