Estacionei o carro na frente da casa de Benicio e ficamos em silêncio e imóveis. A boca dele finalmente tinha parado de sangrar e estava inchando um pouco. Eu não estava mais irritado, apenas incrivelmente cansado.
- Desculpa. – finalmente ele disse, virando-se para mim – Eu sei que tenho sido um babaca. - Eu sabia que a nossa situação era apenas... – me virei para ele também – Olha, eu sabia que não estávamos namorando, ok? – suspirei – Mas não esperava que você sairia comigo e no mesmo lugar ia atrás dela. - Eu não fui atFoi uma tarefa absurda explicar porque eu estava com o rosto machucado e disfarçar os roxos das costelas dos meus pais. Mantive Betina fora da história o tempo todo e inventei uma outra história qualquer, mas não achei que eles tinham acreditado em mim. Por outro lado, o mais longe que eles poderiam ir era que algum cara tinha mexido com ela e eu tinha ficado irritado. Eles nunca iam imaginar que ela tinha me traído. Na manhã seguinte, eu me sentia de ressaca sem nem ter bebido mais que dois copos. Todo meu corpo doía, mas meu peito doía absurdamente mais. A dor de ter sido traído e de perder Betina me machucavam em igual proporção, e eram infinitamente maiores do que as físicas. Pensei que iria enlouquecer ali, com tantas imagens perturbadoras na min
Nos dias seguintes ao meu fim com Benicio, sai com tantos caras quanto consegui achar. Era uma situação pior do que a outra. Ele era muito difícil de se esquecer, e eu sempre acabava sozinho em casa chorando. Por que eu teimava em querer o que eu não podia ter de jeito nenhum? Perdi o rendimento do meu trabalho por alguns dias e depois tive que correr para não ser prejudicado. E assim, minha cabeça começou a clarear um pouco de novo. Os dias começaram a passar mais tranquilamente. Eu estava mais próximo de ser eu mesmo de novo. Comecei a fazer passeios mais tranquilos em vez de ir para baladas, escolhendo o sossego e a tranquilidade. Foi num passeio no parque que encontrei Luisa
Fiquei parado quase meia hora com o exame na mão. Betina começou a ligar e não consegui atender. Minha cabeça estava em colapso. Eu amava Betina e não queria perdê-la. Mais uma vez, o celular tocou no banco ao lado. Sem atender, liguei o carro e fui até o trabalho dela. Eu tinha tomado uma decisão e precisava tomar coragem. Era o certo e era o que eu precisava fazer. Quando estacionei, Betina saiu pela porta da lanchonete e desci do carro para encontrá-la. Sua expressão era de desespero, supondo pela minha demora que eu já tinha aberto o exame, e tinha aparecido apenas para colocar o fim definitivo em tudo. - Isso não imp
Sarah levantou da cama e saiu do quarto em silêncio sem vestir nenhuma roupa. Apenas me virei para o outro lado e me acomodei para continuar dormindo. Ainda era muito cedo e tínhamos dormindo tarde na noite anterior. Eu podia ouvir os sons dela dentro do meu banheiro. Tudo tinha começado dias depois de Júlio ter decidido terminar nosso acordo de amizade colorida. Eu tinha ficado muito surpreso com sua decisão, pois para mim tudo estava correndo bem e não consegui ver que ele não estava bem com aquilo. Provavelmente eu estava muito focado em mim mesmo e no que tinha acontecido entre Betina e eu para prestar atenção. Saí uma noite apenas para beber alguma coisa suave, para relaxar, e voltar para ca
Adam passou a mão por minha barriga protuberante delicadamente. Cada dia que passava ficava maior, as vezes era assustador. Logo esse serzinho estaria do lado de fora com a gente, fazendo bagunça com a nossa rotina. Eu tentava ser tranquila como Adam, mas sempre pensava no envelope branco lacrado. Nunca mais falamos sobre isso e eu não tinha coragem de perguntar o que ele tinha feito, ele poderia achar que eu queria abrir e ver o resultado. Parte de mim queria sim, por Adam, pela família dele ter cortado completamente a relação com ele e eu me sentir culpada por isso, mas ao mesmo tempo ele era tão presente, tão carinhoso e corajoso por embarcar nessa comigo, que eu só queria que não acabasse nunca.&
Comecei a ir até a casa de Betina todos os dias. Espiava entre as cortinas buscando ver qualquer coisa, e uma vez fiz barulho enquanto tentava pular o portão novamente, e tive que me esconder rapidamente na árvore do outro lado da rua antes que ela aparecesse na porta. Só que quem apareceu foi Adam, e eu fiquei confuso. Tinha certeza que os dois tinham terminado. Foi a peça que faltava para eu decidir ir falar com ela, se ele estava insistindo em ficar por perto, eu podia oferecer uma opção bem melhor. Finalmente não haveria mais nenhum mal entendido entre nós dois. Eu falaria tudo que estava sentindo, e pediria que ficasse comigo, como devia ter sido desde aquele dia após a festa de pijama da minha irmã.
Enquanto a ambulância levava Benicio da minha casa, permaneci dentro da sala observando pela janela, ainda um pouco aterrorizada pelo que poderia ter acontecido. Segurava o corpinho adormecido de Ágata contra o meu com firmeza. Eu estava morrendo de medo e insegurança. Tinha certeza de que ele tinha estado ali outras vezes, me observando. Benicio era muito mais perigoso do que eu poderia ter imaginado. - Você está bem? – Adam me perguntou enquanto entrava pela porta – Já vão sair. - Assustada. – respondi baixo – Ele deve ter estado aqui outras vezes.&n
Quando Luisa me ligou chorando, eu nunca imaginaria que era por causa de um acidente maluco envolvendo o Benicio e o muro da casa da garota por quem ele se dizia apaixonado. A situação me parecia muito louca, imaginar ele invadindo uma casa, ainda mais quando ela me disse que a garota estava lá com o namorado e a filha. O que Benicio estava pensando? Corri até o hospital no mesmo instante, mesmo sabendo que isso seria doloroso para mim. Eu ainda estava lutando contra os meus sentimentos por Benicio, embora estivesse muito melhor. Vê-lo e falar com ele não seria nada fácil, não queria ter que ver a rejeição em seus olhos mais uma vez, não queria ter que ouvir que não podíamos ficar juntos.