Chegando ao hospital, Lucas foi levado diretamente para a sala de emergência. Camila ficou do lado de fora, andando de um lado para o outro, ansiosa.Felizmente, o ferimento não havia atingido nenhum osso. A bala só tinha raspado o braço, provocando um corte profundo. Meia hora depois, Lucas saiu da sala com os pontos feitos. Após o período de observação, Camila o acompanhou até o quarto.Ela o ajudou a se deitar na cama, serviu um copo de água morna e, com uma delicadeza quase maternal, usou um canudinho para ajudá-lo a tomar o remédio. Não demorou muito para que uma enfermeira entrasse no quarto, conectando Lucas ao soro. O líquido transparente escorria lentamente pelo tubo, penetrando em seu organismo gota a gota.Camila olhava para o rosto pálido de Lucas, pensativa:— Este ano não parece ser dos melhores para você. Primeiro aquele outro ferimento, agora isso...Lucas, com um sorriso de canto, respondeu com o tom brincalhão de sempre:— Pois é. Você é meu amuleto. Quando está por p
Lucas temia que eles pudessem ferir Camila pelas costas. Assim que André saiu, Lucas foi ao banheiro para se lavar.Ao empurrar a porta, viu que Camila já havia apertado a pasta de dente para ele e até preparado o enxaguante bucal. Ao baixar os olhos e observar o creme azul sobre a escova, Lucas sentiu uma felicidade há muito tempo esquecida.Ela, além de não amá-lo, era quase perfeita. Ele decidiu engolir o fato de ser apenas um substituto, sem reclamar.Com o braço machucado, tomar banho não era uma opção. Após uma higiene básica, Lucas voltou para a cama, deitou-se e virou a cabeça para olhar para Camila.— Estamos reconciliados agora? — Perguntou Lucas.Camila deu uma leve pausa, mas não respondeu.Lucas ergueu a mão e massageou a têmpora:— Não vou te pressionar, nem te obrigar a nada, muito menos forçar você a reatar comigo, mas preciso que me prometa uma coisa: você não pode gostar de outra pessoa.Camila achou graça e sorriu de lado:— Como você é autoritário.— Sempre fui assi
Naquele momento, Lucas saiu do banheiro. Tinha acabado de se barbear, e o leve aroma do pós-barba pairava no ar. Ao ver que era Enzo, seu semblante escureceu um pouco. Sem demonstrar muita emoção, perguntou:— O que você está fazendo aqui?— Ouvi dizer que você se machucou. Coincidentemente, eu estava em New City para uma conferência internacional, então resolvi passar aqui. — Respondeu Enzo, enquanto o analisava de cima a baixo. — Foi grave?Lucas respondeu friamente:— Não foi fatal.Enzo ficou sem reação por um instante, mas continuou:— Ouvi dizer que foi obra de assaltantes? Os de Cidade C parecem bem violentos.— Não. Foi alguém que aproveitou a oportunidade para me atacar.Os olhos de Enzo tremularam levemente, demonstrando surpresa:— Você sabe quem foi?Lucas esboçou um sorriso de canto, observando-o com um olhar carregado de intenções ocultas:— Talvez algum concorrente da empresa, alguém que você transformou em inimigo anos atrás. Ou, quem sabe, o seu filho mais velho.O olh
Embora o senhor estivesse vestido de forma simples e discreta, sua presença emanava uma autoridade impossível de ignorar. Era Luís, o mesmo homem que, dois dias atrás, gastara um milhão para adquirir dela o raríssimo vaso imperial de Pedro II com padrão de cobra gigante.Camila sorriu ao cumprimentá-lo:— Sr. Luís, o que o traz ao hospital?Luís ergueu o queixo, apontando com a cabeça para o laboratório ao lado:— Vim fazer um check-up. Mas, pelo visto, é dia de corrigir injustiças também.Camila achou o gesto dele admirável. Tinha visto o senhor apenas uma vez na vida, mas ele, ao perceber que Enzo estava dificultando as coisas para ela, interveio espontaneamente.Enzo observou Luís por alguns segundos, depois abriu um sorriso largo:— Ora, vejam só, somos da mesma família! Se formos considerar os laços, devo chamá-lo de primo.Luís lançou a ele um olhar preguiçoso e desdenhoso:— Não. Não temos parentesco algum. Não tenho familiares que, com essa idade, ainda se ocupem em intimidar u
