Provei todos os vestidos que gostei na gigante loja de noiva da cidade de São Paulo. Uma das maiores. A vendedora já estava perdendo a paciência conosco, eu e Carmen estávamos nos divertindo, porém, quase sendo expulsas. Na última prova de vestido, meu celular tocou freneticamente, mesmo eu deixando que tocasse até cair na caixa, a pessoa insistia.
— Carmen, atende para mim. Por favor! — Pedi para minha amiga que me ajudava a desabotoar o vestido. — Pode deixar que me viro aqui. Ouvi poucas palavras de Carmen, mas não estranhei, no telefone ela falava pouco quando não era eu e ela, que nos tornávamos tagarelas quando ligávamos uma para a outra.
Saí do vestuário e percebi o rosto pálido de Carmen. Ela mal se mexia.
— Amiga! O que foi? Quem era no telefone? — Questionei curiosa e colocando meu casaco jeans surrado que Carmen insis
Isso não poderia estar acontecendo, era para eu me casar e Bárbara ter o filhinho dela e vivermos feliz para sempre, é claro que isso era somente uma metáfora, mas eu esperava pelo menos um pouco de paz em minha vida. Era muito tempo de sufoco, nada comigo foi fácil, nunca, em toda minha vida eu não sabia o que era ter sucesso sem uma grande batalha antes. Mas eu nunca desistia, de nada, pelo contrário, todas as minhas conquistas foram por mérito próprio, tudo que conquistei até hoje e que ainda almejo alcançar sempre foi e sempre será com minhas próprias lutas.Carmen tentou me falar do andamento da organização do casamento, mas eu não estava com cabeça para pensar em nada, muito menos para decidir alguma coisa, então dei permissão para que ela decidisse por mim. Eu precisava sair, respirar um pouco e espairecer. Eu confiava em Carmen, mesmo el
Tudo estava indo bem, pelo menos, conforme o planejado. Mesmo com alguns imprevistos de processos e obstáculos burocráticos, estávamos no caminho para abrir minha clínica popular de psicologia e futuramente iria procurar um psiquiatra para ser nosso grande apoio nessa jornada. Eu já tinha alguns colegas, só precisava entrar em contato e obter um “sim” de algum deles.Carmen se tornou minha assistente pessoal, garanti a ela que nunca mais ela iria embora para o Nordeste e que não precisava se preocupar com nada, pois ela moraria comigo e Tony pelo tempo que precisasse. Minha intenção era futuramente contratar Amber para trabalhar comigo na clínica, já que ela estava fazendo a faculdade de psicologia no mesmo campus que eu, porém, ela precisava se cuidar primeiro, se estabilizar e concluir os estudos. Enquanto isso eu daria todo o suporte necessário para ela.Tony se to
Eu tive que fugir, eu não conseguia olhar no rosto cínico de Tony, nem na cara deslavada de Carmen. Não deixei que eles tentassem se explicar, mesmo com toda desculpa que arrumassem, não seria fácil aceitar o que eu vi naquele dia. Seja lá o que eles disseram que tinha acontecido. Mas eu precisava desse momento, sozinha, para refletir e decidir quais seriam minhas prioridades a partir dos novos acontecimentos. Eu não era nenhuma criança, muito menos uma amadora, eu tinha experiência vasta, ainda mais quando o assunto era sofrer e me decepcionar.Eu confiei na minha amiga de olhos fechados para colocá-la dentro da minha casa, compartilhar minhas conquistas e projetos futuros. Como ela pode me trair daquela forma, eu ainda não estava acreditando, mas não tive um momento sequer para pensar sobre o assunto, eu tinha trabalho demais e não tinha tempo para banalidades.Já se pass
Eu mal trabalhei depois do que Carmen me contou. Fiquei pensando se tudo o que ela disse era verdade e se eu devia acreditar. Resolvi eu mesma ligar para Tony, eu precisava desse encontro, eu tinha que tirar essa história a limpo. Quando peguei meu celular para ligar, recebi uma chamada de Amber.— Suzana, temos um problema. — ela revelou, aflita. Sem ao menos me cumprimentar.— Boa tarde, Amber. Era tudo o que eu precisava nesse momento. — respirei fundo, indignada. — pode falar o que aconteceu.— Boa tarde, desculpe-me. Um paciente ficou indignado porque um dos médicos não receitou o remédio que ele queria, denunciou nosso prédio para a prefeitura e recebemos uma multa e uma intimação. Você precisa ir até lá. Eu não posso resolver sendo sócia.— Ah. Amber. É isso. Está tudo bem, pelos tamanhos dos meus problemas, ess
