Augusto achava que Pedro não passava de um ex-soldado, alguém sem importância. Sem medo, ele soltou um xingamento:— Quem é esse moleque que me bateu? Vai me pagar, ouviu? Quebrou o meu osso! Quero cinco milhões, ou não vou te deixar em paz!Pedro, ao longo de sua vida, raramente encontrava alguém que ousasse insultá-lo. E ameaçá-lo ou extorqui-lo, isso era ainda mais incomum.Seu olhar imediatamente se tornou gélido. Sem dizer nada, ele agarrou o braço de Augusto e começou a arrastá-lo para fora da loja. Nem parecia que estava fazendo força.Num piscar de olhos, Augusto já estava do lado de fora.Camila, aflita, correu atrás deles.Augusto, com a cabeça do fêmur machucada, não conseguia ficar de pé. Mesmo assim, Pedro o arrastou por uma boa distância, e as calças dele já estavam rasgadas de tanto esfregar no chão.Pedro continuava puxando Augusto, sem pronunciar uma palavra, em direção a um canto mais isolado. Seus lábios estavam firmemente cerrados, o semblante era rígido como gelo.
— Senhora! A senhora está bem? — O motorista Raquel veio correndo, ofegante.Ele tinha ido ao banheiro e, ao sair, avistou Camila, Augusto e Pedro parados à beira da estrada. Tanto Augusto quanto Pedro eram figuras perigosas. O coração dele acelerou de imediato, e ele correu apressado até eles.Camila balançou a cabeça, tranquilizando-o:— Estou bem.Raquel finalmente respirou aliviado.Ao ver que mais gente se aproximava, Augusto percebeu que, naquele dia, não conseguiria arrancar dinheiro de ninguém. E, pior ainda, talvez apanhasse de novo. Não querendo sofrer mais, pegou o celular e ligou para o filho:— Roberto, vem me buscar rápido, apanhei e não consigo andar.Após desligar, Pedro lançou um olhar frio para ele e voltou-se para Camila:— Vamos voltar para a loja.Camila assentiu e caminhou ao lado dele em direção à entrada.Só então ela se lembrou de perguntar:— Sr. Pedro, o senhor veio à loja a trabalho hoje?Com a voz calma, Pedro respondeu:— Sim. Porcelana é difícil de conser
Augusto sentiu um arrependimento amargo no peito. Lucas havia transferido o dinheiro tão rápido, um milhão sem pestanejar, e agora o tinha bloqueado. Que desperdício!Pelo menos o dia não tinha sido em vão. Um milhão nas mãos, finalmente poderia pagar suas dívidas.Dez minutos depois, seu filho, Roberto Chico, chegou e o ajudou a se levantar do chão. Ambos entraram no carro que estava estacionado na beira da estrada. Roberto ligou o motor e, ao virar a esquina, avistaram um banco.Augusto rapidamente exclamou:— Para o carro!Roberto pisou no freio e encostou. Augusto puxou uma carteira do bolso e entregou a ele um cartão: — Vai até lá e confere se tem um milhão nessa conta.Roberto, animado, pegou o cartão:— Então você conseguiu o dinheiro dessa vez?— Consegui, foi o Lucas quem mandou. Esses ricos, quando dão, não têm miséria. Assim que pedi, ele transferiu o dinheiro na hora, nem perguntou nada. Se eu soubesse que seria tão fácil, teria pedido mais. Da próxima vez vou pedir cinco
No entanto, quando se tratava de lidar com pessoas, especialmente Lucas, Camila sempre se saía mal. Quanto mais importante a pessoa era para ela, mais nervosa ficava. E quanto mais nervosa, menos conseguia falar.Lucas também não disse nada. O tempo parecia ter parado. Os dois ficaram em silêncio por um longo momento.De repente, a voz grave de Lucas ecoou pelo celular:— Camila, eu te amo.Pegando-a completamente desprevenida, Camila ficou paralisada. Aquilo foi tão inesperado! Sem nenhuma preparação, ele simplesmente soltou essas palavras de repente.Camila sorriu e respondeu:— O que deu em você hoje? Estamos casados há três anos, somos um casal experiente... por que dizer isso de repente?Enquanto ria, seus olhos começaram a se encher de lágrimas sem que ela soubesse por quê. Seu coração batia forte, como um pombo preso em uma armadilha, desesperado para escapar.Ela levantou a mão e limpou os olhos. Ao olhar para a lágrima na ponta dos dedos, percebeu que, no fundo, estava esperan
