Dentro da carruagem pairava o desconforto por três pessoas compartilharem o espaço sem dizer uma única palavra. Rehael erguia os olhos claros para Lucian, que por sua vez encarava o lado de fora sem parecer interessado em conversar.Desde que Cassander lhe contou sobre o desabafo enfurecedor do oitavo príncipe, Rehal se sentia incomodado. Era justificável a sua vontade de sair do palácio e mantê-lo longe da batalha pelo trono, só que feria o seu orgulho saber que o seu esposo se tornou alvo das palavras de Lucian. O Imperador queria questioná-lo ao mesmo tempo que se mantinha de boca fechada por já imaginar qual a resposta receberia. Ainda assim, ele tentaria.— Lucian, você sabe onde estamos indo? — Questionou o Imperador.O rapaz olhou em sua direção, inexpressivo e com um tom calmo, ele respondeu como se deixasse claro a distância entre eles.— Ao Templo das Almas para conseguir a permissão para o meu noivado.— Isso mesmo. Como deve saber, o templo é um grande aliado nosso, pois n
Ele jamais imaginou que ouviria aquelas palavras serem ditas da boca do Imperador.Claro que Lucian se sentia desconfortável desde o dia em que tomou chá com o consorte, afinal ele praticamente deixou a sua verdadeira personalidade sair através daquelas duras palavras. Era natural tomar o lado do oitavo príncipe, cujo corpo ele possuiu, mas não esperava que fosse tomar as suas dores também.Agora ele acaba de descobrir que Cassander é o pai biológico de Lucian.Ah, como a sua cabeça latejava.— Parece que cheguei em um momento inadequado.— Não… — Respondia Lucian, massageando a própria têmpora e então virando-se para Magnus — Era apenas… uma conversa normal.— Ha, baseado na cara que está fazendo agora, isso soa como uma terrível piada.— Poderia me dizer que cara estou fazendo?— A de que ouviu algo que não gostou — Magnus cruzou os braços — Que seja, por que ainda estamos aqui fora?— Parece que o Sumo Sacerdote está ocupado no momento.— Ha… essas pombas realmente gostam de nos fa
Quando os dois rapazes se reencontraram com o Imperador e o Consorte, eles notaram uma grande mudança em suas expressões.— Sacerdote, poderia me ajudar aqui rapidinho?— Com licença.Assim que o sacerdote se afastou para ajudar um estudante alguns metros à frente, Cassander abriu um sutil sorriso ao comentar em um sussurro.— Ora ora, parece que vocês tiveram um bom tempo juntos.Lucian corou intensamente. Como ele sabia?! O cabelo de nenhum deles estava desarrumado, nem suas roupas amassadas. Dando uma espiada em seu noivo, o príncipe se surpreendia com a falta de discrição naquela arrogância.— Eu apenas consolei um pouco a Sua Alteza, já que ele parecia incomodado com algo.— Já pedi que fossem discretos — Murmurava o Imperador, não parecendo gostar muito das palavras do Grão-duque.O sacerdote logo voltou, continuando a guiar os quatro pelo templo e subirem uma longa escadaria.No caminho, Lucian aproveitou a distância de todos e inclinou-se para Magnus.— Como eles sabem?— Hump
Era impressionante aquele rapaz conseguir segurar uma caixa tão pesada com uma única mão e ainda impedir que Lucian caísse. A força humana era realmente algo incrível dentro de uma história fictícia.— Você está bem? Espero que a caixa não esteja pesada demais para você.Lucian piscou algumas vezes e então olhou para a caixa, concordando com a cabeça.— Está um pouco pesadinha…O rapaz deu uma risada leve e soltou a cintura de Lucian para erguer a caixa e deixá-la no chão. Lucian suspirou de alívio por estar livre, e ao olhar para o lado ele encontrou um par de olhos carmesins o encarando friamente. Um arrepio subiu pela sua espinha como se tivesse sido pego fazendo algo muito errado.— Magnus, a carruagem já está pronta?— Sim.A resposta curta e grossa fez Lucian engolir em seco sem saber ao certo como reagir. Ora, ele não fez nada de errado, mas por que se sentia culpado?— Oh… o Grão-duque aqui no templo? — O rapaz perguntava depois de empilhar as caixas no chão — Você está o acom
