Ragnar
Cam segura as mãos de Mallory, seus dedos entrelaçados, e com uma voz baixa e firme, promete a ela que nada será decidido sem o seu desejo. O rosto de Mallory se ilumina brevemente, e ela solta uma risada, carregada de dor, com os olhos marejados.
"E pensar que pedi à Deusa por um casamento arranjado…" Ela suspira, a ironia amarga em sua voz. "Achei que, se fosse como o de vocês, valeria a pena."
Cam e eu trocamos um olhar. Ela sorri para a irmã, e eu sinto um calor estranho ao recordar de nosso começo, o embate constante de vontades, a guerra silenciosa entre nós até começarmos a nos ver realmente.
"Mallory, no início não era assim. Aprendemos a lidar com as diferenças, a nos entender..." digo, sentindo a verdade em cada palavra. "Com o tempo, ambos descobrimos o que cada um significava para o outro. Foi um processo."
<CameronPassei horas esperando Ragnar voltar de sua conversa com Gabriel. Queria - não, precisava saber mais sobre aquele Alfa que teve a audácia de pedir a mão da minha irmã. Mallory passou o dia todo isolada, deitada, e meu coração de irmã doía por não poder fazer nada além de esperar. Sabia que assim que chegássemos ao Sul, no dia seguinte, quando ela finalmente se juntasse à nossa família, ela se sentiria melhor. Mas por enquanto, a preocupação me consumia.Quando Ragnar finalmente apareceu no quarto, já era tarde da noite. Seu semblante estava tão fechado, tão distante, que engoli todas as perguntas que havia guardado. Nossa convivência me ensinou a ler suas expressões, e aquela me dizia claramente que não era hora para conversas. Deitei ao s
RagnarAlgo estava errado. Podia sentir na forma como Cameron se movia ao meu redor, como se estivesse evitando qualquer aproximação. Cada vez que eu tentava me tocá-la, ela encontrava uma forma sutil de se afastar. O café da manhã foi uma tortura - seus olhos evitavam os meus, suas respostas eram curtas, mecânicas."Cam," chamei, segurando sua mão quando ela tentou se levantar da mesa. "O que está acontecendo?"Ela hesitou, seus dedos tremendo levemente sob os meus. "Por que você está reformando aquela sala, Ragnar? Seja sincero e me diga a verdade."Então era isso. Soltei um suspiro, puxando-a gentilmente para mais perto. "É uma surpresa.""Uma surpresa?" sua voz saiu amarga, algo que nunca havia ouvido
CameronSentia o olhar de Ragnar me seguindo pela casa, suas tentativas sutis de aproximação que eu deliberadamente ignorava. Era mais fácil me concentrar em Rubi, que abriu um sorriso banguela assim que me viu."Vem com a tia," sussurrei, a pegando no cercadinho onde estava. Seu corpinho pequeno se aconchegou contra mim instantaneamente, suas mãozinhas agarrando meu cabelo como sempre fazia.Era mais seguro assim, focada nela, longe dos segredos e das dúvidas que me consumiam. Sentei no tapete da sala, deixando-a brincar com seus novos brinquedos enquanto Ravenna cuidava de Rael. O som dos blocos coloridos batendo no chão e seus gritinhos alegres preenchiam o ambiente, e eu fingia não notar quando Ragnar passou pela terceira vez pelo c
RagnarAgarro o braço de Gabriel com força suficiente para machucar um humano comum e o arrasto pelo corredor. Meu lobo interior está inquieto, rosnando com a energia caótica que emana de meu beta. Abro a primeira porta que encontro e o empurro para dentro, fechando a porta com um estrondo que faz as janelas estremecerem.O cômodo está mergulhado em uma penumbra reconfortante, cortada apenas por feixes de luz que se infiltram através das pesadas cortinas de veludo vermelho."Você perdeu completamente o juízo?" rosno, meus olhos fixos nele enquanto sinto meu lobo agitar-se sob minha pele. "Entrar assim na casa do alfa do Sul e tratar Mallory daquele jeito? Logo você, que sempre foi tão controlado?"
CameronMeu coração ainda está acelerado com toda a confusão quando finalmente vejo Ragnar descendo as escadas. Seu rosto está tenso, os músculos de sua mandíbula contraídos de uma forma que conheço bem demais. Algo está errado, muito errado.Corro até ele, minhas pernas tremendo ligeiramente. "O que está acontecendo?" sussurro, segurando seu braço. A tensão que emana dele é quase palpável, fazendo meu lobo interior se agitar inquieto. "Por que Gabriel entrou aqui daquele jeito? Ben percebeu, minha cunhada também. Estão todos nos olhando..."Seus olhos encontram os meus, e o que vejo neles me faz engolir em seco. "Aqui não", ele murmura, olhando ao redor.Não h
CameronO som das risadas infantis me guia através do jardim. Encontro Mallory sentada na grama, observando Riuk, Eron e Libby correndo em círculos ao seu redor. O sol da tarde banha a cena em tons dourados, criando uma falsa sensação de normalidade que faz meu coração apertar. Por um momento, hesito em quebrar aquela bolha de felicidade."Tia Lory, olha só!" Riuk grita, dando uma cambalhota desajeitada que arranca mais risadas.Respiro fundo, sentindo o peso da verdade em meus ombros. "Meninos," chamo com a voz mais suave que consigo, "posso roubar a tia de vocês por um minutinho?"Eles trocam olhares, aquela comunicação silenciosa que eles criaram em tão pouco tempo. "Tá bem," Eron concorda, "mas depois ela volta p
RagnarO fim da festa traz consigo uma sensação de urgência que não consigo ignorar. Por mais que a celebração tenha sido importante, agora temos questões mais urgentes para resolver. O mistério do rapaz e suas conexões com nosso mundo precisam ser desvendados antes que seja tarde demais."Vamos partir esta noite," anuncio, observando as reações ao meu redor. Cam concorda imediatamente e se vira para Mallory."Vai com a gente ou vai ficar aqui Sul?""Vou junto," Mallory responde sem hesitar, seus dedos já dançando sobre a tela do celular.A despedida da família é rápida, mas caloro
RagnarOs primeiros raios de sol atravessam as cortinas, pintando sombras douradas em nosso quarto. Cameron dorme profundamente ao meu lado, uma mão repousando protetoramente sobre a barriga ainda quase imperceptível. Saio da cama com cuidado para não acordá-la, meu coração acelerando com a antecipação do que está por vir.A reforma está exatamente como planejei. Cada detalhe que solicitei foi executado com precisão - as paredes em tons suaves, o piso novo, os detalhes em madeira escura. O espaço que antes era apenas uma lembrança dolorida agora parece pulsar com possibilidades. Sorrio ao imaginar a reação de Cam quando ver o que preparei. Hoje, finalmente, acabarei com esse mal-entendido entre nós.Na cozinha, encontro Elara já