Pedro percebeu a expressão estranha de Camila e, num tom descontraído, comentou: — A Srta. Camila me deu dois quadros preciosos, então é o mínimo que posso fazer por ela. Essa explicação parecia razoável. Camila achou que talvez estivesse pensando demais. Pedro continuou: — Na verdade, nem é uma questão de eu te ajudar. Quando você se formar, vai saber restaurar tanto pinturas a óleo quanto cerâmicas. Vou acabar precisando da sua ajuda também. O jeito descontraído dele deixou Camila à vontade de imediato. Ela sorriu: — Sr. Pedro, você é muito gentil. Pedro lançou-lhe um olhar um pouco mais sombrio e disse: — Pode me chamar só de Pedro. Esse “Sr.” soa muito formal. Apesar do convite, Camila não se sentia à vontade para ser tão íntima. Afinal, ela tinha em casa um marido bastante ciumento, que vivia de olho em Pedro como se ele fosse uma ameaça. Ela preferia evitar problemas. Afonso, que havia sido momentaneamente esquecido, pigarreou, cobrindo a boca com a mão,
Pedro lançou um rápido olhar de canto para Camila e disse casualmente: — Tenho o padrão um pouco elevado. Afonso soltou uma gargalhada. — É bom ter um padrão alto quando se é jovem! Pedro deu um leve sorriso e murmurou em concordância. Afonso, acariciando a barba, falou devagar: — Coincidentemente, eu tenho uma neta chamada Chloe. Ela está solteira. É muito bonita, delicada, exatamente do tipo que a sua geração gosta. O que acha de conhecê-la um dia? O sorriso nos lábios de Pedro congelou por um segundo, e seus olhos brilharam com um traço quase imperceptível de desagrado. Passou-se um segundo antes que ele respondesse, educadamente: — Agradeço pela gentileza, Sr. Afonso, mas não estou com pressa para encontrar uma namorada. Era uma recusa educada. Afonso suspirou, desapontado: — E que tipo você gosta? Posso ficar de olho por você. Pedro abaixou os olhos para a xícara de café em suas mãos e respondeu calmamente: — O amor é uma questão de destino. É como o se
Lucas parou por um instante.Não esperava que Camila o abraçasse. Ele achava que, depois de limpar suas mãos daquela maneira, ela ficaria chateada, se sentiria incomodada e talvez reclamasse. Já estava pronto para pedir desculpas. Mas, surpreendentemente, ela simplesmente o abraçou.E assim ficaram, em silêncio, por um longo tempo.Lucas levantou a mão esquerda, apoiando a cabeça dela no ombro dele, enquanto acariciava suavemente seu rosto. Havia um toque de remorso em seus dedos.Camila, encostada no ombro dele, perguntou em voz baixa:— O que está acontecendo com você ultimamente?Lucas fechou levemente os olhos, escondendo qualquer traço de emoção, e respondeu em um tom indiferente:— Não sei.Camila permaneceu em silêncio por um momento, depois perguntou novamente:— Você costumava ser assim com a Chloe?Os olhos de Lucas escureceram ligeiramente:— Nunca.Após uma breve pausa, ele acrescentou:— Vou tentar me controlar mais no futuro.Camila pensou um pouco antes de dizer:— Sup
Ao ver Chloe presente, Camila endireitou a postura, levantou ligeiramente o queixo e sorriu com elegância, perguntando a Afonso:— Mestre, o senhor me chamou?Afonso apontou para o balcão, onde as peças do quebra-cabeça estavam todas espalhadas:— Monte essas peças.— Claro.Camila se aproximou e, ao dar uma rápida olhada, já reconheceu que era uma reprodução de uma famosa pintura, “Carvalho à Luz da Lua”. Apesar de o quebra-cabeça ser um produto moderno e em versão reduzida, ela sabia bem que o artista, Dakama, havia passado seis meses observando aquele carvalho todas as noites antes de concluir a obra. Ele tinha apenas dezoito anos quando terminou o quadro. Era o ídolo de infância de Camila.Ela o admirava profundamente. Já tinha visto e estudado aquela pintura inúmeras vezes quando mais jovem, chegando a reproduzi-la diversas vezes. Para ela, era algo tão familiar que poderia desenhá-la de olhos fechados.Então, o que aconteceu a seguir surpreendeu a todos. As mãos ágeis de Camila c