O mercenário puxou o tornozelo de Lucian, o arrastando pela carruagem até que pudesse agarrá-lo. Lucian tentou se segurar nos assentos da carruagem, só que a força em seus braços era miserável se comparada com o aperto que praticamente o jogou para fora da carruagem.— Argh! Me solte! — Rosnava Lucian, se debatendo.O mercenário envolveu o braço no pescoço do príncipe, apertando causando um grande sufoco. No ouvido de Lucian, o mercenário deu uma risada que só aumentava o seu desespero em fugir.— Calminha, calminha. Se comporte, principezinho.Olhando sobre o ombro, o mercenário verificou se os seus companheiros estariam dando conta do Grão-duque. Magnus estava enfurecido tentando alcançar Lucian e sem conseguir por conta dos outros cinco ladrões que continuavam a cercá-lo e golpeá-lo. Mesmo que ele conseguisse usar a espada para bloquear os ataques e empurrá-los para longe, não havia uma brecha para Magnus tentar ir ao resgate do seu noivo.— Lucian!O príncipe puxava o braço do mer
Todo nobre de Roveaven sabia que ter um título nobre também significava ter um alvo em suas costas, que atraía qualquer tipo de trambiqueiro. Sem falar nas pessoas que facilmente guardavam rancores e planejavam vingança para destruir tudo o que o nobre tem em posse, ou roubá-lo para si.Por esse motivo os nobres tinham uma guarda pessoal para garantir a segurança. Era comum ocorrer assaltos em carruagens, onde os ladrões roubavam as jóias ou faziam os nobres os seus reféns para conseguirem recompensas mais gordas. Somente um nobre que não sai do seu território se veria livre de tal ocorrência, apesar de ser algo temporário.Claro, Magnus havia passado por algumas emboscadas desde que herdou o título de Grão-duque. E por ter treinado esgrima desde criança, ele sempre soube se defender e garantir a segurança dos seus irmãos.Agora, Magnus precisava garantir a segurança do oitavo príncipe que ainda estava inconsciente.Don, o cocheiro, demorou um bom tempo para alugar uma carruagem comum
— Parece que eles falharam em trazer o oitavo príncipe, milorde.A voz fria soou como um sussurro espinhoso aos ouvidos do alfa, que cerrava os punhos em frustração pela falha em seu plano. Cerrando os dentes, ele continha o rosnado e a fúria que desejava enfiar a sua espada no peito daquele sujeito tão vigarista.— Dei instruções claras e você me garantiu que não falharia. Como se atreve a me dizer que não conseguiu?— Milorde, eu deixei claro que meus homens eram fortes o suficiente para sequestrar o oitavo príncipe, mas que não poderia criar grandes expectativas tendo o Grimwood o acompanhando.— Que bando de inúteis! — Gritava o alfa, dando um soco na mesa — Foi justamente por isso que mandei que só os melhores fossem para esta missão? Como a sua incompetência permitiu que escolhesse somente esses fracotes?O homem nada disse, apesar de seus olhos deixarem claro o desgosto por aquelas palavras. O alfa, por outro lado, não pareceu se importar com a fúria e ameaça que aquele sujeito
Alguns dias depois da tentativa de assalto, Lucian já estava se sentindo melhor ao ponto de andar e conversar. No entanto, a presença constante de um certo alfa o impedia de realmente voltar a ativa e fazer as suas pesquisas.Cada espaço livre de sua ocupada agenda, Cassander passava ao lado de Lucian garantindo que ele estivesse sendo bem tratado e tomando o remédio corretamente. No primeiro dia o príncipe não se importou muito, já que passou o seu tempo dormindo graças ao efeito dos remédios. Depois, ele não teve escolha a não ser se acostumar com a sua presença e a felicidade de Cassander estampada em seu sorriso inocente.Até mesmo quando tinha visitas, Lucian se forçou a "fingir" não estar incomodado.— Isso é perigoso, não imaginava que haveria ladrões próximo do templo — Raven arregalava os olhos, virando-se para o Consorte — Ou estou enganada?— De maneira alguma, querida. O templo dispõe da sua própria guarda, os cavaleiros sagrados, que mantêm a segurança da matriz.— Mas os