Eu precisava respirar, meu corpo ainda tremia por presenciar a cena de dona Sueli na cama, com um semblante desfigurado e Tony tinha certeza que isso fora coisa do seu pai. Não poderia ter outra explicação. Ao lado da cama em um pequeno móvel onde ela colocava sua bolsa e carteira tinha um bilhete que ao ler não tivemos dúvidas.
“Pare de me procurar, ou os próximos serão vocês”
Despertei do meu desmaio curto e repentino olhando para Bárbara e Tony assustados me encarando.
— Eu estava sonhando? Tudo foi um sonho, não é? — perguntei esfregando as têmporas sentindo um incômodo na cabeça. Os olhos de Báh entregaram tudo, da forma que ela me olhou eu tive certeza que não foi só um sonho.
— Infelizmente, não foi um sonho, Suzan. Dona Sueli perdeu um dos olhos e cortaram sua língua, sem piedade. &m
O caminho até o novo apartamento foi tenso, o silêncio preencheu completamente o carro, nem uma só palavra ecoava, era como se o medo estivesse predominado nosso ser.— Eu preciso ir até meu apê para pegar minhas coisas. — Bárbara quebrou o silêncio sem olhar para ninguém em específico. Jogou as palavras no carro e virou o rosto para a janela. Minha amiga estava muito nervosa, não sei se mais do que qualquer um dentro do carro, mas a tensão estava explícita em seu corpo, seus ombros curvados e seu olhar perdido. Eu tive pena dela, só de imaginar o que ela enfrentava para agradar o pai.— Agora não podemos, precisamos estar juntos. — Tony falava com os olhos fixos na pista. — Depois iremos até lá, as coisas de Suzan também estão lá. — ele ficou sério de repente. Olhei pelo retrovisor e seus olhos fir
Depois de nos perdermos e nos entregarmos numa transa que para mim, foi a melhor de todas até hoje. Nada como se entregar com prazer, excitação e desejo. Levantei-me rapidamente preocupada com o horário e com o estômago alarmando pela fome, já era hora de almoço e não tínhamos preparado nada nem dado nada para dona Sueli se alimentar.— Tony, dona Sueli deve estar com fome! — falei enquanto observava-o deitado de barriga para cima e com os pés cruzados e mãos atrás da cabeça, com uma tranquilidade incomum para o momento, sem deixar de notar que estava completamente nu com o lençol sobre a pequena área da sua nudez.Meu corpo me traíra novamente me trazendo pensamentos insanos e pecaminosos, mas essa não era a hora certa de desejar estar quicando sobre aquele homem gostoso, mordi o lábio inferior e pressionei meus olhos para me concent
Por tanto tempo em minha vida eu sofri, eu chorei e sobrevivi, porém, eu sinto que estou sucumbindo, parece não existir formas leves de viver. A vida se tornou um peso insustentável para mim. Eu esperava nunca mais perder alguém em minha vida e que tudo pudesse caminhar tranquilamente, mas era como se meu destino fosse esse, sofrer e sobreviver.Meus pensamentos vagam enquanto aguardo uma notícia de Bárbara que demora mais que o esperado. Observo em volta e vejo pessoas sofrendo, outras chorando. Minha angústia só aumenta. Me levantei e fui até a janela de vidro do hospital e visualizei o céu azul e intenso, clamei por minha mãe.— Mãe, se estiver me ouvindo de onde você está, me ajude, não me deixe desistir, eu quero ser uma vencedora. Quero lutar até o fim. — Meus olhos encheram de lágrimas enquanto eu sussurrava as palavras. E como se min
O estado da minha amiga era estável, o médico deu alta e a levamos para casa. Eu precisava conversar com Bárbara, mas já estava atrasada para faculdade, então decidi adiar nossa conversa, além do mais ela precisava ser recuperar.Tony deixou Bárbara em casa aos cuidados de Danila e me levou para a faculdade, como tinha prometido. No caminho da instituição aproveitamos para colocar nossos assuntos em dia. Eu puxei a conversa, já que Tony estava concentrado na estrada com os pensamentos longe.— Tony?! — chamei-o e ele se virou como se tivesse se assustado, passou a mão sobre minha perna.— Oi, querida!— Você se lembra que estávamos conversando sobre o pai de Bárbara? — ele assente e eu continuo. — acredito que essa tentativa de suicídio seja decorrente a isso, ou esteja relacionado. O que acha? — finalizei com u
