Já se passou quase um mês desde a última visita de Lucian à guilda, isso para comprar aquela droga. Desde então, o bairro dos plebeus começou a ser alvo de investigações de Cadec, que caçava os rebeldes após descobrir que eles estavam se escondendo por ali. Lucian não se surpreendeu na medida em que acompanhou os jornais relatando o desenrolar das investigações. Era algo que acontecia em .Contudo, lembrar dos detalhes do enredo original sempre causava dor de cabeça em Lucian. Assim como agora, ele tentava conciliar as informações para iniciar as negociações. Mas foi necessária uma força monstruosa para reprimir a careta de dor e manter a fachada serena de sempre.— Na verdade, não estou pedindo a lista de nomes de graça. Estou disposto a fazer algo muito mais valioso do que te entregar um saco de moedas de ouro.— Estou ouvindo.— Todos sabem que o primeiro príncipe tem feito uma varredura por essa região na busca dos rebeldes que se escondem.— Exatamente. Muitos
Andando em um longo e escuro corredor, Lucian só podia ouvir os sons dos próprios passos. Havia hesitação em seu caminhar, e seus olhos não desgrudaram da única porta do Palácio que lhe pertencia. O corredor foi iluminado por um relâmpago e o silêncio foi substituído por uma alta trovoada que tremeu as vidraças daquele palácio. O clarão do relâmpago iluminou a fresta da porta que deveria estar fechada, e ali Lucian sentiu o seu coração acelerar ainda mais.Contra o seu gosto, ele estendeu a mão quando se aproximou da fresta. Lucian empurrou a porta que rangeu anunciando a sua chegada. Na cadeira, um vulto estava sentado elegantemente enquanto alisava algum animal felpudo que Lucian não conseguiu distinguir direito. A boca daquele sujeito se moveu dizendo algo que Lucian não entendeu, contudo, teve algum efeito em seu corpo.Ele girou nos calcanhares e saiu correndo sentindo o seu coração pulando em seu peito. O desespero para sobreviver parecia gritar ainda mais do que o usual. Lucian
O cavalo preto corria em sua máxima velocidade. O vento que batia contra o rosto jogando os cabelos de carvão para trás não se abatia com a rapidez de quem avançava os quilômetros. Os trajetos sinuosos entre as árvores e a grama molhada eram preenchidos por galopes ansiosos.Apesar do seu ferimento ainda limitar e deixar seus movimentos mais lentos, Magnus Grimwood sacou a sua espada e a ergueu sem errar o alvo quando alcançado. O cavalo relinchou furiosamente quando o mercenário caiu no chão. Magnus olhou sobre o ombro e franziu a testa erguendo a voz autoritariamente.— Peguem-no!Os demais cavaleiros fardados puxavam as rédeas dos seus cavalos e encurralaram o mercenário atingido. Erguendo o braço ao alto, o comandante do exército ordenava que a segunda equipe o seguisse, e assim os cavalos voltaram a perseguir os mercenários.Nada impediria Magnus Grimwood de pegar aquele grupo.Quando a distância foi vencida, o ômega voltou a balançar sua espada e atingir as pernas dos mercenários
Não estava gostando nem um pouco daquela história. Desconfiava do motivo de Lucian fazer negócios com uma guilda, considerando que ele pouco interagia com o mundo. O fato do oitavo príncipe ser recluso sempre foi conhecido, mas o motivo disso se mantinha desconhecido. Agora, Magnus questionava se era apenas um disfarce, e se estava atrelado ao fato de mercenários estarem sedentos para pôr as mãos nele.Justamente por tal desconfiança que o Grão-duque não deixou aqueles dois sozinhos. Ele os acompanhou até a sala de visitas daquele silencioso e sombrio palácio, e observou Ethera revirar os bolsos de sua calça. Encostado na parede e de braços cruzados, Magnus era apenas uma decoração de parede para aquela misteriosa mulher.— Muito bem, o príncipe sabe que pretendo te interrogar para descobrir a verdade, mas ele não sabe o método. E não se preocupe, eu não pretendo te ferir — Adiantou-se em explicar ao perceber a surpresa no rosto do beta.— Hm… e o que pretende fazer, então?Tirando um
