Acordei cedo, o que não era o meu costume, mas se eu for assumir a empresa, terei que me acostumar em fazer isso. Abri a janela e vi que hoje o dia está nublado. Que droga! Parece que vai chover, odeio dias chuvosos. Fui para o banheiro, tomei banho e fiz minhas higienes pessoais. Arrumei o meu cabelo, prendendo em um coque. Fiz uma maquiagem leve, algo não muito chamativo, vesti uma roupa social e sapatos que combine com a roupa. Coloquei algumas joias, mas principalmente, o meu pingente porta retrato, da qual nunca tiro, a não ser, para tomar banho. Fui para a sala de jantar, vi a Sara e meu pai tomando café.
— Bom dia! — falei estranhando a Sara logo cedo em nossa casa. — Caiu da cama, Sara? Chegou cedo. — Eu me sentei à mesa e a empregada me serviu.
— Eu dormir aqui — ela falou sem jeito, enquanto dei uma mordida no meu croissant recheado.
É o meu favorito!
— Oh! — Olhei para o meu pai, surpresa com sua audácia.
— Eu não queria perder tempo levando-a para casa, a reunião terminou muito tarde.
— Eu imagino. — Olhei para a Sara que parecia desconfortável. — E a mamãe? — falei tomando o meu café.
— Eu não sei, não dormir no quarto. — Quase me engasguei.
— Oh! — Olhei novamente para Sara e agora a coitada estava morrendo de vergonha. — O senhor volta de viagem quando? — perguntei para mudar o foco do assunto.
— Hoje à noite, por quê?
— Nada não, só para ter certeza que horas tenho que encerrar a festa. — Ele parou de mastigar e me olhou. — É brincadeira! Não vou fazer nenhuma festa. — Ele voltou mastigar novamente. — Não uma festa grande.
Terminamos o nosso café em silêncio, meu pai saiu para sua viagem levando a coitada da Sara. Eu subi para o quarto da minha mãe e verifiquei como ela estava, por mais que ela não mereça, mas eu me importava com ela. Sua cama estava arrumada, isso quer dizer que ela não dormiu em casa. E eu aqui, me importando com ela...
— Eu, é que não vou me preocupar.
Fui para meu quarto, peguei minha bolsa e fui para a empresa. Quero mostrar para o meu pai, o que ele estava perdendo em não me colocar para trabalhar com ele. No caminho, liguei para a Patrícia para ela vir me ajudar e juntas mostrar para nosso pai, que ele não precisava ser filho homem para ser competente.
Cheguei primeiro na empresa e fui direto para o refeitório da chefia, só os diretores e gerentes tomavam café lá. Nem pensar que me misturo com os empregados, tenho que mostrar para eles onde são os seus lugares.
Logo de cara, vi o Conrado. Droga! Prometi dar uma resposta para ele, precisava de uma desculpa para enrolá-lo mais um pouco, pelo menos, até meu pai aceitar que eu trabalhe com ele, ou até eu arrumar uma desculpa para terminar o namoro.
— Oi, amor! — ele falou parecendo feliz em me ver.
— Oi! — Sorri sem mostrar os dentes.
O Conrado é um cara lindo, apesar de ser péssimo na cama, não sei como fiquei tanto tempo com ele. Estudamos em juntos em Londres, e apesar de estarmos juntos, eu sempre tinha um namorico por fora, para compensar o seu fracasso na cama, ele nunca descobriu. Ele tem vinte e cinco anos, um metro e oitenta e cinco centímetros de altura, olhos e cabelos castanhos, sempre barbeado, era uma das coisas que eu gostava nele. Odeio homem relaxado que não se cuida, esse era um ponto positivo para eu ter ficado com ele.
— O que faz aqui? Pensei que você não acordasse antes do meio dia. — Ok! Ele me chamou de preguiçosa na cara dura.
— Eu quero mostrar trabalho para o meu pai, já que ele está viajando.
— Você, mostrar trabalho? Você deveria estar fazendo compras e não trabalhando. — Agora ele me chamou de inútil.
— E quem é que vai assumir a presidência.
— Depois que nos casarmos, você não vai precisar se preocupar com isso.
— Isso quer dizer que você só está comigo por interesse?
— Não! Não é isso linda, você sabe que eu te amo. — Ele tentou me beijar, mas eu virei a cara.
— Não parece! Cadê o Antony?
— Ele ainda não apareceu.
— E o Robson?
— Ele não vem hoje. Ele tem outro cliente que precisa dele.
— Uma coisa eu tenho certeza, quando eu assumir a empresa, essas mordomias de vocês vão acabar. — Ele sorriu com cara de bobo e tocou no meu queixo.
— Você fica linda brava, sabia? — Tirei sua mão de mim e saí andando. — Para onde você vai?
— Fazer algo que vocês não estão fazendo, trabalhar.
Eu peguei o elevador e subi para o andar da presidência e me surpreendi quando vi Sara na recepção.
— Eu pensei que tivesse ido com meu pai! — falei entrando na sala da presidência e ela me seguia.
— Ele resolveu me dar uma folga.
— Do trabalho, ou das suas aventuras sexuais?
— Das aventuras. — Pelo menos, ela é sincera.
— Me passa a agenda dele de hoje.
— Ele sabe que você está aqui?
— Não, eu quero mostrar para ele que eu posso fazer isso.
— Ok!
