O coração de Camila doeu com uma pontada aguda, como se algo a apertasse, trazendo um desconforto insuportável. Ela quis dizer: Vamos desistir do divórcio, não vamos mais nos separar.Mas então se lembrou do que Enzo havia dito: Que ela fora escolhida para ser esposa de Lucas porque Chloe estava fora do país e ela, por coincidência, se parecia com ela. Essa pessoa poderia ser ela, mas também poderia ser qualquer outra que se parecesse com Chloe. De repente, Camila sentiu que não era tão importante assim. Qualquer mulher que tivesse passado três anos ao lado de Lucas, dia após dia, ele sentiria falta da mesma forma. Como quando se cria um gatinho ou cachorrinho e ele de repente desaparece. Certamente sentiria falta por um tempo, mas logo esqueceria. Quando se lembrasse, seria apenas com um suspiro de saudade. Camila se esforçou para segurar as lágrimas, acariciou suavemente o queixo dele e sorriu: — Já está tarde, é melhor você ir. Lucas segurou sua mão: — Eu te levo até o
Camila, de repente, levantou a mão e deu um tapa forte no rosto de Chloe. Aqueles dois anos cuidando de Lucas de perto, fazendo tarefas pesadas, haviam lhe dado uma força que Chloe, uma típica menina mimada, não podia se comparar. Chloe, com o rosto instantaneamente inchado, cambaleou vários passos para trás, só conseguindo se apoiar numa árvore próxima para não cair. Ela segurou o lado do rosto, chorando de dor. Entre lágrimas, Chloe de repente arregalou os olhos e, com um ar de vítima, gritou na direção atrás de Camila: — Lucas, a Srta. Camila me bateu... Camila se virou. Viu Lucas se aproximando a passos largos. Ele carregava na mão esquerda uma grande embalagem de comida, daquelas especialmente feitas para viagem em hotéis. O coração de Camila acelerou. Quando Chloe bateu nela, Lucas podia não ter visto, mas com certeza ele viu quando ela deu o tapa em Chloe. Camila temia que Lucas brigasse com ela, mais ainda que ele defendesse Chloe. Isso a faria sentir-se humilhada
Camila realmente tinha dado um tapa em Chloe no dia anterior, mas foi só em um lado do rosto, e o inchaço não era tão grave assim. Era evidente que alguém a tinha batido novamente. Ela encontrou o número de Elisa e ligou: — Elisa, o que aconteceu com o rosto de Chloe? Elisa caiu na gargalhada. Riu por um bom tempo antes de finalmente conseguir responder: — Ontem à noite ela foi ao bar beber, ficou até tarde e, no caminho de volta, foi parada, arrancada do carro e levaram uma surra. Ela tinha um segurança, mas o segurança também foi nocauteado. Ai, não aguento, deixa eu rir mais um pouco! Camila esperou ela terminar de rir e perguntou: — Chamaram a polícia? — Chamaram. A polícia verificou as câmeras, mas o monitoramento naquela área estava quebrado, então não conseguiram avançar. Camila suspirou aliviada em silêncio. Não importava quem tivesse batido em Chloe. O inimigo do seu inimigo era seu amigo. Ela ficou quieta por um momento e perguntou: — Você foi vê-la? Na ve
A pintura da última vez ainda não tinha sido restaurada quando o caso foi solucionado. Camila perguntou, intrigada:— Por que essa pintura ainda não foi restaurada depois de tanto tempo? Vanessa deu uma risadinha e explicou: — Um objeto roubado precisa passar por vários processos. Primeiro, ele é transferido para o Tesouro Nacional, depois é encaminhado ao museu. No museu, os especialistas precisam avaliá-lo, estudá-lo e, então, os restauradores preparam um plano de restauração. Esse processo leva dois ou três meses. Desta vez, fomos orientados a convidá-la para participar da restauração junto com outros especialistas, já que foi você quem revelou a obra. E, claro, isso também foi ideia do meu irmão. Camila compreendeu. Daniel estava agindo em seu favor. Mesmo que restauradores particulares façam um trabalho excelente, sempre há uma certa desconfiança sobre a origem do semi-profissional. Participar de uma restauração oficial poderia dar mais credibilidade ao seu nome, embora el
