Dario levou Helena de volta e lhe entregou o presente, pessoalmente, ela agradeceu e entrou no prédio. Do outro lado da rua, Renard e Carlson a observavam, discretos. Peter desceu da viatura e se emparelhou à portaria. — Poderia dizer a Helena que a polícia está aqui? - Peter disse ao porteiro, pelo interfone. Em pouco tempo, o portão era liberado. Peter conseguia ir ao apartamento. A porta estava entreaberta. — Entre policial. Quer um café? Como posso ajudar? - Ela se virou, encarando Peter. - Como entrou? — Sou da polícia, bebê. Você me mandou entrar. Não lembra? - Ele disse, se aproximando, ameaçador. — Vai embora, Peter. - Ela disse, recuando um passo a cada passo dele. — Temos assuntos pendentes, bebê. Você não acha que foi longe demais com assédio e abuso moral e sexual? - Ele disse, estreitando o espaço entre eles. Helena colidia com a parede em suas costas. Por algum motivo, não conseguia reagir a ele. Estremecia, sentia medo. - Hum? Não foi? — Peter, vai embora
Carlson chegava em casa, num bairro tranquilo da cidade, na periferia. Lugar típico de gente comum, sem sobressaltos. Na garagem, apenas um carro. Dario o observava da van, pelo retrovisor. A casa estava apagada, era um cara sozinho, mas, se tivesse invadido a casa de Helena, ele logo saberia. Dario esperou. O homem tinha hábitos. Horas até que a casa se apagasse. Tipo autoconfiante, não era o tipo que parecia ter alarmes, mas devia dormir com uma arma debaixo do travesseiro. Pensava na melhor forma de pegar ele. O criminoso esperou mais algum tempo. Três horas depois, sorrateiro, se esgueirou pelo jardim, até a porta dos fundos. Nada de cães ou cercas, nem alarmes. Com alguma facilidade, destrancou a porta da cozinha, entrava no lugar como um gato. O melhor era atrair aquele homem para um lugar onde tivesse vantagem e não se ferisse. Pegou uma panela vazia. Via bebida sobre a mesa de centro da sala. As reações estariam lentas, com certeza. Ele jogou a panela na cozinha e es
— Óbvio que queria. Ela não resiste a um bom p@u. Além do que, como ela ia justificar para o corn@ do Gregory que estava tão satiafeita que até desmaiou? Só assim. Típico dela fazer drama. - Peter respondeu a Roberts, sem hesitar, bebendo sua cerveja. - Me avise se algo mudar com o penhor. Vou desligar, amanhã cedo tenho umas coisas para fazer. - Peter disse, se levantando. - Se cuida, irmão. — Se cuida. - Roberts respondeu. Estava atordoado. Peter podia ter cavado a própria cova, não se enterraria com ele. Gregory a observava através do vidro. Desta vez, ele rezava, fervoroso. — Comandante, precisamos de sua atenção em uma questão. - Gregory ouviu a voz de Roselyn. Via Helena sobre a cama, muito ferida. - Se eu pegar quem fez isso a ela... - A militar se revoltava. - Precisamos que autorize essas duas investigações. - Ela entregou pastas ao homem. Rhodes já as havia assinado. Gregory saiu dali. Roselyn o seguia. O homem estava angustiado. Ele lia, cuidadosamente, os documentos.