— Quando a Patrícia chegar, manda ela entrar e não precisa avisar.
— Sim, senhora!
— Não precisa me chamar de senhora, afinal, você dorme com meu pai. — Ela deu um sorriso amarelo e saiu da sala.
Ainda tenho que conversar com ela, pelo fato de não ter me informado sobre os problemas que a empresa está passando, mas primeiro quero poder mostrar para o meu pai que eu posso trabalhar aqui.
Passei o dia inteiro mostrando para o Jorge como funcionava a fazenda. Ele é um cara esperto e inteligente, aprendeu tudo direitinho. No final da tarde voltamos para casa, ele esperava muito ver a Cidinha, ele é apaixonado por ela desde quando ela tinha quinze anos, mas nessa idade ela ainda brincava de boneca.O tempo foi passando, ela se transformou em uma mulher linda e mamãe insistiu para que nós namorássemos. Namoramos quando ela tinha dezoito anos, mas o namoro durou menos um ano, porque ela mudou desde que começou a estudar na cidade. O dia passou voando e eu nem percebi. Resolvi bastante coisas pendentes que meu pai tinha deixado para quando voltasse de viagem. Agora ele não vai precisar se preocupar tanto quando chegar, só vai precisar se preocupar com a parte financeira da empresa. Não entendo muita coisa sobre finanças, mas pelo o que eu pude perceber, tem um pequeno desfalque no departamento de produção. Parece que tem notas superfaturadas, tem gente ganhando em cima da compra de matéria prima. Bom, isso podemos resolver quando ele voltar, só espero que ele deixe-me trabalhar ao seu lado.Na hora do café, eu fui para o refeitório dos diretores, percebi que passou o dia inteiro, o Antony e o6. Alexia
Acordei antes do galo cantar, ninguém tinha levantado ainda. Fui até o estábulo, peguei o Ferrari e cavalguei até o moinho de vento, que ficava em uma montanha um pouco distante da fazenda. Precisava ficar sozinho com os meus botões e admirar a paisagem. O pôr do sol daqui de cima era espetacular! Gostava de vir aqui para pensar, ou tomar alguma decisão. Essa história de ser herdeiro de sei lá o quê, me fez ficar acordado a noite inteira. Nem conversei com a mamãe sobre isso, ela nunca me falou desse cara, talvez ela tenha seus motivos e eu não queria pressioná-la para me dizer.O sol começou a aparecer no azul do céu, nem parecia que chovia ontem à noite. Se não fosse pela terra que ainda estava molhada, isso passaria desperc
O enterro foi rápido, impressionante como depois que uma pessoa morre, ela sempre vira boazinha. Não ouve nenhuma reclamação de nenhum diretor presente, o caixão estava lacrado, já que o carro pegou fogo, quando caiu na serra, pelo menos, meu pai teve o seu desejo realizado de ser cremado, pena que foi em vida. Que pensamento infame! As pessoas vinham até mim, dizendo como meu pai era um excelente chefe. Eu tenho minhas dúvidas, quando assumi a empresa, devido a sua viagem, que resultou nessa tragédia. Eu pude ver como são incompetentes aqueles diretores que o cercava. Ou meu pai era bonzinho mesmo, ou era cego.O enterro do tio da Patrícia, foi ao mesmo tempo que a do nosso pai, porém, as únicas presenças eram da minha irmã e
Eu preparei minha charrete logo cedinho, coloquei minha mala com os meus panos de bunda, dentro da charrete. Genésio ainda não cantou, acho que minha mãe tem razão, preciso arrumar um galo mais jovem, també
Isso só podia ser uma piada de muito mal gosto, acho que o universo está conspirando contra mim. Além do meu pai não ter deixado nada para mim, eu tenho que trabalhar com uma pessoa, que parecia ter saído de um filme de faroeste, muito mal encenado, que passava na sessão da tarde. A criatura ainda tem o mesmo nome do meu toy. Isso é um pesadelo!Ele vestia uma camisa xadrez preta, ensacada numa calça jeans apertada que dava para ver, nitidamente, o conteúdo volumoso entre suas pernas. Segurado por um cinto com uma grande fivela que parecia ser o cinturão do Maguila, o lutador de boxe. Uma bota de bico duro e com esporas atrás e um chapéu de cowboy. Pele clara, barba volumosa e dava para perceber qu
Fiquei parado no lado de fora da sala daquele engomadinho, como se fosse um burro empacado. As pessoas passavam e ficavam me olhando. Elas cochichavam alguma coisa, uma com as outras, olhando para mim. Parece que a minha aparência as intimida, mas eu não estou nem aí, nunca dei trela para esse tipo de gente, que se achava melhor que os outros e não vai ser agora que vou dar.Um comercial que estava passando em uma televisão, me chamou a atenção, a tela da televisão era bem fininha, como vi na sala da Alexia. É a primeira vez que vejo esse tipo de televisão, parecia um pedaço de papel bem grande. Ah, sim,
— Quem ele pensa que é? — entrei no meu escritório, furiosa.— Deu para ver que o tour pela empresa, não deu muito certo — disse minha irmã, entrando logo em seguida.— Aquele caipira idiota me desautorizou na frente dos funcionários.— Oh, droga! Ele não deveria ter feito isso.— Exatamente, se ele pensa que aquela garota desastrada, ainda vai continuar na minha empresa, ele está muito e