As palavras do criado não saíam da cabeça de Magnus. Ele ficou a noite inteira virando na cama sem conseguir descansar direito, apenas pensando nas diversas hipóteses daquele absurdo.— Haa — Suspirava o ômega, passando os dedos entre os fios escuros e suados — Que merda. Onde foi que eu me meti…Havia uma sensação de arrependimento de ter se envolvido com Lucian. Será que o oitavo príncipe era louco e arrastou o criado nos seus delírios? Se assim fosse, ele estava se envolvendo com uma pessoa que só lhe daria dor de cabeça.Contudo, Magnus se lembrou de cada momento que teve com o alfa. O sorriso falso, apesar de ainda ser bonito, a sua inteligência… a sua elegância ao se mover… Nada nele o fazia parecer uma pessoa maluca.Só que… as palavras do criado beta realmente fazia tudo parecer um grande absurdo!— É claro que vou morrer, todos nós iremos… Por que o óbvio deveria ser considerado um dom? — Murmurou Magnus encarando o teto escuro do seu quarto.Ainda assim…"— Impedir a… morte
— Vocês devem estar ansiosos. O seu casamento será em breve, não é mesmo, senhorita Shang?— Isso mesmo, Vossa Majestade. Foram seis longos meses de preparação para o casamento, e a cada dia que passa me sinto mais ansiosa.— Ao menos a senhorita teve tempo o suficiente para preparar o seu casamento e garantir que tudo esteja perfeito — Lucian sorria ao estender a mão e pegar um macaron — admito que estou com inveja.— Não diga isso, Vossa Alteza. Apesar do seu casamento estar sendo feito às pressas, devo dizer que será maravilhoso.— Fico a me perguntar o porquê de vocês terem tanta pressa… — Perguntava Eugene inocentemente.Magnus engasgou com o chá, cobrindo a boca com um lenço para tossir. O ômega olhou para o irmão caçula e rapidamente o respondeu.— É apenas por… precaução.— Precaução?Cassander soltou um riso baixo, como se estivesse maravilhado com a cena de Magnus tentando manter a inocência do seu irmão mais novo. Apesar que os adultos sabiam bem que mais cedo ou mais tarde
Durante o chá da tarde, as duas famílias continuaram a conversar animadamente sobre assuntos corriqueiros e preparativos de casamento. Naquele final de semana, Jesse e Victória Shang iriam se casar, finalmente. Uma festa que Lucian aguardava ansiosamente, já que iria acompanhar Magnus em outro evento social.Era sempre bom ir à festas com o seu noivo.Pouco antes do entardecer, Lucian e Magnus saíram para uma caminhada pela estufa. Os demais os dispensaram com sorrisinhos com um pouco de malícia, mas que combinavam perfeitamente com a intenção de Lucian em roubar a atenção do seu noivo.Caminhando sobre as pedras brancas que guiavam entre as árvores e arbustos, os dois rapazes aproveitavam o silêncio daquela região com um aroma perfumado. Só de estar ao lado do seu personagem preferido era o suficiente para deixar Lucian calmo e esquecer o outro pesadelo que teve naquela noite.Era como se confortado em seu silêncio.— Lucian, eu queria conversar com você sobre um assunto.A repentina
Naquela tarde chovia no Império Roveaven. Sentado em frente da janela, ainda usando os seus pijamas e enrolado na coberta, a atmosfera melancólica combinava perfeitamente com o estado de humor de Lucian.O casamento de Jesse e Victória Shang seria no entardecer, no entanto, o oitavo príncipe dispensou Argus ao dizer que só se arrumaria mais tarde. O seu criado ficou preocupado com o mestre, que repetiu a rotina de encarar a janela no silêncio desde a festa do chá.Não era para menos. Lucian não esperava que Magnus fosse… tão frio com ele.A sua testa se encostou no vidro gelado, observando a montanha embaçada ao longe. A sua mente insistia em repetir o momento em que Magnus encerrou a conversa deles, lançando aquele olhar que dizia claramente suspeitar de Lucian. Um olhar que fez Lucian se arrepender de ter sido honesto com o seu noivo."— Essa é a coisa mais estapafúrdia que já ouvi vindo de você, Lucian."Foram as únicas palavras ditas por Magnus antes dele ir embora.Desde o começo