Acordei sentindo-me renovada, era como se minha vida tivesse finalizado um ciclo e iniciado um novo. Não sei por que, mas acho que eu e Tony precisávamos desse tempo para respirar e colocar nossas vidas no eixo. O clima estava muito intenso quando planejávamos nos casar, era muita turbulência que tinha acontecido, talvez não fosse a melhor hora para iniciar um relacionamento a dois.Às 06h já estava na empresa, eu gostava de chegar sempre antes de todos para garantir que tudo estava em ordem para que o dia fluísse bem, sem imprevistos desnecessários.Passei as primeiras horas da manha distraída, pensando em um sonho que tive."Eu estava no pé de uma escada que parecia infinita, e no topo dela Tony estava parado como se me esperasse. Ele erguia a mão e me chamava, mas quanto mais eu subia, mais longa a escada ficava. Até que me cansei e tentei mudar o foco, mas eu nã
Tony voltou a fazer parte da minha vida acompanhando e resolvendo os processos legais do escritório, mas sempre que podia me cantava ou me convidava para sair. Depois de tudo o que ele me disse sobre a cena que vi na nossa casa com Carmen, eu ainda estava digerindo tudo, ele precisava ganhar minha confiança novamente, esse foi o combinado.Alguns dias depois de idas e vindas, de charme do Tony comigo, galanteios, flores, palavras safadas por mensagens, sexo virtual. Tudo estava indo bem. Minhas manhãs eram mais animadas. Os trabalhos da faculdade ficaram menos tensos e mais prazerosos.“Ah. O amor. O que o amor pode fazer na vida de alguém, na cabeça, nos hormônios, enfim, em toda nossa vida” pensei e sorri levemente. Ouvi batidas leves na porta e um sorriso contente de dentes brancos me presenteou com a melhor visão do dia.— Preciso falar com você sobre o alvará. Dê-me licen&c
Eu mal podia esperar a hora de encontrar com Tony. Ele tinha me deixado a todo vapor. E mais uma vez ele conseguiu fazer minha aula maçante ficar mais branda. Era praticamente o dia inteiro na universidade de psiquiatria. Graças a Amber, uma ótima sócia, ninguém me interrompia com problemas do trabalho. Eu estava ansiosa para contar a ela, a Carmen e a Bárbara tudo o que tinha rolado entre Tony e eu, mas queria deixar estabilizar primeiro antes de espalhar a notícia, eu tive que me conter.Saindo da universidade liguei rapidamente o celular para conferir as horas. Era quase 22h, a hora que tinha marcado. Eu tinha que chegar um pouco antes para tomar banho e me arrumar para ele. Saí depressa, dirigindo quase no automático. Até um cãozinho atravessou a rua na frente do carro quase se matando. Cheguei em casa e percebi algo diferente. A porta estava aberta. Meu coração acelerou, meu desesp
Era hora de começar nossa vida, agora mais sério que nunca. Nossa vida nunca esteve em um momento tão perfeito. Minha rede de clínicas populares se expandindo, Tony voltando a trabalhar comigo. Mesmo continuando sendo sócio do clube onde ele ainda arrecada os lucros. Isso nos ajuda a organizar nossas vidas da forma que queremos.Marcamos a data do casamento para três meses seguintes. Não tinha porque esperar mais, já estava tudo combinado da outra vez, só não casamos por um pequeno contratempo que finalmente foi resolvido e estávamos cada vez mais apaixonados. Eu tenho certeza que esse tempo que demos um ao outro foi benéfico para os dois. Amadurecemos, crescemos e percebemos realmente o que queremos sem deixar a emoção falar por nós.Decidimos que era hora de anunciar nosso casamento e iniciar os preparativos. Como tudo o que aconteceu fora explicado, com clareza, C