Dario instalava o sistema de câmeras nas portas, no porteiro eletrônico e o sistema de escuta. Testava-os, ainda sem deixar as gravações se iniciarem. Passeou pela casa. Eles dormiam em quartos separados, não pareciam ser amantes, mas ele parecia ser bom para ela. Via o quarto dela, como ela sonhava: a grande cama, num quarto aconchegante, de grandes janelas para o norte, varanda e a vista da cidade. O celular dela estava ali, mas ele não tinha senha e nem tempo hábil. Seu presente estava intocado, na cabeceira da cama. O cheiro de flores resplandecia. Já era o segundo presente que ele lhe dava. Tomava consciência de que ele demorou demais para começar a lhe presentear, ainda que fosse a troco de nada. Quando eram casados, ele não se lembrava de ter dado nada para ela, nem pequenos mimos e se arrependia, amargamente. Nos vídeos, ainda que fosse lembrado, Hebert era uma constante. Dario invejava-o sob o ponto de vista de que ele soube fazer Helena feliz. Percebia a impessoalidade da
Logo que Dario foi embora, Gregory voltou para Helena, não havia perspectiva para logo e sua curiosidade o deixava intrigado. Ele voltou para a cobertura. Ligou para o encarregado das investigações. Diante das marcas das digitais. — Collins. - A voz do investigador alcançou o médico. — Oficial Collins. Gregory Stuart. - Greg se apresentou. - As digitais são de quem? — Quais digitais? - Collins perguntou confuso. — Há um conjunto, no revestimento da cozinha. Estão bem legíveis, aliás. Vou enviar uma foto. - Gregory fotografou as marcas. Collins as via, nítidas. — Estarei aí em vinte minutos. - Collins informou, desligando. Logo, a polícia chegava. Coletaram as digitais e se foram, rápidos, silenciosos. Gregory apenas olhava as marcas. Aquelas eram as digitais do agressor de Helena. Ele as limpou e foi para o banho, encontrava os objetos que Dario havia informado. Sobre o balcão da cozinha, o arranjo de flores e chocolates e a bonita caixa, com as alianças e as placas de Hel
Helena desmoronou. Um buquê de balões chegava a ela, com uma simpática pelúcia e um cartão. Gregory indicou, com o olhar o balcão. Alguém sabia do incidente, apesar que segredos eram algo difícil de manter naquele trabalho. Gregory jamais sequer se esforçou para manter qualquer um, já que sempre achou que era desperdício de energia. Ela demorou para se acalmar, mas, mesmo assim, seu olhar não se levantava, estava muito ferida, em muitos sentidos. — Ei, garota. - Ele segurou a mão dela quando ela o libertou. - Vou voltar para o escritório, mas quero que me ligue, seja o que for, não importa o quão insignificante julgue alguma coisa, eu gostaria que me chamasse para contar. Consegue fazer isso? - Ela concordou. - Boa menina! Veja: achei seu tablet e seu porta jóias. Estavam em lugares diferentes. Aqui. - Ele entregou uma pasta para ela, nova. Dentro, baterias, tablet, celular e fones. - Mais tarde, trago roupas e calçados confortáveis. - Ela concordava, em gestos, com os lábios pressi
Martha chegava a um luxuoso prédio residencial, em Austin. Seu empregador a remunerava para cuidar de uma mulher. Mãe, talvez. Ela se apresentou na recepção. Uma mulher preta, alta, de corpo bonito e sorriso cativante. De turbante na cabeça, de cores impressionantemente vívidas, lhe coroava tranças delicadas e longas. Acessórios coloridos, sobre a camisa, de mangas sete oitavo, branca, chamavam atenção para o rosto de maquiagem bem desenhada. Usava uma pantalona, de cor vibrante e padrões atraentes, sobre saltos. A recepcionista a via chegar, rica, resoluta. Era uma rainha, de olhos negras e pele marrom, vinda de sonhos mitológicos. — Martha Duvivier. - Ela se apresentou. - Estou sendo aguardada. — Certamente, Doutora Duvivier. - A jovem, encantada, a recebia. Martha se orgulhava de si. Logo, chegava à vasta cobertura, de visão panorâmica, de onde se via os quatro cantos da capital. "Isso aqui é poder!" A mulher comemorava. Do outro lado da sala, o homem, de camisa preta e ca
Helena sentia algo diferente pelo amigo naquele momento. Martha não ousou atravessar a porta. Espionava aquela doce confissão sem palavras alguma. — Eu não quero acordar desse sonho tão bonito. - Ele confessou, flertando, romântico. Helena o beijou outra vez, não se acanhava mais com ele. Gregory lhes permitia aquela intimidade tímida e bonita. Ela se sentia segura ali e ao seu lado. - Namora comigo? - Helena concordou. Ele era o homem mais feliz do universo naquele momento. Dario recebia a notícia por Johnson: estavam em Austin, não restavam vínculos ali. O mexicano sentia que ela havia escoado entre seus dedos. — Anote os dados para contato do penhor, chefe. Aqui é o Roberts. - Dario ouvia a voz do homem ao telefone, surpreendia-se. A mulher daquelas imagens era sua Helena. Ela o havia superado e aquilo o magoava em algum ponto de sua alma, mas, agora, ele queria voltar para ela. No material que Dario recebeu, horas e horas de gravações escandalosas, por toda uma casa. Em algu