Samira
Samira — Você está bem? — Uma garota de cabelos escuros e lindos olhos âmbar perguntou quando abri os meus olhos. Levo alguns segundos para perceber que estou sobre uma cama enorme, confortável, macia e desconhecida. Desvio os meus olhos do olhar curioso da jovem e concentro-me nas últimas horas. O rosto enfurecido do meu pai, o olhar intenso e inescrutável daquele homem, vem como um golpe certeiro na minha cabeça. Não pode ser! Corro os meus olhos pelo quarto amplo e pouco iluminado. Confusão e pânico preenchem todo o meu corpo quando finalmente me dou conta que estou em um lugar que eu não quero estar. Pelas pequenas frestas entre as cortinas escuras vejo que ainda é noite. Oh meu Deus! Será que estou na casa de Dimitri? — Onde eu estou? E cadê o meu pai? — As palavras saem com dificuldades através da minha garganta meio seca. O meu pai seria a última pessoa de quem eu deveria querer saber agora. Entretanto, de alguma maneira perguntar por ele é a única alternativa segura que me resta. Irônico, não? — Eu não sei onde o seu pai está, mas não se preocupe, você está na casa de Dimitri Ferrari. — disse ela, em seguida ela sorriu amplamente Olho para o meu corpo para verificar se está tudo como antes. Tirando a dor latejante do meu tornozelo que está vermelho e inchado como um pão, corpo cansado, fome e sede, graças a Deus estou bem viva! Só então percebo que estou usando um pijama de seda de mangas compridas da cor lilás que é exatamente o meu número. Como se a peça tivesse sido comprado especialmente para mim. — Trocamos as suas roupas quando chegou e tiramos todo aquele mato do seu cabelo. — A garota explica ao perceber o quanto estou nervosa. — Tiramos? — Pergunto, não disfarçando a minha irritação pela invasão sem permissão ao meu corpo. — Sim, eu e Tereza. Dimitri ordenou que cuidássemos de você. Ele ficou dolado de fora. Não viu você nua se é isso que está te incomodando. — Explica ela novamente. Isso suaviza um pouco os meus temores, só um pouco, porque ainda estou na casa do homem que tentei fugir sem sucesso. — Você pode por favor devolver as minhas roupas? Preciso ir para casa. — Digo ao tentar-me levantar, mas quando os meus pés se chocam contra o carpete felpudo, sinto uma fisgada forte no meu tornozelo. A dor levou-me de volta para a cama. Legal, agora além de ter que fugir vou ter que fazer isso mancando. — Desculpe-me, mas Dimitri deu ordens para eu não deixá-la sair do quarto sem ele saber. — disse ela, soando nervosa ao dar-me a notícia. As suas palavras são como brisa gelada, espalhando calafrios por toda a minha espinha. — Ordens? Dimitri não é meu dono! Não somos casados! Nem ao menos o conheço. É essa a intenção dele ,me tranformar em uma prisioneira antes mesmo do nosso casamento ? — me exalto, mas assim que olho para a jovem e a vejo de olhos arregalados devido ao surto explosivo, me arrependo. — desculpe-me, sinto muito. Não tem nada a ver com isso. Perdoe-me. — digo, me sentindo horrível por estar descontando em quem não merece. Principalmente numa pessoa que já deu para notar que é gentil e simpática. — Tudo bem. Não tem problema. — respondeu ela, com um sorriso compreensivo e acolhedor que só fez eu me sentir mais culpada do que já estou. — Sinto muito, mesmo. Não quis ser rude. Ela sorri e balança a cabeça. — Não seja boba. Diante das circunstâncias que você se encontra é compreensível que esteja tão nervosa. Talvez você devesse voltar a descansar. — Sugeriu ela, com um sorriso sincero.
Pense, Samira, pense. Respiro fundo tentando arquitetar alguma forma de sair daqui. E tudo indica que não posso contar com o meu pai traidor. Ele deve estar comemorando agora pelo seu plano ter dado certo.