Entrei no carro com o coração aflito e nem olhei nos olhos de Tony, ele logo percebeu minha euforia, mesmo eu tentando disfarçar meu sentimento que eu não sabia definir se era alegria ou susto. Me agasalhei no banco do passageiro e coloquei o cinto de segurança sem pronunciar uma palavra sequer.— Boa noite, Suzan! Você está bem? — Tony passou a mão sobre meus dedos notando meu nervosismo. — Você está pálida. Aconteceu algo?— Estou bem. Vamos para casa, por favor! Preciso descansar, estou exausta. — respondi rápido, sem ao menos respirar.A caminho de casa foi impossível segurar o assunto que estava preso na minha garganta fechando a passagem da minha respiração. A todo momento Tony me olhava aflito, eu não poderia deixar ele nessa agonia, ele estava presente a todo momento e me apoiando sempre, tem demonstrado sua co
Eu precisava ver como Bárbara estava se recuperando, ver se dona Sueli estava se recuperando bem, precisava colocar minhas atividades da faculdade em ordem, organizar a planilha dos, agora pacientes que eu trabalhava. Minha cabeça estava um turbilhão, mas também, não era para menos. Depois de tantos conflitos e quase tudo resolvido, vem mais essa bomba do Cristian estar com o psicopata do Rodolfo. — Olá, amiga! Como está se sentindo? — Já entrei no quarto de Bárbara sem pedir licença, afinal, eu precisava ficar de olho nela depois do ocorrido. Encontrei minha amiga encolhida debaixo das cobertas e toda enroladinha. Confesso, senti muita pena dela naquele momento, o que durou só até ela me receber. — Suzan, eu não quero ver ninguém, muito menos você. — ela respondeu ríspida. Eu não sabia como reagir, afinal poderia ser o efeito colateral de tanto remédio que ela havia tomado. Tentei parecer que sua resposta não tinha me atingido e continuei conversando. Sentei
Não pode ser, meus ouvidos devem estar me enganando ou eu estou delirando. Eu ouvi mesmo o nome do deputado pai de Bárbara? Agora tudo se encaixa, pois em um país onde existe um corrupto que é mais respeitado que o próprio presidente, só pode ser uma máfia que rege essa droga.Encarei o delegado com os olhos assustados e ele obviamente percebeu e já me direcionou a pergunta que eu não estava pronta para responder nesse momento, mas agora toda informação era necessária para ajudar meu querido Cristian.— Você conhece o deputado Gael, Suzana? — Ele foi direto na pergunta. Respirei fundo e repetia um mantra.“É por uma boa causa”— Bom… — comecei a falar com a voz trêmula com os olhos do delegado e de Tony me encarando, fiquei ainda mais nervosa. — Se for da mesma pessoa que estamos falando, conheço o
Os dias que se passaram foram de pura angústia, é claro que trabalhei e estudei como uma pessoa normal, mas meu interior estava em conflito, Bárbara sendo interrogada, Tony ajudando a limpar a ficha criminal do seu pai para libertar Cristian e eu, só pensando em como Cristian deveria estar e isso me atormentava dia e noite.Muitas vezes me vi perdida em pensamentos e precisava dar uma pausa nas atividades para voltar ao foco principal. Não estava sendo fácil essa luta diária, eu não estava pronta para tudo isso quando me mudei para a cidade grande, porém eu não tinha escolha, ou vinha realizar o sonho de concluir a faculdade ou ficaria no Ceará e teria que me virar como dona de casa ou alguma profissão que talvez eu não gostasse.Finalmente tinha chegado o final de semana e eu teria um descanso, pelo menos do trabalho, mas as atividades da faculdade e os relatórios tomaria