Na manhã seguinte, Lucas levou pessoalmente Camila ao Pavilhão Antiga. Ao descerem do carro, ele segurou a mão dela e os dois caminharam lado a lado em direção ao pavilhão. O sol nascente tingia a paisagem com um brilho dourado suave, e Camila sentiu uma estranha nostalgia, como se estivesse sendo levada para a escola pelos pais.Ao entrarem na loja, Afonso estava à janela, entretido com um papagaio. Quando viu Lucas entrar, ele resmungou:— Malandro! Aposto que você já sabia que o mestre da Camila seria eu, não é?Lucas respondeu com um leve sorriso:— Camila se parece muito com a Sra. Lara quando jovem. Ensine-a bem, você não vai se arrepender.Ao ouvir o nome "Lara", algo no íntimo de Afonso se contraiu. Ele ficou em silêncio por um momento, lançando um olhar a Lucas:— Você sabe mesmo onde apertar para doer, hein?Lucas deu um tapinha no ombro de Camila e disse:— Esta jovem é especial. Ela é inteligente, esforçada, leal, e toda nossa família a adora. Aceitá-la como aprendiz é uma
— Eu venho aqui para te lembrar, e com razão, que você não deve favorecer estranhos! — Disse Ana, cheia de convicção.Afonso levantou a xícara de café e tomou um gole, respondendo com calma:— Aceitar um aprendiz é uma decisão minha, e não diz respeito a você.Ana franziu a testa:— A Chloe não gosta da Camila. Você não precisa fazer a Chloe ficar chateada por causa de uma estranha, certo?Afonso soltou uma risada fria:— A Chloe é imatura. E você também não entende nada?Ana lançou um olhar ameaçador para Camila, que estava a uma distância:— A mão da Chloe foi quebrada por alguém que a Camila contratou. Só porque a Chloe deu uma tapa nela, naquela mesma noite, ela mandou alguém esmurrar o rosto da Chloe. Uma menina tão maldosa como essa, você pretende aceitá-la como aprendiz? Não é como convidar um lobo para entrar em casa?As palavras de Ana inflamaram a ira de Camila. Ela olhou friamente para Ana e disse:— Por favor, traga provas. Sem provas, não venha me caluniar!Ana sorriu sarc
O motorista ligou o carro.Chloe apressou-se a se desviar.O carro se afastou bastante, mas ela ainda permanecia parada, com os olhos cheios de rancor fixados no veículo de Lucas, e o rosto pálido.Sentia-se desolada, como se estivesse afundando em um poço gelado.Só se virou lentamente em direção ao Pavilhão Antiga quando o carro desapareceu de vista.Suas pernas tremiam e mal conseguia se manter em pé.Ao entrar na loja, viu Afonso atrás do balcão, segurando uma enorme lupa enquanto examinava um jarro de porcelana com alças.Chloe contorceu a cintura e se aproximou dele, com um tom manhoso:— Avô, o senhor não me ama nem um pouco.Afonso ajustou os óculos de leitura e a olhou com uma expressão neutra:— Se ainda for por causa da Camila, nem comece.As palavras que estavam prestes a sair da boca de Chloe foram sufocadas. Revoltada, disse:— Eu também quero ser sua discípula.Afonso empurrou o jarro para ela e perguntou:— Então, me diga, esse jarro, é verdadeiro ou falso? Que tipo de
Lara, sem dúvida, era uma beldade de tirar o fôlego. Camila, ao vê-la de relance, notou que elas realmente se pareciam um pouco. Especialmente no porte, eram praticamente idênticas. Ela passou os dedos suavemente pela tela do celular, admirando o rosto de Lara, e comentou com sinceridade: — Sra. Lara é realmente linda. Lucas levantou os olhos de leve, lançando um olhar rápido para a foto:— Uma pena. Beleza assim geralmente vem com azar. Camila pensou um pouco antes de dizer: — Lembro da Elisa mencionar que, depois que a filha dela morreu, ela ficou perturbada e acabou enlouquecendo? Lucas murmurou algo, passando a mão pela testa, claramente sem vontade de continuar o assunto. Percebendo a falta de entusiasmo, Camila decidiu não insistir. Ela voltou a olhar para o rosto de Lara na tela, observando por mais algum tempo. Sem saber ao certo o motivo, aquele sorriso de Lara fez Camila sentir uma pontada de tristeza. Suspirou em silêncio: "Uma beleza que foi destruíd
