Duas horas depois, eu já estava exausto psicologicamente, a dor de cabeça que eu estava sentindo piorou mil vezes mais, e eu estava prestes a quebrar tudo naquele quarto, mas então eu ouvi batidas na porta.— Posso entrar?Era a minha mãe.— Pode sim mãe.— Eu trouxe esse chá pra você se acalmar.Embora eu não quisesse tomar nada naquele momento, eu aceitei pra não fazer desfeita.— Ela já chegou?Perguntei enquanto tomava um gole do chá sob o olhar atento da minha mãe.— Não.A vontade que eu tive foi de jogar a xícara de chá na parede, mas dei tudo de mim pra prender a minha respiração e não enlouquecer na frente dela.— Eu preciso fazer uma viagem pela manhã com o Mathias, e estamos com medo do que pode acontecer entre você e a Kiara na nossa ausência.— Vocês vão pra onde?— Haverá o casamento de um amigo da empresa, já havíamos programado nossa ida e não queremos falhar com ele, porém essa sua situação com a Kiara é preocupante Lucas.— Mãe, eu já sou um homem, não sou mais aquel
Eu senti como se a minha alma estivesse voltando pro corpo, e eu gritei...— Vagabundaaa!!!Eu olhei assustado para os lados, procurando vestígios da veracidade dos fatos, mas tudo não passava de um pesadelo.O meu corpo estava completamente suado, como se eu tivesse corrido uma enorme maratona, mas no peito eu carregava um vazio e uma dor imensa, como se eu realmente tivesse vivido aquele pesadelo.Eu levantei da cama, olhei o relógio e já passava das 03:00hrs da manhã, e eu cheguei a desconfiar que a minha mãe havia colocado algo no chá que eu tomei na intenção de me tranquilizar, pois não era possível que alguém tivesse dormido quase o dia todo como eu dormi, e ainda ter conseguido dormir mais até de madrugada.Eu saí do quarto e fui até o quarto da Kiara, eu virei a maçaneta e a vi na cama dormindo, o meu alívio foi instantâneo.Eu entrei, fechei a porta e caminhei silenciosamente até ela, e tentei deitar ao lado dela sem acordá-la, mas ela já estava acordada, e olhou pra mim com
No dia seguinte eu comprei a passagem de avião e comecei a arrumar as minhas coisas pra voltar pra casa, era o melhor a se fazer naquele momento, eu precisava provar pra Kiara, que eu era perfeitamente capaz de respeitá-la sem que ela estivesse presente, e que eu iria esperar o tempo que fosse preciso pra tê-la de volta.Eu tirei as coisas do quarto e levei todas pra sala onde eu a encontrei falando ao celular, ela olhou pra mala, e depois me encarou enquanto terminava a conversa com a pessoa no outro lado da linha.— Pra onde você vai?Ela perguntou assim que encerrou a ligação.— Vou voltar pra casa.— Porque? Não estou entendendo.— Isso é realmente uma dúvida ou uma desconfiança?Perguntei ao perceber um disfarçado olhar acusatório.— Pensei que você estivesse disposto a me reconquistar.— Você pediu um tempo, e não vejo como posso te dar esse tempo estando aqui com você.— Você está voltando por causa dela, não é?— Eu sabia que não era uma simples dúvida.Falei me aproximando de
Eu nem perguntei como ela havia conseguido o endereço da minha casa, pois era algo muito fácil de conseguir...— Vai embora!Falei antes de bater a porta na cara dela.Eu sabia que eu não podia ficar perto dela por mais de dois minutos sem perder a minha cabeça, e aquela atitude era a mais segura naquele momento, mas aparentemente o meu tormento só estava começando.— De novo Lucas? Você tá de brincadeira comigo?Em uma atitude desesperada eu liguei pra Kiara, enquanto a Viviane gritava comigo do outro lado da porta.— Lucas? Chegou bem?A Kiara falou do outro lado da linha.— Meu amor, não é minha culpa, tá bom? Alguém bateu na porta e era ela...— Espera, do que você está falando?Antes que eu pudesse responder, a Viviane gritou tão alto que foi impossível a Kiara não ouvir.— Lucas, seus vizinhos já sabem que sua esposa te abandonou e você foi atrás de comer outra mulher?— Puta que pariu! Que louca!Gritei desesperado!— Lucas, você não vai me dizer que é a Viviane que está faland
