Ragnar
A resposta dela é quase imediata. Ela me beija, e eu sinto, no calor dos seus lábios, na firmeza de seus braços ao meu redor, que estamos completos. O desejo dela é o mesmo que o meu, e eu a abraço, segurando-a contra mim como se quiséssemos finalmente apagar qualquer rastro do passado que ainda pairasse entre nós.
Ela encontra meu olhar, seus olhos intensos, e diz suavemente, mas com uma certeza quase feroz, “Sim. Quero me unir a você, Ragnar. Dessa vez, por escolha própria, quero deixar para trás o peso daquela primeira união.” Ela toca o lado do meu rosto, e eu retribuo o gesto, acariciando sua pele, uma resposta silenciosa que compartilha o que não digo em palavras.
“Podemos fazer depois do aniversário de Rubi, o que acha? Daqui um mês, quem sabe?” ela propõe, e eu concordo, assentindo. Ela se levanta, seu semblante se ilumina
RagnarA noite está carregada de um silêncio profundo e reverente enquanto nos dirigimos para o local da cerimônia. Dentro do carro, o peso de uma reflexão solene repousa sobre todos nós. Mesmo os meninos, geralmente cheios de energia e perguntas, permanecem em silêncio. Riuk, mais quieto do que o normal, parece absorto em pensamentos, e me pergunto se ele consegue compreender, mesmo que vagamente, a grandeza do sacrifício de Max.Ao meu lado, Cam toca minha mão com um carinho que me faz lembrar do porquê a escolhi para estar sempre comigo. Levo sua mão aos meus lábios, e o sorriso que ela me oferece é como uma chama em meio à escuridão dessa noite. Segurando sua mão, me sinto mais centrado, mais forte, e isso me conforta quando estaciono o carro no local onde nossa alcateia aguarda em silêncio.Abaixo do céu crepuscular, nossas fileiras parecem eter
MalloryAssim que a cerimônia se encerra, observo os lobos se reunirem em torno da fogueira. O calor e a luz da Lua pareciam restaurar suas forças, fortalecendo-os de uma forma que eu desejava para mim. O peso no meu coração era quase físico, mas meus olhos eram atraídos por Gabriel, sempre atento, atento a cada detalhe, cada lobo à sua volta, assegurando que tudo permanecesse sob controle.Olho para minha irmã e para Ragnar, que, junto com os meninos, conversam e riem, trocando olhares cúmplices e explicando tradições que eles ainda não compreendem. A cena mexe comigo. Eles são a família que eu queria ter, uma unidade perfeita, como uma constelação, cada um em sua órbita, mas todos conectados.Inspirando fundo, decido me aproximar de Gabriel. Meu coração acelera um pouco quando ele me encara, mas ele me cumprimenta com sua tí
CameronEstou de olho na direção que Mallory foi, tentando ver se consigo captar qualquer vestígio dela entre os lobos ao redor da fogueira, mas é inútil. Meu coração se aperta com uma preocupação crescente que só aumenta à medida que os minutos passam. Sei que algo aconteceu entre ela e Gabriel, só não tenho certeza do que – mas algo em mim sente o peso dessa rejeição antes mesmo de confirmá-la. Olho para Ragnar ao meu lado, e ele me observa com aquele olhar paciente, quase resignado, como se pudesse antecipar meus pensamentos.“Eu vou falar com Gabriel,” ele diz, tocando meu ombro de leve. “Provavelmente ele a rejeitou. Ele nunca teve intenção de ter ninguém, lembra?” Ele diz isso suavemente, mas a ideia me desola. Mallory deve estar despedaçada.“Eu disse a ela que n&at
