No entanto, quando se tratava de lidar com pessoas, especialmente Lucas, Camila sempre se saía mal. Quanto mais importante a pessoa era para ela, mais nervosa ficava. E quanto mais nervosa, menos conseguia falar.Lucas também não disse nada. O tempo parecia ter parado. Os dois ficaram em silêncio por um longo momento.De repente, a voz grave de Lucas ecoou pelo celular:— Camila, eu te amo.Pegando-a completamente desprevenida, Camila ficou paralisada. Aquilo foi tão inesperado! Sem nenhuma preparação, ele simplesmente soltou essas palavras de repente.Camila sorriu e respondeu:— O que deu em você hoje? Estamos casados há três anos, somos um casal experiente... por que dizer isso de repente?Enquanto ria, seus olhos começaram a se encher de lágrimas sem que ela soubesse por quê. Seu coração batia forte, como um pombo preso em uma armadilha, desesperado para escapar.Ela levantou a mão e limpou os olhos. Ao olhar para a lágrima na ponta dos dedos, percebeu que, no fundo, estava esperan
Pedro percebeu a expressão estranha de Camila e, num tom descontraído, comentou: — A Srta. Camila me deu dois quadros preciosos, então é o mínimo que posso fazer por ela. Essa explicação parecia razoável. Camila achou que talvez estivesse pensando demais. Pedro continuou: — Na verdade, nem é uma questão de eu te ajudar. Quando você se formar, vai saber restaurar tanto pinturas a óleo quanto cerâmicas. Vou acabar precisando da sua ajuda também. O jeito descontraído dele deixou Camila à vontade de imediato. Ela sorriu: — Sr. Pedro, você é muito gentil. Pedro lançou-lhe um olhar um pouco mais sombrio e disse: — Pode me chamar só de Pedro. Esse “Sr.” soa muito formal. Apesar do convite, Camila não se sentia à vontade para ser tão íntima. Afinal, ela tinha em casa um marido bastante ciumento, que vivia de olho em Pedro como se ele fosse uma ameaça. Ela preferia evitar problemas. Afonso, que havia sido momentaneamente esquecido, pigarreou, cobrindo a boca com a mão,
Pedro lançou um rápido olhar de canto para Camila e disse casualmente: — Tenho o padrão um pouco elevado. Afonso soltou uma gargalhada. — É bom ter um padrão alto quando se é jovem! Pedro deu um leve sorriso e murmurou em concordância. Afonso, acariciando a barba, falou devagar: — Coincidentemente, eu tenho uma neta chamada Chloe. Ela está solteira. É muito bonita, delicada, exatamente do tipo que a sua geração gosta. O que acha de conhecê-la um dia? O sorriso nos lábios de Pedro congelou por um segundo, e seus olhos brilharam com um traço quase imperceptível de desagrado. Passou-se um segundo antes que ele respondesse, educadamente: — Agradeço pela gentileza, Sr. Afonso, mas não estou com pressa para encontrar uma namorada. Era uma recusa educada. Afonso suspirou, desapontado: — E que tipo você gosta? Posso ficar de olho por você. Pedro abaixou os olhos para a xícara de café em suas mãos e respondeu calmamente: — O amor é uma questão de destino. É como o se
Lucas parou por um instante.Não esperava que Camila o abraçasse. Ele achava que, depois de limpar suas mãos daquela maneira, ela ficaria chateada, se sentiria incomodada e talvez reclamasse. Já estava pronto para pedir desculpas. Mas, surpreendentemente, ela simplesmente o abraçou.E assim ficaram, em silêncio, por um longo tempo.Lucas levantou a mão esquerda, apoiando a cabeça dela no ombro dele, enquanto acariciava suavemente seu rosto. Havia um toque de remorso em seus dedos.Camila, encostada no ombro dele, perguntou em voz baixa:— O que está acontecendo com você ultimamente?Lucas fechou levemente os olhos, escondendo qualquer traço de emoção, e respondeu em um tom indiferente:— Não sei.Camila permaneceu em silêncio por um momento, depois perguntou novamente:— Você costumava ser assim com a Chloe?Os olhos de Lucas escureceram ligeiramente:— Nunca.Após uma breve pausa, ele acrescentou:— Vou tentar me controlar mais no futuro.Camila pensou um pouco antes de dizer:— Sup
