Naquela tarde, enquanto Kiara descansava no quarto, eu fui para o escritório e peguei o número do André que o Leo havia enviado. Respirei fundo antes de discar, tentando organizar meus pensamentos e a melhor forma de abordar a conversa. Quando ele atendeu, sua voz soava cansada e carregada de desconfiança.— André, é o Lucas. Podemos nos encontrar para conversar? Acho que precisamos esclarecer algumas coisas.Houve uma pausa do outro lado da linha antes dele responder.— Tudo bem, Lucas, vou enviar o endereço de uma cafeteria que fica próximo do hotel em que estou hospedado, e encontro você em duas horas.Eu confirmei e desliguei, sentindo o peso da responsabilidade dessa conversa. Eu sabia que o André tinha todos os motivos para estar chateado e desconfiado, e eu precisaria de muita sinceridade e humildade para acalmar as coisas, afinal eu havia tido relações sexuais dentro da casa dele, com a mulher dele, e aquilo era algo inaceitável e sujo.Quando eu cheguei ao café, ele já estav
Naquela noite, enquanto Kiara preparava um chá na cozinha, eu me sentei na sala ao lado do Léo e Vitória. A tensão era palpável, e eu sabia que seria uma conversa longa e desafiadora.A Kiara logo se juntou a nós, trazendo as xícaras fumegantes, e se acomodou ao meu lado, oferecendo um sorriso encorajador aos jovens.— Léo, Vitória, sabemos que vocês têm muitas perguntas e que talvez estejam chateados. Queremos ser o mais transparentes possível com vocês.Comecei, respirando fundo antes de continuar.Vitória foi a primeira a quebrar o silêncio. — É difícil entender como tudo isso aconteceu. Quer dizer, parece que todo mundo tem segredos e passados complicados.— Você está certa, Vitória.A Kiara interveio.— E é exatamente por isso que queremos conversar com vocês. Há muitos erros no nosso passado, coisas das quais não nos orgulhamos, mas aprendemos muito com eles, eu não gosto da sua mãe Vitória, por milhares de motivos que só dizem respeito a nós, e eu também jamais vou envenenar
Três meses se passaram rapidamente, e o dia do casamento de Léo e Vitória estava prestes a chegar. A Kiara havia se dedicado integralmente aos preparativos, mergulhando nos detalhes com uma eficiência admirável. Ela e André, o planejador do casamento, tornaram-se uma equipe formidável, garantindo que tudo estivesse perfeito para o grande dia.Eu não pude me envolver muito, pois haviam muitas pendências na gravadora, e eu estava deixando muitas coisas nas costas do meu sócio, mas acreditei fielmente no bom gosto e criatividade da Kiara e do André, mas jamais imaginei as consequências que isso traria.Em uma manhã específica, eu estava na sala, observando as caixas de decorações que haviam sido entregues, a Kiara entrou na sala, radiante, com um brilho nos olhos que eu não via há algum tempo. Ela se aproximou e me deu um beijo rápido na testa.— Está tudo pronto. O André fez um trabalho incrível. Acho que você vai gostar de ver a decoração da recepção.— Estou ansioso para ver. Você te
O olhar da Kiara ficou cada vez mais frio, a coluna ereta dela, e a calma com que ela pronunciava todas aquelas palavras, já deixavam claro que todas as atitudes dela foram calculadas antecipadamente.— Em algum momento passou pela sua cabeça me perdoar de verdade?— Sim, mas querer nem sempre é poder, eu queria Lucas, mas não podia.— Não podia porque?Perguntei tentando controlar a minha voz já desgastada pelos gritos e a dor daquele momento.— Porque perdoar significava dar pra você o direito de continuar errando comigo, você pegou mais de duas décadas de casamento e colocou em jogo por uma mulher que destruiu o meu psicológico no passado, qual o respeito eu teria por mim mesma se deixasse tudo isso passar com tanta facilidade? Eu passei praticamente todo o nosso casamento colocando a nossa família como prioridade, eu fui sua amiga, sua parceira, e fui fiel, e na primeira oportunidade você me apunhalou pelas costas, e por mais que você diga que foi decisão minha sair de casa, eu te