Os dois chegaram ao estacionamento e entraram no carro. Camila colocou o cinto de segurança e, curiosa, perguntou: — O que você veio fazer no museu? Lucas ligou o carro e respondeu de forma casual: — Fui para o exterior tratar de negócios e, aproveitando a viagem, comprei algumas obras de arte que doei ao museu. Camila olhou para ele com respeito: — Agradeço, em nome do país. Lucas a olhou de soslaio, sem grande entusiasmo: — Fazem só alguns dias que não nos vemos e você já está falando comigo de forma tão formal? Não me coloque nesse pedestal. Doar obras de arte aumenta a visibilidade da empresa e ainda proporciona uma boa redução de impostos. Camila ficou em silêncio por um momento, olhando para o perfil bonito e sério dele, antes de sorrir: — Você está se tornando cada vez mais um empresário de verdade. Lucas curvou os lábios em um leve sorriso: — Está me chamando de mercenário? Camila deu um sorriso tranquilo: — Não ouso tanto. — Onde quer comer? — Ta
Chloe deu uma risadinha sarcástica: — E daí que você é mais calma? Sem um bom pai, não adianta nada. Eu soube nascer melhor que você, sabia? Nascer bem é uma habilidade, e eu já ganhei de você desde o meu primeiro dia de vida!Camila soltou uma risada de raiva: — Antes eu até tinha uma pontinha de inveja de você, mas agora vejo que é digna de pena. Sem seu pai, você não é absolutamente nada!Para Chloe, que se considerava uma filha favorita do destino, aquelas palavras eram uma ofensa imperdoável. Com raiva acumulada, ela perdeu o controle e tentou chutar a perna de Camila.Camila rapidamente recuou, quando ouviu passos rápidos se aproximando. Em um piscar de olhos, a visão escureceu por um instante, e ela se viu sendo puxada por uma figura alta e forte para um abraço protetor.Chloe errou o chute e ficou boquiaberta ao ver o homem que parecia ter surgido do nada. Camila sentiu o perfume masculino familiar, fresco e amadeirado, com uma leve nota de tabaco. Quando olhou para cima, r
— Chloe! — Gritou Daulo, lançando um olhar gelado e de soslaio para Camila antes de sair apressadamente atrás da filha.O pequeno jardim voltou a ficar em silêncio.Camila estendeu os braços e abraçou Lucas em silêncio. Seu coração estava tumultuado, e um nó parecia subir pela garganta, sufocando suas palavras. Ela enterrou o rosto no peito dele, e as lágrimas, antes contidas, começaram a cair sem parar.Naquele momento, tudo o que ela sentia era apego, uma recusa silenciosa de deixá-lo ir, de se separar dele. Seus braços apertaram ainda mais a cintura dele, num abraço apertado e desesperado, embora seu coração se sentisse fraco.Sentindo a umidade da camisa, Lucas ergueu o queixo dela suavemente: — Está chorando?Camila não respondeu, apenas corou e encostou o rosto na camisa dele novamente.— Não chore mais, senão seus olhos vão ficar inchados.A voz de Lucas era suave, quase paciente, tentando confortá-la.Camila sentiu a garganta apertar ainda mais: — Por que é tão bom para mim
Camila sentiu as lágrimas se acumularem nos olhos, emocionada ao ponto de quase chorar. Sem poder recusar, sentou-se ao lado de Beatriz e começou a escolher com seriedade. Ela gostava de modelos simples e elegantes, então escolheu um vestido branco ajustado ao corpo, com uma longa cauda, de tecido leve e branco como nuvens.Beatriz pegou o mouse e perguntou: — Tem certeza que é esse?— Sim, obrigada, mãe. — Respondeu Camila.— Então, vou chamar alguém para tirar suas medidas. Amanhã já mando fazer o molde, porque vestidos de noiva levam tempo.— Tudo bem.Beatriz chamou a assistente para entrar. Camila levantou a cabeça e olhou ao redor do escritório. Era também o ateliê de Beatriz, espaçoso e bem iluminado, com muitas belíssimas peças de vestido de noiva expostas em manequins ao longo das paredes. A paixão de uma mulher por vestidos de noiva é algo natural, e Camila, sem perceber, se aproximou. A visão real era muito mais impactante do que os esboços. Camila achou todos os vest