Ao ver Augusto, o rosto de Camila, que já estava calmo, ficou ainda mais sereno. Uma calma que não parecia natural para alguém de sua idade.Ela perguntou, com uma voz fria e distante:— Sr. Augusto, o que o senhor quer?Augusto soltou uma risada irônica:— Não se faça de boba. Naquele restaurante, eu já deixei bem claro. Se você não me der o dinheiro, vou contar para todo mundo aqui na loja o quanto você é egoísta e insensível! E, se isso não bastar, vou para a televisão te expor! Vou te processar no tribunal por não sustentar seu próprio pai!Camila esboçou um leve sorriso, mas era um sorriso amargo. Por dentro, estava triste. Ele realmente tinha destruído todas as suas ilusões sobre a figura paterna.Se ele ao menos mostrasse alguma fraqueza, fingisse estar arrependido... Se derramasse algumas lágrimas e apelasse para o laço de sangue entre eles... Quem sabe, se seu coração amolecesse, ela até poderia ceder. Cinco milhões não eram uma quantia tão grande para ela.Mas ele não. Estava
Augusto achava que Pedro não passava de um ex-soldado, alguém sem importância. Sem medo, ele soltou um xingamento:— Quem é esse moleque que me bateu? Vai me pagar, ouviu? Quebrou o meu osso! Quero cinco milhões, ou não vou te deixar em paz!Pedro, ao longo de sua vida, raramente encontrava alguém que ousasse insultá-lo. E ameaçá-lo ou extorqui-lo, isso era ainda mais incomum.Seu olhar imediatamente se tornou gélido. Sem dizer nada, ele agarrou o braço de Augusto e começou a arrastá-lo para fora da loja. Nem parecia que estava fazendo força.Num piscar de olhos, Augusto já estava do lado de fora.Camila, aflita, correu atrás deles.Augusto, com a cabeça do fêmur machucada, não conseguia ficar de pé. Mesmo assim, Pedro o arrastou por uma boa distância, e as calças dele já estavam rasgadas de tanto esfregar no chão.Pedro continuava puxando Augusto, sem pronunciar uma palavra, em direção a um canto mais isolado. Seus lábios estavam firmemente cerrados, o semblante era rígido como gelo.
— Senhora! A senhora está bem? — O motorista Raquel veio correndo, ofegante.Ele tinha ido ao banheiro e, ao sair, avistou Camila, Augusto e Pedro parados à beira da estrada. Tanto Augusto quanto Pedro eram figuras perigosas. O coração dele acelerou de imediato, e ele correu apressado até eles.Camila balançou a cabeça, tranquilizando-o:— Estou bem.Raquel finalmente respirou aliviado.Ao ver que mais gente se aproximava, Augusto percebeu que, naquele dia, não conseguiria arrancar dinheiro de ninguém. E, pior ainda, talvez apanhasse de novo. Não querendo sofrer mais, pegou o celular e ligou para o filho:— Roberto, vem me buscar rápido, apanhei e não consigo andar.Após desligar, Pedro lançou um olhar frio para ele e voltou-se para Camila:— Vamos voltar para a loja.Camila assentiu e caminhou ao lado dele em direção à entrada.Só então ela se lembrou de perguntar:— Sr. Pedro, o senhor veio à loja a trabalho hoje?Com a voz calma, Pedro respondeu:— Sim. Porcelana é difícil de conser
Augusto sentiu um arrependimento amargo no peito. Lucas havia transferido o dinheiro tão rápido, um milhão sem pestanejar, e agora o tinha bloqueado. Que desperdício!Pelo menos o dia não tinha sido em vão. Um milhão nas mãos, finalmente poderia pagar suas dívidas.Dez minutos depois, seu filho, Roberto Chico, chegou e o ajudou a se levantar do chão. Ambos entraram no carro que estava estacionado na beira da estrada. Roberto ligou o motor e, ao virar a esquina, avistaram um banco.Augusto rapidamente exclamou:— Para o carro!Roberto pisou no freio e encostou. Augusto puxou uma carteira do bolso e entregou a ele um cartão: — Vai até lá e confere se tem um milhão nessa conta.Roberto, animado, pegou o cartão:— Então você conseguiu o dinheiro dessa vez?— Consegui, foi o Lucas quem mandou. Esses ricos, quando dão, não têm miséria. Assim que pedi, ele transferiu o dinheiro na hora, nem perguntou nada. Se eu soubesse que seria tão fácil, teria pedido mais. Da próxima vez vou pedir cinco