Eu analisei todas as situações e não existia jeito fácil de fazer aquilo, e a minha única opção era marcar aquele encontro e acabar logo com aquele sufoco.Eu parei de tentar ligar para Kiara e dei um pouco de paz para ela e tentei ter um pouco de paz também, embora estivesse bem difícil sentir essa sensação novamente nas circunstâncias em que estávamos.No dia seguinte acordei assustado com alguém gritando no pé do meu ouvido, eu dei um pulo da cama e me deparei com a Kiara, que estava me olhando com sangue nos olhos, eu tinha certeza que se eu não fosse o pai do filho dela, ela teria me assassinado ali mesmo.— Kiara? Você está louca? Ninguém pode acordar outra pessoa desse jeito.— Queria que eu te acordasse como Lucas? Arrancando teu pau? Seria ótimo, assim você não teria mais como meter ele na buceta daquela vagabunda.— Você veio ver se eu estava fazendo isso de novo?— Eu vim com o único propósito de ter uma conversinha com ela, anda, me passa o endereço dela.— O quê? De jeito
A ameaça da Kiara era evidente, e o tempo que vivi ao lado dela foi o suficiente pra eu entender que aquele era limite dela, não existia mais pra onde correr, nem o que evitar, só me restava aceitar qualquer decisão que ela tomasse, e me manter sempre por perto pra evitar uma morte.A pedido dela, eu liguei pro nosso filho, e já estava tão frequente as minhas ligações pra ele, que a forma que ele me atendeu foi diferente.— Qual o problema da vez, pai?— Desculpe filho, sei que eu ando levando muitos problemas pra você.— Então realmente você está ligando pra trazer mais problemas?— Não, a sua mãe voltou pra casa.— Voltou? Nossa, finalmente uma notícia boa.— Sim, é uma ótima notícia, e ela pediu pra você marcar o jantar com a família da Vitória na nossa casa.— Na nossa casa? Tem certeza disso?— Sim, foi exatamente o que ela disse, e pediu pra que você fizesse o convite diretamente pro seu sogro.— Pai, a minha mãe tá armando alguma coisa? Por favor, é o meu noivado, e eu não quer
A Kiara envolveu o braço dela no meu, e nós dois ficamos de frente pra entrada esperando eles se aproximarem.Eu dei uma rápida olhada pra Kiara, que estava com um olhar gélido, era notório toda a tensão que ela estava sentindo.Quando finalmente eles chegaram até a gente, inesperadamente a Kiara abriu um enorme sorriso e os cumprimentou.— É um enorme prazer recebê-los em nossa casa, sejam bem vindos.Ela deu um beijo do lado e do outro na Viviane e depois fez o mesmo com o marido dela, e por último cumprimentou a Vitória, a nossa nora.Eu fiz o mesmo, estendi a mão pra cumprimentar o marido da Viviane, ela e a Vitória, que era muito parecida com a Viviane quando era mais nova.Em seguida eu dei uma olhada rápida pra Viviane e tudo o que eu consegui ver foi um olhar de desconfiança, como se toda aquela hospitalidade oferecida pela Kiara fosse algo muito suspeito.— Finalmente conseguimos conhecer vocês.O André falou, e o clima rapidamente ficou tenso, eu e a Viviane nos encaramos, e
Enquanto jantávamos, eu tentei direcionar a conversa para estudos dos meninos, pra evitar que a conversa se desviasse pra gente, mas fracassei miseravelmente.— E então, vocês não vão me contar como se conheceram?O André perguntou curioso, e eu olhei pro Léo que logo ficou tenso, porém ele foi esperto e viu que aquele era o momento de se retirar.— Gente, desculpe interromper a conversa, mas eu quero levar a Vitória pra conhecer alguns amigos, e comemorar também a novidade com eles.— Claro, por mim tudo bem.Falei apoiando ele e todos concordaram.Enquanto eles saíam, a Kiara me encarou, ela já havia percebido que tudo aquilo fazia parte de um plano, e eu pude notar um leve sorriso nos lábios dela, ela iria atacar.— E então? Acho que agora posso contar como eu e a Viviane nos conhecemos, não é Viviane?A Kiara falou ironicamente, e eu vi o olhar desesperado da Viviane que foi logo se levantando.— Eu conto e você no caminho meu bem, já está muito tarde pra pegarmos a estrada, nós j