A porta da sala de exames se abriu por dentro.Lucas saiu, abotoando os botões da camisa com uma mão só. Seu rosto sério e elegante não demonstrava qualquer emoção.Camila observou-o atentamente. Ao notar que sua expressão permanecia tranquila, concluiu que ele provavelmente não havia ouvido a conversa que tivera com Enzo.Ela soltou um suspiro de alívio. Não tinha medo de quase nada, mas Lucas era especialista em guardar mágoas sem explicação. E, para ela, um silêncio frio era muito mais torturante do que uma discussão acalorada.Pegando o copo de água das mãos do segurança, Camila o abriu, serviu um pouco e o entregou a ele:— Está sentindo alguma coisa? Algum desconforto?Lucas pegou o copo, tomou um gole e respondeu calmamente:— Era só um eletrocardiograma. Não tem nem o que sentir.Camila arqueou as sobrancelhas, como se estivesse desconfiada:— O médico que te atendeu era homem ou mulher?Lucas parou por um instante, depois riu. Levantou a mão e deu um leve toque no nariz pequen
— Um bilhão, e ela aceitou ser “vendida”. Uma pessoa que só enxerga dinheiro vale tudo isso para você? — O desprezo nos olhos de Enzo era tão evidente que ele nem sequer tentou disfarçar.Lucas curvou os lábios em um sorriso quase imperceptível:— Ela não é esse tipo de pessoa. E, se você continuar insultando-a, não me culpe por perder a paciência.O tom da voz dele era calmo, o rosto impassível. Mas havia algo em sua postura e na frieza do olhar que pressionava como uma montanha. Essa pressão fazia Enzo se sentir desconfortável, com vontade de socar alguma coisa.Mas ele se conteve. Era seu filho, afinal. Em todos esses anos, nunca havia sequer levantado a mão contra ele. E, por mais que quisesse reagir, tinha medo de que uma briga mais séria resultasse em um rompimento irreparável. Perder Lucas não era uma opção.— Você é simplesmente impossível!Foi tudo o que conseguiu dizer, antes de virar as costas e sair, batendo a porta com força.Quando Camila voltou ao quarto, após ter sido e
A cafeteira caiu no chão com um estrondo, e a tampa se soltou. Felizmente, era de aço inoxidável e não quebrou.Luís lançou um olhar breve para a cafeteira caída e ergueu as sobrancelhas enquanto olhava para Vera. Seu olhar era frio, com um leve toque de irritação:— Ficar tão agitada só porque ouviu o nome dele?Vera tentou manter a compostura, embora seu rosto estivesse um pouco pálido:— Não fiquei agitada. Só achei inesperado, isso é tudo.— Achei que você já tivesse esquecido.A voz de Luís tinha um tom de sarcasmo.— Esqueci, sim. Se você não tivesse mencionado, nem lembraria que ele existe. — Vera respondeu, esforçando-se para soar tranquila. Depois, abaixou-se para pegar a cafeteira e foi até o bebedouro.Suas sobrancelhas franzidas estavam tão apertadas que pareciam presas por um nó. Seu coração, que inicialmente havia se encolhido de medo, agora estava tomado por uma onda de ressentimento. Um turbilhão de emoções se agitava dentro dela, tornando-a vulnerável. Mesmo depois de
— Fale a verdade. — Camila estreitou os olhos, desconfiada.— Naqueles dois anos, minhas pernas estavam ruins, não podia te levar para sair. Depois que melhorei, voltei para a empresa e fiquei tão ocupado tentando recuperar meu espaço que mal levantava a cabeça. Nunca sobrava tempo para te trazer a lugares assim. Vou tentar arranjar mais tempo daqui em diante, te trazer para passear mais vezes.Camila sentiu um pressentimento ruim:— Você está prestes a perder o emprego, não é?— É possível.Camila compreendeu imediatamente. Era por causa dela. Lucas provavelmente havia rompido de vez com Enzo.Sentindo-se culpada, ela murmurou:— Você...Como se tivesse adivinhado o que ela ia dizer, Lucas respondeu com um tom despreocupado:— Se tiver que romper, que rompa. Mesmo que eu saia da empresa dele, não vou passar fome. O único motivo pelo qual ainda não saí é porque a empresa representa todo o patrimônio dos meus avós. Sair assim, sem mais nem menos, seria difícil de engolir. Minha mãe tamb