CameronA noite arrasta-se em um silêncio pesado. Estou acordada há horas, a cabeça a mil e o coração apertado no peito. Ragnar dorme tranquilo ao meu lado, mas eu estou alerta, ouvindo qualquer som que possa vir do corredor. Só quero que Mallory chegue, que esteja bem. A ideia dela perambulando por aí, magoada e vulnerável, me tira qualquer descanso.O relógio marca quatro da manhã quando ouço passos. Levanto imediatamente, tentando não fazer barulho para não acordar Ragnar. Mallory aparece cambaleante no corredor. Seus olhos estão levemente desfocados, e o cheiro de álcool não demora a me alcançar. Ela me encara surpresa, mas eu apenas a seguro pelo braço e a levo até o quarto, fechando a porta atrás de nós sem fazer barulho.“Por que você está fazendo isso consigo mesma, Mallory?&
RagnarAcordo com uma sensação incômoda de vazio ao meu lado. Estendo a mão automaticamente, mas só encontro lençóis frios. Sento-me na cama, o peito comprimido pela ausência de Cameron, o que me põe imediatamente em alerta. Meu lobo desperta comigo, inquieto e agitado, sentindo que algo está fora do lugar.Saio da cama e sigo seu cheiro pelo corredor. O rastro dela me leva ao quarto de Mallory, e a tensão em meu corpo cede um pouco. Saber que ela está com a irmã alivia a inquietação inicial. Ela sempre tem esse instinto protetor, especialmente agora, quando Mallory precisa de um apoio silencioso. Volto ao quarto, vestindo-me rapidamente, enquanto meu pensamento volta a Mallory. Espero que, ao lado de Cameron, ela encontre um pouco de paz.Desço para a cozinha e encontro Elara preparando o café da manhã. O aroma do caf&eacu
RagnarCam segura as mãos de Mallory, seus dedos entrelaçados, e com uma voz baixa e firme, promete a ela que nada será decidido sem o seu desejo. O rosto de Mallory se ilumina brevemente, e ela solta uma risada, carregada de dor, com os olhos marejados."E pensar que pedi à Deusa por um casamento arranjado…" Ela suspira, a ironia amarga em sua voz. "Achei que, se fosse como o de vocês, valeria a pena."Cam e eu trocamos um olhar. Ela sorri para a irmã, e eu sinto um calor estranho ao recordar de nosso começo, o embate constante de vontades, a guerra silenciosa entre nós até começarmos a nos ver realmente."Mallory, no início não era assim. Aprendemos a lidar com as diferenças, a nos entender..." digo, sentindo a verdade em cada palavra. "Com o tempo, ambos descobrimos o que cada um significava para o outro. Foi um processo."<
CameronPassei horas esperando Ragnar voltar de sua conversa com Gabriel. Queria - não, precisava saber mais sobre aquele Alfa que teve a audácia de pedir a mão da minha irmã. Mallory passou o dia todo isolada, deitada, e meu coração de irmã doía por não poder fazer nada além de esperar. Sabia que assim que chegássemos ao Sul, no dia seguinte, quando ela finalmente se juntasse à nossa família, ela se sentiria melhor. Mas por enquanto, a preocupação me consumia.Quando Ragnar finalmente apareceu no quarto, já era tarde da noite. Seu semblante estava tão fechado, tão distante, que engoli todas as perguntas que havia guardado. Nossa convivência me ensinou a ler suas expressões, e aquela me dizia claramente que não era hora para conversas. Deitei ao s
RagnarAlgo estava errado. Podia sentir na forma como Cameron se movia ao meu redor, como se estivesse evitando qualquer aproximação. Cada vez que eu tentava me tocá-la, ela encontrava uma forma sutil de se afastar. O café da manhã foi uma tortura - seus olhos evitavam os meus, suas respostas eram curtas, mecânicas."Cam," chamei, segurando sua mão quando ela tentou se levantar da mesa. "O que está acontecendo?"Ela hesitou, seus dedos tremendo levemente sob os meus. "Por que você está reformando aquela sala, Ragnar? Seja sincero e me diga a verdade."Então era isso. Soltei um suspiro, puxando-a gentilmente para mais perto. "É uma surpresa.""Uma surpresa?" sua voz saiu amarga, algo que nunca havia ouvido