Houve um tempo em que Camila acreditava que o amor era tudo. Apenas alguns meses antes, quando Lucas lhe pediu o divórcio, ela sentiu como se o mundo estivesse desmoronando ao seu redor. Mas agora, diante da morte, o amor parecia insignificante.Com a voz firme, Camila declarou:— Já decidi. Vou me divorciar.Os olhos de Maria se encheram de lágrimas. Ela hesitou por um momento, então disse:— Na verdade, sua avó poderia ter vivido mais alguns meses, se ela não tivesse desligado os aparelhos sozinha. O casamento de vocês foi a última coisa que ela quis garantir com a própria vida.Camila sentiu uma dor aguda em seu peito. Ela mordeu os lábios, tentando segurar as emoções. Depois de um longo silêncio, ela finalmente falou:— Eu já suspeitava... por isso me esforcei tanto para manter meu casamento com Lucas. Eu sabia que não era o momento ideal para engravidar, mas fiz isso para tentar salvar o casamento. Agora, com o bebê perdido, não há mais razão para continuar. A morte do bebê não é
Pedro franziu as sobrancelhas de repente. Passaram-se vários minutos. Ele respirou fundo, tentando conter a emoção, e perguntou com a voz rouca: — Ela está bem? — Não. — Lucas esmagou o cigarro entre os dedos, sem sequer notar que a brasa queimava sua pele. Pedro insistiu, teimoso:— Onde ela se machucou? — No coração. — E o corpo? — Perdemos o bebê. — Lucas levou a mão ao rosto, apertando com força o osso do nariz, desviando a resposta. — O nosso filho se foi. Uma sensação de afogamento tomou conta de Lucas, o peito doía como se estivesse sendo rasgado por dentro. Como isso pôde acontecer? Era o primeiro filho deles. O único laço que ele tinha para mantê-la ao seu lado. E agora estava perdido. Ele havia perdido o filho, e agora estava à beira de perder também a esposa, a mulher com quem ele contava para seguir em frente. A dor revirava seus órgãos, como se estivessem sendo torcidos. Nesse momento, o assistente atendeu uma chamada e se aproximou. O assistente pegou o ci
Chloe observou o carro de Lucas avançar a toda velocidade, vindo diretamente em sua direção. Chloe ficou paralisada, os olhos arregalados e a boca aberta, soltando um grito agudo. O instinto lhe dizia para fugir, mas suas pernas tremiam tanto que ela não conseguia dar um passo sequer.Ela caiu sentada no chão, apavorada, o corpo tremendo como uma folha ao vento. Viu o carro se aproximando cada vez mais, mas não conseguia escapar. Fechou os olhos, esperando pelo pior.O som dos pneus chiando contra o asfalto ficou mais alto, quase ensurdecedor. Mas o impacto esperado não aconteceu. Em vez disso, ouviu o som agudo de freios sendo acionados, um após o outro, cada vez mais próximo.Chloe abriu os olhos instintivamente e viu outro carro surgindo do nada, bloqueando o caminho de Lucas. Ela estava salva, pelo menos por enquanto. Com o alívio, percebeu que seu coração batia tão forte que parecia prestes a explodir. Estava completamente encharcada de suor. Tentou se levantar, apoiando as mãos
Pedro podia facilmente revelar sua verdadeira identidade e se reconciliar com Camila, mas ele não o fez. Em vez disso, escolheu ficar nas sombras, protegendo-a silenciosamente, sem pedir nada em troca. Não buscava reconhecimento, dinheiro, nem mesmo a gratidão dela. Era um homem realmente peculiar.Lucas nunca havia encontrado alguém tão estranho em toda a sua vida. Vindo de uma família de comerciantes, ele aprendeu desde cedo que tudo tinha um preço. Para ele, tudo girava em torno de interesses e trocas equivalentes. Pedro era um mistério para ele, mas, naquele momento, Lucas percebeu que talvez não o odiasse tanto assim.Lucas abriu a porta do carro e se acomodou no banco do motorista. Pegou o celular e ligou para seu assistente, dando instruções claras:— Encontre alguns detetives particulares experientes para seguir o Nelson. Certifique-se de que façam isso discretamente, ele é um ex-policial especializado em investigação criminal, extremamente astuto. Quando tiverem informações út