Ao ver Chloe presente, Camila endireitou a postura, levantou ligeiramente o queixo e sorriu com elegância, perguntando a Afonso:— Mestre, o senhor me chamou?Afonso apontou para o balcão, onde as peças do quebra-cabeça estavam todas espalhadas:— Monte essas peças.— Claro.Camila se aproximou e, ao dar uma rápida olhada, já reconheceu que era uma reprodução de uma famosa pintura, “Carvalho à Luz da Lua”. Apesar de o quebra-cabeça ser um produto moderno e em versão reduzida, ela sabia bem que o artista, Dakama, havia passado seis meses observando aquele carvalho todas as noites antes de concluir a obra. Ele tinha apenas dezoito anos quando terminou o quadro. Era o ídolo de infância de Camila.Ela o admirava profundamente. Já tinha visto e estudado aquela pintura inúmeras vezes quando mais jovem, chegando a reproduzi-la diversas vezes. Para ela, era algo tão familiar que poderia desenhá-la de olhos fechados.Então, o que aconteceu a seguir surpreendeu a todos. As mãos ágeis de Camila c
— Sr. Pedro, bom dia! — Gritou de repente um dos funcionários, que tinha olhos de lince.Logo, ele correu em direção à porta, abrindo-a com toda a cortesia.Pedro entrou segurando uma caixa de madeira vermelha nas mãos.Afonso, alisando a barba, sorriu e o cumprimentou animado:— Pedro, o que trouxe hoje pra gente restaurar?Pedro levantou a caixa, com um sorriso discreto:— É o registro de eventos da nossa família. Tá bem danificado, e eu só confio na Camila pra consertar isso.Camila deu alguns passos à frente, pegou a caixa das mãos de Pedro e a abriu, indo para um canto para analisar o conteúdo. Ao ouvir o elogio ao talento de sua pupila, Afonso ficou todo orgulhoso.Mesmo que o negócio fosse restaurar pinturas, algo que Afonso não tinha ensinado, ele se encheu de vaidade e disse:— É isso mesmo! Quando se trata de restaurar pinturas, ninguém faz melhor que a minha aprendiz. Ah, essa menina é um prodígio! Tão jovem e já tão talentosa… daqui a pouco, nós, os velhos, não vamos ter ma
Todos negavam ter dado o tapa, mas Chloe tinha certeza de que fora agredida. A dor ardente em seu rosto não mentia. Aquilo era muito estranho!Com o olhar desconfiado, ela se voltou para o avô, os olhos marejados, cheia de indignação:— Vovô, foi você que me bateu?Afonso fez uma cara séria:— Você é minha neta! No máximo eu brigaria com você, mas nunca teria coragem de te bater.Chloe estava à beira de um colapso. Ela começou a bater repetidamente na bochecha esquerda, agora inchada e vermelha:— Mas eu levei um tapa! Todo mundo viu, não é possível que ninguém tenha visto quem me bateu!Os funcionários, percebendo a tensão, começaram a se dispersar, com medo de serem acusados. Ninguém queria ser o próximo alvo das suspeitas de Chloe.Pedro, sem dar muita atenção ao tumulto, virou-se tranquilamente em direção a Camila e perguntou:— Srta. Camila, como está o estado do registro de eventos da família? Dá pra restaurar?Camila assentiu:— Dá sim. Mas o documento está bem grosso e muito da
Chloe ouvia o sinal de ocupado no celular e estava furiosa. Ela simplesmente não conseguia entender. O que Camila tinha feito para enfeitiçar todo mundo? Por que todos gostavam tanto dela? Por que sempre a favoreciam? Era ridículo!Uma garota que veio do interior, sem classe, sem estilo, que mal sabia se arrumar e nunca tinha saído do país. E ela, Chloe, era uma dama, criada no luxo, bonita, sofisticada, uma verdadeira elite acadêmica! Em tudo era cem vezes melhor que Camila!Chloe não aceitava isso de jeito nenhum. Para ela, quem gostava de Camila devia ter algum problema de visão. Incluindo seu próprio avô!Enquanto isso, no mesmo momento, Camila, com a permissão de Afonso, levou o registro de eventos da família de Pedro para casa a fim de restaurá-lo. No Pavilhão Antiga, não havia as ferramentas adequadas para restaurar livros antigos.Em casa, Lucas havia preparado um escritório exclusivo para ela, onde Camila podia restaurar pinturas e documentos antigos com tranquilidade.O regis