— Vou avisar Dimitri que está acordada. — Avisou ela, se virando para sair. O meu coração disparou. — Será que antes de chamá-lo você pode-me trazer algo para eu comer e beber? Estou faminta e muito fraca. — Pedi, antes que ela chamasse a sombra escura. Eu não posso enfrentá-lo fraca como estou. Com ela fora do quarto, talvez eu consiga estudar uma maneira de escapar disso tudo. — Claro! Vou lhe trazer comida e também um remédio para dor. Está com dor, não está? — Perguntou ela apontando para o meu pé.— Fizemos uma compressa com ervas medicinais e pano quente. O médico foi chamado para verificar se não há nada mais grave, mas acho não quebrou nada. Concordei com um aceno. Ela me oferece um sorriso tímido e sai do quarto encostando a porta em seguida. Olho em volta a procura da minha mochila, mas nada dela. Tudo bem, se eu conseguir fugir, vou pedir asilo ao padre Simões até eu pensar em outra forma de sumir dessa cidade. Claro que agora tudo ficou mais difícil. Todo o dinheiro que juntei foi confiscado com a lata velha que o mecânico vendeu-me. Coitado. Espero que não tenham o castigado por minha causa. Padre Simões é o único que eles não suspeitariam e em quem posso confiar, mas para isso tenho que chegar até a igreja. Vou até à janela para poder ter alguma ideia de onde estou. Assim que os meus olhos batem no grande muro de pedras cercando a casa, penso o quanto sou uma pessoa inutilmente esperançosa. O lugar parece uma fortaleza. Há duas torres, uma de cada lado do muro da frente, de onde uma luz forte dança de um lado e de outro por toda parte. Certamente há atiradores vigiando lá de cima. Olho em volta e há mais homens. Decido inspecionar a casa antes que a jovem volte com a comida. Abro a porta e sigo pelo corredor comprido. Ouço vozes masculinas e exaltadas vindo do andar de baixo.
Quando me aproximo de uma escada. Reconheço umas das vozes. Ela pertence ao meu pai. Chego mais perto do topo da escada para poder escutar a conversa acalorada entre eles. De onde estou não só posso ouvi-los muito bem, como vejo os integrantes da conversa. O meu pai, um homem numa cadeira de rodas e Dimitri. Dimitri está sem a touca escura, mas uma vez que ele está de costas para a escada não tem como eu ver como o seu rosto se parece. Pergunto-me porque ele usa aquela touca. Será que é porque a sua aparência é tão assustadora como a sua reputação? Desço mais dois degraus tomando cuidado para não chamar a atenção. O meu pai ouve atentamente o que o homem diz. Penso eu chamá-lo, talvez ele esteja aqui para me buscar, mas quando ele respondeu para o homem, congelei no lugar. — Entendo Dario, sei exatamente como tudo funciona. Eu só não percebi que não era o que ela queria. O meu pai parece muito agitado e o seu rosto está pálido.— Se você não pode controlar a sua própria filha, como podemos confiar em você, Ramoz? — Disse o homem da cadeira de rodas. — Eu dou-lhe a minha palavra que ela não vai mais causar problemas. Agradeço a você por dar a minha filha mais uma chance — o meu pai diz com a voz trémula. Por que ele parecia tão nervoso? Sei que lhe dei motivos, mas sinto que tem mais coisa nisso e algo está me dizendo que não é nada bom. — Tem uma filha surpreendente e corajosa, Ramoz. É uma pena que ela não quer se tornar um membro da minha família e infelizmente tornou-se um perigo para todos nós. Que garantias temos que ela não está ligada a essas pessoas? A sua filha não tentaria fugir se não fosse culpada, não é?— O homem questiona o meu pai com uma expressão implacável. — Peço que a perdoe, Dario. Samira deve ter feito tudo isso para chamar a minha atenção. Responsabilizo-me por qualqualquer transtorno e prejuízo que ela causou. — o meu pai defendeu-me meio angustiado, mas eu não gosto da forma que a sua voz soa quando ele disse isso, ele parece extremamente magoado. De que tipo de prejuízo eles estão se referindo? Meu Deus! Eu só desisti de casar com Dimitri. Que pessoas são essas que o pai de Dimitri pensa que eu estou apoiando — Que seja! Regras são regras, meu amigo. Você quebrou a principal delas. A confiança. — O homem diz sem emoção. Dimitri o tempo todo se mantém calado, mas parece incomodado enquanto anda de um lado ao outro. O meu pai se levantou do sofá se esforçando para ficar de pé. Nunca o vi tão arrasado antes. É como se ele sentisse dores. Espero que essas dores sejam arrependimento pelo que me fez. — Vou dar a notícia para a minha filha. — O meu pai falou para o homem que o observa tranquilamente, mas seu olhar era frio e distante. Notícia? Que notícia ?