Os dois se abraçaram por um tempo que pareceu uma eternidade. Sabiam que o divórcio estava próximo, e isso só tornava a despedida mais dolorosa. Embora Camila estivesse decidida a seguir com a separação, não conseguia deixar de se apegar ao calor do abraço dele. Era uma sensação de conforto da qual ela não queria abrir mão. Cada um perdido em seus próprios pensamentos, eles permaneceram ali, entrelaçados, como se pudessem prolongar aquele momento até o fim dos tempos. Nenhum dos dois queria ser o primeiro a soltar, como se aquele abraço pudesse durar para sempre.De repente, um toque estridente de celular rompeu a atmosfera silenciosa. Lucas tirou o telefone do bolso da calça, lançou um olhar rápido para o visor. Era Enzo ligando. Ele franziu a testa quase imperceptivelmente, deu um leve tapinha nas costas de Camila e disse:— Vou lá fora atender.Camila assentiu com um leve movimento de cabeça.Lucas saiu do quarto, caminhando até um canto mais reservado no corredor. Ao atender, mant
Lorenzo sorriu de um jeito enigmático: — Chamou a polícia? — Chamei. — Respondeu Enzo.— Foi um acidente ou algo premeditado? — Pelo que parece, foi um acidente. — Não dá para ter certeza, pode muito bem ter sido um assassinato. Um amigo meu disse que uma noite viu o Lucas dirigindo feito um louco, tentando atropelar a Chloe. Se não fosse alguém tê-lo impedido, ele teria acertado em cheio. Se foi o Lucas quem fez isso, é bom você começar a se mexer para proteger ele. O senhor investiu tanto nele, não pode deixar tudo ir por água abaixo agora. Enzo ficou paralisado, como se tivesse levado um choque. Se não fosse pelos anos de experiência no mundo dos negócios, sua postura teria desmoronado. Só depois de um longo silêncio, ele conseguiu dizer: — Lucas não é impulsivo desse jeito. — Quem sabe? Muitos homens de sucesso perdem a cabeça quando se trata de uma mulher e são capazes de qualquer coisa por elas. Enzo soltou um suspiro misto de alívio e preocupação: — Esse erro, p
Carlos afastou-se para um canto mais tranquilo e ligou para Elisa. Assim que ela atendeu, ele foi direto ao ponto:— Elisa, acabei de ouvir que a Camila sofreu um acidente e está internada. Você pode dar uma olhada nela?O motivo por trás da preocupação de Carlos era peculiar: Camila lembrava muito sua mãe quando jovem. Não apenas na aparência, mas naquela mesma aura doce e serena que ele tanto admirava. Isso criava um sentimento especial, diferente do interesse comum entre um homem e uma mulher. Ver que algo acontecera com ela o inquietava profundamente, mas, por conta das convenções sociais, ele preferiu pedir a Elisa que a visitasse em seu lugar.Assim que ouviu a notícia, Elisa quase explodiu:— O quê? A Camila sofreu um acidente? Quando foi isso? E por que ninguém me avisou antes?— Também acabei de saber. — Explicou Carlos. — Liga para ela e verifica como está.— Tudo bem, vou ligar agora mesmo.Pouco depois de desligar, não se passou nem meia hora para que Elisa chegasse ao hosp
Camila soltou um leve "hum" e disse: — Vai lá. Elisa se abaixou e a abraçou. O abraço durou um pouco mais do que o normal, como se quisesse transmitir algo a mais naquele gesto. De repente, ela se afastou de Camila, virou as costas e saiu andando com firmeza. Camila, num reflexo, segurou o braço dela e advertiu: — Não faça nenhuma besteira, tá? Elisa sorriu com os olhos cheios de lágrimas: — Fica tranquila, eu não vou. Só então, Camila a soltou. Assim que saiu do quarto, Elisa foi direto para a ala da emergência onde ficava o centro cirúrgico. Ao chegar lá, avistou Daulo e Ana, parados do lado de fora da sala de cirurgia. Eles eram fáceis de encontrar. Elisa se aproximou correndo. Antes que Daulo e Ana pudessem reagir, ela ergueu a perna e desferiu um chute contra a porta da sala de cirurgia. Daulo correu para segurá-la: — Elisa, o que você tá fazendo? A Chloe tá em cirurgia! Você pode atrapalhar os médicos e até colocar a vida dela em risco! Mesmo com Daulo segur