O salão estava impecavelmente decorado, com flores brancas e luzes suaves criando um ambiente de celebração e romance. Eu ajustei a gravata enquanto olhava para Kiara ao meu lado, nós estávamos nos esforçando pra manter uma fachada de normalidade, mas a dor e a tensão eram palpáveis, nós sabiamos que não podíamos permitir que nossas emoções arruinasse o grande dia de Léo e da Vitória.A Kiara, estava vestida em um elegante vestido azul-marinho, ela mantinha a postura firme e o olhar distante, eu sabia que cada sorriso que ela esboçava era forçado, cada gesto era meticulosamente calculado para não levantar suspeitas sobre o que realmente acontecia entre a gente.A cerimônia começou, e nós nos posicionamos nos lugares reservados para os pais dos noivos. Antes que a Vitória entrasse na igreja, a Viviane apareceu entrando pela porta lateral, rapidamente eu desviei o meu olhar pra outro ponto, ao perceber que a Kiara estava me observando, certamente ela queria ver a minha reação ao rever
Conseguimos disfarçar bem, fomos falar com o Léo que estava acompanhado da recém esposa e do André, e eu evitei demonstrar o quanto estava incomodado com a presença dele.Quando o Léo olhou pra Kiara, ele estranhou os olhos dela vermelhos.— Estava chorando mãe?— É claro Léo, que mãe não choraria no casamento de um filho?Ele sorriu, e eu também, mas por dentro eu estava triste por saber que aquelas lágrimas foram causadas pela nossa conversa.— Obrigada por deixar tudo lindo Kiara, eu sei que você fez o papel de uma mãe, e apesar de eu ficar triste por não ter tido a minha mãe por perto nesse momento tão importante, eu estou feliz por você ter tornado esse momento possível, e pode ter certeza que eu farei o seu filho muito feliz.A Vitória tinha uma delicadeza na voz, e uma emoção no olhar, e isso fez a Kiara voltar a chorar e abraça-la.— A sua mãe saiu sem falar com vocês, Vitória?O André perguntou.— Sim papai, eu não vi mais ela depois dos votos, a gente se enterteu falando com
O meu primeiro destino foi Paris. A cidade do amor parecia um bom começo, embora tivesse deixado o meu amor pra trás.Depois de hospedado em um bom hotel, com excelente localização, eu pensei em como viveria aquele ano deixando claro pra Kiara as minhas intenções e que em nenhum momento pensava em desistir dela.Foi então que a ideia surgiu na minha mente de forma natural, ela precisava se sentir amada, e foi exatamente isso o que eu fiz, em todos os momentos, pois em todos os lugares que eu ia, eu pensava nela.Eu liguei pra uma Floricultura perto da nossa casa, e encomendei rosas vermelhas e mandei que escrevessem um cartão, mandei entregar a noite, pois eu sabia que ela estaria em casa nesse horário...Meu amor...Fazem apenas alguns dias, e eu já estou morrendo de saudades, principalmente por visitar lugares que você gosta e não ter você aqui comigo.Hoje eu caminhei pelos Jardins de Luxemburgo, senti a magia da Torre Eiffel iluminada à noite, e me perdi nas galerias do Louvre.
Algumas semanas após o incidente em Praga, minha vida parecia um redemoinho. O peso do que aconteceu com Viviane ainda pairava sobre mim, e eu mal conseguia dormir, o mais difícil foi ignorar todas as ligações do Léo e da Viviane, eu não queria ter que lidar com os olhares supostamente acusatórios deles, embora já tivesse sido confirmado que a culpa não era minha, eu não deixava de senti culpa, e o meu ano sabático havia se tornado em um pesadelo.Meus pensamentos estavam sempre com Kiara, e eu até cheguei a pensar que ela me ligaria, mas ela foi a única a não ligar, e eu também não mandei mais nenhum buquê de rosas, afinal, depois da morte da Viviane eu voltei pra Paris, e não visitei mais nenhum outro lugar, eu estava praticamente vegetando e sentindo pena de mim mesmo.Dois meses depois, eu decidi finalmente atender as milhares de ligações que o Léo fazia por dia, e a minha voz quase não saía.— Oi filho.— Pai? Meu Deus pai, por onde o senhor anda? Como você some desse jeito?— De