Me buscar ele quis dizer ,né ?
Porque nada dessa conversa faz qualquer sentido para mim. — Vou levá-lo ao quarto dela. — disse Dimitri ao entrar na frente do meu pai. Reviro os meus olhos quando ouço ele dizer 'o meu quarto'. O meu pai não gosta da companhia, mas concorda. — Filho, deixe Ramoz e a sua filha sozinhos. Eles têm muito que conversar. — Prefiro não correr o risco. Vou ficar do lado de fora do quarto.— Respondeu Dimitri determinado. O seu comportamento fez-me lembrar de algumas horas atrás no penhasco quando ele me arrastou para longe e depois ficou na minha frente quando o meu pai estava furioso. Balanço a cabeça desviando os pensamentos imaginários que Dimitri poderia se importar com a segurança de alguém. Principalmente com a minha segurança. Volto a olhar para ele, ansiando poder ver o seu rosto pela primeira vez. Ele vira-se e caminha na direção da escada, deixando o seu rosto livre para a minha visão. O cabelo é curto e muito escuro. Os seus olhos azuis que eu já tinha visto antes se destacam sobre a pele do seu rosto levemente bronzeada. O seu rosto é um conjunto de contrastes perfeitos. Descarto todas as minhas suspeitas sobre ele ser feio ou assustador sem a touca escura de antes. Pelo contrário ele é lindo! Não há nada na sua aparência que o desqualifique com belo aos meus olhos. Um movimento do seu rosto para a direita foi o suficiente para eu ver as pequenas cicatrizes. Será que é por isso que ele escondeu o seu rosto? Se for, eu não consigo entender os motivos.
Dimitri .Levo Ramoz até o quarto onde pedi para acomodar Samira.Depois que Samira desmaiou, achei melhor trazê-la para a minha casa e mantê-la sobre os meus olhos até tudo isso ser resolvido. Agora as coisas mudaram. E a jovem Samira está encrencada até os fios dos seus cabelos. Se tudo o que o nosso pessoal do México passou por telefone for verdade. Temos um traidor entre nós e pelo que tudo indica é a jovem Samira. Apesar de eu não acreditar muito nisso, não posso descartar as possibilidades de serem verdadeiras. Não sei qual vai ser seu destino. Seja qual for, infelizmente, terá que ser feito. Mas, o que me intriga é o fato do seu pai não a ter defendido. Ele simplesmente deixou todas as acusações de traição cair sobre ela sem ao menos considerar
Samira . Samira — O que você quer? Diga de uma vez! — Ele pergunta, tirando a sua mão bruscamente da minha. Eu não sei quais são suas intenções comigo,mas não consigo ser otimista depois de tudo. O meu pai disse-me que vou ficar aqui por um tempo. Que agora estou em algum processo de julgamento por suposta traição. Ele também disse muitas outras coisas que me magoaram muito mais do que ele já fez. Que sou ingrata, insolente, irresponsável e que estraguei tudo como uma péssima filha faria. Essa foi a parte que mais me magoou e deixou-me desolada. Tirar Dimitri do sério foi uma péssima e arriscada ideia. Só agora percebi a burrada que fiz. Acabei de tornar-me a sua prisioneira e ele sabe disso. Desafiá-lo é a última coi
Dimitri . —Merda! — Resmunguei, quando o meu disparo não atingiu o alvo. Sem dar uma pausa. Inalei uma respiração profunda e deslizei novamente os meus dedos sobre o gatilho. O fuzil Hk 416 tremulou nas minhas mãos como nunca aconteceu. Claro que não, por que nunca fiquei tão desconcentrado como estou agora. Uma vez na semana testamos as novas armas que recebemos para repassar aos nossos clientes. Uma vez que elas nos agradam e cumprem o prometido, o pedido é feito. Assobiei alto e cerrei os meus dente totalmente frustrado quando vejo que errei a mira. O boneco mal feito de sucata velho posto entre as árvores, apenas ficou sem um braço. O objetivo era executá-lo apenas com um disparo. Os homens observam-me calado, mas a confusão está em cada rosto. —Duas vezes seguidas? Desse jeito vai ficar em último lugar e o pequeno Adrian vai ter que trazer mais b
Samira — Oh! Samira! — Alina olha-me com os lábios presos entre os dentes para segurar a risada, mas não conseguiu contê-las. A sua risada alta e sem reservas contagiou o quarto silencioso. Então, eu também comecei a rir. Fazia algum tempo que eu não desfrutava da sensação reconfortante de uma boa risada. Eu tinha acabado de sair do banho e com a toalha ainda enrolada no meu corpo, vasculhei o armário pela terceira vez atrás de roupas íntimas, no caso de eu não ter procurado direito antes,mas não encontrei. Já fazia dois dias que eu não usava nada debaixo dos pijamas sedosos que Dimitri comprou. Então, Não teve outro jeito a não ser, contar a Alina ,uma vez que ela já está desconfiada por me ver revirando os armários . E além disso, eu realmente gos
Dimitri Eu perdi o maldito controle por que não tenho a porra da ideia do porque estou fazendo isso, mas não consigo parar de beijá-la. Roubei os seus lábios para mim, como um animal raivoso e faminto. Um gemido escapou da sua garganta quando deslizei a minha língua na sua boca atrevida, macia e doce. Cada meu pau se tornou duro e dolorido . Esperei por sua fúria e negação, ou até mesmo que ela me batesse como ela fez antes. Por que dessa vez, é isso que espero dela. Por que sei exatamente o que ela sente e pensa que sou,mas não é o que ela fez. Ela não está batendo e nem gritando para eu soltá-la e nem me rejeitando. P**a que pariu! Ela me beija de volta. Os seus lábios se abriram, aceitando a minha língua na sua boca. Caralho, ela está gostando? Samira . A noite tinha chegado e trouxe com ela uma linda, fantástica, e brilhante lua cheia. A claridade nítida proporcionada por ela, tornava o lugar fascinante. A imensa propriedade da família Ferrari fica afastada da pequena cidade de Mountain Green . No meio da floresta, cercada de grandes muros altos. Penso que isso traz a privacidade e segurança que tanto prestigiam. Não que eu acredite que eles possam sofrer alguma ameaça, pelo contrário, eles mandam e desmandam nessa cidade. Cidade essa, que é ignorada pelas autoridades das distantes cidades vizinhas. Ignorados , não. Eles são conbrados pra fazerem vistas grossas diante dos negócios da família Ferrari. Destravei o fecho da janela e a abri em busca de ar fresco, mas no seu lugar, um vento gelado e Capítulo 9
DimitriDimitriEu já senti muitas dores, literalmente. E algumas delas,quase insuportáveis. Estou bem familiarizado, mas desconheço essa sensação que estou sentindo agora. Sensações provocadas pelas revelações de Samira. É como se eu tivesse acabado de receber um golpe forte e duro como aço, mas, ao invés de causar dor, faz o meu coração galopar com força no meu peito. Por mais desconhecida que ela seja,eu gosto. Gosto tanto que, queria ter perguntado se ela quis mesmo dizer o 'que disse, se não é uma m*****a ilusão traidora tentando-me enganar. Mas quando pensei em pedir para ela repetir o que tinha dito , ela fechou os olhos com força. Ela pode ter gostado do som da minha risada, mas o medo e tudo mais que sente por mim ainda está visível no seu rosto. Ela espera o meu pior. Não posso
Samira se eu pudesse controlar todas as sensações desconhecidas que estão invadindo não só meu corpo, mas também minha mente. Talvez eu conseguisse me lembrar dos motivos pelo qual eu não posso me envolver com Dimitri. Mas, meu juízo se foi completamente como todo o resto em minha volta, deixando somente ele sobre a minha visão. Seus braços fortes envolveram minha cintura, juntando meu corpo ao seu de uma forma quase sufocante. E em seguida me beijou. Por um momento eu quase perdi o ar, meu coração disparou com violência, minhas pernas se tornaram inúteis, chegando dificultar meu equilíbrio. Mas, pela forma firme que ele está me segurando, não há a possibilidade de ele me deixar cair. Seus láb